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Caldeirão da Bolsa

O que fazer com as agências de 'rating'?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Dom_Quixote » 13/8/2012 16:46

Elias Escreveu:O meu ponto é que não tens entidades independentes. Nesta questão da dívida são todos parte interessada :P


Certo, mas se não tenho, se não há, posso sempre criar, ou não? Nunca me debruçei sobre isso, mas assim à priori sempre me parece melhor resolver a questão de uma vez por todas do que alinhar com aqueles que vêem defendendo a criação de europeias para "confrontar" as dos USA.

Criar de raiz com técnicos indicados pelos bancos centrais? Sei lá... Diz lá tu... :wink:
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por Elias » 13/8/2012 16:36

Dom_Quixote Escreveu:Por isso é que lá apareceu FMI, porque não estava a vêr qual seria a ... "outra". Mas a ideia está lá. Criar algo de novo independente que altere a actual situação. :wink:


O meu ponto é que não tens entidades independentes. Nesta questão da dívida são todos parte interessada :P
 
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por Dom_Quixote » 13/8/2012 16:34

Elias Escreveu:
Dom_Quixote Escreveu:Elias, daí o "ou outra"... :wink:


Não estou a ver onde é que a vais buscar... :P


Por isso é que lá apareceu FMI, porque não estava a vêr qual seria a ... "outra". Mas a ideia está lá. Criar algo de novo independente que altere a actual situação. :wink:
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por Elias » 13/8/2012 16:28

Dom_Quixote Escreveu:Elias, daí o "ou outra"... :wink:


Não estou a ver onde é que a vais buscar... :P
 
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por Dom_Quixote » 13/8/2012 16:27

Elias Escreveu:
Dom_Quixote Escreveu:E porque não acabar com elas e entregar esse trabalho a uma entidade financeira internacional independente. Por exemplo, podia-se criar um departamento apenas e só com essa competência numa entidade que já exista (FMI ou outra)...


Mas o FMI é tudo menos independente! O FMI empresta dinheiro, quando pior o rating mais alto o juro que vai cobrar :twisted:


Elias, daí o "ou outra"... :wink:
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por Elias » 13/8/2012 16:25

Dom_Quixote Escreveu:E porque não acabar com elas e entregar esse trabalho a uma entidade financeira internacional independente. Por exemplo, podia-se criar um departamento apenas e só com essa competência numa entidade que já exista (FMI ou outra)...


Mas o FMI é tudo menos independente! O FMI empresta dinheiro, quando pior o rating mais alto o juro que vai cobrar :twisted:
 
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por Dom_Quixote » 13/8/2012 16:21

E porque não acabar com elas e entregar esse trabalho a uma entidade financeira internacional independente. Por exemplo, podia-se criar um departamento apenas e só com essa competência numa entidade que já exista (FMI ou outra)...

Qualquer solução será melhor que a situação actual, nomeadamente no que a suspeição diz respeito. :(
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por fernandoinveste » 13/8/2012 15:55

As agências de rating são como a Autoridade da Concorrência, estão lá é para servir quem lhes paga.
 
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O que fazer com as agências de 'rating'?

por Elias » 13/8/2012 15:50

O que fazer com as agências de 'rating'?
13 Agosto 2012 | 11:33
Carlos Bastardo

De cada vez que alguma agência de 'rating' vem comunicar uma descida de notação do risco de um emitente, seja País ou instituição financeira, lá vem o coro de vozes contra as agências de 'rating'. Fez agora um ano em que o 'rating' dos EUA foi reduzido por uma agência de 'rating' e teve consequências desastrosas nos mercados financeiros.

Neste momento, existem alguns países europeus AAA de 'rating', mas com um "outlook" negativo que podem sofrer uma revisão em qualquer altura, não a pedido dos investidores, mas sim porque a agência de 'rating' entende fazê-lo, havendo razões ou não para isso. Mas que soluções poderiam ser implementadas para tornar mais eficiente o trabalho das agências de 'rating'?

Todos nós, pessoas do mercado financeiro, sabemos que as agências de 'rating' perceberam tarde o problema da excessiva alavancagem dos bancos mundiais, especialmente os bancos americanos, ingleses e da Zona Euro. Já em 2006 e 2007 era uma situação visível, bastava olhar para certos balanços.

O conceito "colocar trancas à porta depois de a casa ter sido roubada" foi uma evidência nos últimos anos. As descidas de notação de risco vieram em alguns casos com dois a três anos de atraso. Mas não vale a pena chorar sobre o leite derramado.

Para melhorar o trabalho da agências de 'rating' (que são necessárias), existem várias hipóteses, umas mais legítimas que outras: criar uma agência de 'rating' europeia, controlar mais activamente o trabalho desenvolvido pelas agências de 'rating', criar até agências de 'rating' públicas ou outras medidas que a meu ver fazem mais sentido.

A Zona Euro até pode criar uma agência de 'rating', mas, ao ser constituída, a probabilidade de os procedimentos de análise serem idênticos aos das agências americanas seria elevada, até porque, provavelmente, haveria o recrutamento de alguns directores e técnicos das agências já existentes. Portanto, o resultado seria muito parecido ao que temos hoje. As agências americanas a "atacarem" os emitentes europeus e a agência europeia a "atacar" os emitentes anglo-saxónicos. Não faz sentido.

A criação de agências de 'rating' directamente controladas pelo Estado, tem factos positivos, mas também tem factos negativos e um deles, o mais importante, é que os Estados são também emitentes de dívida e, por isso, o carácter de independência e de governance não ficaria salvaguardado.

A questão de um maior controlo da actividade das agências de 'rating' faz sentido. No entanto, penso que há duas medidas, uma delas bastante radical perante a actual situação, que seriam determinantes numa maior disciplina e transparência de actuação.

A primeira medida era quem pagaria as comissões às agências de 'rating'? Faz sentido serem os emitentes de dívida? Para mim, faz mais sentido serem os investidores institucionais a pagarem e repercutir depois esse custo por todos os investidores (mercado primário e secundário). Em primeiro lugar, porque seriam os investidores a requisitar as análises de risco para investirem, acabando o livre critério das agências de 'rating' de "eu quero, posso e analiso".

Em segundo lugar, os investidores institucionais seriam mais exigentes relativamente à informação prestada pelos emitentes, no momento da montagem e colocação da dívida; logo, os emitentes seriam automaticamente mais disciplinados na sua gestão estratégica e financeira e na capacidade de convencerem os investidores a financiá-los. Estes últimos seriam mais selectivos.

A segunda medida seria a de circunscrever a actividade das agências de 'rating' somente à produção de análises de risco. A gestão de activos financeiros deveria ser vedada às agências de 'rating', uma vez que não faz sentido analisar para o mercado e, simultaneamente, ser um interveniente no mercado. Existem aqui as chamadas zonas de desconforto ou em termos anglo-saxónicos, "chinese walls". É necessário que quem produz informação relevante para os mercados esteja separado das entidades que tomam decisões de investimento.



Economista, Autor do livro "Gestão de Activos Financeiros - Back to Basis"
 
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