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Caldeirão da Bolsa

Joseph Stiglitz diz que austeridade "não funciona"

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Pantone » 5/8/2011 1:10

in http://www.eleconomista.es/internaciona ... ental.html

... Para Stiglitz, "o los bancos eran muy estúpidos o estaban robando a los accionistas y a la sociedad", algo, esto último, que ha considerado más factible, sobre todo teniendo en cuenta la estructura "para dedicarse al juego y a las apuestas" que se había creado en torno a las grandes empresas. "A los pobres les dijeron que siguieran gastando, mientras ellos se fijaban en los incentivos y dejaban que la burbuja, que no reconocían, se hinchara", ha agregado...
 
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por migluso » 4/8/2011 15:54

Em resposta ao último parágrafo, e longe de mim pretender defender o WSJ.

To fight this recession the Fed needs more than a snapback; it needs soaring household spending to offset moribund business investment. And to do that, as Paul McCulley of Pimco put it, Alan Greenspan needs to create a housing bubble to replace the Nasdaq bubble.
:roll: :roll: :roll:

http://www.nytimes.com/2002/08/02/opini ... e-dip.html

Entretanto, actualizo:
http://www.zerohedge.com/news/gross-us- ... 2-official

Em relação ao espectro ideológico, há muitos e bons economistas que não são austríacos e muito menos keynesianos. São neoclássicos e/ou monetaristas. Robert Lucas, John Taylor, etc...

Muffin,

Será que as palavras de Putin ou dos chineses não te preocupam? As intervenções do BOJ ou do SNB? As declarações do Mantega?

A América não corre o risco de um ataque aos treasuries. E muito provavelmente não corre um risco de ataque à sua moeda, pelo menos nos próximos 5 anos. Mas, e depois? O que pode acontecer? Que resposta, ou que plano, têm o sr. Krugman ou Stiglitz para responder a uma crise de confiança na moeda, caso ela se materialize?
O que estes senhores defendem é mais do mesmo. Só que chegaram à mãe de todas as bolhas. Espero, muito sinceramente, que ela ainda não se tenha formado nem se venha a materializar.

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por Pantone » 4/8/2011 14:20

 
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por migluso » 1/6/2011 18:57

Muffin Escreveu:Volto ao tema, pela validade do link que ponho de seguida, e não me lembro de outro thread :P

Como comentário ao que escreveste, o que queria dizer foi que o mundo não estava em crise, e isso faz uma diferença fundamental pois o Exterior é uma peça fundamental no reequilibrio das contas nacionais, através da exportações.

Quanto ao link:

http://blogs.ft.com/gavyndavies/2011/05 ... recession/


O mundo não está em crise. O ocidente e o Japão estão em crise.

http://en.wikipedia.org/wiki/File:WeltB ... CDengl.PNG
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por Pantone » 1/6/2011 15:19

migluso Escreveu:
Muffin Escreveu: As contas públicas deverão ser equilibradas em épocas de crescimento (e a inflação controlada), que é o que os teus textos dizem que fizeram os países nórdicos, equilibraram a estrutura "produtiva" e estão capazes de combater a presente crise.


Os países nórdicos estavam a atravessar uma gravíssima crise financeira e económica quando implementaram as medidas de austeridade orçamental e as reformas estruturais.

Abraço


Volto ao tema, pela validade do link que ponho de seguida, e não me lembro de outro thread :P

Como comentário ao que escreveste, o que queria dizer foi que o mundo não estava em crise, e isso faz uma diferença fundamental pois o Exterior é uma peça fundamental no reequilibrio das contas nacionais, através da exportações.

Quanto ao link:

http://blogs.ft.com/gavyndavies/2011/05 ... recession/
 
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por migluso » 18/5/2011 18:36

Podes por favor ler o penúltimo parágrafo da página 28 deste texto? Obrigado.
Não consigo fazer copy/paste...

http://www.fafo.no/pub/rapp/10027/10027.pdf

Abraço.
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por migluso » 18/5/2011 17:16

Muffin Escreveu: As contas públicas deverão ser equilibradas em épocas de crescimento (e a inflação controlada), que é o que os teus textos dizem que fizeram os países nórdicos, equilibraram a estrutura "produtiva" e estão capazes de combater a presente crise.


Os países nórdicos estavam a atravessar uma gravíssima crise financeira e económica quando implementaram as medidas de austeridade orçamental e as reformas estruturais.

Abraço
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por Pantone » 18/5/2011 16:39

migluso Escreveu:Muffin,Vou terminar com este post.
Sem problema, o assunto é demasiado técnico e parece com reduzido interesse para a maioria :P
migluso Escreveu:Deixa-me começar por dizer que me repugna a arrogância e a prepotência da esquerda (como Louça fez ontem no debate), arrogando-se guardiã do bem-estar das pessoas. Nada mais falso.
... acho que piores que as ideias do BE só mesmo a retórica do actual PS e dos seus amigos...
migluso Escreveu:Tu ignoraste completamente os meus textos e o link que deixei, senão facilmente perceberias que a solução passa por MEDIDAS ESTRUTURAIS.
Não ignorei, apenas não lhe dou a importância que tu lhe pareces dar. Referi-me ao link e apresentei o meu ponto de vista em relação aos textos, que tu não rebates ou contestas.
migluso Escreveu:Se tivesses lido o texto, verificarias que a Dinamarca fixou a sua taxa de câmbio ao marco e a taxa de juro da Suécia chegou a 500%. Exactamente o OPOSTO do que tu defendes.
Não sei de onde retiras os ditames onde que dizes o que defendo mas parece-me que fazes uma acusação injusta. O que o texto que me acusas de não ler diz a este respeito é que "...hit by economic shocks in the early 1990s"... ..."The numbers were astounding. In Sweden, the budget deficit peaked at 12 per cent of GDP, and the central bank’s key interest rate peaked at 500 per cent." Ou seja, uma desgraça... e em relação à Dinamarca infelizmente não encontrei o texto a que te referes, e menos como oposto ao que supostamente defendo (que conste, são juros baixos na generalidade, e o mesmo que tu para Portugal, racionalidade no Investimento e corte no peso do Estado).
migluso Escreveu:Se tivesses também olhado para a tabela que enviei, poderias ao menos admitir, apesar do teu preconceito ideológico, que é legítimo haver quem pense que contas públicas equilibradas e inflação controlada são condições indispensáveis para a criação de emprego sustentável.
Felizmente não tenho nenhum preconceito ideológico, ao contrário do que tu expressas em relação às teorias keynesianas em geral. As contas públicas deverão ser equilibradas em épocas de crescimento (e a inflação controlada), que é o que os teus textos dizem que fizeram os países nórdicos, equilibraram a estrutura "produtiva" e estão capazes de combater a presente crise. Infelizmente isso pouco nos diz em relação aos países com problemas estruturais (o teu texto remete para valores culturais, ou dito de outra maneira, "However, it is not an easy task to identify and transfer such experience in a form that becomes useful and accessible.")
Relembro que a Espanha e Irlanda tinham contas públicas equilibradas antes da crise, mas tinham graves problemas estruturais. A questão é o que devemos fazer agora, e não quando passe a crise.
migluso Escreveu:Eu apresentei um exemplo empírico (e não baseado em axiomas, apesar do exemplo confirmar os axiomas a que te referes... que ironia), o dos países nórdicos, de como se ultrapassa uma grave crise financeira e económica.
O teu exemplo remete a países que superaram a crise quando todos os outros já não estavam em crise. Perceber a diferença em relação ao que se passa hoje em dia considero ser importante porque não há mercado externo que empurre a Procura, e isto é válido para Portugal e para o resto da UE.
migluso Escreveu:O exemplo que tu me dás da implementação das tuas políticas de forma bem sucedida é no período da II guerra mundial, época em que o orçamento se dividia da forma expressa no gráfico do link que te deixo.
http://politicalmath.wordpress.com/2009 ... l-krugman/ e quando metade do mundo estava destruído e por esse facto fazia todo o sentido investir em infra-estruturas.

Eu não apresentei exemplo nenhum, apenas referi que só temos na história recente uma outra situação parecida no pós-crise de 33 (ou no Japão desde há duas décadas a esta parte). Mas quanto ao exemplo que dás, não vejo aplicação menos produtiva que fazer material de guerra para ser destruído. Relembro que nos USA não houve destruição de infraestruturas.

Um abraço
 
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por migluso » 18/5/2011 14:59

Muffin Escreveu:Além do moralismo virtuoso professas o masoquismo! ;) É preciso que sofram os pecadores! :O Pois eu acho que é preciso crescer, e diminuir a dôr das famílias... sempre me vou preocupando com as consequências de termos um desemprego de mais de 10% (ou 30% nos recém-licenciados) provoca numa sociedade.


Muffin,

Vou terminar com este post.

Deixa-me começar por dizer que me repugna a arrogância e a prepotência da esquerda (como Louça fez ontem no debate), arrogando-se guardiã do bem-estar das pessoas. Nada mais falso.

Tu ignoraste completamente os meus textos e o link que deixei, senão facilmente perceberias que a solução passa por MEDIDAS ESTRUTURAIS.

Se tivesses lido o texto, verificarias que a Dinamarca fixou a sua taxa de câmbio ao marco e a taxa de juro da Suécia chegou a 500%. Exactamente o OPOSTO do que tu defendes.

Se tivesses também olhado para a tabela que enviei, poderias ao menos admitir, apesar do teu preconceito ideológico, que é legítimo haver quem pense que contas públicas equilibradas e inflação controlada são condições indispensáveis para a criação de emprego sustentável.

Eu apresentei um exemplo empírico (e não baseado em axiomas, apesar do exemplo confirmar os axiomas a que te referes... que ironia), o dos países nórdicos, de como se ultrapassa uma grave crise financeira e económica.

O exemplo que tu me dás da implementação das tuas políticas de forma bem sucedida é no período da II guerra mundial, época em que o orçamento se dividia da forma expressa no gráfico do link que te deixo.
http://politicalmath.wordpress.com/2009 ... l-krugman/ e quando metade do mundo estava destruído e por esse facto fazia todo o sentido investir em infra-estruturas.

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por Pantone » 18/5/2011 13:41

migluso Escreveu:Quando é que achas que a Alemanha deve parar de gastar mais do que aquilo que tem? Quando os credores derem um ar da sua graça? Espero bem que os alemães não deixem chegar a esse ponto... Seria tarde demais.

Penso que se aplica à Alemanha, como aos EUA. Quando os mercados assim o indicarem, ou quando os desequilibrios fôrem resolvidos. O caso alemão como já referi é um paradigma de onde falha o Euro, em que devido à falta de políticas integradas, se criam desequilibrios na Europa e cada um se propõe a resolver de uma forma não coordenada. O plano de contençao alemão, num mundo em crise, se não tinha sentido quando foi lançado, agora que a economia alemã está a crescer a 4% menos sentido ainda faz.
migluso Escreveu:Tanto não estão que praticamente todos os BCs continuam com políticas historicamente acomodatícias. Estarão a cometer os mesmos erros do passado, desta vez agravados com outros programas de estímulo monetário?
O BCE subiu a taxa de juro recentemente, e a pensar em subir mais. Não sei se poderia fazer mais, mas a última subida é incompreensível! Trichet para a rua :P
migluso Escreveu:Eu acho que devias ser tu a dizer porque se deve continuar com o programa.
Serviu para quê, para além de financiar o défice governamental e aumentar o preço de activos financeiros e matérias-primas?
Pareceu-me que disseste atrás que teve um efeito similar a uma descida dos juros (numa altura que isso não é possível). Portanto, serviu para dinamizar a economia, evidentemente, e como o aumento do PIB americano indica. Acho muito forçado ligar, por exemplo, o preço das matérias-primas com o que o FED faz, ou faça! Em relação aos mercados accionistas, pode ter havido contágio, mas mesmo por aí estás a aumentar o rendimento das famílias, portanto parece-me positivo, a menos que me estejas a dizer que o DOW ou o NASDAQ estão a atravessar uma bolha especulativa...
migluso Escreveu:Se os problemas se resolvessem imprimindo e distribuindo dinheiro, não achas que a humanidade já teria descoberto a pólvora antes?.Os problemas resolvem-se equilibrando orçamentos (balanços nos casos dos bancos) e produzindo mais.
Creio que ninguém advoga que se imprima e distribua dinheiro. Quanto ao equilibrar, voltamos à rectidão e ao "dever" moral... O que deve ser feito é crescer e aumentar o bem-estar, e se para conseguir isso não tivermos orçamento equilibrado ou se tiver que pedir emprestado, nada de mal acontece, desde que o dinheiro seja empregue em facrores produtivos que gerem riqueza futura (ou que aproximem a economia do pleno emprego). (no caso português passámos essa fase há já alguns anos, só nos resta diminuir o Estado).
migluso Escreveu:É necessário desalavancar para voltar a crescer de forma sustentada.
Mas desalavancar provoca pressões deflaccionistas, o maior pesadelo para os devedores...
O milagre da política keynesiana é adiar para o futuro este processo, que será tanto mais doloroso quanto mais tarde for efectuado.

Além do moralismo virtuoso professas o masoquismo! ;) É preciso que sofram os pecadores! :O Pois eu acho que é preciso crescer, e diminuir a dôr das famílias... sempre me vou preocupando com as consequências de termos um desemprego de mais de 10% (ou 30% nos recém-licenciados) provoca numa sociedade.
 
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por Pantone » 18/5/2011 13:10

migluso Escreveu:Devido à elevada inflação e à instabilidade cambial, o autor dá a entender que o ajustamento foi essencialmente efectuado pela via da política fiscal.
Com as contas públicas equilibradas e as reformas estruturais implementadas, o crescimento surgiu naturalmente.

migluso, o crescimento não aparece por imaculada concepção... As contas equilibradas não criam riqueza em parte nenhuma do mundo, e um plano de austeridade só pode agravar as condições económicas. O desenvolvimento económico tem que ter vindo por baixa das taxas de juro, e/ou desvalorização, duas coisas que Portugal neste momento não pode fazer, e sim, neste país as contas têm que ser equilibradas.

O que está implícito no teu argumentário é a ideia que a austeridade cria desenvolvimento económico, e isso só é possível como disse atrás, com descida dos juros ou ajustamento cambial para compensar o choque negativo do plano.

Essa crença na divindade das contas equilibradas como factor moral para a sustentabilidade económica, não tem correspondência com a realidade que vivemos.

se mal interpretei o que disseste, mil desculpas :P
 
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por migluso » 18/5/2011 12:38

Muffin Escreveu:Com crescimento o problema da dívida desaparece. Mas não vale a pena insistir demasiado neste ponto porque isto não se aplica à situação de Portugal, onde a dívida é realmente um Problema, e estaríamos a falar de países terceiros, como foi referido atrás.


O exemplo que dei dos países nórdicos serviu de pouco...

Quando é que achas que a Alemanha deve parar de gastar mais do que aquilo que tem? Quando os credores derem um ar da sua graça? Espero bem que os alemães não deixem chegar a esse ponto... Seria tarde demais.

Muffin Escreveu:E também não percebo a obsessão com a profundidade da crise que existe porque estão tão preocupados com uma inflação na casa dos 3/4%.


Tanto não estão que praticamente todos os BCs continuam com políticas historicamente acomodatícias.
Estarão a cometer os mesmos erros do passado, desta vez agravados com outros programas de estímulo monetário?

Muffin Escreveu:Sim, mas qual é o teu argumento? porque não continua o programa?


Eu acho que devias ser tu a dizer porque se deve continuar com o programa.
Serviu para quê, para além de financiar o défice governamental e aumentar o preço de activos financeiros e matérias-primas?

Se os problemas se resolvessem imprimindo e distribuindo dinheiro, não achas que a humanidade já teria descoberto a pólvora antes?
Os problemas resolvem-se equilibrando orçamentos (balanços nos casos dos bancos) e produzindo mais.

Alguns riscos e as reais consequências destas políticas ainda estão por apurar.

É necessário desalavancar para voltar a crescer de forma sustentada.
Mas desalavancar provoca pressões deflaccionistas, o maior pesadelo para os devedores...
O milagre da política keynesiana é adiar para o futuro este processo, que será tanto mais doloroso quanto mais tarde for efectuado.
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por migluso » 18/5/2011 12:15

Muffin Escreveu:
migluso Escreveu:Já que se fala tanto nos países nórdicos como exemplo, deixo aqui este texto. Aborda uma temática mais ampla, mas no texto do Klas Eklund poderás ter uma ideia de como cada uma saiu da respectiva crise nos anos 80 e 90. Basicamente, todos adoptaram medidas de austeridade, mesmo tendo as políticas monetária e cambial ao dispor.
http://www.globalutmaning.se/wp-content ... -final.pdf
De resto, o documento é todo ele interessante, e aposto que devia ter suscitado críticas nos respectivos países... mas isso já sou eu a especular... o 2.º texto tem o título "Social Trust and Radical Individualism"... imaginem os dramas que um título destes não provocaria neste pequeno rectângulo de ideias provincianas... :cry:

Estudo interessante, mas tem atenção que nas crises dos anos 80 e 90 as taxas de juro estavam à volta dos 10?!% e portanto com muito espaço par descer (e daí para sair da crisse instalada), algo que não acontece agora, e não acontecia desde a depressão dos anos 30.


Devido à elevada inflação e à instabilidade cambial, o autor dá a entender que o ajustamento foi essencialmente efectuado pela via da política fiscal.
Com as contas públicas equilibradas e as reformas estruturais implementadas, o crescimento surgiu naturalmente.
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por migluso » 18/5/2011 12:08

Muffin Escreveu:Quanto ao estímulo orçamental foi muito menor do que se falou (refiro-me aos EUA) e muito menor que o necessário.


Que estímulos orçamentais defendes? Nos EUA, o Bush passou cheques às famílias para elas gastarem. O Obama pôs em prática um programa superior a 1 trilião, quase 10% do PIB...

Políticas orçamental e monetária esticadas ao máximo, mas alguns ainda dizem que não chega. Para eles nunca chegará, e na sua consciência só deixarão de ter razão quando for tarde demais...
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por Pantone » 18/5/2011 10:40

migluso Escreveu:Os dados estão disponíveis no pordata. Em anexo tens um quadro, mas podes explorar muita coisa naquele site.
Obgd. tenho que pesquisar melhor o site. :)
migluso Escreveu:Ok, já percebi. Para ti não há limite de dívida.
Errado
migluso Escreveu:Para mim, quando a dívida chega a níveis tão elevados como os actuais, insistir crescer recorrendo a mais dívida é um grave erro, pois o pagamento de juros começa a assumir níveis insustentáveis. É também um grande risco. Um país não se pode dar ao luxo de colocar numa situação em que uma subida de 2% ou 3% nos juros hipoteque o seu crescimento futuro ou mesmo a sua solvência. Em vez de nos aproximarmos do crescimento potencial, corremos o sério risco de nos afastarmos irremediavelmente dele.
Com crescimento o problema da dívida desaparece. Mas não vale a pena insistir demasiado neste ponto porque isto não se aplica à situação de Portugal, onde a dívida é realmente um Problema, e estaríamos a falar de países terceiros, como foi referido atrás.
migluso Escreveu:Sendo assim, e dado que nos países desenvolvidos as infraestruturas estão basicamente todas construídas, e como os privados sabem melhor do que o Estado onde, em quê e como investir, nesta época de crise não vejo outro papel para o Estado que não seja proteger os que mais precisam e simultaneamente libertar recursos para a sociedade os alocar mais eficientemente.
Perfeitamente de acordo, no que diz respeito a Portugal.
migluso Escreveu:Em relação à inflação, o que eu quis dizer foi que interessa muito o método utilizado para o seu cálculo. Não estranhas a diferença entre os EUA, a zona euro e o RU?
Não me estranha, são economias muito diferentes, que necessitam ajustamentos diferentes. E também não percebo a obsessão com a profundidade da crise que existe porque estão tão preocupados com uma inflação na casa dos 3/4%.
migluso Escreveu:O programa QE foi posto em prática porque as taxas de juro nominais não podem ser negativas. Julgo ter lido em algum lado que este último programa foi equivalente a uma redução de 75 pontos base na taxa de juro.
Sim, mas qual é o teu argumento? porque não continua o programa?
migluso Escreveu:Em relação ao estímulo orçamental, dás a entender que não interessa onde se investe. Olha, e que tal mandar umas pontes abaixo para construir outra vez? Afinal, o que interessa é gastar.
Essa é a tua noção da teoria keynesiana. Não sei onde foste buscar que eu advogo tal.

:)
 
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por Pantone » 18/5/2011 10:21

migluso Escreveu:Já que se fala tanto nos países nórdicos como exemplo, deixo aqui este texto. Aborda uma temática mais ampla, mas no texto do Klas Eklund poderás ter uma ideia de como cada uma saiu da respectiva crise nos anos 80 e 90. Basicamente, todos adoptaram medidas de austeridade, mesmo tendo as políticas monetária e cambial ao dispor.
http://www.globalutmaning.se/wp-content ... -final.pdf
De resto, o documento é todo ele interessante, e aposto que devia ter suscitado críticas nos respectivos países... mas isso já sou eu a especular... o 2.º texto tem o título "Social Trust and Radical Individualism"... imaginem os dramas que um título destes não provocaria neste pequeno rectângulo de ideias provincianas... :cry:

Estudo interessante, mas tem atenção que nas crises dos anos 80 e 90 as taxas de juro estavam à volta dos 10?!% e portanto com muito espaço par descer (e daí para sair da crisse instalada), algo que não acontece agora, e não acontecia desde a depressão dos anos 30.
 
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por migluso » 18/5/2011 0:18

Já que se fala tanto nos países nórdicos como exemplo, deixo aqui este texto. Aborda uma temática mais ampla, mas no texto do Klas Eklund poderás ter uma ideia de como cada uma saiu da respectiva crise nos anos 80 e 90. Basicamente, todos adoptaram medidas de austeridade, mesmo tendo as políticas monetária e cambial ao dispor.

http://www.globalutmaning.se/wp-content ... -final.pdf

De resto, o documento é todo ele interessante, e aposto que devia ter suscitado críticas nos respectivos países... mas isso já sou eu a especular... o 2.º texto tem o título "Social Trust and Radical Individualism"... imaginem os dramas que um título destes não provocaria neste pequeno rectângulo de ideias provincianas... :cry:
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por migluso » 17/5/2011 22:51

Os dados estão disponíveis no pordata. Em anexo tens um quadro, mas podes explorar muita coisa naquele site.

Ok, já percebi. Para ti não há limite de dívida.
Para mim, quando a dívida chega a níveis tão elevados como os actuais, insistir crescer recorrendo a mais dívida é um grave erro, pois o pagamento de juros começa a assumir níveis insustentáveis. É também um grande risco. Um país não se pode dar ao luxo de colocar numa situação em que uma subida de 2% ou 3% nos juros hipoteque o seu crescimento futuro ou mesmo a sua solvência. Em vez de nos aproximarmos do crescimento potencial, corremos o sério risco de nos afastarmos irremediavelmente dele.

Sendo assim, e dado que nos países desenvolvidos as infraestruturas estão basicamente todas construídas, e como os privados sabem melhor do que o Estado onde, em quê e como investir, nesta época de crise não vejo outro papel para o Estado que não seja proteger os que mais precisam e simultaneamente libertar recursos para a sociedade os alocar mais eficientemente.

Em relação à inflação, o que eu quis dizer foi que interessa muito o método utilizado para o seu cálculo. Não estranhas a diferença entre os EUA, a zona euro e o RU?

O programa QE foi posto em prática porque as taxas de juro nominais não podem ser negativas. Julgo ter lido em algum lado que este último programa foi equivalente a uma redução de 75 pontos base na taxa de juro.

Em relação ao estímulo orçamental, dás a entender que não interessa onde se investe. Olha, e que tal mandar umas pontes abaixo para construir outra vez? Afinal, o que interessa é gastar.

Gostei da tua piada DSK... :mrgreen:
Anexos
Dívida vs Desemprego.pdf
(187.74 KiB) Transferido 106 Vezes
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por Pantone » 16/5/2011 21:23

migluso Escreveu:Desde a criação do euro, o endividamento nunca esteve tão elevado. Na zona euro é cerca de 85% do PIB.
Passa o link pls. De qualquer forma só é válido se tivermos uma evolução temporal pelo que explico a seguir.

Ser alto ou baixo é uma avaliação subjectiva. 85% poderá ser alto se estivermos em pleno emprego e PIB perto do máximo potêncial (o que não acontece), poderá ser baixo se estivermos com desemprego e longe do PIB potêncial. O número de per se nada diz, se não fôr analisado em conjunto/contexto.

De qualquer forma o mercado avalia, através da taxa de juro das obrigações, e diz que o de Portugal é alto, e o da Alemnanha (assim como o dos EUA) em linha. Os juros estão a níveis históricamente baixos!
migluso Escreveu:Felizmente, há muito países que demonstram que é possível ter dívida pública baixa e simultaneamente taxas de desemprego reduzidas.

Quais? em época de crise, com os aumentos brutais das ajudas?! Se te referes à Alemanha, estás a referir-te ao problema central do Euro.
migluso Escreveu:1) Cada um mede a taxa de inflação como quiser...

Eu meço a inflação em contexto histórico, analisando a sua evolução e comparando-a por exemplo com o princípio da década, e depois olho para outros indicadores, como PIB potêncial, e taxa de desemprego, como a medes tu? Dizer que é alta ou baixa parece-me muito curto.
migluso Escreveu:2) Daí os programas de QE... Equivalem a reduções da taxa de juro. Também tiveram vários programas de estímulo orçamental, com resultados decepcionantes.
Não percebi a equivalência a reduções da taxa de juro.

Quanto ao estímulo orçamental foi muito menor do que se falou (refiro-me aos EUA) e muito menor que o necessário.
migluso Escreveu:Eu não pretendi definir teoria económica nenhuma. Apenas mencionei quando é que ela é mais eficaz.
Se assim pensas, rogo-te que aprendas um pouco mais sobre ela, porque o exemplo que deste é uma pobre forma de ridicularizá-la, que de eficácia nada tem.
migluso Escreveu:Mas para que conste, em termos metodológicos simpatizo mais com a escola austríaca.
A divisão entre as escolhas "prazer e trabalho" e a condição "ceteris paribus" que os neoclássicos assumem nos seus modelos não corresponde à realidade.

Pois eu simpatizo com quem acerta mais, e ultimamente o Krugman tem acertado em praticamente tudo o que escreve. Até podía ser Chinês!
migluso Escreveu:Desculpa, mas estou com problemas na net.... Se puder logo à noite aprofundo mais um pouco...

Na boa, desde que seja dentro do tópico. :)
 
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por migluso » 16/5/2011 16:04

Muffin Escreveu:Poderías explicar porque na tua opinião "a Europa, em termos agregados, já está suficientemente endividada". As taxas de desemprego (edit: e as de juro, e.g. as alemãs) parecem dizer que o problema mais grave não é esse...

(edit2: O presidente do BCE acrescenta que "a situação orçamental da zona euro no seu conjunto está muito melhor que a dos EUA ou Japão. O paradoxo é que temos alguns países numa situação muito má, que exige fortes ajustes." É uma maçada haver Grécia, Portugal e Irlanda. Por isso nos chamam periféricos. citado do último artigo do Pedro Santos Guerreiro)


Desde a criação do euro, o endividamento nunca esteve tão elevado. Na zona euro é cerca de 85% do PIB.

Felizmente, há muito países que demonstram que é possível ter dívida pública baixa e simultaneamente taxas de desemprego reduzidas.

Se os EUA se atirarem a um poço, espero que a Europa não vá atrás.


Muffin Escreveu:1. O plano monetário do FED resultou numa retoma, mas não vai haver pacote 3 por medo a tensões inflacionárias inêxistentes.
2. A política monetária quando a taxa de juro está perto dos 0% tende a ser ineficiente em termos de resultados...



1) Cada um mede a taxa de inflação como quiser...

2) Daí os programas de QE... Equivalem a reduções da taxa de juro. Também tiveram vários programas de estímulo orçamental, com resultados decepcionantes.


Muffin Escreveu:Se para ti, isto define uma teoria económica, apenas posso sugerir que te informes melhor do que esta representa ou propõe, quando, e como.


Eu não pretendi definir teoria económica nenhuma. Apenas mencionei quando é que ela é mais eficaz.

Muffin Escreveu:Não sei se será o "melhor" mas concordo que será positivo. Na minha opinião, "melhor" seria reduzir com os gastos improdutivos - investimentos/gastos correntes e subsídios.


Hummmm... não creio que seja isso que stiglitz et al defendem...


Muffin Escreveu:O que Stiglitz et al criticam é uma ideia (absurda) de uma certa direita americana (e europeia) que advoga a austeridade por algum axioma moral, em que esta reforçará a confiança e com isso impulsionará o crescimento. Não há nenhum dado que confirme esta teoria, antes pelo contrário.

Nada disto se aplica ao caso português (de per si), onde tem que haver um ajustamento e existe um peso do Estado excessivo, anti-produtivo e burocrático.


Eu não falei em política, foste tu. Já agora, os neoclássicos sustentam a sua teoria em axiomas? Lucas, Prescott, etc...

Mas para que conste, em termos metodológicos simpatizo mais com a escola austríaca.
A divisão entre as escolhas "prazer e trabalho" e a condição "ceteris paribus" que os neoclássicos assumem nos seus modelos não corresponde à realidade.

Por acaso há uns meses li uma série de artigos/debates que abordavam a metodologia adoptada pelos neoclássicos e os austríacos, entre o Bryan Caplan e 2 ou 3 austríacos. Debateram, mas não chegaram a consenso, obviamente.

Desculpa, mas estou com problemas na net.... Se puder logo à noite aprofundo mais um pouco...

Cumps
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por Pantone » 16/5/2011 8:53

migluso Escreveu:Na minha opinião a Europa, em termos agregados, já está suficientemente endividada.
É necessário desalavancar e deixar de empurrar o problema para as gerações futuras.

Poderías explicar porque na tua opinião "a Europa, em termos agregados, já está suficientemente endividada". As taxas de desemprego (edit: e as de juro, e.g. as alemãs) parecem dizer que o problema mais grave não é esse...

(edit2: O presidente do BCE acrescenta que "a situação orçamental da zona euro no seu conjunto está muito melhor que a dos EUA ou Japão. O paradoxo é que temos alguns países numa situação muito má, que exige fortes ajustes." É uma maçada haver Grécia, Portugal e Irlanda. Por isso nos chamam periféricos. citado do último artigo do Pedro Santos Guerreiro)


migluso Escreveu:Ao nível da política monetária, o Japão provou que insuflar não provoca crescimento. Nos EUA, depois de vários programas de estímulos orçamentais e monetários o crescimento tem, nos últimos dias, sido revisto em baixa.

1. O plano monetário do FED resultou numa retoma, mas não vai haver pacote 3 por medo a tensões inflacionárias inêxistentes.
2. A política monetária quando a taxa de juro está perto dos 0% tende a ser ineficiente em termos de resultados...

migluso Escreveu:As políticas keynesianas serão úteis quando um país não tem infraestruturas e os ganhos marginais para toda a sociedade são substanciais.
Construir um hospital ou uma escola ou uma estrada ou uma ponte só para dar emprego temporário, ainda por cima com recurso a dívida, e onde o ganho marginal para a sociedade possivelmente é negativo, é apenas adiar e agravar o problema.

Se para ti, isto define uma teoria económica, apenas posso sugerir que te informes melhor do que esta representa ou propõe, quando, e como.

migluso Escreveu:O melhor estímulo de política orçamental que o Estado pode dar para o crescimento é reduzir impostos, especialmente os que incidem sobre os factores de produção.

Não sei se será o "melhor" mas concordo que será positivo. Na minha opinião, "melhor" seria reduzir com os gastos improdutivos - investimentos/gastos correntes e subsídios.

migluso Escreveu:Países com saldos primários negativos não devem ficar à espera que sejam os credores a dizer basta. Normalmente quando isso acontece já é tarde demais e os prejuízos económicos e sociais serão bastante mais graves do que 2 ou 3 anos de políticas de austeridade.
Claro que em Portugal fala-se em austeridade há 10 anos. Mas alguma vez serviu para alguma coisa essa austeridade? Não. Nem o saldo primário foi equilibrado sequer. Foi uma falsa austeridade, retórica dos políticos para aumentar o monstro indo ao bolso dos contribuintes.

O que Stiglitz et al criticam é uma ideia (absurda) de uma certa direita americana (e europeia) que advoga a austeridade por algum axioma moral, em que esta reforçará a confiança e com isso impulsionará o crescimento. Não há nenhum dado que confirme esta teoria, antes pelo contrário.

Nada disto se aplica ao caso português (de per si), onde tem que haver um ajustamento e existe um peso do Estado excessivo, anti-produtivo e burocrático.
 
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por migluso » 15/5/2011 22:58

Muffin Escreveu:Quando?! quase todos os dias... mas o que ele escreve, aliás, como o artigo do Stiglitz citado acima pouca aplicação tem para o caso Português, mas sim com a Europa em geral, políticas macro e estratégias do BCE e dos governos que decidem.

Eu leio o que ele, e outros escrevem, e tu, lês, ou tiras conclusões com base em ideias pré-concebidas, como infelizmente é tão comum ver-se?


Muffin,

Na minha opinião a Europa, em termos agregados, já está suficientemente endividada.
É necessário desalavancar e deixar de empurrar o problema para as gerações futuras.

Ao nível da política monetária, o Japão provou que insuflar não provoca crescimento. Nos EUA, depois de vários programas de estímulos orçamentais e monetários o crescimento tem, nos últimos dias, sido revisto em baixa.

As políticas keynesianas serão úteis quando um país não tem infraestruturas e os ganhos marginais para toda a sociedade são substanciais.
Construir um hospital ou uma escola ou uma estrada ou uma ponte só para dar emprego temporário, ainda por cima com recurso a dívida, e onde o ganho marginal para a sociedade possivelmente é negativo, é apenas adiar e agravar o problema.

O melhor estímulo de política orçamental que o Estado pode dar para o crescimento é reduzir impostos, especialmente os que incidem sobre os factores de produção.

Países com saldos primários negativos não devem ficar à espera que sejam os credores a dizer basta. Normalmente quando isso acontece já é tarde demais e os prejuízos económicos e sociais serão bastante mais graves do que 2 ou 3 anos de políticas de austeridade.

Claro que em Portugal fala-se em austeridade há 10 anos. Mas alguma vez serviu para alguma coisa essa austeridade? Não. Nem o saldo primário foi equilibrado sequer. Foi uma falsa austeridade, retórica dos políticos para aumentar o monstro indo ao bolso dos contribuintes.
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por Mares » 15/5/2011 18:16


Austeridade empurra salários e consumo para queda histórica


Nas suas previsões de Primavera, a instituição aponta para dois anos de recessão e um desemprego recorde. As medidas de austeridade já aplicadas e as que decorrem do acordo de ajuda externa vão ter um impacto enorme na vida dos portugueses, atirando o consumo privado para a maior queda de sempre e os salários reais para o maior recuo desde 1984, quando o FMI também interveio em Portugal.

Os gastos das famílias vão ressentir-se com os cortes salariais, os aumentos de impostos, a inflação, a subida das taxas de juro e o desemprego. A CE prevê que, em 2011, o consumo privado recue 4,4 por cento e outros 3,8 em 2012. A verificar-se, será a maior queda deste indicador desde que há registos dos dados. Os salários vão também ressentir-se com as medidas de austeridade, desde logo devido ao corte de 5 por cento na massa salarial dos funcionários públicos.

De acordo com as previsões da CE, os salários reais vão descer 3,6 por cento este ano e outros 1,9 em 2012, naquela que é a maior queda entre os países da zona euro. As quedas nominais são ainda maiores (7 e 3,9 por cento, respectivamente), visto que Bruxelas está a prever uma inflação de 3,4 e 2 por cento em Portugal.

A queda em 2011 não surpreende, devido ao corte salarial na função pública, mas o novo recuo das remunerações em 2012 espelha já que a economia fará um ajustamento salarial por baixo. As medidas de flexibilização laboral acordadas com a União Europeia (UE) e o FMI, a facilitação do despedimento e o nível recorde de desemprego irão pressionar os vencimentos dos novos contratados, reduzindo o nível geral das remunerações.

Tanto para 2011 como para 2012, as previsões da CE representam a maior queda dos salários reais desde 1983 e 1984, quando estes recuaram 5,7 e 9,2 por cento, respectivamente, na sequência da intervenção do FMI (ver texto em baixo).

No sector público, as despesas com salários vão estar, este ano e no próximo, ao nível mais baixo dos últimos 20 anos e os gastos com prestações sociais (subsídio de desemprego, abonos de família ou o rendimento social de inserção) vão sofrer uma redução, na sequência das medidas de austeridade já previstas no Orçamento do Estado de 2011 e exigidas pela própria troika. A CE prevê que, este ano, os encargos do Estado com as transferências sociais atinjam o nível mais baixo desde 1999 (ver infografia). Esses encargos, em percentagem do PIB, vão mesmo registar em 2011 a maior descida desde 1983 (-1,3 por cento).

Portugal pior que a Grécia

O quadro decepcionante traçado por Bruxelas começou ontem a materializar-se, depois de o Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmar que Portugal entrou já em recessão no primeiro trimestre. E uma recessão mais profunda do que se previa.

O Produto Interno Bruto (PIB) nacional recuou 0,7 por cento entre Janeiro e Março, depois de ter já resvalado 0,6 por cento nos últimos três meses do ano passado. Portugal entrou, assim, oficialmente, em recessão técnica (conceito que define dois trimestres consecutivos de contracção do PIB), reflectindo uma acentuada retracção da procura interna, sobretudo das famílias.

Para este ano, as previsões da CE são de uma contracção do PIB de 2,2 por cento, que se prolongará para 2012, com nova queda de 1,8. Mas, enquanto este ano ainda nos podemos congratular por a Grécia estar em pior situação (com uma queda da economia de 3,5 por cento), em 2012 a economia helénica vai descolar e deixar Portugal como o único país em recessão da zona euro e da UE.

Tal como o ministro das Finanças já tinha anunciado, a taxa de desemprego vai atingir um recorde histórico no próximo ano - 13 por cento -, depois de chegar aos 12,3 este ano. Só a Espanha, a Grécia, a Irlanda e a Eslováquia estarão em pior situação.

A queda recorde do consumo privado vai empurrar a procura interna (que reúne os gastos das famílias, o consumo público e o investimento) para o maior recuo de sempre este ano (5,7 por cento) e para o segundo maior em 2012 (4,7 por cento). Os gastos do Estado vão registar uma queda acumulada de 10,5 por cento até 2012, enquanto o investimento público vai deslizar 17,3 por cento nestes dois anos.

De acordo com a CE, este recuo nos gastos do Estado irá afectar o investimento privado, que deverá encolher 10 por cento em 2011 e 7,5 por cento em 2012. Os únicos contributos positivos para a economia virão das exportações e das importações. As vendas ao exterior vão aumentar 6,2 por cento este ano e 5,9 em 2012, ainda assim abaixo da performance do ano passado (ver infografia).

Já as compras ao exterior vão ressentir-se com a contracção do consumo privado e diminuir 5,3 e 2,8 por cento, em 2011 e 2012. Estes valores ficam, contudo, abaixo da redução das importações registada em 2009 (-10,6 por cento, na sequência de uma contracção do PIB de 2,5 por cento) e também dos valores registados aquando da última intervenção do FMI em Portugal, em 1983/1984.

Euro a duas velocidades

Enquanto Portugal e outros países periféricos continuam a desiludir, as maiores economias europeias estão a ganhar fôlego, acentuando o quadro de uma Europa a duas velocidades. A CE reviu ontem em alta ligeira as suas previsões para a zona euro, apontando para um crescimento de 1,6 por cento este ano e 1,8 por cento no próximo. Os 27 Estados da UE deverão crescer, em média, 1,8 por cento em 2011 e 1,9 em 2012.

À semelhança das taxas de crescimento, o mercado laboral europeu oscila entre a taxa de desemprego de 20,6 por cento projectada para Espanha e os 4,2 por cento na Holanda. A inflação deverá atingir quase 3 por cento na UE este ano e 2,6 por cento na zona euro, aliviando em 2012 para 2 e 1,8 por cento, respectivamente.

http://economia.publico.pt/Noticia/aust ... ca_1494150

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por jeso » 14/5/2011 21:31

Só que, neste caso, o acidente somos nós próprios. :oh:
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por Fingerspitzengefuhl » 14/5/2011 20:48

Também se pode fazer a analogia àquela máxima que defende que se acelerarmos, quando o acidente acontecer, nós já passámos!


Já passámos para outra :lol:
 
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