Passos Coelho anuncia às 19h15 novas medidas de austeridade
Eu nao acho piada, mas é bom lembrar:
Que a 23 de Agosto de 1939, o nazi Hitler e o comunista Stalin assinaram um pacto de não-agressão.
Que a 23 de Agosto de 1939, o nazi Hitler e o comunista Stalin assinaram um pacto de não-agressão.
tavaverquenao2 Escreveu:Continuar a meia-haste
O embaixador de Israel foi chamado ao MNE por ter criticado o facto do governo de Salazar ter decretado luto pela morte de Hitler em Abril de 1945. É caso para dizer que há quem continue com a bandeira a meia haste...
Publicada por josé medeiros ferreira
http://cortex-frontal.blogspot.pt/
Eu acho piada quando chamam a esquerda de nazis.
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Continuar a meia-haste
O embaixador de Israel foi chamado ao MNE por ter criticado o facto do governo de Salazar ter decretado luto pela morte de Hitler em Abril de 1945. É caso para dizer que há quem continue com a bandeira a meia haste...
Publicada por josé medeiros ferreira
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Eu acho piada quando chamam a esquerda de nazis.
O embaixador de Israel foi chamado ao MNE por ter criticado o facto do governo de Salazar ter decretado luto pela morte de Hitler em Abril de 1945. É caso para dizer que há quem continue com a bandeira a meia haste...
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Ele foi unico , a lei mudou ,agora o teu Louça tem de esperar pelos 60 ou 65
tavaverquenao2 Escreveu:Eu espero para ver quando ele levar o valente pontapé no traseiro, se continua com essa ideia. Parece-me que o filisofo tambem não está a receber reforma antecipada, o louça também não.
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Nao defendo ninnguem nem sou pago para o fazer mas sempre gostei da Verdade:
"Pedro Passos Coelho, por uma questão de princípio, recusou receber a subvenção vitalícia da Assembleia da República a que tinha direito. Foi, tanto quanto sei, o único deputado que a recusou...."
"Pedro Passos Coelho, por uma questão de princípio, recusou receber a subvenção vitalícia da Assembleia da República a que tinha direito. Foi, tanto quanto sei, o único deputado que a recusou...."
tavaverquenao2 Escreveu:O mm gosta muito de vir mandar bitates sobre os cortes nos outros, claro. Eu gostava de saber se ele ficava impressionado se fosse obrigado a abdicar da fausta reforma que recebe deste os quarenta e poucos anos, e passar a receber só apartir dos 65 ou 67, como o resto dos mortais.
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o mm não falou em ti .. penso eu de que... tu não é de plástico

mas não tens razão.. estes Ms de M começaram todos a extrebuchar .. só depois de lhes cortarem as reformas e aumentarem o irs para os 50 e tal e mais umas coisas..
até aqui estiveram calados e assobiar para o lado aproveitando a estupidez do nosso filósofo e teu herói
lisonjeando-o e fazendo-lhe festas

mcarvalho
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O mm gosta muito de vir mandar bitates sobre os cortes nos outros, claro. Eu gostava de saber se ele ficava impressionado se fosse obrigado a abdicar da fausta reforma que recebe deste os quarenta e poucos anos, e passar a receber só apartir dos 65 ou 67, como o resto dos mortais. 

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A empresa de Passos Coelho foi declarada insolvente
o país de Passos Coelho ... também
Tecnoforma foi declarada insolvente
09 Novembro 2012 | 09:22
Jornal de Negócios Online - negocios@negocios.pt
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A Tecnoforma, empresa de formação que Pedro Passos Coelho administrou entre 2005 e 2007, foi declarada insolvente pelo 1º Juízo do Tribunal do Comércio de Lisboa, noticiou o "i".
A sentença foi proferida na passada terça-feira pela juíza Maria de Fátima dos Reis Silva, dia em que se ficou a conhecer o nome do administrador de insolvência: José Estêvão Pinto de Oliveira, refere o mesmo jornal.
O pedido foi feito há cerca de um mês pelos credores BES, SA, Soprofor – Sociedade Promotora de Formação, L.da, BBVA, SA, Banif e Lígia Dulce Silva Pereira, que reclamam 7500 euros.
Esta insolvência surge após algumas notícias que davam conta de que a empresa estaria a passar por dificuldades financeiras. Apesar de fontes ligadas à empresa terem sempre negado tais problemas, o "i" sabe que o pedido de insolvência já terá sido revelado aos credores há duas semanas.
Contactada ontem pelo “i”, uma fonte ligada à empresa garantiu que esta insolvência tem como objectivo a recuperação da Tecnoforma e não o seu fim: “O que pretendemos é uma insolvência na vertente de recuperação.” Na informação ontem disponibilizada ao i – bem como no anúncio disponível no portal Citius – pode ler-se que foi fixado um prazo de 30 dias para que os credores possam reclamar os seu créditos.
Segundo informações avançadas há um mês pela comunicação social, a Tecnoforma foi, entre 2005 e 2009, alvo de processos de execução fiscal, num valor total de mais de 500 mil euros e que actualmente ainda terá 6 mil euros por saldar. Porém, desde o ano passado, sabe o i, só a formadores a empresa ficou a dever mais de 30 mil euros.

o país de Passos Coelho ... também
Tecnoforma foi declarada insolvente
09 Novembro 2012 | 09:22
Jornal de Negócios Online - negocios@negocios.pt
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A Tecnoforma, empresa de formação que Pedro Passos Coelho administrou entre 2005 e 2007, foi declarada insolvente pelo 1º Juízo do Tribunal do Comércio de Lisboa, noticiou o "i".
A sentença foi proferida na passada terça-feira pela juíza Maria de Fátima dos Reis Silva, dia em que se ficou a conhecer o nome do administrador de insolvência: José Estêvão Pinto de Oliveira, refere o mesmo jornal.
O pedido foi feito há cerca de um mês pelos credores BES, SA, Soprofor – Sociedade Promotora de Formação, L.da, BBVA, SA, Banif e Lígia Dulce Silva Pereira, que reclamam 7500 euros.
Esta insolvência surge após algumas notícias que davam conta de que a empresa estaria a passar por dificuldades financeiras. Apesar de fontes ligadas à empresa terem sempre negado tais problemas, o "i" sabe que o pedido de insolvência já terá sido revelado aos credores há duas semanas.
Contactada ontem pelo “i”, uma fonte ligada à empresa garantiu que esta insolvência tem como objectivo a recuperação da Tecnoforma e não o seu fim: “O que pretendemos é uma insolvência na vertente de recuperação.” Na informação ontem disponibilizada ao i – bem como no anúncio disponível no portal Citius – pode ler-se que foi fixado um prazo de 30 dias para que os credores possam reclamar os seu créditos.
Segundo informações avançadas há um mês pela comunicação social, a Tecnoforma foi, entre 2005 e 2009, alvo de processos de execução fiscal, num valor total de mais de 500 mil euros e que actualmente ainda terá 6 mil euros por saldar. Porém, desde o ano passado, sabe o i, só a formadores a empresa ficou a dever mais de 30 mil euros.


mcarvalho
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Apesar do que se fala sobre a Europa todos os dias varias centenas de homens e mulheres sonham vir viver connosco , , qual a zona do planeta onde há melhores condições de vida , da segurança a assistência medica eu não conheço ., eu estou vivo porque vivo na Europa
Se o sonho do F. do Amaral e dos portugueses é viverem sem grande esforço e pobremente ele tem razão.
Comparam o nível de vida entre os países que optaram pela desvalorização cambial e os outros que escolheram serem competitivos .
A todos aconselhava a lerem "LA COMPÉTITIVITÉ PAR LA QUALITÉ" de E mmanuel Combe , as vezes basta um pequeno esforço para ter e ser melhor
Se o sonho do F. do Amaral e dos portugueses é viverem sem grande esforço e pobremente ele tem razão.
Comparam o nível de vida entre os países que optaram pela desvalorização cambial e os outros que escolheram serem competitivos .
A todos aconselhava a lerem "LA COMPÉTITIVITÉ PAR LA QUALITÉ" de E mmanuel Combe , as vezes basta um pequeno esforço para ter e ser melhor
MiamiBlueHeart Escreveu:ul Escreveu:http://www.ffms.pt/xxi-ter-opiniao/artigo/402/moeda-unica-ii
por António Borges
Hoje no mesmo jornal saiu hoje uma crónica do João Ferreira do Amaral bastante interessante e totalmente contraditória.
Quanto a António Borges, para mim, tem uma Visão idílica do caminho que a União Europeia tem tomado nos últimos anos e do futuro.
E os factos é que este ano e no próximo os países do Euro estão com crescimento praticamente nulo (mesmo países sem problemas financeiros- como a própria Alemanha), a taxa de desemprego está a aumentar,a industria a diminuir o que leva que a Europa esteja a perder poder no Mundo.
Em termos de liderança, temos uma Europa que se move muito lentamente e se rege ao sabor da Alemanha. Uma liderança deste tipo, obviamente só enfraquece a Europa.
Existem muitas questões de fundo, que os líderes europeus não discutem e por isso não admira que o euro ao fim de 4/5 anos continue no limbo.
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Marques Mendes ficou espantado com as reacções dos deputados às suas palavras sobre a vinda do FMI para ajudar nos cortes na despesa do Estado.
Na TVI24, O ex-líder social-democrata diz que deu duas novidades - distribuição dos cortes por sectores do Estado e chegada dos assessores técnicos do FMI -, mas acrescentou que tudo o resto já era conhecido. E recordou mesmo que quem deu a novidade da vinda dos técnicos do FMI foi o ministro das Finanças no Parlamento e ninguém lhe perguntou nada.
O comentador afirmou que isso só acontece porque muitos deputados, incluindo António José Seguro, não estudam nem se preparam para os debates.
"Há um conjunto grande de políticos, no PS, noutros partidos e também no PSD, que só sabem fazer política na base do slogan e do soundbyte. Estudar, trabalhar, ler relatórios e fazer o trabalho de casa não é com eles", disse.
Para Marques Mendes, o mestre na "arte do slogan" é Seguro: "Até muda de slogan com facilidade. Antes dizia, ‘é preciso mais tempo e mais dinheiro'. Agora diz, ‘é preciso mais tempo e menos juros'. Por que é que mudou? Porque alguém do marketing lhe disse que era impopular falar de mais dinheiro. (...) Eu chamo a isto políticos de plástico."
in
http://economico.sapo.pt/noticias/eu-ch ... 55862.html
Na TVI24, O ex-líder social-democrata diz que deu duas novidades - distribuição dos cortes por sectores do Estado e chegada dos assessores técnicos do FMI -, mas acrescentou que tudo o resto já era conhecido. E recordou mesmo que quem deu a novidade da vinda dos técnicos do FMI foi o ministro das Finanças no Parlamento e ninguém lhe perguntou nada.
O comentador afirmou que isso só acontece porque muitos deputados, incluindo António José Seguro, não estudam nem se preparam para os debates.
"Há um conjunto grande de políticos, no PS, noutros partidos e também no PSD, que só sabem fazer política na base do slogan e do soundbyte. Estudar, trabalhar, ler relatórios e fazer o trabalho de casa não é com eles", disse.
Para Marques Mendes, o mestre na "arte do slogan" é Seguro: "Até muda de slogan com facilidade. Antes dizia, ‘é preciso mais tempo e mais dinheiro'. Agora diz, ‘é preciso mais tempo e menos juros'. Por que é que mudou? Porque alguém do marketing lhe disse que era impopular falar de mais dinheiro. (...) Eu chamo a isto políticos de plástico."
in
http://economico.sapo.pt/noticias/eu-ch ... 55862.html
mcarvalho
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HLopes4 Escreveu:É oficial: a Europa tá de tanga.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/notic ... ova-iorque
como uma vénia ao
Comentário feito por:Francisco19h02
Em Portugal foi o motor da crise começada pelo cavaco, foi para UE e agora a crise está na União Europeia, assim continuando vai afundar o planeta


mcarvalho
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MiamiBlueHeart Escreveu:Existem muitas questões de fundo, que os líderes europeus não discutem e por isso não admira que o euro ao fim de 4/5 anos continue no limbo.
Nenhum líder europeu quer dizer "Amen" a questões que mexem com a soberania do seu próprio país. Como iriam explicar isso aos seus "conterrâneos"?
"Ah, para recebermos guito, vamos ter agora uma supervisão europeia que tem a última palavra sobre os nossos orçamentos". Os eleitores "domésticos" vão achar mal, vão dizer "O quê? Os estrangeiros não mandam em nós!"
Acho que sinceramente estamos no meio da ponte. Para voltar para trás já não dá e até chegar à outra margem ainda falta muito, aliás, está tanto nevoeiro que nem se vê a outra margem...
ul Escreveu:http://www.ffms.pt/xxi-ter-opiniao/artigo/402/moeda-unica-ii
por António Borges
Hoje no mesmo jornal saiu hoje uma crónica do João Ferreira do Amaral bastante interessante e totalmente contraditória.
Quanto a António Borges, para mim, tem uma Visão idílica do caminho que a União Europeia tem tomado nos últimos anos e do futuro.
E os factos é que este ano e no próximo os países do Euro estão com crescimento praticamente nulo (mesmo países sem problemas financeiros- como a própria Alemanha), a taxa de desemprego está a aumentar,a industria a diminuir o que leva que a Europa esteja a perder poder no Mundo.
Em termos de liderança, temos uma Europa que se move muito lentamente e se rege ao sabor da Alemanha. Uma liderança deste tipo, obviamente só enfraquece a Europa.
Existem muitas questões de fundo, que os líderes europeus não discutem e por isso não admira que o euro ao fim de 4/5 anos continue no limbo.
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Parabens pelo artigo. Bem estruturado e apontando, quanto a mim, as causas principais dos problemas que vivemos atualmente. Todos nós, nos locais onde vivemos conhecemos exemplos de mau investimento em números exorbitantes, sejam eles projetos duvidosos financiados a 100%, infraestruturas desproporcionais, emprego fictício, etc,etc... Isto só poderia acabar mal.
viva a vida k vai passar mt tempo morto
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http://www.ffms.pt/xxi-ter-opiniao/arti ... a-unica-ii
MOEDA ÚNICA II
A Europa do futuro
2013
Economia|Europa
A integração económica que o euro proporcionou beneficiou enormemente os países que a souberam aproveitar e não foi ela que causou os problemas dos países em crise – foram erros de política económica e orçamental. São esses erros que é preciso corrigir e já há muitos mecanismos de solidariedade para o fazer. Mas sem o euro não haverá uma nova prosperidade europeia.
O Euro é um dos grandes pilares de uma nova prosperidade europeia que começa a emergir e que transformará a Europa numa das zonas de mais forte e robusto crescimento do futuro. A crise dos países da periferia da Europa tem gerado uma imagem de estagnação, incapacidade de resolução de problemas e condenação a um futuro pobre e instável. A crise tem, de facto, elementos de grande perigosidade, porque, se mal conduzida, pode levar a uma implosão e ao próprio desaparecimento da moeda única. Mas esse cenário catastrófico só acontecerá em caso de extrema incompetência de alguns governos europeus, o que, não sendo possível excluir completamente, tem, apesar de tudo, uma probabilidade reduzida. E, pelo contrário, as atenções hoje focalizadas na crise da periferia fazem esquecer o enorme sucesso dos outros países da Europa do Norte e de Leste, que ilustram perfeitamente a profunda transformação que está a ocorrer no Velho Continente.
Se utilizarmos uma perspectiva de longo prazo – por exemplo, uma década depois da criação do euro – o elemento mais estranho da performance europeia é a enorme discrepância de taxas de crescimento económico que se observam na Europa. Países como Alemanha, Suécia, Polónia, Holanda, Áustria têm tido desempenhos invejáveis. Em flagrante contraste, Grécia, Portugal, Espanha ou Itália não beneficiaram de verdadeiro crescimento económico, antes, no melhor dos casos, registaram um crescimento fictício e insustentável, baseado em mais despesa, financiada com dívida externa. Estes dois extremos ilustram bem o impacto diferenciado que o euro teve num caso, em comparação com o outro: os países bem sucedidos foram os que, graças ao euro, aprofundaram a sua integração europeia, abriram as suas economias, cresceram graças a ganhos de competitividade e eficiência, especializaram-se, fizeram exactamente o que deviam, no contexto de uma moeda única; os que falharam foram os que se limitaram a beneficiar da entrada no euro para se endividarem muito para além dos limites do aceitável, utilizar esse financiamento para aumentar o consumo privado e público ou para fazer investimentos ruinosos, ao mesmo tempo que tornavam as suas economias mais fechadas e protegidas – relembremos que, dez anos depois da entrada no euro, a Grécia exportava para a zona euro apenas 5% do PIB ou que praticamente todo o crescimento económico espanhol se explica pelo aumento da despesa interna, em particular o investimento em construção e imobiliário.
Note-se que o impacto do euro não se limita à zona euro. A grande maioria dos países da Europa do Norte e do Leste que não fazem parte do euro procedem como se fizessem: o euro é para eles uma âncora que lhes permite estabilizar as suas taxas de câmbio, o que esses países fazem com grande mestria. Apenas o Reino Unido insiste em manter uma taxa de câmbio totalmente desligada do euro, desvalorizando livremente e registando grande volatilidade, com consequências desastrosas para a economia britânica, como é bem patente.
O que hoje observamos na Europa é uma nova configuração da actividade económica. As empresas e os sectores económicos são cada vez menos nacionais, mais europeus. Redistribuindo a sua actividade pela Europa toda, as empresas vão buscar ganhos importantes de eficiência, colocando os diversos segmentos da cadeia de valor onde é mais eficiente fazê-lo. Como a característica principal da União Europeia é a enorme diversidade de situações, de competências, de custos e até de recursos, não admira que seja possível que essa reorganização da cadeia de valor traga grandes ganhos de eficiência e portanto de competitividade. Certas empresas europeias – especialmente as alemãs, mas também as francesas ou suecas – são especialmente eficazes nesta nova maneira de se organizarem: primeiro, beneficiam de marcas de grande valor a nível global, que asseguram a colocação dos seus produtos em qualquer parte do mundo; depois, sabem distribuir as suas cadeias de produção – incluindo de investigação e desenvolvimento – pela Europa fora; por último, têm uma capacidade organizativa que lhes permite gerir esta complexidade de situações – com governos, parceiros industriais e instituições financeiras fora do seu país – que torna todo o sistema muito eficaz.
Os sucessos do euro
Este processo – que é verdadeiramente win-win – torna as economias europeias mais integradas, cria emprego e riqueza por todos os países que nele participam e melhora a posição competitiva da Europa em relação ao resto do mundo. E é um processo que está ainda no seu princípio, beneficiando da enorme diversidade de situações que se encontram por toda a Europa e da disponibilidade e capacidade de cada país de encontrar o seu lugar neste processo de integração. É impossível compreender o progresso drástico de países como a Polónia, a Eslovénia ou a Eslováquia, que estão hoje irreconhecíveis relativamente a há uma década atrás, sem ter em conta este desenvolvimento.
Ora nada disto teria sido possível sem o euro, ou só teria sido possível numa escala muito mais limitada. A volatilidade das taxas de câmbio torna esta redistribuição das cadeias de valor totalmente ingerível. Investimentos, contratos, planeamento a longo prazo ficam completamente impossíveis, se as taxas de câmbio variam drasticamente, como acontece noutros países. É por isso que o euro apareceu numa altura em que se percebeu – depois da grande crise cambial de 1992/93 – que o que estava em causa era a verdadeira sobrevivência do mercado único. E é por isso também que nenhum grande dirigente empresarial alemão ou francês quer sequer ouvir falar do desaparecimento do euro ou da saída do seu país do euro. O mundo anglo-saxónico subestima arrogantemente o compromisso dos grandes países europeus com a moeda única, precisamente porque não se dá conta da importância crítica que o euro tem para a prosperidade actual e futura da Europa.
Há ainda uma outra explicação para o cepticismo anglo-saxónico, ou pelo menos americano, em relação ao euro. É que o euro é de facto a única possível alternativa ao dólar americano, a única moeda que pode exercer alguma concorrência, isto é, que pode pôr fim ao extraordinário domínio que o dólar exerce, no contexto do Sistema Monetário Internacional. Para todos os grandes detentores de capital, desde a China, aos países do Golfo, dos fundos soberanos aos grandes investidores institucionais, não há hoje nenhuma alternativa ao dólar americano e ao mercado financeiro dos Estados Unidos da América. Só o mercado americano e os activos denominados em dólares têm a dimensão, a sofisticação e a profundidade necessárias para absorver esses capitais, que, como é sabido, atingem hoje uma escala completamente sem precedentes. Embora a zona euro tenha feito muito progresso nesta área, está ainda muito atrás dos EUA. Como é evidente, os EUA são grandes beneficiários desta posição de monopólio: podem financiar o seu défice externo sem qualquer dificuldade e a preço muito baixo, sem que os investidores tenham grandes alternativas. Os EUA podem, de facto, viver acima das suas possibilidades, praticar uma política fiscal totalmente irresponsável e manter taxas de poupança baixíssimas, em grande parte porque o resto do mundo que tem excedentes de poupança não tem grande alternativa senão entregar-lhes essa poupança para ser investida nos mercados financeiros americanos.
Já a posição britânica é mais difícil de compreender. Os ingleses, depois de terem aderido ao processo de integração monetária europeia – quando, ainda no tempo da primeira-ministra Margaret Thatcher, decidiram entrar no Sistema Monetário Europeu –, nunca conseguiram ultrapassar a profunda humilhação que foi a sua expulsão desse sistema pelos mercados cambiais. Desde então, a posição britânica – apesar da lucidez e das melhores intenções de Tony Blair, que queria o Reino Unido no euro – não voltou a ter nenhuma racionalidade. Optando por ficar de fora, os britânicos queriam ter a liberdade de praticarem a política que mais lhes conviesse, sem restrições à escala europeia. Na verdade, têm hoje uma situação bem mais difícil do que a dos principais países da Europa, com uma séria recessão e uma enorme dificuldade de pôr em prática uma política monetária credível. E demonstram uma incompreensível incoerência, no que respeita aos verdadeiros interesses do seu país. É que a integração monetária e financeira da Europa beneficiará a City de Londres muito mais do que qualquer outro centro financeiro europeu, criando condições para uma verdadeira concorrência com Nova Iorque. Esperemos que um dia a racionalidade volte a dominar a política britânica; mas não será a curto prazo.
A actual crise
A crise da zona euro tem suscitado inúmeras dúvidas sobre a viabilidade do euro, havendo mesmo quem, como o primeiro-ministro Cameron, argumente que o euro está fatalmente ferido por erros profundos de concepção. Na verdade, a crise resulta apenas de más políticas económicas seguidas por alguns países que, não tendo percebido bem o que esta mudança de regime implicava e perante uma grande facilidade de acesso a financiamento externo, foram longe de mais no estímulo à sua despesa interna e acabaram completamente desequilibrados, com dívidas incomportáveis e sem capacidade de crescimento que tornasse essas dívidas sustentáveis.
Convém relembrar que este comportamento estava claramente proscrito, no momento de arranque do euro. O Tratado de Maastricht, de inspiração alemã, mas ratificado por todos os que quiseram fazer parte do euro desde o início, previa uma grande cautela em políticas de estímulo excessivo à despesa interna: a política monetária, da responsabilidade do Banco Central Europeu, deveria orientar-se apenas pelo objectivo de estabilidade de preços; e a política fiscal estava limitada por restrições inscritas no tratado que, se tivessem sido seguidas, teriam evitado tudo o que se passou.
O objectivo de estabilidade de preços foi claramente conseguido. Hoje a reputação do euro enquanto moeda forte, com base em taxas de inflação que serão sempre das mais baixas do mundo, está firmemente estabelecida. Em consequência, os países de boa saúde beneficiam de taxas de juro extraordinariamente baixas, o que é a recompensa normal de quem tem a inflação sob controlo.
Pelo contrário, a política fiscal teve divergências enormes de país para país. Sem grandes preocupações com a sua dívida pública ou o nível dos seus défices, os vários países hoje em dificuldade avançaram com políticas fiscais que se revelaram catastróficas, porque, sem terem conduzido a crescimento sustentável, levaram esses países para uma situação extremamente periclitante, devido à perda de credibilidade junto dos investidores e à consequente impossibilidade de se financiarem. Esta irresponsabilidade teve várias configurações: no caso da Grécia e de Portugal, défices gigantes foram escondidos das autoridades europeias – ou através de operações financeiras (Grécia) ou por desorçamentação (Portugal); no caso da Espanha, os números de execução orçamental não eram maus, com vários anos de saldo positivo; mas, com uma explosão quase incontrolada da despesa interna, alimentada por uma extraordinária bolha imobiliária, a Espanha, sem política monetária autónoma, deveria ter tido uma política fiscal muito mais contracíclica; no caso da Itália, apesar de défices relativamente mais pequenos, o montante total de dívida pública era de tal maneira avassalador que os italianos deveriam ter sido desde o início muito mais cautelosos na forma como geriam as suas finanças públicas.
Mas a crise actual não é só uma crise de dívida soberana ou de finanças públicas. É também uma crise de competitividade e de crescimento económico. O euro foi criado, entre outros objectivos, para que o capital circulasse na Europa com liberdade e se orientasse para onde fosse mais produtivo. Na verdade, os países hoje em dificuldade utilizaram esse acesso a capital para o esbanjarem de forma escandalosa. Na perspectiva de manterem um estímulo forte às suas economias, teoricamente a custo muito baixo, foram-se endividando no exterior para financiarem aumentos extraordinários de consumo privado e público, e investimento desastrosamente improdutivo. Grécia, Espanha e Portugal, em especial, deixaram as suas taxas de poupança descer para valores próximos de um terço do que é a média europeia. Todos estes países mantiveram taxas de investimento altas, muito mais altas do que a sua poupança interna permitiria, mas os projectos que puseram de pé revelaram-se ruinosos: imobiliário em escala gigantesca que hoje não tem qualquer mercado, infra-estruturas de grande luxo, para as quais o país não tem qualquer utilidade, indústrias caríssimas que só podiam sobreviver graças a enorme protecção do Estado. Pelo caminho, foram alimentando subidas de custos, salariais e outros, que os colocaram cada vez mais fora do mercado. Todas estas economias se foram tornando cada vez mais fechadas, com recursos canalizados de forma crescente para os sectores mais protegidos e um desinteresse enorme pelos sectores verdadeiramente competitivos.
Para tornar a situação ainda mais calamitosa, o financiamento externo que alimentou todo este desvario foi essencialmente conduzido pelo sistema bancário de cada país. Por outras palavras, foram os bancos que se endividaram no exterior para emprestarem aos seus clientes internos, quer para consumo, quer para projectos sem rentabilidade. Não admira, por isso, que os bancos se encontrem em situação muito precária, necessitando de apoios estatais sem precedentes. Infelizmente, a consequência quase imediata desta situação é um completo volte-face no comportamento dos bancos, que hoje se tornaram radicalmente cautelosos, não emprestam a ninguém e asfixiam a actividade económica destes países, tornando a recuperação ainda mais difícil.
A braços com dívidas gigantescas, tendo perdido a sua competitividade e sem banca capaz de financiar investimento realmente produtivo, estes países vêem-se numa situação sem saída e são inevitavelmente obrigados a recorrer ao auxílio externo. É claro que o auxílio externo traz consigo condições draconianas de reequilíbrio; mas estas não são senão a consequência dos excessos do passado recente. Restabelecer a saúde de economias tão estruturalmente desequilibradas não se faz sem dor.
Como ultrapassar a crise
Ao contrário do que por vezes se lê na imprensa, não falta solidariedade na Europa. Hoje, centenas de biliões de euros – na verdade, com o início de funcionamento do ESM, chegaremos a mais de um trilião – estão disponíveis para ajudar os países em dificuldade. Existe também já hoje um mecanismo extremamente poderoso para ajudar a financiar a dívida dos países em dificuldade, graças à disponibilidade do Banco Central Europeu em intervir no mercado de obrigações. Não é necessário mais nada para que os mercados se acalmem, os países possam ganhar tempo, as economias voltem ao equilíbrio.
O único obstáculo a uma saída rápida e segura da crise é que todo este impressionante arsenal está disponível com uma condição: que os países em crise ponham a sua casa em ordem. Não se pode pedir aos países fortes da zona euro – seja a Alemanha, a Finlândia ou a Áustria – que ponham à disposição o dinheiro dos seus contribuintes para que os países em crise continuem a praticar políticas irresponsáveis, se recusem a fazer os ajustamentos que são indispensáveis ou façam tudo o que podem para minar ainda mais a sua credibilidade nos mercados.
Aqueles que continuam a insistir que, quaisquer que sejam os erros e incompetências dos países em dificuldade, qualquer que seja a arrogância e tontaria dos seus governantes, os países mais ricos e fortes têm de continuar a financiar as economias da periferia, serão os verdadeiros coveiros da União Monetária. É que toda a Europa vive em democracia; e os eleitores revoltar-se-ão muito depressa se virem o seu dinheiro, que tanto custa a ganhar, servir apenas para financiar quem não se sabe governar.
por António Borges
MOEDA ÚNICA II
A Europa do futuro
2013
Economia|Europa
A integração económica que o euro proporcionou beneficiou enormemente os países que a souberam aproveitar e não foi ela que causou os problemas dos países em crise – foram erros de política económica e orçamental. São esses erros que é preciso corrigir e já há muitos mecanismos de solidariedade para o fazer. Mas sem o euro não haverá uma nova prosperidade europeia.
O Euro é um dos grandes pilares de uma nova prosperidade europeia que começa a emergir e que transformará a Europa numa das zonas de mais forte e robusto crescimento do futuro. A crise dos países da periferia da Europa tem gerado uma imagem de estagnação, incapacidade de resolução de problemas e condenação a um futuro pobre e instável. A crise tem, de facto, elementos de grande perigosidade, porque, se mal conduzida, pode levar a uma implosão e ao próprio desaparecimento da moeda única. Mas esse cenário catastrófico só acontecerá em caso de extrema incompetência de alguns governos europeus, o que, não sendo possível excluir completamente, tem, apesar de tudo, uma probabilidade reduzida. E, pelo contrário, as atenções hoje focalizadas na crise da periferia fazem esquecer o enorme sucesso dos outros países da Europa do Norte e de Leste, que ilustram perfeitamente a profunda transformação que está a ocorrer no Velho Continente.
Se utilizarmos uma perspectiva de longo prazo – por exemplo, uma década depois da criação do euro – o elemento mais estranho da performance europeia é a enorme discrepância de taxas de crescimento económico que se observam na Europa. Países como Alemanha, Suécia, Polónia, Holanda, Áustria têm tido desempenhos invejáveis. Em flagrante contraste, Grécia, Portugal, Espanha ou Itália não beneficiaram de verdadeiro crescimento económico, antes, no melhor dos casos, registaram um crescimento fictício e insustentável, baseado em mais despesa, financiada com dívida externa. Estes dois extremos ilustram bem o impacto diferenciado que o euro teve num caso, em comparação com o outro: os países bem sucedidos foram os que, graças ao euro, aprofundaram a sua integração europeia, abriram as suas economias, cresceram graças a ganhos de competitividade e eficiência, especializaram-se, fizeram exactamente o que deviam, no contexto de uma moeda única; os que falharam foram os que se limitaram a beneficiar da entrada no euro para se endividarem muito para além dos limites do aceitável, utilizar esse financiamento para aumentar o consumo privado e público ou para fazer investimentos ruinosos, ao mesmo tempo que tornavam as suas economias mais fechadas e protegidas – relembremos que, dez anos depois da entrada no euro, a Grécia exportava para a zona euro apenas 5% do PIB ou que praticamente todo o crescimento económico espanhol se explica pelo aumento da despesa interna, em particular o investimento em construção e imobiliário.
Note-se que o impacto do euro não se limita à zona euro. A grande maioria dos países da Europa do Norte e do Leste que não fazem parte do euro procedem como se fizessem: o euro é para eles uma âncora que lhes permite estabilizar as suas taxas de câmbio, o que esses países fazem com grande mestria. Apenas o Reino Unido insiste em manter uma taxa de câmbio totalmente desligada do euro, desvalorizando livremente e registando grande volatilidade, com consequências desastrosas para a economia britânica, como é bem patente.
O que hoje observamos na Europa é uma nova configuração da actividade económica. As empresas e os sectores económicos são cada vez menos nacionais, mais europeus. Redistribuindo a sua actividade pela Europa toda, as empresas vão buscar ganhos importantes de eficiência, colocando os diversos segmentos da cadeia de valor onde é mais eficiente fazê-lo. Como a característica principal da União Europeia é a enorme diversidade de situações, de competências, de custos e até de recursos, não admira que seja possível que essa reorganização da cadeia de valor traga grandes ganhos de eficiência e portanto de competitividade. Certas empresas europeias – especialmente as alemãs, mas também as francesas ou suecas – são especialmente eficazes nesta nova maneira de se organizarem: primeiro, beneficiam de marcas de grande valor a nível global, que asseguram a colocação dos seus produtos em qualquer parte do mundo; depois, sabem distribuir as suas cadeias de produção – incluindo de investigação e desenvolvimento – pela Europa fora; por último, têm uma capacidade organizativa que lhes permite gerir esta complexidade de situações – com governos, parceiros industriais e instituições financeiras fora do seu país – que torna todo o sistema muito eficaz.
Os sucessos do euro
Este processo – que é verdadeiramente win-win – torna as economias europeias mais integradas, cria emprego e riqueza por todos os países que nele participam e melhora a posição competitiva da Europa em relação ao resto do mundo. E é um processo que está ainda no seu princípio, beneficiando da enorme diversidade de situações que se encontram por toda a Europa e da disponibilidade e capacidade de cada país de encontrar o seu lugar neste processo de integração. É impossível compreender o progresso drástico de países como a Polónia, a Eslovénia ou a Eslováquia, que estão hoje irreconhecíveis relativamente a há uma década atrás, sem ter em conta este desenvolvimento.
Ora nada disto teria sido possível sem o euro, ou só teria sido possível numa escala muito mais limitada. A volatilidade das taxas de câmbio torna esta redistribuição das cadeias de valor totalmente ingerível. Investimentos, contratos, planeamento a longo prazo ficam completamente impossíveis, se as taxas de câmbio variam drasticamente, como acontece noutros países. É por isso que o euro apareceu numa altura em que se percebeu – depois da grande crise cambial de 1992/93 – que o que estava em causa era a verdadeira sobrevivência do mercado único. E é por isso também que nenhum grande dirigente empresarial alemão ou francês quer sequer ouvir falar do desaparecimento do euro ou da saída do seu país do euro. O mundo anglo-saxónico subestima arrogantemente o compromisso dos grandes países europeus com a moeda única, precisamente porque não se dá conta da importância crítica que o euro tem para a prosperidade actual e futura da Europa.
Há ainda uma outra explicação para o cepticismo anglo-saxónico, ou pelo menos americano, em relação ao euro. É que o euro é de facto a única possível alternativa ao dólar americano, a única moeda que pode exercer alguma concorrência, isto é, que pode pôr fim ao extraordinário domínio que o dólar exerce, no contexto do Sistema Monetário Internacional. Para todos os grandes detentores de capital, desde a China, aos países do Golfo, dos fundos soberanos aos grandes investidores institucionais, não há hoje nenhuma alternativa ao dólar americano e ao mercado financeiro dos Estados Unidos da América. Só o mercado americano e os activos denominados em dólares têm a dimensão, a sofisticação e a profundidade necessárias para absorver esses capitais, que, como é sabido, atingem hoje uma escala completamente sem precedentes. Embora a zona euro tenha feito muito progresso nesta área, está ainda muito atrás dos EUA. Como é evidente, os EUA são grandes beneficiários desta posição de monopólio: podem financiar o seu défice externo sem qualquer dificuldade e a preço muito baixo, sem que os investidores tenham grandes alternativas. Os EUA podem, de facto, viver acima das suas possibilidades, praticar uma política fiscal totalmente irresponsável e manter taxas de poupança baixíssimas, em grande parte porque o resto do mundo que tem excedentes de poupança não tem grande alternativa senão entregar-lhes essa poupança para ser investida nos mercados financeiros americanos.
Já a posição britânica é mais difícil de compreender. Os ingleses, depois de terem aderido ao processo de integração monetária europeia – quando, ainda no tempo da primeira-ministra Margaret Thatcher, decidiram entrar no Sistema Monetário Europeu –, nunca conseguiram ultrapassar a profunda humilhação que foi a sua expulsão desse sistema pelos mercados cambiais. Desde então, a posição britânica – apesar da lucidez e das melhores intenções de Tony Blair, que queria o Reino Unido no euro – não voltou a ter nenhuma racionalidade. Optando por ficar de fora, os britânicos queriam ter a liberdade de praticarem a política que mais lhes conviesse, sem restrições à escala europeia. Na verdade, têm hoje uma situação bem mais difícil do que a dos principais países da Europa, com uma séria recessão e uma enorme dificuldade de pôr em prática uma política monetária credível. E demonstram uma incompreensível incoerência, no que respeita aos verdadeiros interesses do seu país. É que a integração monetária e financeira da Europa beneficiará a City de Londres muito mais do que qualquer outro centro financeiro europeu, criando condições para uma verdadeira concorrência com Nova Iorque. Esperemos que um dia a racionalidade volte a dominar a política britânica; mas não será a curto prazo.
A actual crise
A crise da zona euro tem suscitado inúmeras dúvidas sobre a viabilidade do euro, havendo mesmo quem, como o primeiro-ministro Cameron, argumente que o euro está fatalmente ferido por erros profundos de concepção. Na verdade, a crise resulta apenas de más políticas económicas seguidas por alguns países que, não tendo percebido bem o que esta mudança de regime implicava e perante uma grande facilidade de acesso a financiamento externo, foram longe de mais no estímulo à sua despesa interna e acabaram completamente desequilibrados, com dívidas incomportáveis e sem capacidade de crescimento que tornasse essas dívidas sustentáveis.
Convém relembrar que este comportamento estava claramente proscrito, no momento de arranque do euro. O Tratado de Maastricht, de inspiração alemã, mas ratificado por todos os que quiseram fazer parte do euro desde o início, previa uma grande cautela em políticas de estímulo excessivo à despesa interna: a política monetária, da responsabilidade do Banco Central Europeu, deveria orientar-se apenas pelo objectivo de estabilidade de preços; e a política fiscal estava limitada por restrições inscritas no tratado que, se tivessem sido seguidas, teriam evitado tudo o que se passou.
O objectivo de estabilidade de preços foi claramente conseguido. Hoje a reputação do euro enquanto moeda forte, com base em taxas de inflação que serão sempre das mais baixas do mundo, está firmemente estabelecida. Em consequência, os países de boa saúde beneficiam de taxas de juro extraordinariamente baixas, o que é a recompensa normal de quem tem a inflação sob controlo.
Pelo contrário, a política fiscal teve divergências enormes de país para país. Sem grandes preocupações com a sua dívida pública ou o nível dos seus défices, os vários países hoje em dificuldade avançaram com políticas fiscais que se revelaram catastróficas, porque, sem terem conduzido a crescimento sustentável, levaram esses países para uma situação extremamente periclitante, devido à perda de credibilidade junto dos investidores e à consequente impossibilidade de se financiarem. Esta irresponsabilidade teve várias configurações: no caso da Grécia e de Portugal, défices gigantes foram escondidos das autoridades europeias – ou através de operações financeiras (Grécia) ou por desorçamentação (Portugal); no caso da Espanha, os números de execução orçamental não eram maus, com vários anos de saldo positivo; mas, com uma explosão quase incontrolada da despesa interna, alimentada por uma extraordinária bolha imobiliária, a Espanha, sem política monetária autónoma, deveria ter tido uma política fiscal muito mais contracíclica; no caso da Itália, apesar de défices relativamente mais pequenos, o montante total de dívida pública era de tal maneira avassalador que os italianos deveriam ter sido desde o início muito mais cautelosos na forma como geriam as suas finanças públicas.
Mas a crise actual não é só uma crise de dívida soberana ou de finanças públicas. É também uma crise de competitividade e de crescimento económico. O euro foi criado, entre outros objectivos, para que o capital circulasse na Europa com liberdade e se orientasse para onde fosse mais produtivo. Na verdade, os países hoje em dificuldade utilizaram esse acesso a capital para o esbanjarem de forma escandalosa. Na perspectiva de manterem um estímulo forte às suas economias, teoricamente a custo muito baixo, foram-se endividando no exterior para financiarem aumentos extraordinários de consumo privado e público, e investimento desastrosamente improdutivo. Grécia, Espanha e Portugal, em especial, deixaram as suas taxas de poupança descer para valores próximos de um terço do que é a média europeia. Todos estes países mantiveram taxas de investimento altas, muito mais altas do que a sua poupança interna permitiria, mas os projectos que puseram de pé revelaram-se ruinosos: imobiliário em escala gigantesca que hoje não tem qualquer mercado, infra-estruturas de grande luxo, para as quais o país não tem qualquer utilidade, indústrias caríssimas que só podiam sobreviver graças a enorme protecção do Estado. Pelo caminho, foram alimentando subidas de custos, salariais e outros, que os colocaram cada vez mais fora do mercado. Todas estas economias se foram tornando cada vez mais fechadas, com recursos canalizados de forma crescente para os sectores mais protegidos e um desinteresse enorme pelos sectores verdadeiramente competitivos.
Para tornar a situação ainda mais calamitosa, o financiamento externo que alimentou todo este desvario foi essencialmente conduzido pelo sistema bancário de cada país. Por outras palavras, foram os bancos que se endividaram no exterior para emprestarem aos seus clientes internos, quer para consumo, quer para projectos sem rentabilidade. Não admira, por isso, que os bancos se encontrem em situação muito precária, necessitando de apoios estatais sem precedentes. Infelizmente, a consequência quase imediata desta situação é um completo volte-face no comportamento dos bancos, que hoje se tornaram radicalmente cautelosos, não emprestam a ninguém e asfixiam a actividade económica destes países, tornando a recuperação ainda mais difícil.
A braços com dívidas gigantescas, tendo perdido a sua competitividade e sem banca capaz de financiar investimento realmente produtivo, estes países vêem-se numa situação sem saída e são inevitavelmente obrigados a recorrer ao auxílio externo. É claro que o auxílio externo traz consigo condições draconianas de reequilíbrio; mas estas não são senão a consequência dos excessos do passado recente. Restabelecer a saúde de economias tão estruturalmente desequilibradas não se faz sem dor.
Como ultrapassar a crise
Ao contrário do que por vezes se lê na imprensa, não falta solidariedade na Europa. Hoje, centenas de biliões de euros – na verdade, com o início de funcionamento do ESM, chegaremos a mais de um trilião – estão disponíveis para ajudar os países em dificuldade. Existe também já hoje um mecanismo extremamente poderoso para ajudar a financiar a dívida dos países em dificuldade, graças à disponibilidade do Banco Central Europeu em intervir no mercado de obrigações. Não é necessário mais nada para que os mercados se acalmem, os países possam ganhar tempo, as economias voltem ao equilíbrio.
O único obstáculo a uma saída rápida e segura da crise é que todo este impressionante arsenal está disponível com uma condição: que os países em crise ponham a sua casa em ordem. Não se pode pedir aos países fortes da zona euro – seja a Alemanha, a Finlândia ou a Áustria – que ponham à disposição o dinheiro dos seus contribuintes para que os países em crise continuem a praticar políticas irresponsáveis, se recusem a fazer os ajustamentos que são indispensáveis ou façam tudo o que podem para minar ainda mais a sua credibilidade nos mercados.
Aqueles que continuam a insistir que, quaisquer que sejam os erros e incompetências dos países em dificuldade, qualquer que seja a arrogância e tontaria dos seus governantes, os países mais ricos e fortes têm de continuar a financiar as economias da periferia, serão os verdadeiros coveiros da União Monetária. É que toda a Europa vive em democracia; e os eleitores revoltar-se-ão muito depressa se virem o seu dinheiro, que tanto custa a ganhar, servir apenas para financiar quem não se sabe governar.
por António Borges
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mcarvalho Escreveu:os revanchistas da esquerda são contra a troika
tal como a extrema esquerda era contra o Partido comunista... queriam era tachos para tantos intelectuais iluminados.. poderem lambuzar-se à custa do povo...
a esquerda come as criancinhas ao pequeno almoço e a direita come o pequeno almoço das criancinhas... e quem se lixa são as criancinhas..
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a dita Esquerda só tem um passo seguro a dar: exigir uma distribuição mais justa da austeridade, como aliás a Troika propõe, e insiste que seja levada a cabo!
Ler texto integral em O António Maria
Link: http://o-antonio-maria.blogspot.pt/2012 ... ordou.html (via shareaholic.com)
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O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) tinha 50,7% dos seus activos aplicados em dívida do Estado português — in relatório do Tribunal de Contas sobre a Segurança Social em 2011/ Correio da Manhã, 6 nov 2012. http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/notic ... s-na-bolsa
Perguntas ao PS, ao PCP e ao Bloco: se não pagarmos a dívida, como é? Se exigirmos menos juros, como é? Que tem a Troika, ou a senhora Merkel, que ver com esta trapalhada?
E falta saber que dívida soberana andaram a Caixa Geral de Depósitos, o Metro de Lisboa, o Metro do Porto e outras empresas públicas, a comprar !!!
Este regime chegou ao fim

mcarvalho
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os revanchistas da esquerda são contra a troika
tal como a extrema esquerda era contra o Partido comunista... queriam era tachos para tantos intelectuais iluminados.. poderem lambuzar-se à custa do povo...
a esquerda come as criancinhas ao pequeno almoço e a direita come o pequeno almoço das criancinhas... e quem se lixa são as criancinhas..
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a dita Esquerda só tem um passo seguro a dar: exigir uma distribuição mais justa da austeridade, como aliás a Troika propõe, e insiste que seja levada a cabo!
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tal como a extrema esquerda era contra o Partido comunista... queriam era tachos para tantos intelectuais iluminados.. poderem lambuzar-se à custa do povo...
a esquerda come as criancinhas ao pequeno almoço e a direita come o pequeno almoço das criancinhas... e quem se lixa são as criancinhas..
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a dita Esquerda só tem um passo seguro a dar: exigir uma distribuição mais justa da austeridade, como aliás a Troika propõe, e insiste que seja levada a cabo!
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mcarvalho
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pocoyo Escreveu:
Não é preciso coragem. Basta não nos emprestarem mais dinheiro.
Mas ai eles nunca deixaram que a coisa chegue, nem que seja preciso levarem o país à ruína, os tachos eles não perdem, nem que esses tachos valham menos do que já valeram... em termos absolutos valerão menos, mas no contexto atual até se poderá considerar que valem ainda mais!
Sugestões de trading, análises técnicas, estratégias e ideias http://sobe-e-desce.blogspot.com/
http://www.gamesandfun.pt/afiliado&id=28
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Isto é um pouco off-topico mas é sobre a crise.
Ontem, na sicn, a isabel jonet disse: "temos de deixar de comer bife todos os dias".
Temos de voltar ao tempo em que 1 sardinha dava para 2.
Mas disse mais uma curiosidade, disse que ela, quando em pequena, lavava os dentes com um copo de água, mas que os filhos lavam os dentes com a torneira a correr. E agora digo eu, e a culpa é de quem? É minha? É da sociedade? Dos americanos?(:)) É dela!!! Até devia ter vergonha de vir dizer para a tv que não soube educar os filhos, e agora vem dizer o que nós devemos comer? tss tss



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artista Escreveu:MiamiBlueHeart Escreveu:artista Escreveu:MiamiBlueHeart Escreveu:“Não haverá despedimentos no Estado em 2013”
Secretário de Estado garante que as reformas serão suficientes para cumprir objectivo da troika
Não percebo esta frase.
Porque não começa o Governo a avançar aos poucos com rescisões amigáveis? Conforme vai reorganizando os Organismos públicos.
Não ouviste falar da diminuição de contratados? Fala-se em 40 mil... se juntares a isto mais os milhares que se reformam e que eles não substituem, a redução de funcionários será significativa!
Mas como eles não consideram "despedir" quando não renovam contratos... mesmo que os contratos tivessem anos, mesmo que os sucessivos governos tenham prometido que as situações seria regularizadas, mesmo que os metam na rua sem nenhuma indemnização!
Obviamente que não despedem ninguém, porque eles só usariam esse termo se despedissem alguém que está nos quadros. Acontece que esses sairiam muito caros despedir, no curto prazo significariam despesas extra significativas, incomportáveis! Mas não se admirem que o estado se torne menos eficiente quando reduz significativamente os seus colaboradores e o critério para a redução é "ficar com os mais velhos"!
Artista,
A minha incompreensão vem pelos motivos que apresentaste.
O objectivo não é tornar os Estado mais eficiente??
...
Eu acho que seria, mas...
Por um lado penso que o estado devia ser racionalizado, de alto a baixo, por outro isso custaria muito no curto prazo, sobretudo para financiar os despedimentos que seriam necessários.
Além disto, era preciso muita coragem política para fazer as mudanças necessárias, porque muitos dos que iriam para a rua têm o cartão dos partidos!
ou seja, estamos lixados... com "F" grande!
Não é preciso coragem. Basta não nos emprestarem mais dinheiro.

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