Passos Coelho anuncia às 19h15 novas medidas de austeridade
.João Pereira Coutinho: "Não devem ser as empresas a pagar a reforma das pessoas"
João Pereira Coutinho (Foto: D.R.)
Presidente da SAG alinha com nova medida e garante que o atual regime de descontos é uma "distorção"
Com os trabalhadores a perderem 7% do salário, cabe às empresas compensar parte desta quebra? Para manter a produtividade e o nível salarial dos funcionários? João Pereira Coutinho, presidente da SAG garante que não. Para o empresário, esta redução da TSU a ser paga pelas empresas só peca por ser tardia.
“Há uma coisa que está errada: Não devem ser as empresas a pagar a reforma das pessoas futuras, se é com o trabalho das pessoas que queremos ter uma reforma no futuro, temos que descontar mais para ela. Temos que ter consciência. Isso é uma enorme distorção que ainda existe e vai ter no futuro que desaparecer”, disse o empresário ao Dinheiro Vivo.
A partir de 2013, todos os trabalhadores (privado e público) têm um aumento de sete pontos percentuais (de 11% para 18%) na sua contribuição social, uma quebra no rendimento anual que pode ser superior (no privado) a um salário.
Saiba o que pensam os empresários
Perceba os cortes em 2013
André Cabrita Mendes
E as empresas tem que pagar mais pelo trabalho!
.Empresas Economia Buzz Faz
11.SET.2012 12:30
Empresários recusam dar aumentos com folga fiscal do Governo
Passos Coelho (Foto: D.R.)
João Pereira Coutinho, Carlos Martins e Diogo Vaz Guedes analisam redução da taxa contributiva para as empresas
O Governo anunciou a semana passada que as empresas vão passar a contribuir com menos 5,75 pontos percentuais para a Segurança Social enquanto os trabalhadores passam a contribuir com mais 7 pontos percentuais todos os meses.
Com o aumento da taxa contributiva, os portugueses a trabalhar por conta de outrem vão perder mais de um salário líquido por ano, ajudando assim à diminuição do seu poder de compra e levando à continuação da quebra do consumo.
Mas pode esta diminuição da contribuição pelas empresas ser uma oportunidade para aumentar os salários dos trabalhadores num momento em que a crise financeira dá sinais de continuar o seu agravamento? O Dinheiro Vivo falou com alguns empresários portugueses e a reacção foi semelhante: Não existe neste momento margem de manobra para conceder aumentos de salários.
Para João Pereira Coutinho, CEO do grupo automóvel SAG e do grupo SGC, considera que as empresas precisam de ganhar mais competitividade e não pagar mais pelas reformas. “Temos que por a economia competitiva. Temos que ganhar competitividade. E as reformas das pessoas tem de ser pagas pelas pessoas e não pelas empresas”, afirmou.
“Se vão compensar ou não depende das empresas e que tipo de empresas. Mas quem tem salários muito baixos, obviamente que vai ter que pensar nisso”, defende Carlos Martins, presidente da Martifer. O aumento da taxa contributiva por parte dos trabalhadores poderá vir a ser compensada, de alguma forma, pelas empresas porque a protecção social também está a diminuir, defende o CEO da empresa.
Também o empresário Diogo Vaz Guedes considera que aumentar os salários aos colaboradores não é uma prioridade das empresas e reclama que é necessário, sim, aumentar a produtividade laboral. “O que temos que aumentar não é o que pagamos aos trabalhadores mas sim a produtividade do trabalho. Temos que aumentar a produtividade, não os ordenados”.
O empresário adianta que não prevê aumentos de salários nas suas empresas e afirma que “esta é a altura de preservar emprego e não a altura de dar aumentos.”
João Pereira Coutinho defende que a redução da TSU a ser paga pelas empresas só peca por ser tardia. “Há uma coisa que está errada: Não devem ser as empresas a pagar a reforma das pessoas futuras, se é com o trabalho das pessoas que queremos ter uma reforma no futuro, temos que descontar mais para ela. Temos que ter consciência. Isso é uma enorme distorção que ainda existe e vai ter no futuro que desaparecer”, disse o empresário ao Dinheiro Vivo.
Carlos Martins considera que a redução da taxa social única não vai trazer grandes vantagens às empresas e permanece cauteloso com as novas medidas de austeridade que vão ser anunciadas hoje pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar. “As empresas ainda vão ter que analisar todas estas novas medidas do Governo, como a alteração do IRS, para avaliarem a sua situação”.
Sobre a possibilidade de as grandes empresas puderem aumentar os seus ordenados devido a uma maior margem para isso, Diogo Vaz Guedes considera que racionalmente é impossível pagar mais. “Com a economia a crescer pouco e com as dificuldades que temos quem pense em fazer aumentos neste momento ou é inconsciente ou é louco ou vive noutro mundo, ninguém vai fazer aumentos”, afirma.
João Pereira Coutinho também defende que não existe margem e afirma que nenhuma empresa vai desperdiçar esta redução: “Você ganha um pouco de competitividade e vai deitá-la fora? Isso não tem sentido nenhum”.
O líder da SIVA também defende que a redução da TSU vai contribuir para uma maior moralização e responsabilização do sistema. “As pessoas precisam de saber quanto custam as coisas na vida, sejam elas a que nível for. É uma questão de moralização e responsabilização do sistema. As pessoas estão a trabalhar para ter mérito para conseguir essa reforma”.
Para o presidente da Martifer, a redução da TSU não resolve a situação das empresas no país. “O Governo não põe um tostão de investimento directo ou indirecto na economia e assim as empresas não conseguem sobreviver”.
André Cabrita Mendes
Só mesmo para rir!
http://m.dinheirovivo.pt/m/article?cont ... IECO058731
Um cão que não gosta de Mentirosos...
Até os animais...


Bull And Bear Markets
O jogo da especulação é o mais fascinante do mundo. Mas não é um jogo para os estúpidos, para os mentalmente preguiçosos, para aqueles com fraco balanço emocional e nem para os que querem ficar ricos rapidamente. Esses vão morrer pobres. Jesse Livermore
O jogo da especulação é o mais fascinante do mundo. Mas não é um jogo para os estúpidos, para os mentalmente preguiçosos, para aqueles com fraco balanço emocional e nem para os que querem ficar ricos rapidamente. Esses vão morrer pobres. Jesse Livermore
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[quote="JMHP"][q
"Por outro lado não deixa de ser curioso como por vezes as palavras de um "capitalista" dá jeito, normalmente tão ignoradas e objecto de criticas severas ou de insultos... Violá!!... Surpresa, somos todos camaradas...
"
Uma questão: Não acabaste de ter um comportamento exactamente igual???
Quando não dá jeito,não é?..
O que é interessante que os empresários, estão em 90% a ter a mesma reacção- esse é o pnto fundaental
Existe uma anedota, "um tipo que vai na autoestrada e diz para a mulher:
- Já viste estes tolos, vão todos em sentido contrário!!!"
"Por outro lado não deixa de ser curioso como por vezes as palavras de um "capitalista" dá jeito, normalmente tão ignoradas e objecto de criticas severas ou de insultos... Violá!!... Surpresa, somos todos camaradas...

Uma questão: Não acabaste de ter um comportamento exactamente igual???
Quando não dá jeito,não é?..
O que é interessante que os empresários, estão em 90% a ter a mesma reacção- esse é o pnto fundaental
Existe uma anedota, "um tipo que vai na autoestrada e diz para a mulher:
- Já viste estes tolos, vão todos em sentido contrário!!!"
Editado pela última vez por MiamiBlue em 11/9/2012 14:00, num total de 1 vez.
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JMHP Escreveu:alexandre7ias Escreveu:.
Militares revoltados com novas medidas de austeridade
11-09-2012 | 11:40
Os militares estão revoltados com as novas medidas de austeridade. O presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas acusa o Governo de estar a levar o país à ruina e assume estar solidário com as manifestações convocadas contra a política do Executivo.
“Vamos discutir a situação. Não posso afirmar que participaremos, mas de algum modo, ainda que não o façamos, a nossa solidariedade está desde já com aqueles que exerçam os seus direitos de cidadania e se propõem a fazer ver à nossa elite política, que a resolução dos problemas pode ter outras alternativas”, argumenta Martins Pereira Cracel.
O mesmo responsável diz que o caminho traçado pelo Governo conduz à pobreza do país e denuncia a situação complica em que vivem muitos militares.
“Neste momento, existem situações complicadas, nomeadamente com rendimentos penhorados”, mas, acrescenta Martins Pereira Cracel, “mais do que a pobreza, a injustiça que acompanha estas medidas, a falta de equidade deixa-nos a todos revoltados”.
Políticos e policias que tenham cuidado nas próximas manifestações!
http://m.rr.sapo.pt/detalhe.aspx?midx=2 ... as.aspx%3f
Ao ler manifestações deste tipo... Não posso deixar de rir da minha ingenuidade quando em tempos cheguei acreditar que Portugal era diferente da Grécia.![]()
Estamos a um pequeno passo... Basta o derrube do governo e abre-se a "caixa de pandora", a partir dai será a loucura!
basta o governo cair e ja fomos para onde diz la??
Andamos todos a dormir??
Mas é sustentavel este modelo economico??
Mas é possivel o pais pagar o que deve com o tempo, pricing e tx de desemprego 16% ??
queres ficar a pao e agua?? e depois acordamos todos??
Continuamos a chutar o problema para a frente?? a espera que um carola qualquer da esquerda ou da direita apareça para resolver o problema??
A soluçao passa por de uma vez por todas por nos, nos é que temos de reestruturar o pais e ter uma participaçao mais activa nas decisoes, em vez de entregar de mao beijada o poder a palhaços, que maior parte deles nem sequer sabe o que é trabalhar na vida.
nao é so o nogueira leite e o pata que vao embora se estas medidas forem aplicadas, terao a companhia de muitos mais, incluindo eu.
Mas eu vou ficar num pais onde me sacam 40% do rendimento, para sustentar lobbys? sustentar 230 deputados corruptos + nao sei quantas dezenas em bruxelas??
Vou ficar num pais onde vivem bem os que estao nos lobbys ou no poder politico e os que vivem do rendimento minimo eternamente que tem tudo a borla, toda esta gente sustentada pelo contribuinte que trabalha??
Num pais em dificuldades e eu vejo o presidente da camara de lisboa, gastar milhoes para fazer uma rotunda nova em algo que estava praticamente novo e a funcionar bem?? Isto é normal?? Para que?? para aumentar o IMI para o ano??
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JHMP,
Por curiosidade deixo alguns dados sobre o peso da mão de obra no total dos custos da indústria transformadora Portuguesa - dados de 2002 São antigos mas não hão-de ter mudado assim tanto. Atenção que é a % dos custos totais - até agora falávamos da relação com a facturação que é naturalmente menor.
15 Indústrias alimentares e das bebidas 7%
17 Fabricação de têxteis 23%
18- Indústria do vestuário 15%
20 – Indústria da madeira e da cortiça 17%
21- Fabricação da pasta de papel e cartão 9%
22-Edição, impressão e reprodução de
suportes de informação 17%
24 – Fabricação de produtos químicos 10%
25- Fabricação de artigos de borracha 20%
26-Fabricação de outros produtos minerais não metálicos 22%
28 – Fabricação de produtos metálicos 27%
29 – Fabricação de máquina e equipamentos 15%
31 – Fabricação de máquinas e aparelhos eléctricos. 7%
34 – Fabricação de automóveis 9%
35 – Fabricação de outro material de transporte 40%
36 – Fabricação de mobiliário e outros 21%
Por curiosidade deixo alguns dados sobre o peso da mão de obra no total dos custos da indústria transformadora Portuguesa - dados de 2002 São antigos mas não hão-de ter mudado assim tanto. Atenção que é a % dos custos totais - até agora falávamos da relação com a facturação que é naturalmente menor.
15 Indústrias alimentares e das bebidas 7%
17 Fabricação de têxteis 23%
18- Indústria do vestuário 15%
20 – Indústria da madeira e da cortiça 17%
21- Fabricação da pasta de papel e cartão 9%
22-Edição, impressão e reprodução de
suportes de informação 17%
24 – Fabricação de produtos químicos 10%
25- Fabricação de artigos de borracha 20%
26-Fabricação de outros produtos minerais não metálicos 22%
28 – Fabricação de produtos metálicos 27%
29 – Fabricação de máquina e equipamentos 15%
31 – Fabricação de máquinas e aparelhos eléctricos. 7%
34 – Fabricação de automóveis 9%
35 – Fabricação de outro material de transporte 40%
36 – Fabricação de mobiliário e outros 21%
Pedro Carriço
Corrupção no IEFP
Tive conhecimento do seguinte:
Uma senhora ficou desempregada e recorreu ao apoio á criação do próprio emprego.O projecto que apresentou, foi a abertura dum salão de cabeleireiro.
A funcionária do IEFP dos arredores de Lisboa que a atendeu no seu projecto sugeriu-lhe que para o projecto ser aprovado teria que lhe dar sociedade nesse negócio. A sociedade foi feita com quotas iguais de 50%, e da escritura constava um familiar dessa funcionária.
Passados 2 anos a desempregada decidiu desfazer a sociedade e comunicou-o á "socia". Quando se dirigiu ao banco verificou que da conta conjunta da sociedade tinham desaparecido 20.000EURO e a conta estava zerada.
O marido da senhora falou com a funcionária do IEFP e disse-lhe que se o dinheiro não fosse devolvido, faria uma denúncia e ela repôs o dinheiro na conta.
Pena não ter sido denunciada.
Uma senhora ficou desempregada e recorreu ao apoio á criação do próprio emprego.O projecto que apresentou, foi a abertura dum salão de cabeleireiro.
A funcionária do IEFP dos arredores de Lisboa que a atendeu no seu projecto sugeriu-lhe que para o projecto ser aprovado teria que lhe dar sociedade nesse negócio. A sociedade foi feita com quotas iguais de 50%, e da escritura constava um familiar dessa funcionária.
Passados 2 anos a desempregada decidiu desfazer a sociedade e comunicou-o á "socia". Quando se dirigiu ao banco verificou que da conta conjunta da sociedade tinham desaparecido 20.000EURO e a conta estava zerada.
O marido da senhora falou com a funcionária do IEFP e disse-lhe que se o dinheiro não fosse devolvido, faria uma denúncia e ela repôs o dinheiro na conta.
Pena não ter sido denunciada.
A Woman is the most valuable asset a man will ever own, it's only a shame that some of us only realise that when she is gone..
artista Escreveu:JMHP Escreveu:Elias Escreveu:JMHP Escreveu:Não é o que TODOS desejamos?!.... Cortes na despeja. Pois bem, venha de lá essa sangria!
Infelizmente parece-me que o que a maioria deseja é:
- manter o nível de rendimento
- manter todos os serviços prestados pelo estado
- que a factura seja paga pelos outros
Oh Elias, isso sei eu como todos nós... Mas eu gostava de ver de isso exposto e assumido nas ruas em protesto para o mundo perceber a mentalidade que impera e enterrou este país na bancarrota.
Demagogia barata agora?!![]()
O que eu queria era que fosse feito o que é preciso mas que fossem também feitas as tais reformas estruturais que vão ficar por fazer... deixo só alguns exemplos do que não vai no caminho certo, tenho de ir almoçar não dá para muito:
- Fusão de autarquias, tal com impuseram às escolas com a constituição dos mega agrupamentos... como é que está esse processo?! Parado, palpita-me que vai ficar para a próxima legislatura!
- Fusão de freguesias- Como está? mais ou menos parado mas é possível que aqui haja alguns avanços, os tachos partidários são pouco apetecíveis, ou são muito menos que o resto;
- Renegociação das PPP's - Anunciaram-se para ai alguns pequenos ganhos, mas só quando vir o que se gasta com elas é que acredito, entretanto já não se fala nisso há muito tempo;
- Redução do número de deputados - ah não, este é um não assunto, não interessa mesmo nada;
- Redução dos vencimentos dos políticos (até uma dirigente do PSD madeira o defendia ontem na TV) que conseguiram ganhar mais este ano 81 euros por mês, mesmo descontados os subsídios (Natal e férias);
e por ai fora.. quando tratarem disto tudo (e mais aquelas que agora não me lembro) podem cortar o que for preciso!
Mas poupem-me a demagogia barata, discutam as medidas... é que daqui a pouco o PPC anuncia que os portugueses vão ter de trabalhar á borla e vossa resposta será, mais uma vez, "pois as pessoas pensavam que o regabofe podia continuar", ou seja, têm apenas uma resposta para tudo, seja o que for!


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JMHP Escreveu:Elias Escreveu:JMHP Escreveu:Não é o que TODOS desejamos?!.... Cortes na despeja. Pois bem, venha de lá essa sangria!
Infelizmente parece-me que o que a maioria deseja é:
- manter o nível de rendimento
- manter todos os serviços prestados pelo estado
- que a factura seja paga pelos outros
Oh Elias, isso sei eu como todos nós... Mas eu gostava de ver de isso exposto e assumido nas ruas em protesto para o mundo perceber a mentalidade que impera e enterrou este país na bancarrota.
Demagogia barata agora?!

O que eu queria era que fosse feito o que é preciso mas que fossem também feitas as tais reformas estruturais que vão ficar por fazer... deixo só alguns exemplos do que não vai no caminho certo, tenho de ir almoçar não dá para muito:
- Fusão de autarquias, tal com impuseram às escolas com a constituição dos mega agrupamentos... como é que está esse processo?! Parado, palpita-me que vai ficar para a próxima legislatura!
- Fusão de freguesias- Como está? mais ou menos parado mas é possível que aqui haja alguns avanços, os tachos partidários são pouco apetecíveis, ou são muito menos que o resto;
- Renegociação das PPP's - Anunciaram-se para ai alguns pequenos ganhos, mas só quando vir o que se gasta com elas é que acredito, entretanto já não se fala nisso há muito tempo;
- Redução do número de deputados - ah não, este é um não assunto, não interessa mesmo nada;
- Redução dos vencimentos dos políticos (até uma dirigente do PSD madeira o defendia ontem na TV) que conseguiram ganhar mais este ano 81 euros por mês, mesmo descontados os subsídios (Natal e férias);
e por ai fora.. quando tratarem disto tudo (e mais aquelas que agora não me lembro) podem cortar o que for preciso!
Mas poupem-me a demagogia barata, discutam as medidas... é que daqui a pouco o PPC anuncia que os portugueses vão ter de trabalhar á borla e vossa resposta será, mais uma vez, "pois as pessoas pensavam que o regabofe podia continuar", ou seja, têm apenas uma resposta para tudo, seja o que for!

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http://www.gamesandfun.pt/afiliado&id=28
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JMHP Escreveu:Mas todas as outras melhorias sobretudo de longo-prazo dependerão de tudo aquilo que formos capazes de ir para além da Troika e isso só dependerá de nós.
A Troika será sempre uma ajuda e não a solução... Embora espera-se que tenha influencia ou algum impacto em determinadas decisões.
De acordo. Mas se dependermos apenas de nós duvido que sejamos capazes de fazer algo.
Dai a minha esperança com a vinda da troika, baseada nos objectivos do MoU. Quem tiver bom senso e noção da realidade dificilmente pode criticar o MoU. O problema tem sido a nossa incapacidade de tomar algumas medidas, nomeadamente na parte da reforma do Estado e nos cortes nas despesas.
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
alexandre7ias Escreveu:.
Militares revoltados com novas medidas de austeridade
11-09-2012 | 11:40
Os militares estão revoltados com as novas medidas de austeridade. O presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas acusa o Governo de estar a levar o país à ruina e assume estar solidário com as manifestações convocadas contra a política do Executivo.
“Vamos discutir a situação. Não posso afirmar que participaremos, mas de algum modo, ainda que não o façamos, a nossa solidariedade está desde já com aqueles que exerçam os seus direitos de cidadania e se propõem a fazer ver à nossa elite política, que a resolução dos problemas pode ter outras alternativas”, argumenta Martins Pereira Cracel.
O mesmo responsável diz que o caminho traçado pelo Governo conduz à pobreza do país e denuncia a situação complica em que vivem muitos militares.
“Neste momento, existem situações complicadas, nomeadamente com rendimentos penhorados”, mas, acrescenta Martins Pereira Cracel, “mais do que a pobreza, a injustiça que acompanha estas medidas, a falta de equidade deixa-nos a todos revoltados”.
Políticos e policias que tenham cuidado nas próximas manifestações!
http://m.rr.sapo.pt/detalhe.aspx?midx=2 ... as.aspx%3f
Ao ler manifestações deste tipo... Não posso deixar de rir da minha ingenuidade quando em tempos cheguei acreditar que Portugal era diferente da Grécia.

Estamos a um pequeno passo... Basta o derrube do governo e abre-se a "caixa de pandora", a partir dai será a loucura!
JMHP Escreveu:pdcarrico Escreveu:A verdade é que indústrias que exportam ou que substituem importações têm os custos de pessoal em quê? 10% da facturação? um pouco mais ou um pouco menos.
Ou seja comparar eficácia da descida da TSU com desvalorização cambial é comparar coisas com impactos completamente diferentes.
Não sei de que industria exportadora falas... Será do teu Brasil?!
Já aqui deixei o exemplo da empresa da qual pertenço, PME 100% exportadora de ferramentas e equipamentos para a industria automóvel, com cerca de 70 colaboradores desconta anualmente 1,5 milhão de Euros para SS, as despesas com pessoal rondam acima dos 30% da facturação da empresa e como a minha existem muitas em condições idênticas no mesmo sector, tal como acontece no sector do Calçado onde tenho alguns amigos e conhecidos empresários.
Cerca de 80% da empresas portuguesas, são PME e como já é de conhecimento publico de longa data, a despesa com custos do pessoal é grande e obviamente pesa nos balanços das empresas. Os outros 20% do universo empresarial portugueses é um "mundo" à parte dado o grande salto de dimensão face ás restante empresas que constitui a esmagadora maioria das empresas portuguesas.
Sim, haverá umas acimas e outras que estão abaixo dos 10%. Eu falei num valor que penso seja o médio. Estou por exemplo a pensar na indústria da pasta que tem na folha salarial 6/7% da facturação. Provavelmente cada ponto percentual numa altri compensa umas centenas de PME's exportadoras.
Mas que o valor médio seja ligeiramente superior a 10%. Ainda assim, o exercício de comparação com desvalorização cambial é forçado porque são impactos muito diferentes. Nem mesmo há garantias de que uma transferência de rendimento do trabalhador para a empresa seja garantia de maior investimento. Aliás boa parte dos nossos empresários são tb consumidores de bens importados e são exportadores de capital (não todos é claro mas uma boa parte sim).
E quanto à referência do meu Brasil - infelizmente não tenho ainda título de posse - quando tiver eu aviso

Editado pela última vez por pdcarrico em 11/9/2012 12:44, num total de 1 vez.
Pedro Carriço
Que bom é rever certos discursos, adoro esta parte
".....Isto prende-se, aliás, com alguns equívocos sobre o significado da balança externa corrente para uma região de uma união monetária como é actualmente Portugal. Sem moeda própria não voltaremos a ter problemas de balança de pagamentos iguais aos do passado. Não existe um problema monetário macroeconómico e não há que tomar medidas restritivas por causa da balança de pagamentos. Ninguém analisa a dimensão macro da balança externa do Mississipi ou de qualquer outra região de uma grande união monetária....."
Discurso proferido pelo Governador Vítor Constâncio na cerimónia da sua tomada de posse, que decorreu no Salão Nobre do Ministério das Finanças, em Lisboa
23 de Fevereiro de 2000
Senhor Primeiro Ministro
Senhor Ministro das Finanças e da Economia
Senhores Secretários de Estado
Minhas Senhoras e meus Senhores
Em meu nome e dos meus colegas de Conselho agradeço a confiança que o Governo depositou na equipa que vai agora gerir o Banco de Portugal. No meu caso, trata-se de um regresso a uma instituição onde passei cerca de 15 anos da minha vida profissional em diferentes posições e responsabilidades. Não chego hoje, pois, ao Banco de Portugal. Exerci o cargo de Governador em 85-86 e considero interessante traçar brevemente um confronto entre o país que éramos e o país que somos hoje, quando assumo de novo essas funções. Naquela altura Portugal acabava de cumprir o seu segundo programa de estabilização com o FMI, o crescimento tinha sido negativo em 84 (-1,9%) e a inflação tinha atingido 28,9% após uma desvalorização de 20% da taxa de câmbio efectiva. O ano de 85 foi mais favorável, com um crescimento de 2,8%, mas ainda com uma inflação de 20% , uma taxa de desemprego de 8,7% e com necessidades públicas de financiamento de 10.5% do PIB. As taxas de juro do crédito eram de cerca de 27% e as dos depósitos de 25%. A situação do sistema bancário era preocupante com a rentabilidade afectada pelo enorme imposto implícito cobrado pelo Estado sob a forma de financiamento do défice abaixo das taxas de mercado e com uma situação de solvabilidade precária com um ratio de crédito vencido de 11% e os capitais próprios mais provisões a representarem apenas cerca de 80% do crédito vencido.
Não se estranha, assim, que o meu discurso de posse se tenha centrado então nas reformas necessárias do financiamento do Estado, na reforma dos mercados monetário e cambial, na reestruturação do sector bancário e na preparação da passagem a métodos indirectos de controle monetário para se poder abandonar os antigos limites de crédito. Pude ainda realizar parte do programa enunciado. A criação de Bilhetes do Tesouro com emissões em regime de leilão geridos pelo Banco de Portugal permitiu ter as primeiras taxas de juro formadas no mercado e lançou as bases de um verdadeiro mercado monetário, condição indispensável para a reforma do método do controle monetário de acordo com mecanismos de mercado. Começou-se a liberalizar as taxas de juro do sistema. O mercado monetário interbancário foi modernizado, e de presencial passou a funcionar em contínuo ao longo do dia. Foram abandonadas as taxas de câmbio administradas e foi criado um mercado spot com fixing diário. Foram definidas as regras que permitiram acomodar de forma rentável no contexto do sistema de limites de crédito, os novos bancos privados entretanto autorizados.
Em suma, foram dados os primeiros passos da liberalização financeira que a entrada na então CEE tornava indispensável. Foi um período interessante em que o Banco de Portugal pôde voltar a contribuir, como sempre fez, para a estabilização e modernização do sistema financeiro e da economia portuguesa.
Entretanto, a entrada na União Europeia galvanizou e transformou o país muito para além do que por vezes nos damos conta. A situação que temos hoje é a de um país desenvolvido e membro da união monetária europeia, com plena estabilidade macroeconómica e condições de desenvolvimento futuro. A inflação harmonizada é quase idêntica à média europeia, a taxa de desemprego, 4.2%; o défice orçamental, 1,9%; as taxas de juro médias situam-se em torno de 6%. Esta evolução foi acompanhada de profundas transformações estruturais e de um significativo aumento de nível de vida da população que viu o rendimento disponível em termos reais crescer 50% desde 1985.
Entre as transformações operadas sublinho a do sistema bancário que é hoje globalmente um sistema rentável, moderno, concentrado, bem capitalizado e em expansão. O crédito vencido era em Setembro apenas 2,4% do crédito total e os capitais próprios mais as provisões eram-lhe superiores em 600% . Entretanto, neste mesmo período os bancos colocaram em Fundos de Pensões próprios cerca de 1300 milhões de contos para assegurar as suas responsabilidades com as pensões dos empregados bancários. Por outro lado, os aumentos de produtividade permitiram um crescimento real do activo total do sistema em 230% mantendo-se sensivelmente o mesmo número de empregados. Se é certo que existem algumas zonas do sistema mais problemáticas, há que elogiar a capacidade revelada pelas principais instituições para se modernizarem com a introdução das melhores tecnologias por forma a apoiarem o desenvolvimento que o país conheceu.
Calaram-se, assim, as vozes que duvidavam da nossa capacidade para aproveitar positivamente a participação na União Europeia. Portugal surpreendeu também, mesmo os mais optimistas, pela forma como conseguiu realizar a convergência nominal com os seus parceiros europeus e participar no euro. O Banco de Portugal teve nesse processo um papel brilhante e é justo nessa perspectiva prestar homenagem ao Prof. António de Sousa e à equipa que o acompanhou pela maneira como conduziram o Banco no cumprimento das suas missões.
Não quero que a visão positiva que transmiti sobre a evolução do país neste período seja mal interpretada. Tenho uma aguda consciência das vulnerabilidades e carências que ainda nos caracterizam ¾ desde os indicadores educacionais, às insuficiências nas infra-estruturas, ao baixo conteúdo tecnológico de muitas produções, às desigualdades de rendimento. Além disso, a participação no euro, se nos abre grandes oportunidades, contém alguns riscos e impõe novas exigências de competitividade. Talvez por isso se tenham ouvido ultimamente algumas dúvidas sobre a sustentabilidade do padrão de evolução recente da economia portuguesa. Três aspectos aparecem geralmente referidos:
- Em primeiro lugar, o crescimento seria excessivamente baseado na dinâmica da procura interna, em especial do consumo, originando forte endividamento das famílias com reflexo no endividamento no exterior do sistema bancário para acomodar a diferença entre o crescimento do crédito e dos depósitos.
- Ouvem-se também preocupações com a balança de pagamentos com a ideia algo confusa de que poderia vir a perturbar o crescimento da economia
- Finalmente, manifestam-se preocupações com o comportamento recente das exportações e do investimento directo estrangeiro.
Quanto ao primeiro ponto, de acordo com o que tem sido afirmado sempre pelo Banco de Portugal, começo por sublinhar que, apesar de algumas previsões em contrário, não se verificou em Portugal um fenómeno de sobreaquecimento da economia: o crescimento é moderadamente superior ao do UE, a inflação é semelhante à média europeia e não existe também qualquer bolha especulativa no mercado de activos. O endividamento das famílias atingiu, é certo, cerca de 80% do rendimento disponível, mas com a descida nos últimos anos das taxas de juro o esforço financeiro com os encargos da dívida aumentou muito pouco. Aquela percentagem é, aliás, bastante inferior à verificada em vários países quando conheceram crises relacionadas com o mercado imobiliário. É evidente que o crédito às famílias não poderá continuar a crescer como nos últimos anos e a perspectiva de alguma subida nas taxas de juro conduziu já na parte final do ano passado a alguma desaceleração. Os bancos, por sua vez, têm que começar a mostrar-se mais selectivos e, sobretudo, a informar melhor os seus clientes sobre as consequências de possíveis aumentos futuros das taxas de juro. Disso também dependerá a situação das suas próprias contas e a capacidade de se continuarem a endividar normalmente junto de outros bancos da zona euro. Na verdade, o forte endividamento do sistema bancário no exterior é normal entre regiões de uma mesma zona monetária onde está assegurada a transferência de poupanças sem risco cambial. Os únicos limites têm a ver com a capacidade creditícia de cada uma das instituições bancárias tal como é avaliada pelo mercado e pelas suas congéneres estrangeiras.
Isto prende-se, aliás, com alguns equívocos sobre o significado da balança externa corrente para uma região de uma união monetária como é actualmente Portugal. Sem moeda própria não voltaremos a ter problemas de balança de pagamentos iguais aos do passado. Não existe um problema monetário macroeconómico e não há que tomar medidas restritivas por causa da balança de pagamentos. Ninguém analisa a dimensão macro da balança externa do Mississipi ou de qualquer outra região de uma grande união monetária. Isto não significa que não exista uma restrição externa à economia. Simplesmente esta é o resultado da mera agregação da capacidade de endividamento dos vários agentes económicos. O limite depende essencialmente da capacidade de endividamento dos agentes internos (incluindo os bancos) perante o sistema financeiro da Zona Euro. Se e quando o endividamento for considerado excessivo, as despesas terão que ser contidas porque o sistema financeiro limitará o crédito. O equilíbrio restabelece-se espontaneamente, por um mecanismo de deflação das despesas, e não têm que se aplicar políticas de ajustamento. A ressaca após um forte endividamento pode ter consequências recessivas, mas não é um problema macroeconómico de balança de pagamentos. A analogia mais pertinente é com o novo paradigma que vê a balança corrente externa como o resultado de uma optimização intertemporal do perfil de consumo de uma economia que defronta um mercado de capitais perfeito. A analogia é simplista para um país com moeda própria, mas serve como primeira aproximação para uma região de uma união monetária.
Para um país com moeda própria, e por hipótese tradicionalmente fraca, o limite do desequlíbrio chega em geral mais cedo, porque para pagar as importações se têm que obter divisas estrangeiras, recorrendo às reservas ou ao crédito e ambos têm limites óbvios. Ou seja, a suspeita de que um país nessa situação pode ter um problema macroeconómico de pagamentos externos, por se estarem a esgotarem as reservas, faz com a restrição externa se manifeste antes de se ter esgotado a capacidade económica de endividamento dos agentes económicos privados. É assim que, nesses casos, boas empresas ou bons projectos de investimento podem sofrer limites de financiamento se o país não tiver divisas estrangeiras. Isso não acontece, porém, no contexto de uma região que essencialmente transacciona com as restantes de uma mesma zona monetária. Se a economia estiver a crescer saudavelmente, com bons projectos, isso significa que tem produções competitivas e não existirão problemas de «balança de pagamentos» a travar o nosso processo de convergência real com a Europa desenvolvida. Se, pelo contrário a economia estiver a crescer menos que os nossos parceiros e a importar muito mais do que exporta, revelando falta de competitividade, então a balança corrente externa pode ser um indicador de problemas embora não seja ela própria um problema. É portanto um indicador que tem sempre que ser analisado juntamente com outros indicadores de competitividade.
Já referi que tudo isto não implica a ausência de uma restrição externa à economia, mas o importante de uma ponto de vista das políticas públicas é a existência de limites ao crescimento da despesa interna por causa das pressões inflacionistas que pode gerar e das consequências que isso tem sobre a competitividade das nossas produções. Além disso, também uma pressão excessiva da procura no mercado de activos pode criar as condições de uma crise futura com consequências recessivas.
O diferencial de inflação que se verifica actualmente é, porém, de dimensões reduzidas e tem ainda curta duração. Além disso, no contexto da união monetária e de um processo de convergência real de níveis de desenvolvimento, Portugal terá uma inflação superior à média europeia sem com isso perder necessariamente competitividade em relação aos restantes países membros. A justificação para isto é pacífica e tem a ver com o chamado efeito Balassa-Samuelson.
Isso não implica, porém, que possamos ignorar os riscos da inflação. As lições da experiência das últimas décadas nos países desenvolvidos e da evolução da teoria económica são precisamente que, para além de ser contraproducente tentar fazer o «fine tuning» da conjuntura, a taxa de inflação é neutra em relação à trajectória de equilíbrio do produto. Ou seja, não se consegue mais crescimento e mais emprego criando mais inflação e uma economia de mercado descentralizada funciona melhor num regime de inflação baixa. Logo, se as despesas privadas continuarem eufóricas e o crescimento for forte, o Estado tem que continuar a manter rigor orçamental. Como não se prevêem próximas descidas dos juros, pelo contrário, isto implica que as despesas de consumo público não poderão continuar a crescer ao mesmo ritmo dos últimos anos. Vai aumentar, pois, o nível de exigência e é bom não alimentar sobre isso quaisquer ilusões porque, no dizer do filósofo, «uma ilusão é muitas vezes pior do que um erro». Saúdo por isso como muito positivo o novo Programa de Estabilidade apresentado pelo Sr. Ministro das Finanças que compromete o Governo numa trajectória exigente de contenção das despesas correntes do Estado, retomando o caminho da consolidação das Finanças Públicas portuguesas. Posso assegurar-lhe Sr. Ministro que o Banco de Portugal dará a esse esforço todo o apoio e estímulo, crítico se necessário, a fim de que o Programa possa ser cumprido.
O último dos pontos que referi a propósito da situação económica portuguesa parece-me ser potencialmente o mais preocupante. Refiro-me ao comportamento recente das exportações e do investimento estrangeiro. A perda, ainda que ligeira, de quota de mercado durante os últimos dois anos nos países para onde exportamos e a desaceleração do investimento directo pode representar uma perda de competitividade causada pela concorrência de países terceiros com mais baixos custos e melhores condições de atracção. É cedo para concluir se estamos perante um fenómeno conjuntural e passageiro influenciado pela crise asiática de 1998 ou se se trata de algo de mais estrutural. Afirmei muitas vezes que a nossa participação no euro tinha a dimensão de uma aposta, que sempre confiei que ganharíamos. No entanto, isso passa por transformações estruturais no tecido produtivo que criem as bases de novas vantagens comparativas. No contexto actual, isso depende mais dos agentes empresariais do que de políticas públicas. Faltará apenas mais capital de risco para estimular o investimento em Portugal e não no estrangeiro. Mas as políticas públicas fornecem agora um enquadramento de perfeita estabilidade macroeconómica e baixos custos de financiamento e de acesso ao capital, o que facilita o investimento produtivo modernizador e de expansão. São estas as grandes vantagens e a grande oportunidade criada pelo euro. Isto tem que ser aproveitado para operar um indispensável reposicionamento estrutural da economia portuguesa. As empresas concorrem agora a partir de uma moeda forte e não podem deixar-se embalar por facilidades de curto prazo. Aos sindicatos cabe também a responsabilidade de graduarem as suas reivindicações ao novo contexto competitivo em que estamos, se efectivamente querem defender o emprego. Não haverá desvalorizações nem subsídios para aguentar empresas que perderem posição competitiva por não se modernizarem, por não aumentarem o conteúdo tecnológico dos seus processos ou a qualidade das suas produções. O caminho em que embarcámos é o que melhor pode garantir a nossa prosperidade futura, mas é exigente e não tem recuo.
A acuidade do que afirmo será ainda maior quando o euro se valorizar num qualquer futuro próximo, fazendo aumentar a pressão da concorrência de países terceiros. Ninguém se iluda com a fraqueza recente do euro pensando remetê-lo para a categoria das moedas fracas. A depreciação actual tem a sua justificação na diferença de conjuntura com a economia americana. Nos anos noventa também o marco passou por dois ciclos de depreciação face ao dólar e ninguém retirou daí a conclusão de que o marco era uma moeda fraca.
Na verdade, o que define a qualidade de uma moeda pode resumir-se nos seguintes aspectos: ser bem gerida por forma a garantir estabilidade macroeconómica e inflação baixa; ter credibilidade suficiente para conduzir a taxas de juro baixas a longo prazo; ter liquidez em todos os instrumentos e maturidades. O euro cumpre bem todos estes critérios. A inflação é mais baixa na Europa. As taxas de juro das obrigações a 10 anos dos Estados europeus são mais baixas do que as taxas de juro americanas para a mesma maturidade. Ou seja, os mercados confiam que a longo prazo a inflação na Europa tenderá a ser mais baixa que nos USA, reflectindo assim a sua confiança na forma como o euro vai ser gerido. Finalmente, não existe falta de liquidez dos diferentes instrumentos financeiros denominados em euros.
Tudo indica, portanto, que o euro está destinado a ter um papel crescente no sistema monetário internacional e a valorizar-se no futuro. Os EUA continuam a ter uma balança de pagamentos muito desequilibrada, ao contrário da Europa, o que acabará por se reflectir na taxa de câmbio do dólar. O prazo, o euro ganhará importância e valor. Mais importante que isso, porém, é que sirva para manter a economia europeia com inflação baixa e boas condições e crescimento económico.
O Banco Central Europeu não tem como objectivo «defender» uma determinada taxa de câmbio para o euro. A política monetária europeia serve para prosseguir objectivos internos de estabilidade e controle da inflação. Ora, a Zona euro é uma economia relativamente fechada pelo que a taxa de câmbio não tem uma influência decisiva na inflação interna. Seria, pois, errado adoptar a taxa de câmbio como objectivo intermédio da política monetária. Se esta conseguir manter um regime de inflação baixa, o euro continuará a ser uma moeda forte com pleno reflexo na sua taxa de câmbio. A tentativa de criar um sistema de «target zones» para as principais moedas teria conduzido a taxas de juro mais altas na Europa para «defender» o euro e o resultado teria sido comprometedor para a recuperação da economia europeia e para a redução do desemprego. O sentido da União Europeia ter criado o euro reside precisamente na possibilidade que este lhe abre de ter uma política monetária autónoma essencialmente preocupada com a prossecução dos seus próprios objectivos e desligada de conjunturas externas. Os indispensáveis esforços de cooperação monetária internacional em situações pontuais de fortes desequilíbrios não põem em causa aquela orientação fundamental.
O que acabo de referir remete em pleno para a mudança de funções por que passou o Banco de Portugal. Sem política monetária própria, mas profundamente empenhado no Sistema Europeu de Bancos Centrais, aumentaram as exigências de preparação técnica para assegurar uma participação eficaz e para dar resposta às inúmeras solicitações de dados e análises que o BCE nos coloca. Aumentaram também as responsabilidades na vigilância do sistema de pagamentos e, sobretudo, na supervisão das instituições financeiras porque o Banco de Portugal é o guardião da estabilidade do sistema financeiro. O Sr. Ministro acaba de nos anunciar a reforma que pensa realizar na regulação financeira. As orientações que traçou parecem-me as adequadas à nossa situação e acompanham as melhores tendências internacionais no sentido de introduzir mais coordenação sem fundir instituições especializadas que podem até por vezes ter perspectivas conflituantes sobre os vários interesses a proteger.
Outras alterações se aguardam proximamente nesta área da supervisão, especialmente a mudança significativa da regulamentação sobre as exigências de capital para as instituições de crédito, no âmbito do Comité de Basileia e da Comissão Europeia. Por outro lado, considero necessárias alterações no regime do Fundo de Garantia de Depósitos e no próprio Regime Geral das Instituições de Crédito.
Não se esgotam nas tarefas enunciadas as funções do Banco de Portugal e há uma área em que procurarei mesmo alargar a missão do Banco ¾ a da prestação de serviços à comunidade. Refiro-me aos domínios da informação, investigação e formação económica em que as capacidades do Banco se têm que abrir mais às necessidades da sociedade. O Banco tem o dever de apoiar mais o debate informado dos problemas económicos e sociais do país mesmo que transcendam o domínio estrito da política monetária. Em particular, quero desenvolver um novo serviço de informação ao consumidor, à semelhança do que acontece nos Bancos do Federal Reserve System, por forma a fazer a pedagogia da utilização dos serviços financeiros e a promover as melhores práticas no sistema. Trata-se essencialmente de informar e esclarecer sem prometer apoios que ajudassem a criar um sentimento de irresponsabilidade nos próprios consumidores nas suas transacções com os bancos, em especial as que aumentam o seu endividamento.
Para além do serviço específico que presta esta função cabe na ideia de uma função de supervisão bem interpretada, porque por ela passa também a melhor protecção aos utentes do sistema financeiro. Por outro lado, um maior conhecimento e sofisticação no uso dos produtos financeiros por parte dos utilizadores são essenciais para que as suas escolhas não distorçam o processo de poupança e investimento. Isto contribui também para manter a confiança no sistema e garantir que este desempenhe melhor a sua importante função de afectação dos recursos financeiros.
Tudo o que acabo de enunciar significa que, apesar da estabilidade da situação portuguesa, só na aparência me esperam tarefas menos exigentes no Banco de Portugal do que as que enfrentei na primeira vez que exerci estas funções. Encaro este regresso ao serviço público com entusiasmo e enorme sentido de responsabilidade. Levo desta vez comigo a experiência de cinco anos no sector privado onde vivi por dentro o processo de fusão de três bancos naquilo que constituiu uma experiência estimulante e esclarecedora sobre as transformações em curso no mundo empresarial, sobre um regime de regras e incentivos que se preocupa com a produtividade e a gestão eficaz de todos os recursos indispensáveis ao cumprimento dos objectivos de uma organização. É uma experiência que, nos termos adequados, também enriquecerá o desempenho das minhas novas funções. Servir o país e o projecto europeu é uma missão exaltante que assumo com exigência. Estou consciente das dificuldades que Portugal ainda defronta para se afirmar plenamente como país desenvolvido e moderno no difícil quadro competitivo em que se move. Encaro, porém, o futuro com a confiança própria de alguém que presenciou todas as fases do progresso continuado que colectivamente, para além de governos e normais conflitos políticos, soubemos assegurar e que a democracia e a participação na União Europeia trouxeram a Portugal.
Lisboa, 23 de Fevereiro de 2000
".....Isto prende-se, aliás, com alguns equívocos sobre o significado da balança externa corrente para uma região de uma união monetária como é actualmente Portugal. Sem moeda própria não voltaremos a ter problemas de balança de pagamentos iguais aos do passado. Não existe um problema monetário macroeconómico e não há que tomar medidas restritivas por causa da balança de pagamentos. Ninguém analisa a dimensão macro da balança externa do Mississipi ou de qualquer outra região de uma grande união monetária....."
Discurso proferido pelo Governador Vítor Constâncio na cerimónia da sua tomada de posse, que decorreu no Salão Nobre do Ministério das Finanças, em Lisboa
23 de Fevereiro de 2000
Senhor Primeiro Ministro
Senhor Ministro das Finanças e da Economia
Senhores Secretários de Estado
Minhas Senhoras e meus Senhores
Em meu nome e dos meus colegas de Conselho agradeço a confiança que o Governo depositou na equipa que vai agora gerir o Banco de Portugal. No meu caso, trata-se de um regresso a uma instituição onde passei cerca de 15 anos da minha vida profissional em diferentes posições e responsabilidades. Não chego hoje, pois, ao Banco de Portugal. Exerci o cargo de Governador em 85-86 e considero interessante traçar brevemente um confronto entre o país que éramos e o país que somos hoje, quando assumo de novo essas funções. Naquela altura Portugal acabava de cumprir o seu segundo programa de estabilização com o FMI, o crescimento tinha sido negativo em 84 (-1,9%) e a inflação tinha atingido 28,9% após uma desvalorização de 20% da taxa de câmbio efectiva. O ano de 85 foi mais favorável, com um crescimento de 2,8%, mas ainda com uma inflação de 20% , uma taxa de desemprego de 8,7% e com necessidades públicas de financiamento de 10.5% do PIB. As taxas de juro do crédito eram de cerca de 27% e as dos depósitos de 25%. A situação do sistema bancário era preocupante com a rentabilidade afectada pelo enorme imposto implícito cobrado pelo Estado sob a forma de financiamento do défice abaixo das taxas de mercado e com uma situação de solvabilidade precária com um ratio de crédito vencido de 11% e os capitais próprios mais provisões a representarem apenas cerca de 80% do crédito vencido.
Não se estranha, assim, que o meu discurso de posse se tenha centrado então nas reformas necessárias do financiamento do Estado, na reforma dos mercados monetário e cambial, na reestruturação do sector bancário e na preparação da passagem a métodos indirectos de controle monetário para se poder abandonar os antigos limites de crédito. Pude ainda realizar parte do programa enunciado. A criação de Bilhetes do Tesouro com emissões em regime de leilão geridos pelo Banco de Portugal permitiu ter as primeiras taxas de juro formadas no mercado e lançou as bases de um verdadeiro mercado monetário, condição indispensável para a reforma do método do controle monetário de acordo com mecanismos de mercado. Começou-se a liberalizar as taxas de juro do sistema. O mercado monetário interbancário foi modernizado, e de presencial passou a funcionar em contínuo ao longo do dia. Foram abandonadas as taxas de câmbio administradas e foi criado um mercado spot com fixing diário. Foram definidas as regras que permitiram acomodar de forma rentável no contexto do sistema de limites de crédito, os novos bancos privados entretanto autorizados.
Em suma, foram dados os primeiros passos da liberalização financeira que a entrada na então CEE tornava indispensável. Foi um período interessante em que o Banco de Portugal pôde voltar a contribuir, como sempre fez, para a estabilização e modernização do sistema financeiro e da economia portuguesa.
Entretanto, a entrada na União Europeia galvanizou e transformou o país muito para além do que por vezes nos damos conta. A situação que temos hoje é a de um país desenvolvido e membro da união monetária europeia, com plena estabilidade macroeconómica e condições de desenvolvimento futuro. A inflação harmonizada é quase idêntica à média europeia, a taxa de desemprego, 4.2%; o défice orçamental, 1,9%; as taxas de juro médias situam-se em torno de 6%. Esta evolução foi acompanhada de profundas transformações estruturais e de um significativo aumento de nível de vida da população que viu o rendimento disponível em termos reais crescer 50% desde 1985.
Entre as transformações operadas sublinho a do sistema bancário que é hoje globalmente um sistema rentável, moderno, concentrado, bem capitalizado e em expansão. O crédito vencido era em Setembro apenas 2,4% do crédito total e os capitais próprios mais as provisões eram-lhe superiores em 600% . Entretanto, neste mesmo período os bancos colocaram em Fundos de Pensões próprios cerca de 1300 milhões de contos para assegurar as suas responsabilidades com as pensões dos empregados bancários. Por outro lado, os aumentos de produtividade permitiram um crescimento real do activo total do sistema em 230% mantendo-se sensivelmente o mesmo número de empregados. Se é certo que existem algumas zonas do sistema mais problemáticas, há que elogiar a capacidade revelada pelas principais instituições para se modernizarem com a introdução das melhores tecnologias por forma a apoiarem o desenvolvimento que o país conheceu.
Calaram-se, assim, as vozes que duvidavam da nossa capacidade para aproveitar positivamente a participação na União Europeia. Portugal surpreendeu também, mesmo os mais optimistas, pela forma como conseguiu realizar a convergência nominal com os seus parceiros europeus e participar no euro. O Banco de Portugal teve nesse processo um papel brilhante e é justo nessa perspectiva prestar homenagem ao Prof. António de Sousa e à equipa que o acompanhou pela maneira como conduziram o Banco no cumprimento das suas missões.
Não quero que a visão positiva que transmiti sobre a evolução do país neste período seja mal interpretada. Tenho uma aguda consciência das vulnerabilidades e carências que ainda nos caracterizam ¾ desde os indicadores educacionais, às insuficiências nas infra-estruturas, ao baixo conteúdo tecnológico de muitas produções, às desigualdades de rendimento. Além disso, a participação no euro, se nos abre grandes oportunidades, contém alguns riscos e impõe novas exigências de competitividade. Talvez por isso se tenham ouvido ultimamente algumas dúvidas sobre a sustentabilidade do padrão de evolução recente da economia portuguesa. Três aspectos aparecem geralmente referidos:
- Em primeiro lugar, o crescimento seria excessivamente baseado na dinâmica da procura interna, em especial do consumo, originando forte endividamento das famílias com reflexo no endividamento no exterior do sistema bancário para acomodar a diferença entre o crescimento do crédito e dos depósitos.
- Ouvem-se também preocupações com a balança de pagamentos com a ideia algo confusa de que poderia vir a perturbar o crescimento da economia
- Finalmente, manifestam-se preocupações com o comportamento recente das exportações e do investimento directo estrangeiro.
Quanto ao primeiro ponto, de acordo com o que tem sido afirmado sempre pelo Banco de Portugal, começo por sublinhar que, apesar de algumas previsões em contrário, não se verificou em Portugal um fenómeno de sobreaquecimento da economia: o crescimento é moderadamente superior ao do UE, a inflação é semelhante à média europeia e não existe também qualquer bolha especulativa no mercado de activos. O endividamento das famílias atingiu, é certo, cerca de 80% do rendimento disponível, mas com a descida nos últimos anos das taxas de juro o esforço financeiro com os encargos da dívida aumentou muito pouco. Aquela percentagem é, aliás, bastante inferior à verificada em vários países quando conheceram crises relacionadas com o mercado imobiliário. É evidente que o crédito às famílias não poderá continuar a crescer como nos últimos anos e a perspectiva de alguma subida nas taxas de juro conduziu já na parte final do ano passado a alguma desaceleração. Os bancos, por sua vez, têm que começar a mostrar-se mais selectivos e, sobretudo, a informar melhor os seus clientes sobre as consequências de possíveis aumentos futuros das taxas de juro. Disso também dependerá a situação das suas próprias contas e a capacidade de se continuarem a endividar normalmente junto de outros bancos da zona euro. Na verdade, o forte endividamento do sistema bancário no exterior é normal entre regiões de uma mesma zona monetária onde está assegurada a transferência de poupanças sem risco cambial. Os únicos limites têm a ver com a capacidade creditícia de cada uma das instituições bancárias tal como é avaliada pelo mercado e pelas suas congéneres estrangeiras.
Isto prende-se, aliás, com alguns equívocos sobre o significado da balança externa corrente para uma região de uma união monetária como é actualmente Portugal. Sem moeda própria não voltaremos a ter problemas de balança de pagamentos iguais aos do passado. Não existe um problema monetário macroeconómico e não há que tomar medidas restritivas por causa da balança de pagamentos. Ninguém analisa a dimensão macro da balança externa do Mississipi ou de qualquer outra região de uma grande união monetária. Isto não significa que não exista uma restrição externa à economia. Simplesmente esta é o resultado da mera agregação da capacidade de endividamento dos vários agentes económicos. O limite depende essencialmente da capacidade de endividamento dos agentes internos (incluindo os bancos) perante o sistema financeiro da Zona Euro. Se e quando o endividamento for considerado excessivo, as despesas terão que ser contidas porque o sistema financeiro limitará o crédito. O equilíbrio restabelece-se espontaneamente, por um mecanismo de deflação das despesas, e não têm que se aplicar políticas de ajustamento. A ressaca após um forte endividamento pode ter consequências recessivas, mas não é um problema macroeconómico de balança de pagamentos. A analogia mais pertinente é com o novo paradigma que vê a balança corrente externa como o resultado de uma optimização intertemporal do perfil de consumo de uma economia que defronta um mercado de capitais perfeito. A analogia é simplista para um país com moeda própria, mas serve como primeira aproximação para uma região de uma união monetária.
Para um país com moeda própria, e por hipótese tradicionalmente fraca, o limite do desequlíbrio chega em geral mais cedo, porque para pagar as importações se têm que obter divisas estrangeiras, recorrendo às reservas ou ao crédito e ambos têm limites óbvios. Ou seja, a suspeita de que um país nessa situação pode ter um problema macroeconómico de pagamentos externos, por se estarem a esgotarem as reservas, faz com a restrição externa se manifeste antes de se ter esgotado a capacidade económica de endividamento dos agentes económicos privados. É assim que, nesses casos, boas empresas ou bons projectos de investimento podem sofrer limites de financiamento se o país não tiver divisas estrangeiras. Isso não acontece, porém, no contexto de uma região que essencialmente transacciona com as restantes de uma mesma zona monetária. Se a economia estiver a crescer saudavelmente, com bons projectos, isso significa que tem produções competitivas e não existirão problemas de «balança de pagamentos» a travar o nosso processo de convergência real com a Europa desenvolvida. Se, pelo contrário a economia estiver a crescer menos que os nossos parceiros e a importar muito mais do que exporta, revelando falta de competitividade, então a balança corrente externa pode ser um indicador de problemas embora não seja ela própria um problema. É portanto um indicador que tem sempre que ser analisado juntamente com outros indicadores de competitividade.
Já referi que tudo isto não implica a ausência de uma restrição externa à economia, mas o importante de uma ponto de vista das políticas públicas é a existência de limites ao crescimento da despesa interna por causa das pressões inflacionistas que pode gerar e das consequências que isso tem sobre a competitividade das nossas produções. Além disso, também uma pressão excessiva da procura no mercado de activos pode criar as condições de uma crise futura com consequências recessivas.
O diferencial de inflação que se verifica actualmente é, porém, de dimensões reduzidas e tem ainda curta duração. Além disso, no contexto da união monetária e de um processo de convergência real de níveis de desenvolvimento, Portugal terá uma inflação superior à média europeia sem com isso perder necessariamente competitividade em relação aos restantes países membros. A justificação para isto é pacífica e tem a ver com o chamado efeito Balassa-Samuelson.
Isso não implica, porém, que possamos ignorar os riscos da inflação. As lições da experiência das últimas décadas nos países desenvolvidos e da evolução da teoria económica são precisamente que, para além de ser contraproducente tentar fazer o «fine tuning» da conjuntura, a taxa de inflação é neutra em relação à trajectória de equilíbrio do produto. Ou seja, não se consegue mais crescimento e mais emprego criando mais inflação e uma economia de mercado descentralizada funciona melhor num regime de inflação baixa. Logo, se as despesas privadas continuarem eufóricas e o crescimento for forte, o Estado tem que continuar a manter rigor orçamental. Como não se prevêem próximas descidas dos juros, pelo contrário, isto implica que as despesas de consumo público não poderão continuar a crescer ao mesmo ritmo dos últimos anos. Vai aumentar, pois, o nível de exigência e é bom não alimentar sobre isso quaisquer ilusões porque, no dizer do filósofo, «uma ilusão é muitas vezes pior do que um erro». Saúdo por isso como muito positivo o novo Programa de Estabilidade apresentado pelo Sr. Ministro das Finanças que compromete o Governo numa trajectória exigente de contenção das despesas correntes do Estado, retomando o caminho da consolidação das Finanças Públicas portuguesas. Posso assegurar-lhe Sr. Ministro que o Banco de Portugal dará a esse esforço todo o apoio e estímulo, crítico se necessário, a fim de que o Programa possa ser cumprido.
O último dos pontos que referi a propósito da situação económica portuguesa parece-me ser potencialmente o mais preocupante. Refiro-me ao comportamento recente das exportações e do investimento estrangeiro. A perda, ainda que ligeira, de quota de mercado durante os últimos dois anos nos países para onde exportamos e a desaceleração do investimento directo pode representar uma perda de competitividade causada pela concorrência de países terceiros com mais baixos custos e melhores condições de atracção. É cedo para concluir se estamos perante um fenómeno conjuntural e passageiro influenciado pela crise asiática de 1998 ou se se trata de algo de mais estrutural. Afirmei muitas vezes que a nossa participação no euro tinha a dimensão de uma aposta, que sempre confiei que ganharíamos. No entanto, isso passa por transformações estruturais no tecido produtivo que criem as bases de novas vantagens comparativas. No contexto actual, isso depende mais dos agentes empresariais do que de políticas públicas. Faltará apenas mais capital de risco para estimular o investimento em Portugal e não no estrangeiro. Mas as políticas públicas fornecem agora um enquadramento de perfeita estabilidade macroeconómica e baixos custos de financiamento e de acesso ao capital, o que facilita o investimento produtivo modernizador e de expansão. São estas as grandes vantagens e a grande oportunidade criada pelo euro. Isto tem que ser aproveitado para operar um indispensável reposicionamento estrutural da economia portuguesa. As empresas concorrem agora a partir de uma moeda forte e não podem deixar-se embalar por facilidades de curto prazo. Aos sindicatos cabe também a responsabilidade de graduarem as suas reivindicações ao novo contexto competitivo em que estamos, se efectivamente querem defender o emprego. Não haverá desvalorizações nem subsídios para aguentar empresas que perderem posição competitiva por não se modernizarem, por não aumentarem o conteúdo tecnológico dos seus processos ou a qualidade das suas produções. O caminho em que embarcámos é o que melhor pode garantir a nossa prosperidade futura, mas é exigente e não tem recuo.
A acuidade do que afirmo será ainda maior quando o euro se valorizar num qualquer futuro próximo, fazendo aumentar a pressão da concorrência de países terceiros. Ninguém se iluda com a fraqueza recente do euro pensando remetê-lo para a categoria das moedas fracas. A depreciação actual tem a sua justificação na diferença de conjuntura com a economia americana. Nos anos noventa também o marco passou por dois ciclos de depreciação face ao dólar e ninguém retirou daí a conclusão de que o marco era uma moeda fraca.
Na verdade, o que define a qualidade de uma moeda pode resumir-se nos seguintes aspectos: ser bem gerida por forma a garantir estabilidade macroeconómica e inflação baixa; ter credibilidade suficiente para conduzir a taxas de juro baixas a longo prazo; ter liquidez em todos os instrumentos e maturidades. O euro cumpre bem todos estes critérios. A inflação é mais baixa na Europa. As taxas de juro das obrigações a 10 anos dos Estados europeus são mais baixas do que as taxas de juro americanas para a mesma maturidade. Ou seja, os mercados confiam que a longo prazo a inflação na Europa tenderá a ser mais baixa que nos USA, reflectindo assim a sua confiança na forma como o euro vai ser gerido. Finalmente, não existe falta de liquidez dos diferentes instrumentos financeiros denominados em euros.
Tudo indica, portanto, que o euro está destinado a ter um papel crescente no sistema monetário internacional e a valorizar-se no futuro. Os EUA continuam a ter uma balança de pagamentos muito desequilibrada, ao contrário da Europa, o que acabará por se reflectir na taxa de câmbio do dólar. O prazo, o euro ganhará importância e valor. Mais importante que isso, porém, é que sirva para manter a economia europeia com inflação baixa e boas condições e crescimento económico.
O Banco Central Europeu não tem como objectivo «defender» uma determinada taxa de câmbio para o euro. A política monetária europeia serve para prosseguir objectivos internos de estabilidade e controle da inflação. Ora, a Zona euro é uma economia relativamente fechada pelo que a taxa de câmbio não tem uma influência decisiva na inflação interna. Seria, pois, errado adoptar a taxa de câmbio como objectivo intermédio da política monetária. Se esta conseguir manter um regime de inflação baixa, o euro continuará a ser uma moeda forte com pleno reflexo na sua taxa de câmbio. A tentativa de criar um sistema de «target zones» para as principais moedas teria conduzido a taxas de juro mais altas na Europa para «defender» o euro e o resultado teria sido comprometedor para a recuperação da economia europeia e para a redução do desemprego. O sentido da União Europeia ter criado o euro reside precisamente na possibilidade que este lhe abre de ter uma política monetária autónoma essencialmente preocupada com a prossecução dos seus próprios objectivos e desligada de conjunturas externas. Os indispensáveis esforços de cooperação monetária internacional em situações pontuais de fortes desequilíbrios não põem em causa aquela orientação fundamental.
O que acabo de referir remete em pleno para a mudança de funções por que passou o Banco de Portugal. Sem política monetária própria, mas profundamente empenhado no Sistema Europeu de Bancos Centrais, aumentaram as exigências de preparação técnica para assegurar uma participação eficaz e para dar resposta às inúmeras solicitações de dados e análises que o BCE nos coloca. Aumentaram também as responsabilidades na vigilância do sistema de pagamentos e, sobretudo, na supervisão das instituições financeiras porque o Banco de Portugal é o guardião da estabilidade do sistema financeiro. O Sr. Ministro acaba de nos anunciar a reforma que pensa realizar na regulação financeira. As orientações que traçou parecem-me as adequadas à nossa situação e acompanham as melhores tendências internacionais no sentido de introduzir mais coordenação sem fundir instituições especializadas que podem até por vezes ter perspectivas conflituantes sobre os vários interesses a proteger.
Outras alterações se aguardam proximamente nesta área da supervisão, especialmente a mudança significativa da regulamentação sobre as exigências de capital para as instituições de crédito, no âmbito do Comité de Basileia e da Comissão Europeia. Por outro lado, considero necessárias alterações no regime do Fundo de Garantia de Depósitos e no próprio Regime Geral das Instituições de Crédito.
Não se esgotam nas tarefas enunciadas as funções do Banco de Portugal e há uma área em que procurarei mesmo alargar a missão do Banco ¾ a da prestação de serviços à comunidade. Refiro-me aos domínios da informação, investigação e formação económica em que as capacidades do Banco se têm que abrir mais às necessidades da sociedade. O Banco tem o dever de apoiar mais o debate informado dos problemas económicos e sociais do país mesmo que transcendam o domínio estrito da política monetária. Em particular, quero desenvolver um novo serviço de informação ao consumidor, à semelhança do que acontece nos Bancos do Federal Reserve System, por forma a fazer a pedagogia da utilização dos serviços financeiros e a promover as melhores práticas no sistema. Trata-se essencialmente de informar e esclarecer sem prometer apoios que ajudassem a criar um sentimento de irresponsabilidade nos próprios consumidores nas suas transacções com os bancos, em especial as que aumentam o seu endividamento.
Para além do serviço específico que presta esta função cabe na ideia de uma função de supervisão bem interpretada, porque por ela passa também a melhor protecção aos utentes do sistema financeiro. Por outro lado, um maior conhecimento e sofisticação no uso dos produtos financeiros por parte dos utilizadores são essenciais para que as suas escolhas não distorçam o processo de poupança e investimento. Isto contribui também para manter a confiança no sistema e garantir que este desempenhe melhor a sua importante função de afectação dos recursos financeiros.
Tudo o que acabo de enunciar significa que, apesar da estabilidade da situação portuguesa, só na aparência me esperam tarefas menos exigentes no Banco de Portugal do que as que enfrentei na primeira vez que exerci estas funções. Encaro este regresso ao serviço público com entusiasmo e enorme sentido de responsabilidade. Levo desta vez comigo a experiência de cinco anos no sector privado onde vivi por dentro o processo de fusão de três bancos naquilo que constituiu uma experiência estimulante e esclarecedora sobre as transformações em curso no mundo empresarial, sobre um regime de regras e incentivos que se preocupa com a produtividade e a gestão eficaz de todos os recursos indispensáveis ao cumprimento dos objectivos de uma organização. É uma experiência que, nos termos adequados, também enriquecerá o desempenho das minhas novas funções. Servir o país e o projecto europeu é uma missão exaltante que assumo com exigência. Estou consciente das dificuldades que Portugal ainda defronta para se afirmar plenamente como país desenvolvido e moderno no difícil quadro competitivo em que se move. Encaro, porém, o futuro com a confiança própria de alguém que presenciou todas as fases do progresso continuado que colectivamente, para além de governos e normais conflitos políticos, soubemos assegurar e que a democracia e a participação na União Europeia trouxeram a Portugal.
Lisboa, 23 de Fevereiro de 2000
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mais_um Escreveu:De qualquer forma foram importantes, tal como agora, para resolver problemas de curto prazo, mas só por isso.
Sim, é verdade. Assim como depois desta intervenção os problemas resolvidos serão sobretudo os de curto-prazo nomeadamente as condições de acesso aos mercados e alguma melhoria das condições de competitividade.
Mas todas as outras melhorias sobretudo de longo-prazo dependerão de tudo aquilo que formos capazes de ir para além da Troika e isso só dependerá de nós.
A Troika será sempre uma ajuda e não a solução... Embora espera-se que tenha influencia ou algum impacto em determinadas decisões.
migluso Escreveu:Tu ontem mandaste uma "boquita" a insinuar que era impossível crescer a 5%, quando eu me estava a referir à taxa de crescimento nominal (a preços de mercado), que para efeitos do cálculo do rácio da dívida é o que interessa.
Espero ter ficado provado que não é impossível, crescemos vários anos acima dessa percentagem nos últimos 15 anos.
Espero ter deixado claro que a minha manifestação nessa discussão prendia-se com o facto desse crescimento nos últimos 15 anos foram conseguidos á custa do aumento da divida que inflacionou artificialmente o crescimento do nosso PIB nominal.
Editado pela última vez por JMHP em 11/9/2012 12:36, num total de 2 vezes.
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Militares revoltados com novas medidas de austeridade
11-09-2012 | 11:40
Os militares estão revoltados com as novas medidas de austeridade. O presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas acusa o Governo de estar a levar o país à ruina e assume estar solidário com as manifestações convocadas contra a política do Executivo.
“Vamos discutir a situação. Não posso afirmar que participaremos, mas de algum modo, ainda que não o façamos, a nossa solidariedade está desde já com aqueles que exerçam os seus direitos de cidadania e se propõem a fazer ver à nossa elite política, que a resolução dos problemas pode ter outras alternativas”, argumenta Martins Pereira Cracel.
O mesmo responsável diz que o caminho traçado pelo Governo conduz à pobreza do país e denuncia a situação complica em que vivem muitos militares.
“Neste momento, existem situações complicadas, nomeadamente com rendimentos penhorados”, mas, acrescenta Martins Pereira Cracel, “mais do que a pobreza, a injustiça que acompanha estas medidas, a falta de equidade deixa-nos a todos revoltados”.
Políticos e policias que tenham cuidado nas próximas manifestações!
http://m.rr.sapo.pt/detalhe.aspx?midx=2 ... as.aspx%3f
altrio Escreveu:migluso Escreveu:Seria bonito tu e todos os outros admitirem que estavam a fazer alguma confusão ou simplesmente não sabiam que o rácio da dívida é calculado sobre o PIB a preços de mercado.
Mas qual é exactamente a confusão que eu estava a fazer?
Eu sei que o PIB está a diminuir. O que eu estou a dizer é que a aquisição de bens e serviços está a aumentar.
A aumentar nominalmente, quanto mais em rácio.
Não tem nada a ver com aquisição de bens e serviços. Neste aspecto dou-te toda a razão.
Só espero que seja justificada com o abatimento de dívidas aos fornecedores do Estado.
Tu ontem mandaste uma "boquita" a insinuar que era impossível crescer a 5%, quando eu me estava a referir à taxa de crescimento nominal (a preços de mercado), que para efeitos do cálculo do rácio da dívida é o que interessa.
Espero ter ficado provado que não é impossível, crescemos vários anos acima dessa percentagem nos últimos 15 anos.
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
migluso Escreveu:mais_um Escreveu:migluso Escreveu:mais_um Escreveu:Das intervenções do FMI (a nivel mundial), quantas houve e quais tiveram sucesso?
Pelo menos em Portugal fez o pleno.
2 intervenções - 2 sucessos...
Está em curso a 3.ª... Falta saber se terá sucesso...
Já agora , é importante definir o que é considerado sucesso numa intervenção do FMI. Para ti, o que é?
Cumprir os objectivos definidos no programa.
Humm..parece-me uma forma razoavel de aferir o sucesso do programa em si (não quer dizer que a economia fique melhor).
Em relação às anteriores intervenções do FMI em Portugal, de uma forma empirica tenho algumas dificuldades em considerar que tenham tido sucesso.
Em relação à 1ª, considerando que passado 5 anos estavamos novamente a pedir ajuda, chamar a isso sucesso enfim.
Em relação à 2ª, o fim da intervenção coincidiu practicamente com a entrada de Portugal na CEE e com todo o dinheiro que isso representou na nossa economia. Atribuo mais o sucesso há entrada na CEE do que ao programa em si.
De qualquer forma foram importantes, tal como agora, para resolver problemas de curto prazo, mas só por isso.
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
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pdcarrico Escreveu:A verdade é que indústrias que exportam ou que substituem importações têm os custos de pessoal em quê? 10% da facturação? um pouco mais ou um pouco menos.
Ou seja comparar eficácia da descida da TSU com desvalorização cambial é comparar coisas com impactos completamente diferentes.
Não sei de que industria exportadora falas... Será do teu Brasil?!
Já aqui deixei o exemplo da empresa da qual pertenço, PME 100% exportadora de ferramentas e equipamentos para a industria automóvel, com cerca de 70 colaboradores desconta anualmente 1,5 milhão de Euros para SS, as despesas com pessoal rondam acima dos 30% da facturação da empresa e como a minha existem muitas em condições idênticas no mesmo sector, tal como acontece no sector do Calçado onde tenho alguns amigos e conhecidos empresários.
Cerca de 80% da empresas portuguesas, são PME e como já é de conhecimento publico de longa data, a despesa com custos do pessoal é grande e obviamente pesa nos balanços das empresas. Os outros 20% do universo empresarial portugueses é um "mundo" à parte dado o grande salto de dimensão face ás restante empresas que constitui a esmagadora maioria das empresas portuguesas.
gorgol Escreveu:Com uma busca chegaremos a alguns países da Europa de Leste em 2008, 2009 e 2010.
Quais são eles?
Remember the Golden Rule: Those who have the gold make the rules.
***
"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir."
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"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir."
Facebook Nogueira Leite diz que "se pira" se pagar mais impostos
http://www.noticiasaominuto.com/pais/10 ... E8a2q5ci72
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migluso Escreveu:Sobre os carros, também tens toda a razão.
Mas não faz sentido diminuir o n.º de carros e manter o n.º de motoristas.
O mesmo para a maioria dos serviços. Se exigimos redução de despesa, ou seja serviços prestados, está implícita a redução de pessoal.
Não necessariamente. Por exemplo, a Secretaria de Estado da Cultura tem 10 veículos e 4 motoristas. Podia vender 6 veículos sem ser necessário despedir ninguém.
Por outro lado, não devia pagar o que paga aos motoristas:
http://www.dn.pt/especiais/interior.asp ... 0e%20MEDIA
It’s a recession when your neighbor loses his job; it’s a depression when you lose your own. — Harry S. Truman
If you're going through hell, keep going. - Winston Churchill
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gorgol Escreveu:MiamiBlueHeart Escreveu:gorgol Escreveu:Depois da tempestade verbal do protesto, vem a razoabilidade. Que bom estar a ler posts tão bons em termos de fundamentos e bom senso.
Será que daqui a dois anos vamos dizer que afinal a Troika é que sabe disto, fala-se no exemplo da Dinamarca onde as empresas não pagam TSU. Para mim o FMI é entidade mais experiente nestas matérias sempre foi a medida desejada para resolver o problema da competitividade, que como já foi dito é equivalente a desvalorização cambial.
Em termos económicos é quase neutro, visto que se reduz valor nas familias, mas aumenta-se nas empresas. O consumo das empresas pode aumentar, via investimento ou ampliação de negócio.
Quanto ao consumo das familias, tem sentido que desça, visto estarmos a consumir acima das possiblidades, via empréstimos encapotados no financiamento à habitação, automóvel e créditos pessoais.
Depois da poeira assentar, bem-vindo o bom senso e a boa fundamentação.
ALELUIA.
Olha, estou a ler a razoabilidade de Belmiro..
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O Belmiro é parte interessada. Não é neutro. Tem comércios. Quer as pessoas lá para comprar e consumir.
Defende os seus interesses. Compreensível. Só engana quem se deixa enganar.
Tens razão em pensar que o Belmiro tem interesse na melhoria do poder de compra, mas não é menos verdade de que na distribuição os custos com pessoal são pesados. O que nem sempre ocorre em indústrias exportadoras e que por isso precisam de uma ajudinha na competitividade.
A verdade é que indústrias que exportam ou que substituem importações têm os custos de pessoal em quê? 10% da facturação? um pouco mais ou um pouco menos.
Ou seja comparar eficácia da descida da TSU com desvalorização cambial é comparar coisas com impactos completamente diferentes.
E pior que tudo é que uma penalização da contribuição do trabalhador é para todos - mesmo para aqueles que ganham o salário mínimo. E não vamos comparar com a Dinamarca - lá as pessoas ganham o suficiente para pagar contribuições sociais mais pesadas
Pedro Carriço