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Caldeirão da Bolsa

Uma solução para o Sobre-endividamento de Portugal

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por MoneyGPS » 21/8/2012 23:02

migluso Escreveu:O que tu sugeres é: primeiro repudiamos a dívida, a seguir pedimos emprestado.

Eu pergunto: quem seria o maluco que emprestaria?

Por fim, essa solução é considerada default.

Uma reestruturação, que eu não ponho de parte, deve ser sempre negociada com os nossos credores (somos um país de bem e honrado ou não?) e de preferência com os saldos orçamental e com o exterior já em equilíbrio, de forma a estarmos numa posição negocial mais forte, menos dependentes e sem aquela atitude da mão estendida.

E os accionistas e credores dos bancos que assumam as consequências das suas decisões.


Concordo que o ideal era fazer esta operação num cenário em que existisse um défice sob controle, mas o problema é que estamos a viver uma espiral negativa que tem que ser parada o mais cedo possível.

Os juros da dívida contribuem para o défice e o esforço para cobrar mais impostos para reduzir o défice está a matar milhares de empresas o que diminui as receitas de IRC e de IVA do estado (não só das empresas que fecham, mas também das suas fornecedoras) e aumenta as despesas do estado com subsídios do desemprego.

É urgente restruturar a dívida seja de que forma for. A minha solução visava apenas dar uma aparência de uma restruturação pacífica em que os credores não perdiam nada (face ao mark to market e não face ao investimento obviamente).
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Re: Uma solução para o Sobre-endividamento de Portugal

por MoneyGPS » 21/8/2012 22:52

Elias Escreveu:
MoneyGPS Escreveu:No fundo as YTM a que transaccionam as OTs Portuguesas tem implícita a certeza de que a dívida pública será restruturada mais tarde ou mais cedo.


Podes explicar melhor esta parte? Porque é que achas que as yields actuais transmitem essa certeza quanto à restruturação da dívida?


Porque senão estariam a transacionar com Yields apenas ligeiramente superiores aos da dívida alemã que estão em 1,56% a 10 anos e não com uma YTM de 9,187% (obrigado PC05), ou seja, com um spread superior a 7,5%.

O facto de os detentores estarem disposto a vender obrigações que têm um valor facial de 100% e pagam cupões de 4,8%/ano por apenas 71% do preço quando em circunstâncias normais estariam a transaccionar acima do par significa que o mercado estima com uma probabilidade de 100% (ou seja com certeza absoluta) que irá existir uma restruturação de pelo menos 30% no valor da nossa dívida a 10 anos.
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por gorgo » 21/8/2012 20:49

K. Escreveu:Tudo junto deve permitir uma redução da dívida de cerca de 20 mil milhões, deixando ainda assim uma dívida de 90% do PIB, que está dentro da média da UE.


K,

Como chegas a este valor. A ser verdade era muito bom, mas para isso o BCE já teria comprado, qualquer coisa como 50.000 milhões! Não pode ser!
 
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por K. » 21/8/2012 19:44

Só mais um pormenor: isto tudo sem monetização por parte do BCE!

Claro que com monetização se pode reduzir muito mais, mas a conversa é outra.
 
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por K. » 21/8/2012 19:40

No ano passado dediquei algum tempo a popularizar a recompra como forma de reduzir a dívida.

É uma boa estratégia quando a curva dos yields está disfuncional (as yields de curto prazo acima das de longo) pois pode ser feito paralelamente com uma estratégia de transferência das maturidades para prazos mais longos.

Por outro lado, a compra de prazos longos, apesar de aumentar a redução do valor nominal da dívida, é muito perigosa, pois transfere as maturidades para o curto prazo. No caso da Grécia foi uma das causas que precipitaram a reestruturação.


Não vejo motivos para o estado (através do IGCP) não ter executado um programa de recompras entre Maio de 2011 e Junho de 2012, enquanto os yields estiveram invertidos, dada a estratégia das finanças em alongar as maturidades. Penso eu que terá sido exactamente uma aplicação correcta do plano que levou à normalização da curva dos yields, neste caso tendo o efeito contrário ao que a compra das maturidades longas teve na Grécia. A forma como estão distribuidas as maturidades é um factor importantíssimo na estimativa do risco de default. A passagem da dívida nacional para prazos longos terá sido um factor de redução de risco. Quanto à redução do valor da dívida, terá sido reduzido, dada a baixa liquidez dos mercados. A prazo deve ser possível fazer algum tipo de acordo com o BCE para que ele ceda as mais valias nas compras que fez.

Tudo junto deve permitir uma redução da dívida de cerca de 20 mil milhões, deixando ainda assim uma dívida de 90% do PIB, que está dentro da média da UE.
 
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Re: dúvida

por gorgo » 21/8/2012 17:40

Oberon__ Escreveu:Fazendo a analogia para o caso de Estados soberanos. Entendo que uma qualquer negociação deste género (entre Estado e privados) tenha que ser considerada como um processo de reestruturação. Mas não entendo pq tenha de existir sequer negociação. Qual a razão pela qual o Estado Português não pode ir ao mercado secundário adquirir obrigações do Tesouro que emitiu anteriormente? Por outro lado, o BCE já o pode fazer. Será com certeza uma consequência legal de um qualquer racional económico subjacente. E era isso que eu gostaria de entender...


A questão é sempre de disponibilidades:

O mercado secundário não reflete o mercado global dos detentores de dívida, por isso, para recomprares uma boa tranhe tens de negociar. O BPI fez isso com sucesso, nas suas emissões de dívida.

O Estado português nao tem disponibilidade, visto o financiamento da troika é para novas emissões e pagamento das que se vencem (tudo calculado nos prazos respetivos das tranches). Tem de ter mais recursos para recomprar a emissão que se vence em 2022 (10 anos). Como se pode financiar para isso? O FEEF ou o MEE não dão.

Se se dirigisse ao um grande investidor e negociar, estava a propor uma restruturação, logo com as consequencias respetivas.

A solução passa pelos intermediários financeiros portugueses verem menos risco e ir comprando o que aparece no mercado secundário. A descida das taxas é isso que está a indicar. Não ganha o Estado mas ganham os portugueses.

O Equador recomprou a sua dívida muito desvalorizada com as receitas do petróleo que foi obtendo.

Imaginemos que o Estado poderia vender todo o ouro que temos e com esse dinheiro (17.000 milhões), recomprava dívida a dez anos, fazendo uma grande mais valia, sempre limitado à liquidez disponível.

A disponibildade é a solução, mas foi por falta dela que pedimos ajuda.

Vamos à UE pedir mais para recomprar dívida? Os luteranos chamam-nos loucos!
 
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Re: dúvida

por Oberon » 21/8/2012 16:25

gorgol Escreveu:
Oberon__ Escreveu:Apesar de duvidar bastante da exequibilidade e eficácia do plano que o post original apresenta, fica a dúvida pertinente que me assola há já alguns anos:
Alguém sabe porque Portugal não recompra dívida própria no mercado secundário, nem que seja em pequena escala? E não me venham dizer que não há dinheiro... se formos ver diferenciais de taxas no mercado secundário, entre aquilo que é normal (por ex. 5% a 10 anos) e as taxas a que chegou a estar (por ex. 18% a 10 anos), estamos a ver um ganho de 13% grosso modo. Existirá algo mais proveitoso para Portugal neste momento? Óbvio que penso apenas em pequena escala, até pq se fosse em larga escala, haveria um choque na procura que alteraria substancialmente a taxa de juro inerente. Há alguma questão jurídica ou alguma alínea do acordo com a troika que o impeça?


Oberon,

Se é um bom investimento, todos os agentes podem operar:

Quem tem para vender deixa de vender a estes preços.
Gestores de ativos e individuais podem comprar.

Em cada momento o mercado avalia o risco e o preço e coloca a liquidez.

O Estado português também não garante que não faz uma restruturação e mesmo que o dissesse o mercado pode não acreditar.

Ser o Estado a recomprar:

Pode estar a acontecer, todavia o valor da Troika foi calculado para novas emissões de obrigações e não para recompra de dívida.

A liquidez no mercado secundário é limitada para a recompra, só possível por negociação particular com os detentores.

Quem poderá efetuar recompra é o BCE.

Agora os portugueses que têm mais de 100.000 milhões em depósitos a prazo e não compram certificados do tesouro ou obrigações no mercado secundário com estas taxas é porque o risco não compensa.

Já não é desconhecimento.


Como sempre, contundente e esclarecedor. Aprecio os seus comentários Gorgol.
No entanto, não posso deixar de frisar q a questão que coloquei prende-se com a aquisição de obrigações do Tesouro pelo próprio Estado Português e não por privados. No que toca aos privados entendo a questão do risco (não posso deixar de notar que até agora não adquiri quaisquer certificados do tesouro devido ao risco inerente). Mas sendo o Estado Português o adquirente, a questão do risco já não se coloca. Apenas poderia não convir ao Estado fazer tal operação, do ponto de vista económico, se o "proveito" de uma eventual reestruturação fosse maior que o diferencial de taxas entre o mercado secundário e a situação "normal" que apontei. O raciocínio apenas deixaria de ser válido se considerássemos a premissa de que nas próximas décadas não iríamos ter acesso a txs de 5% a 10 anos ou se existisse um qualquer tipo de investimento público que providenciasse txs de retorno maiores que 10%. A meu ver, continuo a afirmar que seria um bom investimento da parte do Estado Português.

Referi sempre bom investimento da parte do Estado e não de particulares.

Pensemos então numa qualquer empresa. Está incluído nos termos e condições de emissões de obrigações que a empresa que emite as obrigações não poderá no futuro readquirir no mercado secundário as obrigações que emitiu? Pesquisei na net e parece-me que qq processo desse género terá de passar por uma negociação entre o emissor e o adquirente. Mas não entendo o porquê. Com certeza existirá uma qq razão economicamente racional, e era isso que eu gostaria de saber...

Fazendo a analogia para o caso de Estados soberanos. Entendo que uma qualquer negociação deste género (entre Estado e privados) tenha que ser considerada como um processo de reestruturação. Mas não entendo pq tenha de existir sequer negociação. Qual a razão pela qual o Estado Português não pode ir ao mercado secundário adquirir obrigações do Tesouro que emitiu anteriormente? Por outro lado, o BCE já o pode fazer. Será com certeza uma consequência legal de um qualquer racional económico subjacente. E era isso que eu gostaria de entender...
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Re: Uma solução para o Sobre-endividamento de Portugal

por Pata-Hari » 21/8/2012 15:10

MoneyGPS Escreveu:O problema de Portugal é que é o Estado está sobre-endividado com uma dívida pública sobre o PIB superior a 111,7% do PIB e que deverá atingir pelo menos 116% no final de 2013. Mas, há uma solução...

O problema é que a partir do momento em que se atinge um nível destes só há uma solução que é re-estruturar a dívida, pois só os juros da dívida pública contribuem para uma espiral incontrolável. Quantas vezes é que Portugal conseguiu um superavit orçamental desde o 25 de Abril? 0! Já foi testado e comprovado que mais aumentos de impostos só vão reduzir a receita e o PIB. Também não parece ser possível levar Portugal para uma rota de crescimento que permitisse reduzir o endividamento por via do crescimento do PIB, pois se nós nunca crescemos a sério nem quando despejavam dinheiro em 2ªs auto-estradas Porto Lisboa ou recuperações do Parque Escolar porque raio é que era agora que começaríamos a crescer a sério?

No fundo as YTM a que transaccionam as OTs Portuguesas tem implícita a certeza de que a dívida pública será restruturada mais tarde ou mais cedo.

O que o BCE está a fazer ao comprar OTs no mercado é uma mera manipulaçãozeca de meia tigela que apenas permite ganhar tempo e esconder a verdade por mais uns meses. Mas, basicamente está a desperdiçar dinheiro só para livrar bancos das suas posições incómodas.

Porquê esperar até que a taxa de desemprego chegue aos 20% ou o PIB caia ainda mais para enfrentar o inevitável?

Provavelmente existe o medo de que isso possa levar à falência alguns bancos portugueses carregados em dívida nacional até aos cabelos e destruir a confiança que os nossos credores têm em nós.

MAS, há uma solução inteligente para fazer esta restruturação que é:
1) Anunciar num sábado que a dívida portuguesa será comprada aos valores de mercado do fecho de Sexta-Feira.
2) Pedir emprestado ao fundo da UE e do FMI 73 mil milhões de euros (que é isso para quem emprestou 19 mil milhões ao Bankia há meia dúzia de semanas?).
3) Comprar TODAS as OTs vivas com um face value de 93,8 mil milhões à cotação de mercado por 72,9 Mil milhões, com um desconto de 22,3%. (Quem quiser verificar as minhas contas está à vontade - estes eram os preços a 6 de Julho de 2012 - eventualmente hoje o desconto seria um pouco inferior).

Se acreditarmos que o Eurostat estima a dívida pública em 190 mil milhões e que isto permitiria poupar 21 mil milhões, o nosso endividamento sobre o PIB baixaria para um nível de 99,4% o que ainda é excessivo, mas não utópico.

É verdade que o FMI e os fundos da UE ficariam numa situação desconfortável (carregados de dívida portuguesa), mas que não é muito diferente do que já está a ocorrer progressivamente, ou seja, mais tarde ou mais cedo senão formos aos mercados os FMI e a UE tem que refinanciar toda a nossa dívida.

Esta medida tinha a vantagem de não poder ser considerado um incumprimento, mas mais como uma OPA.

E provavelmente Portugal até poderia regressar mais rapidamente aos mercados.


A questão/problema é que os bons países não aceitam ficar com a dívida má "opada", como lhe chamas porque nós somos as cigarras e eles as formigas. Ou aceitas maior federalismo e te reges pelas regras de quem paga, ou continuas a ser formiga e desembrulhas-te sozinho. Aliás, para eles, isto é extremamente benéfico, quanto pior estiver a nossa dívida, melhor está a dos bons países e menos pagam para lhes emprestarem dinheiro até lhes pagam para emprestar dinheiro).
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Re: dúvida

por gorgo » 21/8/2012 14:30

Oberon__ Escreveu:Apesar de duvidar bastante da exequibilidade e eficácia do plano que o post original apresenta, fica a dúvida pertinente que me assola há já alguns anos:
Alguém sabe porque Portugal não recompra dívida própria no mercado secundário, nem que seja em pequena escala? E não me venham dizer que não há dinheiro... se formos ver diferenciais de taxas no mercado secundário, entre aquilo que é normal (por ex. 5% a 10 anos) e as taxas a que chegou a estar (por ex. 18% a 10 anos), estamos a ver um ganho de 13% grosso modo. Existirá algo mais proveitoso para Portugal neste momento? Óbvio que penso apenas em pequena escala, até pq se fosse em larga escala, haveria um choque na procura que alteraria substancialmente a taxa de juro inerente. Há alguma questão jurídica ou alguma alínea do acordo com a troika que o impeça?


Oberon,

Se é um bom investimento, todos os agentes podem operar:

Quem tem para vender deixa de vender a estes preços.
Gestores de ativos e individuais podem comprar.

Em cada momento o mercado avalia o risco e o preço e coloca a liquidez.

O Estado português também não garante que não faz uma restruturação e mesmo que o dissesse o mercado pode não acreditar.

Ser o Estado a recomprar:

Pode estar a acontecer, todavia o valor da Troika foi calculado para novas emissões de obrigações e não para recompra de dívida.

A liquidez no mercado secundário é limitada para a recompra, só possível por negociação particular com os detentores.

Quem poderá efetuar recompra é o BCE.

Agora os portugueses que têm mais de 100.000 milhões em depósitos a prazo e não compram certificados do tesouro ou obrigações no mercado secundário com estas taxas é porque o risco não compensa.

Já não é desconhecimento.
 
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dúvida

por Oberon » 21/8/2012 13:06

Apesar de duvidar bastante da exequibilidade e eficácia do plano que o post original apresenta, fica a dúvida pertinente que me assola há já alguns anos:
Alguém sabe porque Portugal não recompra dívida própria no mercado secundário, nem que seja em pequena escala? E não me venham dizer que não há dinheiro... se formos ver diferenciais de taxas no mercado secundário, entre aquilo que é normal (por ex. 5% a 10 anos) e as taxas a que chegou a estar (por ex. 18% a 10 anos), estamos a ver um ganho de 13% grosso modo. Existirá algo mais proveitoso para Portugal neste momento? Óbvio que penso apenas em pequena escala, até pq se fosse em larga escala, haveria um choque na procura que alteraria substancialmente a taxa de juro inerente. Há alguma questão jurídica ou alguma alínea do acordo com a troika que o impeça?
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por gorgo » 21/8/2012 13:03

Mcmad Escreveu:Já agora oh Gargol, leste alguma afirmação minha para ir buscar a riqueza aos "belmiros" de Portugal?


Para uns os Belmiros são bons e para outros são maus.

As leis existem. Os tribunais existem. A césar o que é de César.

Queres criar uma comissão para definir o que foi ganho de forma legal ou justa e o que foi a roubar?

Quem fiscaliza essa comissão. Quem me garante que essa comissão não rouba ou não favorece o Sr. A ou o Sr. B.

Deixa os tribunais fazerem o seu trabalho. Só isso. Simples.
 
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por gorgo » 21/8/2012 12:53

artista Escreveu:
careca79 Escreveu:Caro MoneyGps.

Há um lapso, a meu ver importante no seu raciocínio. Está-se a esquecer da divida das empresas privadas e das familias, que eleva a dívida para mais de 356%

A dívida total portuguesa era de 356% do PIB e, neste grupo de oito, ficou em 4º lugar, depois da Irlanda, Reino Unido e Espanha (com 363% do PIB). Em melhor posição do que Portugal, ficaram França (com 346%), Itália (com 314%), Alemanha (com 278%) e Grécia (com 267%).


Pois, o problema é mesmo esse, já vi muita gente defender que a dívida privada é mais preocupante para Portugal que a dívida pública... eu não percebo muito disso mas tenho a ideia que os que o afirmaram são pessoas com relativa credibilidade!



Comete-se um erro falar em dívidas brutas. Dá grandes números e titulos de jornais mas é falacioso. Basta ver a dívida bruta da Suiça (enorme).

Tem sentido falar em dívidas liquidas. Aceito que esses valores nem sempre existam para os privados.

Em todo o caso vou fazer a seguinte abordagem:

O Estado não tem aplicações significativas no Estrangeiro ou no País, pelo que a dívida que tem é toda liquida, e representa cerca de 115% do PIB. Quem empresta ao Estado? As famílias e empresas nacionais e estrangeiras, via intermediários como bancos, seguradoras e outros gestores de ativos.

A dívida liquida de todos os agentes, sobre o estrangeiro, do país é neste momento inferir a 115% do PIB.

Os privados devem ao Estrangeiro mas também têm aplicações no Estrangeiro, diretamente ou via intermediários (bancos, gestores de ativos). Como nunca vi números publicados sobre dívida liquida relativa às empresas e familias, apenas posso deduzir.

Em todo o caso as familias têm uma capacidade de financiamento sobre o exterior positiva (banco de Portugal). Os rendimentos dos ativos é superior ao custo de financiamento.

Imaginemos que o Estado liquidava toda a sua dívida aos respetivos agentes e estes comportavam-se da seguinte forma:

70% da dívida do Estado é sobre o exterior e 30% interna.

Ao pagar ao exterior imediatamente se reduzia em 70% o rácio com o Exterior.

Se os operadores internos, recebendo os 30% do Estado, liquidarem dívidas sobre o exterior, passaremos a ter um saldo nulo com o exterior.

Conclusão: o problema está todo ligado e não extanque entre os agentes e uma solução era o Estado não ter dívidas.
 
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por pepe7 » 21/8/2012 12:39

Mcmad Escreveu:Seria possível avaliar as fortunas criadas após 25 Abril em
Políticos , amigos e comadres ?

A devolução desse dinheiro abatia grande parte da divida.

Outra coisa aquelas reformas vitalícias ao fim de poucos anos também podiam acabar à luz da equidade, devia dar uns bons milhões...


Uma grande sugestão e que vai directa ao que se passou, e muito mais..É triste esta realidade...E que paga é o "pobre" Povo.
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por Mcmad » 21/8/2012 12:37

Já agora oh Gargol, leste alguma afirmação minha para ir buscar a riqueza aos "belmiros" de Portugal?
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por Mcmad » 21/8/2012 12:34

gorgol Escreveu:
Mcmad Escreveu:Seria possível avaliar as fortunas criadas após 25 Abril em
Políticos , amigos e comadres ?

A devolução desse dinheiro abatia grande parte da divida.

Outra coisa aquelas reformas vitalícias ao fim de poucos anos também podiam acabar à luz da equidade, devia dar uns bons milhões...


Nacionaliza-se tudo:

As empresas; os depósitos, as carteiras de ativos, as casas, as propriedades, etc.

Tira-se o incentivo para poupar e acumular.
Tira-se o incentivo para inovar e ser eficaz e eficiente e procurar um emprego melhor.

No final é tudo do Estado.

Para os mediocres é muito bom viver assim.


Acho que te esqueceste do incentivo para roubar ! Não?
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por PC05 » 21/8/2012 12:30

Cotações atuais da dívida portuguesa, preço da bond vs yield (referencial por prazo até maturidade):
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por gorgo » 21/8/2012 12:27

Mcmad Escreveu:Seria possível avaliar as fortunas criadas após 25 Abril em
Políticos , amigos e comadres ?

A devolução desse dinheiro abatia grande parte da divida.

Outra coisa aquelas reformas vitalícias ao fim de poucos anos também podiam acabar à luz da equidade, devia dar uns bons milhões...


Nacionaliza-se tudo:

As empresas; os depósitos, as carteiras de ativos, as casas, as propriedades, etc.

Tira-se o incentivo para poupar e acumular.
Tira-se o incentivo para inovar e ser eficaz e eficiente e procurar um emprego melhor.

No final é tudo do Estado.

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por Mcmad » 21/8/2012 12:12

Seria possível avaliar as fortunas criadas após 25 Abril em
Políticos , amigos e comadres ?

A devolução desse dinheiro abatia grande parte da divida.

Outra coisa aquelas reformas vitalícias ao fim de poucos anos também podiam acabar à luz da equidade, devia dar uns bons milhões...
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por BearManBull » 21/8/2012 12:08

careca79 Escreveu:Para colocar a grande máquina da economia a funcionar de novo é preciso mais papel na rua, e uma entidade emissora de moeda com rating lá fora a emprestar directamente aos estados, não através de bancos que cobram spreads pornográficos.


E que tal aprender-mos a não gastar o que não se tem.

MoneyGPS Escreveu:3) Comprar TODAS as OTs vivas com um face value de 93,8 mil milhões à cotação de mercado por 72,9 Mil milhões, com um desconto de 22,3%. (Quem quiser verificar as minhas contas está à vontade - estes eram os preços a 6 de Julho de 2012 - eventualmente hoje o desconto seria um pouco inferior).


O que queres dizer com "desconto"? Se não estás a pagar a totalidade do que se deve é incumprimento. No longo prazo esse "desconto" evapora-se.
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por artista_ » 21/8/2012 12:04

careca79 Escreveu:Caro MoneyGps.

Há um lapso, a meu ver importante no seu raciocínio. Está-se a esquecer da divida das empresas privadas e das familias, que eleva a dívida para mais de 356%

A dívida total portuguesa era de 356% do PIB e, neste grupo de oito, ficou em 4º lugar, depois da Irlanda, Reino Unido e Espanha (com 363% do PIB). Em melhor posição do que Portugal, ficaram França (com 346%), Itália (com 314%), Alemanha (com 278%) e Grécia (com 267%).


Pois, o problema é mesmo esse, já vi muita gente defender que a dívida privada é mais preocupante para Portugal que a dívida pública... eu não percebo muito disso mas tenho a ideia que os que o afirmaram são pessoas com relativa credibilidade!
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por BearManBull » 21/8/2012 11:57

A agência de notação financeira Moody's diz que a resolução completa dos problemas dos periféricos poderá demorar vários anos.

A agência de notação financeira Moody's defendeu hoje que as reformas adotadas por Portugal, Grécia, Irlanda e Espanha permitiram melhorar a sua situação económica, mas que a resolução completa dos seus problemas poderá demorar vários anos.

"A adopção de um certo número de reformas estruturais pelos países periféricos da zona euro - Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha - permitiu melhorias, mas não resolveu completamente os desequilíbrios externos que se desenvolveram nesses países antes da crise" na zona euro, refere a Moody's em comunicado.

A agência de notação financeira considera que, "na melhor das hipóteses", as reformas implementadas contribuíram para a resolução de apenas metade dos problemas, "consoante os países em questão", e que a crise que enfrentam "poderá levar vários anos" a ser resolvida.

http://economico.sapo.pt/noticias/reformas-de-portugal-grecia-irlanda-e-espanha-sao-insuficientes_150437.html

A primeira frase é genial. :wall: :wall: :wall: :wall:
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por Koreano » 21/8/2012 11:29

careca79 Escreveu:Caro Koreano.

É uma resposta ao meu post ou ao "original" deste tópico, fiquei sem perceber.

Abraço.


É um comentário ao post original.
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por careca79 » 21/8/2012 11:22

Caro Koreano.

É uma resposta ao meu post ou ao "original" deste tópico, fiquei sem perceber.

Abraço.
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Para mais análises ao PSI-20 e outro material sobre análise Técnica.
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por Koreano » 21/8/2012 11:16

Este tipo de proposta de "solução" é coerente com a mentalidade que nos levou à presente situação.
É a lógica do inquilino que parte a casa que aluga para depois ir pedir ao senhorio que baixe a renda, dado que a casa já não vale o mesmo...

Então íamos recomprar aos nossos credores o produto que lhes vendemos, agora desvalorizado, com dinheiro emprestado por eles. E a taxa de juro que os credores nos iam pedir era a mesma que nos davam para um resgate com contrapartidas reformistas para nos tirar da crise.
Já agora, logo a seguir à manobra, podíamos "partir a casa" mais um bocado e pedir novo emprestimo (menor) para pagar a nova desvalorização, e assim por diante, até já nao haver "casa" e, por consequência, já não haver dívidas.

Como é bom sermos mais inteligentes que os outros e resolvermos com facilidade problemas complexos que exigem tanto esforços aos restantes azininos... :roll:
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por careca79 » 21/8/2012 1:30

Caro MoneyGps.

Há um lapso, a meu ver importante no seu raciocínio. Está-se a esquecer da divida das empresas privadas e das familias, que eleva a dívida para mais de 356%

A dívida total portuguesa era de 356% do PIB e, neste grupo de oito, ficou em 4º lugar, depois da Irlanda, Reino Unido e Espanha (com 363% do PIB). Em melhor posição do que Portugal, ficaram França (com 346%), Itália (com 314%), Alemanha (com 278%) e Grécia (com 267%).

Por dívida total entende-se a dívida de famílias, empresas, entidades financeiras e governo. Os dados referem-se ao segundo trimestre de 2011 e, no caso português, irlandês e italiano, ao primeiro trimestre do ano passado.


Toda esta dívida teria de entrar nas contas que indica, não sei se será a solução.
Temos toda uma europa endividada, podemos escamotear o que quisermos mas é assim que estamos, o caminho correcto poderá ser a mutualização das dívidas, o papel do BCE na emissão de dívida e na impressão de euros terão de ser reavaliados.

Se o dinheiro não circular na europa, a Alemanha acabará por sucumbir sem pareceiros onde vender submarinos e helicópteros, entre outras coisas mais mundanas como televisões, rádios, etc.

Para colocar a grande máquina da economia a funcionar de novo é preciso mais papel na rua, e uma entidade emissora de moeda com rating lá fora a emprestar directamente aos estados, não através de bancos que cobram spreads pornográficos.

Terás desvantagens, perderás independência financeira ( à luz do que temos feito com ela, não será mau de todo), não poderás incluir em anos de eleições aumentos e afins só porque sim, ou rotundas na estrada. Mas no fim ganhaste o "Federalismo na Europa".

Abraço
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