Quase 11% dos trabalhadores recebe salário mínimo
O que há de errado nesta notícia?
22 Julho 2012 | 23:30
Camilo Lourenço - camilolourenco@gmail.com
"Anúncios de emprego oferecem mais dinheiro a serralheiros que a advogados, arquitectos e engenheiros". Há alguma coisa de errado nesta notícia? Não, não há. Está tudo no "site" do IEFP.
Em três mil ofertas de emprego, os salários oferecidos a canalizadores e serralheiros são pelo menos iguais aos de engenheiros, advogados e até arquitectos. Há um pedido para um engenheiro mecânico em Lousada, que tem de saber Inglês, Francês e Castelhano, cujo salário prometido (600 euros), é duzentos euros inferior ao de um montador de tubagens em Valença, um torneiro mecânico em Alcobaça e um serralheiro mecânico em Pombal!!!
O que explica este fenómeno, susceptível de desencorajar os jovens mais determinados em estudar (de que vale passar anos a queimar pestanas para acabar a ganhar mal)? Simples: oferta e procura. Nos últimos vinte anos cresceu o número dos que procuram "canudo", muitos obtidos em universidades "manhosas", em detrimento de candidatos a cursos técnicos. E como ninguém quer ser torneiro, serralheiro, etc (a função não dá "status"), o preço dos serviços prestados pelos poucos técnicos nestas áreas cresceu. Quem não se viu aflito para contratar um electricista ou canalizador quando tem um problema em casa? E quando se encontra, paga-se os olhos da cara...
Esta situação é o espelho da sociedade portuguesa: existe a obsessão pelo "canudo", em vez da obsessão por um curso com utilidade para a economia: veja-se as vagas, no ensino superior, para a área de Informática e compare-se com Direito... Enquanto isto for assim teremos desemprego elevado, falta de mão-de-obra qualificada e dificuldade em captar investimento estrangeiro.
22 Julho 2012 | 23:30
Camilo Lourenço - camilolourenco@gmail.com
"Anúncios de emprego oferecem mais dinheiro a serralheiros que a advogados, arquitectos e engenheiros". Há alguma coisa de errado nesta notícia? Não, não há. Está tudo no "site" do IEFP.
Em três mil ofertas de emprego, os salários oferecidos a canalizadores e serralheiros são pelo menos iguais aos de engenheiros, advogados e até arquitectos. Há um pedido para um engenheiro mecânico em Lousada, que tem de saber Inglês, Francês e Castelhano, cujo salário prometido (600 euros), é duzentos euros inferior ao de um montador de tubagens em Valença, um torneiro mecânico em Alcobaça e um serralheiro mecânico em Pombal!!!
O que explica este fenómeno, susceptível de desencorajar os jovens mais determinados em estudar (de que vale passar anos a queimar pestanas para acabar a ganhar mal)? Simples: oferta e procura. Nos últimos vinte anos cresceu o número dos que procuram "canudo", muitos obtidos em universidades "manhosas", em detrimento de candidatos a cursos técnicos. E como ninguém quer ser torneiro, serralheiro, etc (a função não dá "status"), o preço dos serviços prestados pelos poucos técnicos nestas áreas cresceu. Quem não se viu aflito para contratar um electricista ou canalizador quando tem um problema em casa? E quando se encontra, paga-se os olhos da cara...
Esta situação é o espelho da sociedade portuguesa: existe a obsessão pelo "canudo", em vez da obsessão por um curso com utilidade para a economia: veja-se as vagas, no ensino superior, para a área de Informática e compare-se com Direito... Enquanto isto for assim teremos desemprego elevado, falta de mão-de-obra qualificada e dificuldade em captar investimento estrangeiro.
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artista Escreveu:altrio Escreveu:... caso a distorção se prolongue no tempo, vai preferir a segunda actividade.
Não tenho a mínima dúvida que a distorção se vai prolongar pelo menos por uma ou duas décadas!
Para uma minoria, os excelentes, não faltará trabalho. Para a maioria pouco ou nada e para os mediocres não haverá mesmo.
Para quem vê a arquitetura como arte e prazer, terá de optar pela emigração, para aí poder desenvolver-se.
Em Potugal temos excesso de construção e com a redução de população teremos uma longa noite neste setor. Há mais de 10 anos que toda a gente sabe isto!
Há muito que o nosso consumo de cimento era o triplo da Europa. Ainda não estamos no nível de consumo da Europa neste momento.
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altrio Escreveu:... caso a distorção se prolongue no tempo, vai preferir a segunda actividade.
Não tenho a mínima dúvida que a distorção se vai prolongar pelo menos por uma ou duas décadas!
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artista Escreveu:Mas o problema é a criação de valor?!?![]()
O problema é a relação entre a oferta e a procura. Se houvesse 1/10 dos arquitetos em Portugal achas que conseguiriam alguém que quisesse trabalhar pelo ordenado mínimo?! obviamente que não...
É evidente que é um problema de oferta e procura. Mas esta distorção actual (e é óbvio que é uma distorção) é, na minha opinião, temporária.
Um arquitecto consegue, em três tempos, aprender o métier de canalizador, e, caso a distorção se prolongue no tempo, vai preferir a segunda actividade.
Isto já aconteceu noutros países, e vai também começando a acontecer por cá.
It’s a recession when your neighbor loses his job; it’s a depression when you lose your own. — Harry S. Truman
If you're going through hell, keep going. - Winston Churchill
If you're going through hell, keep going. - Winston Churchill
Anúncios de emprego oferecem mais dinheiro a serralheiros que a engenheiros
21.07.2012 - 08:44 Por Lusa
1 de 3 notícias em Economiaseguinte »
Os salários mais altos, entre as ofertas disponíveis, são propostos a um mecânico de máquinas, com o 9º ano, a ganhar 1500 euros
(Reuters)
Serralheiros, canalizadores e torneiros mecânicos podem conseguir ordenados mais altos do que arquitectos ou advogados, nas 3000 ofertas de emprego disponíveis em Portugal, segundo o portal do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Na página na Internet do instituto estão publicados anúncios onde se procuram torneiros mecânicos, soldadores serralheiros ou canalizadores com propostas salariais iguais e até superiores a engenheiros, arquitectos e advogados.
No site da Netemprego oferece-se um lugar para um engenheiro mecânico, em Lousada, com conhecimento de três línguas (Inglês, Francês e Espanhol) e um salário de 600 euros, inferior aos 800 euros pagos a um torneiro mecânico, em Alcobaça, um serralheiro mecânico, no Pombal ou a um montador de tubagens, em Valença.
Por 750 euros há vagas para um electricista, com o 4º ano de escolaridade, em Coruche, e 700 euros é quanto é oferecido a um canalizador ou um operário do fabrico de rolhas de cortiça, em Santa Maria da Feira.
O mesmo salário é oferecido a engenheiros civis, em Faro e Lisboa, com a obrigação de falarem inglês fluentemente.
No mesmo portal, há pelo menos duas vagas para advogados com salários de 840 e 850 euros, em Odivelas e Viana do Castelo.
O ordenado mínimo nacional, 485 euros, é a oferta para um engenheiro agrónomo, em Trancoso, o mesmo proposto a um trabalhador agrícola para a apanha do tomate, em Mora, no Alentejo, e metade dos 834 euros oferecidos a um tractorista agrícola, em Viana do Castelo.
No sector agrícola destacam-se os 1500 euros oferecidos a um casal que queira ser feitor/caseiro numa quinta da Covilhã.
Os salários mais altos, entre as ofertas disponíveis, são propostos a um mecânico de máquinas, com o 9º ano, a ganhar 1500 euros, em Alvalade, e um lugar permanente de dois mil euros mensais para uma intérprete de alemão e inglês, com conhecimento de finanças, banca e seguros, em Lisboa.
Há também um lugar para um arquitecto, em Viana do Castelo, com um salário de 850 euros, pouco mais dos 800 oferecidos a um desenhador, com o nono ano, na Marinha Grande.
Entre as ofertas com remunerações mais altas estão analistas de sistemas de informática, com o 12.º ano, e propostas entre 1000 e 1500 euros mensais, essencialmente para a zona da Grande Lisboa, ou um técnico de controlo da qualidade, com 1500 euros, na Guarda.
Nas vagas com licenciatura como requisito há também lugar para um engenheiro mecânico a ganhar mais de 1700 euros, em Loures, e outro engenheiro com quase 3000 euros, em Santo Tirso, além de técnicos de serviços sociais, em Lisboa, com salários de mil euros e 900 euros para um psicólogo, em Torres Vedras.
No maior número de ofertas prevalece o salário mínimo ou valores próximos, mas há também empresas dispostas a pagar 850 euros a um pasteleiro, no Sabugal, com alojamento, 800 euros a um cozinheiro, na zona de Tavira, e 700 euros a uma empregada doméstica, na zona de Barcelos.
A maioria das mais de 3000 mil ofertas de emprego correspondem a contratos temporários e algumas são disponibilizadas ao abrigo da nova medida de estímulo 2012, criada pelo Ministério da Economia para apoio à contratação nas empresas.
Elias Escreveu:A partir do momento em que há mais engenheiros ou arquite(c)tos do que aqueles que são necessários, os que estão a mais já não trazem qualquer valor acrescentado, e por isso a contribuição deles vale muito pouco...
O problema é que não são apenas os que estão a mais, são todos! Por isso a questão de criar mais ou menos valor é muito relativa!
Elias Escreveu:A comparação com o portageiro ou o homem da bomba não pretendeu ser ofensiva. Creio que todas as funções são igualmente nobres, não concordas?
Obvaimente, nem me senti ofendido nem me passa pela cabeça desvalorizar qualquer profissão. Apenas achei que não fazia sentido falares naqueles casos (que são específicos) quando se estava a falar de outros, no caso engenheiros, arquitetos e outros que exigem licenciaturas de pelo menos 5 anos... e não são das tiradas ao abrigo do "Processo de Palermo"!

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artista Escreveu:Não estou a ver nenhum caso em que o trabalho do arquiteto ou do engenheiro seja dispensável ou que crie pouco valor, o problema é que há tantos desempregados que se arranja um pelo salário mínimo.. independentemente da maior ou menor utilidade (ou criação de valor) do trabalho que for fazer!
Evidentemente.
A partir do momento em que há mais engenheiros ou arquite(c)tos do que aqueles que são necessários, os que estão a mais já não trazem qualquer valor acrescentado, e por isso a contribuição deles vale muito pouco...
A comparação com o portageiro ou o homem da bomba não pretendeu ser ofensiva. Creio que todas as funções são igualmente nobres, não concordas?
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Estávamos a falar de arquitetos, engenheiros, etc e tu vens-me com "portageiros" e "homens das bombas"?!
Não estou a ver nenhum caso em que o trabalho do arquiteto ou do engenheiro seja dispensável ou que crie pouco valor, o problema é que há tantos desempregados que se arranja um pelo salário mínimo.. independentemente da maior ou menor utilidade (ou criação de valor) do trabalho que for fazer!

Não estou a ver nenhum caso em que o trabalho do arquiteto ou do engenheiro seja dispensável ou que crie pouco valor, o problema é que há tantos desempregados que se arranja um pelo salário mínimo.. independentemente da maior ou menor utilidade (ou criação de valor) do trabalho que for fazer!
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artista Escreveu:Elias Escreveu:artista Escreveu:Eu acho que alguma coisa está mal quando alguém que precisa de uma qualificação superior, só consegue um vencimento igual ao salário mínimo nacional!
Como referi acima, o salário deve reflectir a capacidade de criar valor.
Nem todos os que têm um curso superior conseguem criar valor.
Mas o problema é a criação de valor?!?![]()
O problema é a relação entre a oferta e a procura. Se houvesse 1/10 dos arquitetos em Portugal achas que conseguiriam alguém que quisesse trabalhar pelo ordenado mínimo?! obviamente que não...
Sim, também é a relação entre a oferta e a procura. Mas não é só.
Quando eu falo da criação de valor é neste sentido: uma função / um trabalho não poderá aspirar a receber mais do que o valor acrescentado que traz. Se o valor acrescentado for reduzido ou nulo, a função é dispensada. É por isso que nalguns casos nem sequer pelo salário mínimo compensa contratar.
Exemplo: os portageiros. A partir do momento em que se inventaram as máquinas de pagamento de portagens, a função de portageiro deixou de trazer valor acrescentado e eles passaram a ser dispensados. Ou então são contratados por um valor muito baixo.
Outro exemplo, já muito discutido aqui há um ou dois anos: o homem da bomba. Imagina que ter um homem na bomba para fazer o atendimento só vale 300 euros por mês. Como o smn é 485, o dono da bomba decide que não vale a pena contratar um, porque a esse preço o valor acrescentado é nulo. Põe a bomba em self service.
Outro exemplo: canalizadores. Há poucos. Ninguém quer ser porque é um trabalho insalubre. Mas são necessários porque trazem muito valor acrescentado (valor esse que é equivalente à dimensão dos estragos causados se não houver intervenção). Logo são bem pagos.
O valor do trabalho decorre da necessidade desse mesmo trabalho e é isso que determina a procura por uma dada função. Havendo excesso de oferta o preço baixa porque há quem esteja disposto a trabalhar por menos.
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Elias Escreveu:artista Escreveu:Eu acho que alguma coisa está mal quando alguém que precisa de uma qualificação superior, só consegue um vencimento igual ao salário mínimo nacional!
Como referi acima, o salário deve reflectir a capacidade de criar valor.
Nem todos os que têm um curso superior conseguem criar valor.
Mas o problema é a criação de valor?!?

O problema é a relação entre a oferta e a procura. Se houvesse 1/10 dos arquitetos em Portugal achas que conseguiriam alguém que quisesse trabalhar pelo ordenado mínimo?! obviamente que não...
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artista Escreveu:Eu acho que alguma coisa está mal quando alguém que precisa de uma qualificação superior, só consegue um vencimento igual ao salário mínimo nacional!
Como referi acima, o salário deve reflectir a capacidade de criar valor.
Nem todos os que têm um curso superior conseguem criar valor.
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elbronzeado Escreveu:É a lei da oferta e da procura... Se se paga 485 a um engº civil e alguém aceitar, que tem de mal?
Na minha opinião há realmente um "mal" nessa situação. O mercado funciona e temos de aceitar isso, mas essa situação não deixa de ser um sintoma de que muita coisa está/esteve mal numa série de opções políticas que permitiram chegarmos a esse ponto!
Eu acho que alguma coisa está mal quando alguém que precisa de uma qualificação superior, só consegue um vencimento igual ao salário mínimo nacional!

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Visitante57 Escreveu:Concordo que sim, mas há aí uma lógica subjacente. Então se a pessoa A tem mais conhecimento e maior responsabilidade que a pessoa B, e se isso se refletir em melhor trabalho, faz todo o sentido que deseje ser melhor remunerado por isso.
O que é isso de "melhor" trabalho?
Na minha óptica o que conta não é se o trabalho é "melhor" ou "pior", mas sim se traz mais valor acrescentado. Quando mais valor acrescentado trouxer, mais bem pago deve ser. O conhecimento não serve rigorosamente para nada se não trouxer valor acrescentado.
Por isso o que deve ser avaliado e quantificado não é apenas o conhecimento de cada um, mas sim a sua capacidade para criar valor.
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AutoMech Escreveu:E mesmo perante as evidências há quem prefira ir para filosofia do que para serralheiro. Uma opção perfeitamente legítima, diga-se, porque cada um deve ser livre de efectuar as suas escolhas.
O chato é depois ouvir o filósofo bramir contra o estado porque não lhe arranja um emprego e porque o serralheiro ganha mais do que ele.
Duvido que seja isto, o que aconteceu é que quem tem governado o país não tem feito uma boa gestão destes assuntos (o problema é que também não tem feito de mais uma carrada deles)! No caso dos arquitetos conheço bem, quando em 1988 entrei para a FAUTL só tinham aberto umas vagas para arquitetura na Lusíada no ano anterior, era a única privada com arquitetura! Hoje em dia não faculdade privada que não tenha arquitetura, como é que é possível ninguém ter visto isto?! O Ministério, a Ordem dos Arquitetos, estavam todos a dormir ou cederam a lobbies?!

Eu acabei em 1993 e já nessa altura não havia muito trabalho na área, mas nessa altura a educação ainda foi uma saída aceitável para muitos. Mas com o crescente número de vagas nas privadas dificilmente não chegaríamos a uma situação destas, em que ter um curso de arquitetura pode não servir para nada, para muitos é isso que está ou vai acontecer!

Uma vez li um artigo do Taveira (não me lembro em que revista) a criticar ferozmente a OA quando esta falou em criar provas de acesso à Ordem. A crítica tinha a ver com o facto de a Ordem nunca se ter oposto à abertura do curso em todas as faculdades e mais alguma, e nunca ter feito nada para garantir a qualidade dos cursos nas mesmas. Segundo ele, para mim com razão, a ordem viu nesse número crescente de cursos uma oportunidade de ter mais associados a pagarem quotas mensais. As motivações do Ministério não sei quais foram, mas como já todos vimos a primiscuidade entre as faculdades privadas e os políticos é enorme. O curso de arquitetura sempre foi muito concorrido, era (se calhar ainda é) um negócio fácil e proveitoso!
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Elias Escreveu:Um dos grandes problemas do ser humano é esta eterna mania das comparações. Não interessa se ganha muito ou pouco, interessa é ganhar mais que os outros...
Concordo que sim, mas há aí uma lógica subjacente. Então se a pessoa A tem mais conhecimento e maior responsabilidade que a pessoa B, e se isso se refletir em melhor trabalho, faz todo o sentido que deseje ser melhor remunerado por isso.
Vamos colocar a questão de outra forma. O carissimo é o meu chefe e é responsavel pela obra. Eu sou um simples indiferenciado tal como os outros "chapadores" de massa, mas ganhamos os dois o mesmo.
Quando eu me enganar o carissimo alerta-me e eu corrijo, raspo a parede toda e "chapo" novamente a massa. Mas se o carissimo se enganar, eu e os meus colegas "chapamos" massa um dia inteiro, e no final do dia percebemos que aquela parede era para ficar em tijolo porque irá ser furada para se meterem tubos e fios eletricos.
Qual dos dois erros custa mais à empresa? Qual dos dois erros é preferivel evitar? O meu ou o seu?
Mas nesta brincadeira de "chapar" massa, eu não percebo nada de higiene e segurança no trabalho. Eu até nem gosto de usar capacete, porque ele pesa na cabeça, se não me mandarem usar eu não uso. Mas se vier a fiscalização, quem é que tem de assumir a responsabilidade por eu não ter capacete? É o carissimo Elias, que além de assumir a responsabilidade é a pessoa que conhece as normas básicas de higiene e segurança no trabalho, até porque eu não percebo nada daquelas papeladas todas...
Isto é um bocadinho como pagar o mesmo salário a dois trabalhadores com produtividades muito dispares. Onde é que está a lógica disso? Qual a motivação para o que trabalha mais e melhor manter-se o seu nivel superior de esforço?
Isto é uma questão cultural. A meritocracia e a responsabilidade são factores essenciais na construção de uma sociedade justa e eficiente. Portanto não veja o exemplo que lhe dei anteriormente como uma coisa inutil, veja como uma coisa que deve ser evitada para que tudo funcione melhor.
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Visitante57 Escreveu:Expliquei a questão que o carissimo Elias me colocou, deverá olhar com atenção para o meu escrito das 16 horas e 13 minutos. Está lá tudo, e para que não volte a acusar-me erradamente de fazer considerações sobre si, antecipo-me a explicar que o valor acrescentado mede-se no fim do trabalho, não é na altura da contratação.
Peço desculpa, não tinha visto esse post, que foi colocado depois do anterior.
Mas vou responder agora:
Visitante57 Escreveu:
Posso pagar igual aos dois, e a seguir o engenheiro descobre que o que "chapa" massa ganha tanto como ele e balda-se. O gajo que "chapa" massa não consegue sozinho orientar o serviço. No final voaram os 2000 euros e o trabalho ainda está por acabar.
Em alternativa, posso perceber que 2000 euros não chegam para que o que eu quero fazer possa ser feito em condições.
Pois, o engenheiro balda-se porque 'acha' que devia ganhar mais que o outro. Por 'acha' que devia ganhar mais.
Um dos grandes problemas do ser humano é esta eterna mania das comparações. Não interessa se ganha muito ou pouco, interessa é ganhar mais que os outros...

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elbronzeado Escreveu:Devia-se alargar, mas as "cunhas" sobrepõem-se...
Aliás, qualquer engº (ou outra profissão) com uma boa cunha consegue um trabalho bem remunerado... Por isso os políticos são um caso à parte (por desgraça...

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Elias Escreveu:Visitante57 Escreveu:É um "raio de um exemplo" para demonstrar inequivocamente que numa negociação a lei da oferta e da procura é um dos fatores, não é o unico fator em jogo.
Como o carissimo Elias não conseguiu entender esse ponto nos meus posts anteriores, tive de ir buscar um exemplo onde não existissem duvidas legais, morais e éticas.
Optas por fazer considerações sobre o que eu "não consegui entender" mas continuas a não querer explicar...
Bem, vamos a ver se eu e o carissimo Elias nos entendemos.
Eu não fiz consideração nenhuma, eu constatei que não entendeu o que expliquei, portanto eu fiz referência a um fato. E para provar que não entendeu, fez questão de frisar que estava a ver a coisa na lógica da hierarquia, quando eu na realidade eu estava estava a referir-me à capacidade e responsabilidade.
Expliquei a questão que o carissimo Elias me colocou, deverá olhar com atenção para o meu escrito das 16 horas e 13 minutos. Está lá tudo, e para que não volte a acusar-me erradamente de fazer considerações sobre si, antecipo-me a explicar que o valor acrescentado mede-se no fim do trabalho, não é na altura da contratação.
E agora uma pequenina observação que não é dirigida a si, e como tal espero que não a veja como uma consideração. Somos um país improdutivo e ineficiente, e grande parte do nosso problema começa exactamente numa avaliação errada na contratação.
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alexandre7ias Escreveu:.elbronzeado Escreveu:É a lei da oferta e da procura... Se se paga 485 a um engº civil e alguém aceitar, que tem de mal?
E que tal alargar a lei da oferta e da procura a Ministros, deputados, presidentes de câmara, gestores públicos etc etc.
Não vão faltar candidatos estou certo!
Devia-se alargar, mas as "cunhas" sobrepõem-se...
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Visitante57 Escreveu:É um "raio de um exemplo" para demonstrar inequivocamente que numa negociação a lei da oferta e da procura é um dos fatores, não é o unico fator em jogo.
Como o carissimo Elias não conseguiu entender esse ponto nos meus posts anteriores, tive de ir buscar um exemplo onde não existissem duvidas legais, morais e éticas.
Optas por fazer considerações sobre o que eu "não consegui entender" mas continuas a não querer explicar...
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Elias Escreveu:Que raio de exemplo.
Obviamente que a lei deve prevalecer (eu não sou muito adepto de usar valores éticos e morais, porque cada um tem o seu referencial e isto abre espaço para o livre arbítrio) e se uma actividade é ilegal, logo proibida, a questão não se pode colocar nos mesmos termos - ainda que haja oferta e procura, pois na verdade existe para tudo.
Mas o engenheiro e o homem para chapar massa não desenvolvem actividades ilícitas. Por isso se não te importas responde lá à questão do post anterior.
É um "raio de um exemplo" para demonstrar inequivocamente que numa negociação a lei da oferta e da procura é um dos fatores, não é o unico fator em jogo.
Como o carissimo Elias não conseguiu entender esse ponto nos meus posts anteriores, tive de ir buscar um exemplo onde não existissem duvidas legais, morais e éticas.
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Visitante57 Escreveu:A lei da oferta e da procura diz que há muita gente pronta a pagar muito dinheiro por crianças para actividades de pedofilia.
Qual é que deve prevalecer? A lei da oferta e da procura, ou os valores éticos e morais em conjunto com a lei?
Que raio de exemplo.
Obviamente que a lei deve prevalecer (eu não sou muito adepto de usar valores éticos e morais, porque cada um tem o seu referencial e isto abre espaço para o livre arbítrio) e se uma actividade é ilegal, logo proibida, a questão não se pode colocar nos mesmos termos - ainda que haja oferta e procura, pois na verdade existe para tudo.
Mas o engenheiro e o homem para chapar massa não desenvolvem actividades ilícitas. Por isso se não te importas responde lá à questão do post anterior.
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Elias Escreveu:Visitante57 Escreveu:Ou até, quem é que tem maior responsabilidade? O mestre da obra ou o homem que carrega baldes de massa?
Estás a ver a questão em termos de hierarquia.
Eu estou a ver em termos de valor acrescentado.
Imagina que tens de contratar um engenheiro e um gajo paga "chapar" massa na parede. Tens um orçamento de 2000 euros mensais para pagar a ambos.
O raciocínio 'lógico' (se é que há aqui alguma lógica) seria pagares 1500 ao primeiro e 500 ao segundo (por simplificação estou a ignorar custos de TSU).
Pões o anúncio. Acontece que para o primeiro cargo te aparecem 50 candidatos e para o segundo só te aparece um indivíduo e este não está disposto a trabalhar por menos de 1000 euros.
O que fazes?
Posso pagar igual aos dois, e a seguir o engenheiro descobre que o que "chapa" massa ganha tanto como ele e balda-se. O gajo que "chapa" massa não consegue sozinho orientar o serviço. No final voaram os 2000 euros e o trabalho ainda está por acabar.
Em alternativa, posso perceber que 2000 euros não chegam para que o que eu quero fazer possa ser feito em condições.
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elbronzeado Escreveu:É a lei da oferta e da procura... Se se paga 485 a um engº civil e alguém aceitar, que tem de mal?
A lei da oferta e da procura diz que há muita gente pronta a pagar muito dinheiro por crianças para actividades de pedofilia.
Qual é que deve prevalecer? A lei da oferta e da procura, ou os valores éticos e morais em conjunto com a lei?
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