Angola, novo Eldorado para a saída da crise
EuroVerde Escreveu:PMACS Escreveu:Alguém me sabe dizer qual a taxa a pagar de mais valias bolsistas em Angola e Moçambique?
Obrigado.
Essas bolsas ainda estão por criar, não existem.
Tens Africa do Sul, mais próximo desses países.
Se viveres em Angola ou Moçambique e investires em mercados internacionais quanto se paga de mais valias?
“When it is obvious that the goals cannot be reached, don't adjust the goals, adjust the action steps.”
― Confucius
― Confucius
Obrigado pessoal. Felizmente vivo e trabalho em Talatona, longe da confusão da cidade, por isso em principio aqui por estas zonas não há stress.
O que já é clássico nesta altura, é a falta de informação nos meios de comunicação oficiais! Até mesmo a RTP tendo aqui uma equipa de reportagem destacada para reportagens junto dos emigrantes tugas durante o Euro deve estar fechada no hotel!
Da malta que conheço na cidade, uns não saíram de casa, outros não saíram do escritório, outros passaram pelo meio da "manifestação" e levaram um ou outro murro no carro e umas bocas típicas "vai pra casa óh pula". Nada que me admire.
Ficam umas fotos recebidas por e-mail ... quero ver quando vão aparecer nos meios de comunicação!
PS: Está feito o meu serviço publico de informação
Abraço,
O que já é clássico nesta altura, é a falta de informação nos meios de comunicação oficiais! Até mesmo a RTP tendo aqui uma equipa de reportagem destacada para reportagens junto dos emigrantes tugas durante o Euro deve estar fechada no hotel!

Da malta que conheço na cidade, uns não saíram de casa, outros não saíram do escritório, outros passaram pelo meio da "manifestação" e levaram um ou outro murro no carro e umas bocas típicas "vai pra casa óh pula". Nada que me admire.
Ficam umas fotos recebidas por e-mail ... quero ver quando vão aparecer nos meios de comunicação!
PS: Está feito o meu serviço publico de informação

Abraço,
- Anexos
-
- 1.jpg (146.42 KiB) Visualizado 3543 vezes
-
- 2.jpg (110.76 KiB) Visualizado 3558 vezes
-
- 3.jpg (129.88 KiB) Visualizado 3545 vezes
-
- 4.jpg (109.98 KiB) Visualizado 3544 vezes
Life is short, ride hard!!!
fnabais.ferro Escreveu:http://expresso.sapo.pt/angola-manifestacao-de-ex-militares-em-luanda-policia-efetua-disparos=f734126
Ponho a 1ª noticia, da Lusa, que as outras são basicamente cópias.
Quando os meus colegas começaram a falar nisto hoje de manhã, foi através do Facebook. Pela 1ª vez vi alguma utilidade menos fútil no FB, pois mal começou a confusão, foi o meio mais rápido para difundir as noticias.
A malta daqui não fala de outra coisa. Vamos ver no que vai dar!
Grande abraço,
Vai dando notícias... Abraço
- Mensagens: 1191
- Registado: 20/6/2011 21:48
- Localização: 16
fnabais.ferro Escreveu:A malta daqui não fala de outra coisa. Vamos ver no que vai dar!
Grande abraço,
Vai dando notícias e, mais importante, keep yourself safe...
abraço
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
http://expresso.sapo.pt/angola-manifestacao-de-ex-militares-em-luanda-policia-efetua-disparos=f734126
Ponho a 1ª noticia, da Lusa, que as outras são basicamente cópias.
Quando os meus colegas começaram a falar nisto hoje de manhã, foi através do Facebook. Pela 1ª vez vi alguma utilidade menos fútil no FB, pois mal começou a confusão, foi o meio mais rápido para difundir as noticias.
A malta daqui não fala de outra coisa. Vamos ver no que vai dar!
Grande abraço,
Ponho a 1ª noticia, da Lusa, que as outras são basicamente cópias.
Quando os meus colegas começaram a falar nisto hoje de manhã, foi através do Facebook. Pela 1ª vez vi alguma utilidade menos fútil no FB, pois mal começou a confusão, foi o meio mais rápido para difundir as noticias.
A malta daqui não fala de outra coisa. Vamos ver no que vai dar!
Grande abraço,
Life is short, ride hard!!!
Hoje é Dia de África
A Organização da Unidade Africana escolheu o dia da sua constituição, 25 de Maio de 1963 como o Dia da África, para o mundo celebrar e lembrar os africanos, medindo o progresso que este continente fazia e faz na comunidade internacional.
África! 47 Anos desde a criação, em Addis Abeba (Etiópia), da Organização de Unidade Africana (OUA), em carta assinada por 32 estados africanos já independentes na altura.
O acto constituiu-se no maior compromisso político dos líderes africanos, que visou a aceleração do fim da colonização do continente.
No dia 25 de Maio de 1963 reuniram-se 32 Chefes de Estado africanos com ideias contrárias à subordinação a que o continente estava submetido durante séculos (colonialismo, neocolonialismo e "partilha da África").
Dessa reunião, nasceu a OUA (Organização de Unidade Africana). Pela importância daquele momento, o 25 de Maio foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1972, Dia da Libertação de África.
A criação da OUA traduziu a vontade dos africanos de converterem-se num corpo único, capaz de responder, de forma organizada e solidária, aos múltiplos desafios com que se defrontam para reunir as condições necessárias à construção do futuro dos filhos de África.
Como a OUA mostrou-se incapaz de resolver os conflitos surgidos continuamente em toda a parte do continente, os golpes de estado tornaram-se uma prática. Economicamente, os indicadores também estavam longe de serem animadores, concorrendo para isso a própria instabilidade militar e as múltiplas epidemias.
Assim, a 12 Julho de 2002, em Durban, o último presidente da OUA, o sul-africano Thabo Mbeki, proclamou solenemente a dissolução da organização e o nascimento da União Africana, como necessidade de se fazer face aos desafios com que o continente se defronta, perante as mudanças sociais, económicas e políticas que se operam no mundo.
Contudo, resolveu manter a comemoração do Dia de Africa a 25 de Maio, para lembrar o ponto de partida, a trajectória e o que resta para se chegar à meta de "uma África unida e forte", capaz de concretizar os sonhos de "liberdade, igualdade, justiça e dignidade" dos fundadores.
Dos 54 estados africanos, 53 são membros da nova organização: Marrocos se afastou voluntariamente em 1985, em sinal de protesto pela admissão da auto-proclamada República Árabe Saharaui, reconhecida pela OUA em 1982.
África! 47 Anos desde a criação, em Addis Abeba (Etiópia), da Organização de Unidade Africana (OUA), em carta assinada por 32 estados africanos já independentes na altura.
O acto constituiu-se no maior compromisso político dos líderes africanos, que visou a aceleração do fim da colonização do continente.
No dia 25 de Maio de 1963 reuniram-se 32 Chefes de Estado africanos com ideias contrárias à subordinação a que o continente estava submetido durante séculos (colonialismo, neocolonialismo e "partilha da África").
Dessa reunião, nasceu a OUA (Organização de Unidade Africana). Pela importância daquele momento, o 25 de Maio foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1972, Dia da Libertação de África.
A criação da OUA traduziu a vontade dos africanos de converterem-se num corpo único, capaz de responder, de forma organizada e solidária, aos múltiplos desafios com que se defrontam para reunir as condições necessárias à construção do futuro dos filhos de África.
Como a OUA mostrou-se incapaz de resolver os conflitos surgidos continuamente em toda a parte do continente, os golpes de estado tornaram-se uma prática. Economicamente, os indicadores também estavam longe de serem animadores, concorrendo para isso a própria instabilidade militar e as múltiplas epidemias.
Assim, a 12 Julho de 2002, em Durban, o último presidente da OUA, o sul-africano Thabo Mbeki, proclamou solenemente a dissolução da organização e o nascimento da União Africana, como necessidade de se fazer face aos desafios com que o continente se defronta, perante as mudanças sociais, económicas e políticas que se operam no mundo.
Contudo, resolveu manter a comemoração do Dia de Africa a 25 de Maio, para lembrar o ponto de partida, a trajectória e o que resta para se chegar à meta de "uma África unida e forte", capaz de concretizar os sonhos de "liberdade, igualdade, justiça e dignidade" dos fundadores.
Dos 54 estados africanos, 53 são membros da nova organização: Marrocos se afastou voluntariamente em 1985, em sinal de protesto pela admissão da auto-proclamada República Árabe Saharaui, reconhecida pela OUA em 1982.
- Anexos
-
- 551850_413956811978637_100000929651462_1199789_2000490200_n.jpg (9.09 KiB) Visualizado 3788 vezes
A Woman is the most valuable asset a man will ever own, it's only a shame that some of us only realise that when she is gone..
Sim, o Almirante Rosa Coutinho estava ao serviço do PCP, que por sua vez servia os interesses da URSS.
Tens razão, o MPLA tinha muitos brancos.
Aproveito para acrescentar que duarante a ponte áera, que foi a mior da história da aviação civil, o PCP colocava nos aviões da TAP elementos ligados a sí, que "obrigavam" a tripulação a retirar de Nova Lisboa (hoje Huambo) para Luanda os militares do MPLA que estavam em fuga das forças da UNITA.
No entanto, houve algumas tripulações que se recusaram evacuar militares do MPLA em vez dos colonos.
Penso que seria interessante um dia se saber a verdade sobre a morte do Agostinho Neto.
Pedro
Tens razão, o MPLA tinha muitos brancos.
Aproveito para acrescentar que duarante a ponte áera, que foi a mior da história da aviação civil, o PCP colocava nos aviões da TAP elementos ligados a sí, que "obrigavam" a tripulação a retirar de Nova Lisboa (hoje Huambo) para Luanda os militares do MPLA que estavam em fuga das forças da UNITA.
No entanto, houve algumas tripulações que se recusaram evacuar militares do MPLA em vez dos colonos.
Penso que seria interessante um dia se saber a verdade sobre a morte do Agostinho Neto.
Pedro
Pedro
Totalmente de acordo contigo.
Acrescento o Almirante Rosa Coutinho "recebeu" essa ordem da URSS.
O MPLA era composto também por brancos que pretendiam a independência de Portugal.
Totalmente de acordo contigo.
Acrescento o Almirante Rosa Coutinho "recebeu" essa ordem da URSS.
O MPLA era composto também por brancos que pretendiam a independência de Portugal.
A Woman is the most valuable asset a man will ever own, it's only a shame that some of us only realise that when she is gone..
Falta acrescentar que o grande obreiro do sucesso do MPLA foi o Almirante Rosa Coutinho, pois foi ele que "forneceu" homens ao MPLA, sem a sua ajuda nunca o MPLA tinha ficado com o poder. Foi ele que consegui para MPLA o número de homens estipulados nos acordos de Alvor.
Para se ter uma ideia o MPLA era composto pela elite intelectual negra e mestiça e tinha pouca expressão, especialmente fora dos centros urbanos.
A FNLA estava praticamente inativa, concentrado-se apenas ao norte.
A UNITA tinha grande expressão no leste de Angola, principalmente graça ao acordo com o exército português, que lhe permitiu não ser incomodado em troca do combate aos restantes movimentos e a SWAPO da Namibia.
O PCP era a única organização preparada para o pós 25 de abril e conseguiu em Angola entregar o poder a quem queria.
Para quem gosta do assunto, deixo aqui dois livros sobre este assunto:
Purga em Angola de Dalila Mateus e Álvaro Mateus;
Jonas Savimbi - no lado errado da história de Emídio Fernando.
Pedro
Para se ter uma ideia o MPLA era composto pela elite intelectual negra e mestiça e tinha pouca expressão, especialmente fora dos centros urbanos.
A FNLA estava praticamente inativa, concentrado-se apenas ao norte.
A UNITA tinha grande expressão no leste de Angola, principalmente graça ao acordo com o exército português, que lhe permitiu não ser incomodado em troca do combate aos restantes movimentos e a SWAPO da Namibia.
O PCP era a única organização preparada para o pós 25 de abril e conseguiu em Angola entregar o poder a quem queria.
Para quem gosta do assunto, deixo aqui dois livros sobre este assunto:
Purga em Angola de Dalila Mateus e Álvaro Mateus;
Jonas Savimbi - no lado errado da história de Emídio Fernando.
Pedro
História
Independência e Guerra Civil
Na sequência do derrube da ditadura em Portugal (25 de abril de 1974), abriram-se perspectivas imediatas para a independência de Angola. O novo governo revolucionário português abriu negociações com os três principais movimentos de libertação (MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola e UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola), o período de transição e o processo de implantação de um regime democrático em Angola (Acordos de Alvor, Janeiro de 1975).
A independência de Angola não foi o início da paz, mas o início de uma nova guerra aberta. Muito antes do Dia da Independência, a 11 de Novembro de 1975, já os três três grupos nacionalistas que tinham combatido o colonialismo português lutavam entre si pelo controlo do país, e em particular da capital, Luanda. Cada um deles era na altura apoiado por potências estrangeiras, dando ao conflito uma dimensão internacional.
A União Soviética e principalmente Cuba apoiavam o MPLA, que controlava a cidade de Luanda e algumas outras regiões da costa, nomeadamente o Lobito e Benguela. Os cubanos não tardaram a desembarcar em Angola (5 de outubro de 1975). A África do Sul apoiava a UNITA e invadiu Angola (9 de Agosto de 1975). O Zaire, que apoiava a FNLA, invadiu também este país, em Julho de 1975. A FNLA contava também com o apoio da China, mercenários portugueses e ingleses mas também com o apoio da África do Sul.
Os EUA, que apoiaram inicialmente apenas a FNLA, não tardaram a ajudar também a UNITA. Neste caso, o apoio manteve-se até 1993. A sua estratégia foi durante muito tempo dividir Angola.
Em Outubro de 1975, o transporte aéreo de quantidades enormes de armas e soldados cubanos, organizado pelos soviéticos, mudou a situação, favorecendo o MPLA. As tropas sul-africanas e zairenses retiraram-se e o MPLA conseguiu formar um governo socialista unipartidário.
O Brasil rapidamente estabeleceu relações diplomáticas com a nova República que se instalara. Fez isso antes mesmo de qualquer país do bloco comunista. Nenhum país ocidental ou mesmo africano seguiu o seu exemplo. A decisão de reconhecer como legítimo o governo de Agostinho Neto foi tomada pelo então presidente Ernesto Geisel ainda em 6 de novembro, antes da data oficial de Independência de Angola.
Já em 1976, as Nações Unidas reconheciam o governo do MPLA como o legítimo representante de Angola, o que não foi seguido nem pelos EUA, nem pela África do Sul.
No meio do caos que Angola se havia tornado, cerca de 300 mil portugueses abandonaram este país entre 1974 e 1976, o que agravou de forma dramática a situação económica.
Em Maio de 1977, um grupo do MPLA encabeçado por Nito Alves, desencadeou um golpe de Estado, que foi afogado num banho de sangue. No final deste ano, o MPLA realizou o seu 1º Congresso, onde se proclamou como sendo um partido marxista-leninista, adoptando o nome de MPLA-Partido do Trabalho.
A guerra continuava a alastrar por todo o território. A UNITA e a FNLA juntaram-se então contra o MPLA. A UNITA começou por ser expulsa do seu quartel-general no Huambo, sendo as suas forças dispersas e impelidas para o mato. Mais tarde, porém, o partido reagrupou-se, iniciando uma guerra longa e devastadora contra o governo do MPLA. A UNITA apresentava-se como sendo anti-marxista e pró-ocidental, mas tinha também raízes regionais, principalmente na população Ovimbundu do sul e centro de Angola.
Agostinho Neto morreu em Moscovo a 10 de setembro de 1979, sucedendo-lhe no cargo o ministro da Planificação, o engenheiro José Eduardo dos Santos.
No início da década de 1980, o número de mortos e refugiados não parou de aumentar. As infra-estruturas do país eram consecutivamente destruídas. Os ataques da África do Sul não páravam. Em agosto de 1981, lançaram a operação "Smokeshell" utilizando 15.000 soldados, blindados e aviões, avançando mais de 200 km na província do Cunene (sul de Angola). O governo da África do Sul justificou a sua acção afirmando que na região estavam instaladas bases dos guerrilheiros da SWAPO, o movimento de libertação da Namíbia. Na realidade tratava-se de uma acção de apoio à UNITA, tendo em vista a criação de uma "zona libertada" sob a sua administração. Estes conflitos só terminaram em Dezembro de 1988, quando em Nova Iorque foi assinado um acordo tripartido (Angola, África do Sul e Cuba) que estabelecia a Independência da Namíbia e a retirada dos cubanos de Angola.
A partir de 1989, com a queda do bloco da ex-União Soviética, sucederam-se em Angola os acordos de paz entre a Unita e o MPLA, seguidos do recomeço das hostilidades. Em Junho de 1989, em Gbadolite (Zaire), a UNITA e o MPLA estabeleceram uma nova trégua. A paz apenas durou dois meses.
Em fins de abril de 1990, o governo de Angola anunciou o reinício das conversações directas com a UNITA, com vista ao estabelecimento do cessar-fogo. No mês seguinte, a UNITA reconhecia oficialmente José Eduardo dos Santos como o Chefe de Estado angolano. O desmoronar da União Soviética acelerou o processo de democratização. No final do ano, o MPLA anunciava a introdução de reformas democráticas no país. A 11 de Maio de 1991, o governo publicou uma lei que autorizava a criação de novos partidos, pondo fim ao monopartidarismo. A 22 de Maio os últimos cubanos sairam de Angola.
Em 31 de maio de 1991, com a mediação de Portugal, EUA, União Soviética e da ONU, celebraram-se os acordos de Bicesse (Estoril), terminando com a guerra civil desde 1975, e marcando as eleições para o ano seguinte.
As eleições de setembro de 1992, deram a vitória ao MPLA (cerca de 50% dos votos). A UNITA (cerca de 40% dos votos) não reconheceu os resultados eleitorais. Quase de imediato sucedeu-se um banho de sangue, reiniciando-se o conflito armado, primeiro em Luanda, maas alastrando-se rapidamente ao restante território.
A UNITA restabeleceu primeiramente a sua capital no Planalto Central com sede no Huambo (antiga Nova Lisboa), no leste e norte diamantífero.
Em 1993, o Conselho de Segurança das Nações Unidas embargou as transferências de armas e petróleo para a UNITA. Tanto o governo como a UNITA acordaram em parar as novas aquisições de armas, mas tudo não passou de palavras.
Em novembro de 1994, celebrou-se o Protocolo de Lusaka, na Zâmbia entre a UNITA e o Governo de Angola (MPLA). A paz parecia mais do que nunca estar perto de ser alcançada. A UNITA usou o acordo de paz de Lusaka para impedir mais perdas territoriais e para fortalecer as suas forças militares. Em 1996 e 1997 adquiriu grandes quantidades de armamentos e combustível, enquanto ia cumprindo, sem pressa, vários dos compromissos que assumira através do Protocolo de Lusaka.
Entretanto o Ocidente passara a apoiar o governo do MPLA, o que marcou o declínio militar e político da UNITA, com este movimento a ter cada vez mais dificuldades em financiar as suas compras militares, perante o avanço no terreno das FAA, e dado o embargo internacional e diplomático a que se viu votada.
Em dezembro de 1998, Angola retornou ao estado de guerra aberta, que só parou em 2002, com a morte de Jonas Savimbi (líder da Unita).
Na sequência do derrube da ditadura em Portugal (25 de abril de 1974), abriram-se perspectivas imediatas para a independência de Angola. O novo governo revolucionário português abriu negociações com os três principais movimentos de libertação (MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola e UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola), o período de transição e o processo de implantação de um regime democrático em Angola (Acordos de Alvor, Janeiro de 1975).
A independência de Angola não foi o início da paz, mas o início de uma nova guerra aberta. Muito antes do Dia da Independência, a 11 de Novembro de 1975, já os três três grupos nacionalistas que tinham combatido o colonialismo português lutavam entre si pelo controlo do país, e em particular da capital, Luanda. Cada um deles era na altura apoiado por potências estrangeiras, dando ao conflito uma dimensão internacional.
A União Soviética e principalmente Cuba apoiavam o MPLA, que controlava a cidade de Luanda e algumas outras regiões da costa, nomeadamente o Lobito e Benguela. Os cubanos não tardaram a desembarcar em Angola (5 de outubro de 1975). A África do Sul apoiava a UNITA e invadiu Angola (9 de Agosto de 1975). O Zaire, que apoiava a FNLA, invadiu também este país, em Julho de 1975. A FNLA contava também com o apoio da China, mercenários portugueses e ingleses mas também com o apoio da África do Sul.
Os EUA, que apoiaram inicialmente apenas a FNLA, não tardaram a ajudar também a UNITA. Neste caso, o apoio manteve-se até 1993. A sua estratégia foi durante muito tempo dividir Angola.
Em Outubro de 1975, o transporte aéreo de quantidades enormes de armas e soldados cubanos, organizado pelos soviéticos, mudou a situação, favorecendo o MPLA. As tropas sul-africanas e zairenses retiraram-se e o MPLA conseguiu formar um governo socialista unipartidário.
O Brasil rapidamente estabeleceu relações diplomáticas com a nova República que se instalara. Fez isso antes mesmo de qualquer país do bloco comunista. Nenhum país ocidental ou mesmo africano seguiu o seu exemplo. A decisão de reconhecer como legítimo o governo de Agostinho Neto foi tomada pelo então presidente Ernesto Geisel ainda em 6 de novembro, antes da data oficial de Independência de Angola.
Já em 1976, as Nações Unidas reconheciam o governo do MPLA como o legítimo representante de Angola, o que não foi seguido nem pelos EUA, nem pela África do Sul.
No meio do caos que Angola se havia tornado, cerca de 300 mil portugueses abandonaram este país entre 1974 e 1976, o que agravou de forma dramática a situação económica.
Em Maio de 1977, um grupo do MPLA encabeçado por Nito Alves, desencadeou um golpe de Estado, que foi afogado num banho de sangue. No final deste ano, o MPLA realizou o seu 1º Congresso, onde se proclamou como sendo um partido marxista-leninista, adoptando o nome de MPLA-Partido do Trabalho.
A guerra continuava a alastrar por todo o território. A UNITA e a FNLA juntaram-se então contra o MPLA. A UNITA começou por ser expulsa do seu quartel-general no Huambo, sendo as suas forças dispersas e impelidas para o mato. Mais tarde, porém, o partido reagrupou-se, iniciando uma guerra longa e devastadora contra o governo do MPLA. A UNITA apresentava-se como sendo anti-marxista e pró-ocidental, mas tinha também raízes regionais, principalmente na população Ovimbundu do sul e centro de Angola.
Agostinho Neto morreu em Moscovo a 10 de setembro de 1979, sucedendo-lhe no cargo o ministro da Planificação, o engenheiro José Eduardo dos Santos.
No início da década de 1980, o número de mortos e refugiados não parou de aumentar. As infra-estruturas do país eram consecutivamente destruídas. Os ataques da África do Sul não páravam. Em agosto de 1981, lançaram a operação "Smokeshell" utilizando 15.000 soldados, blindados e aviões, avançando mais de 200 km na província do Cunene (sul de Angola). O governo da África do Sul justificou a sua acção afirmando que na região estavam instaladas bases dos guerrilheiros da SWAPO, o movimento de libertação da Namíbia. Na realidade tratava-se de uma acção de apoio à UNITA, tendo em vista a criação de uma "zona libertada" sob a sua administração. Estes conflitos só terminaram em Dezembro de 1988, quando em Nova Iorque foi assinado um acordo tripartido (Angola, África do Sul e Cuba) que estabelecia a Independência da Namíbia e a retirada dos cubanos de Angola.
A partir de 1989, com a queda do bloco da ex-União Soviética, sucederam-se em Angola os acordos de paz entre a Unita e o MPLA, seguidos do recomeço das hostilidades. Em Junho de 1989, em Gbadolite (Zaire), a UNITA e o MPLA estabeleceram uma nova trégua. A paz apenas durou dois meses.
Em fins de abril de 1990, o governo de Angola anunciou o reinício das conversações directas com a UNITA, com vista ao estabelecimento do cessar-fogo. No mês seguinte, a UNITA reconhecia oficialmente José Eduardo dos Santos como o Chefe de Estado angolano. O desmoronar da União Soviética acelerou o processo de democratização. No final do ano, o MPLA anunciava a introdução de reformas democráticas no país. A 11 de Maio de 1991, o governo publicou uma lei que autorizava a criação de novos partidos, pondo fim ao monopartidarismo. A 22 de Maio os últimos cubanos sairam de Angola.
Em 31 de maio de 1991, com a mediação de Portugal, EUA, União Soviética e da ONU, celebraram-se os acordos de Bicesse (Estoril), terminando com a guerra civil desde 1975, e marcando as eleições para o ano seguinte.
As eleições de setembro de 1992, deram a vitória ao MPLA (cerca de 50% dos votos). A UNITA (cerca de 40% dos votos) não reconheceu os resultados eleitorais. Quase de imediato sucedeu-se um banho de sangue, reiniciando-se o conflito armado, primeiro em Luanda, maas alastrando-se rapidamente ao restante território.
A UNITA restabeleceu primeiramente a sua capital no Planalto Central com sede no Huambo (antiga Nova Lisboa), no leste e norte diamantífero.
Em 1993, o Conselho de Segurança das Nações Unidas embargou as transferências de armas e petróleo para a UNITA. Tanto o governo como a UNITA acordaram em parar as novas aquisições de armas, mas tudo não passou de palavras.
Em novembro de 1994, celebrou-se o Protocolo de Lusaka, na Zâmbia entre a UNITA e o Governo de Angola (MPLA). A paz parecia mais do que nunca estar perto de ser alcançada. A UNITA usou o acordo de paz de Lusaka para impedir mais perdas territoriais e para fortalecer as suas forças militares. Em 1996 e 1997 adquiriu grandes quantidades de armamentos e combustível, enquanto ia cumprindo, sem pressa, vários dos compromissos que assumira através do Protocolo de Lusaka.
Entretanto o Ocidente passara a apoiar o governo do MPLA, o que marcou o declínio militar e político da UNITA, com este movimento a ter cada vez mais dificuldades em financiar as suas compras militares, perante o avanço no terreno das FAA, e dado o embargo internacional e diplomático a que se viu votada.
Em dezembro de 1998, Angola retornou ao estado de guerra aberta, que só parou em 2002, com a morte de Jonas Savimbi (líder da Unita).
A Woman is the most valuable asset a man will ever own, it's only a shame that some of us only realise that when she is gone..
Esquece, é uma Ditadura.
Um País onde a maioria esmagadora dos cidadaos vive no limiar da pobreza e os "donos" do País vivem como os mais ricos do Mundo sem distribuirem essa riqueza pela população são ditadores.
Um País onde a maioria esmagadora dos cidadaos vive no limiar da pobreza e os "donos" do País vivem como os mais ricos do Mundo sem distribuirem essa riqueza pela população são ditadores.
" Richard's prowess and courage in battle earned him the nickname Coeur De Lion ("heart of the lion")"
Lion_Heart
Lion_Heart
Antigo mas ainda actual
Kuito, agosto de 1993. O dia insiste em nascer na cidade que agoniza ferida pelas bombas e a fuzilaria. Mas ainda é noite no buraco cavado embaixo da casa, no fundo do qual 16 pessoas _ a maioria mulheres e crianças _ se espremem tentando sobreviver aos obuses que há cinco meses cruzam 30 km de céu num assovio de morte antes de desabar sobre telhados e gente com um estrondo de fim de mundo. Exausto e faminto, o homem que passou o dia, a noite e a madrugada na superfície, disparando tiros com o fuzil soviético AK-47, desce de volta para o buraco. O homem não diz uma palavra à mulher: apenas tira do colo dela o filho pequeno, morde e espreme o peito inchado de leite e dali arranca a primeira refeição em muitos dias de guerra.
A poucos metros de distância, na quase escuridão do improvisado abrigo subterrâneo, Maria Manuela da Costa Marinho, 31 anos, abre os olhos e vê o homem que mata a fome no peito da mulher que lhe pariu os filhos. Manuela não se espanta com a cena. Manuela não se espanta com coisa alguma _ desde aquela manhã, não faz muito tempo, em que viu desaparecer em um segundo a família que passou quase duas décadas a construir.
Eram 7h30 do dia 17 de abril de 1993. Três meses antes, numa madrugada chuvosa de janeiro, a cidade acordou mais cedo com os obuses disparados pela Unita. Foram 12 dias de luta, até que o pequeno destacamento do MPLA, ajudado pela população civil, rechaçasse o inimigo. Na madrugada de 16 de março, a Unita voltou mais forte. Os primeiros obuses caíram na periferia de Kuito, na direção do aeroporto. Com o passar dos dias e semanas, as bombas foram apertando o cerco, mas Manuela, funcionária do MPLA, e o marido, o caminhoneiro Francisco, continuavam a acreditar que não era hora ainda de se mudar com a família para um abrigo debaixo da terra.
E é assim que na manhã de 17 de abril de 1993, Manuela, o marido e os sete filhos estão sentados à mesa do mata-bicho (o desjejum angolano). Manuela, que é viciada em café, levanta-se e vai até a cozinha apanhar mais um bule. No meio do caminho de volta, ouve o estrondo, vê o fogo, sente as telhas e os tijolos desabando. O obus já lhe matou o marido e os sete filhos, mas ela só vai saber daqui a três meses, no dia em que sair do hospital onde lhe abrirão a barriga para arrancar os estilhaços da bomba e lhe arrancarão também o útero (Manuela, que perdeu sete filhos, não poderá fazer mais nenhum).
Manuela deixa o hospital e volta para casa. Mas já não há casa. Alguém lhe diz que os que moravam por ali estão escondidos no subsolo de um hotel. Lá, ela encontra uma amiga, Enda, que pega sua mão e a guia em silêncio até o quintal do hotel, onde há uma cruz de madeira com oito nomes escritos.
Manuela lê, um por um, os oito nomes, do marido e dos sete filhos. Lê e relê até ter certeza que está sozinha num mundo à beira do fim do mundo. Refugia-se, então, no buraco sob a casa de uma família conhecida, no fundo do qual, numa manhã escura, acordará sem se espantar com mais nada. Nem com o homem que suga do peito da mulher a força necessária para viver e seguir matando.
-----------------------------
Kuito, outubro de 1999. Os nove meses de cerco de 1993 foram-se há muito. Mas o som e a fúria da guerra ainda hoje ecoam nas fachadas varadas de tiros dos prédios, nas paredes e telhados arrancados das casas, nas cruzes espetadas nos amontoados de terra arrasada que um dia foram jardins floridos.
Na praça central cujo nome homenageia a Independência, o prédio outrora cor-de-rosa da Assembléia tenta se manter de pé, as ruínas protegidas por um portão de ferro enferrujado onde se vê a caveira de ossos cruzados e o aviso: "Perigo, minas". À esquerda, o que sobrou do majestoso edifício-sede do Banco Nacional do Kuito, com restos de azulejos portugueses azuis na fachada em pedaços, abriga quatro ou cinco famílias famintas de deslocados de guerra. Na Escola Técnica Provincial de Saúde, futuros enfermeiros estudam sentados em tijolos e blocos de cimento num sobrado verde desbotado que é quase um buraco só de tanto obus e ninguém entende como não caiu até hoje.
Deslocados de guerra _desta atual fase da guerra, que começou em dezembro do ano passado_ arrastam-se pelas ruas imundas. Não há luz, nem água. Um engraxate sem perna lustra o sapato encaixado na extremidade da perna postiça de um freguês que, com certeza, também pisou numa mina.
Na Avenida Principal, o edifício Gabiconta, o mais alto da cidade, com seis andares, mantém-se de pé como símbolo-vivo de resistência. É o avesso do cartão-postal: eterniza o horror em vez do belo. Não fossem as roupas pobres penduradas nos varais e um ou outro morador que lá do alto lança o olhar perdido para a rua, ninguém imaginaria que há vida entre os escombros desse prédio que seis anos atrás foi o alvo preferencial dos obuses da Unita.
Acima de tudo, os nove meses do cerco de 1993 estão preservados nas imagens impressas para sempre na retina dos sobreviventes. "Aqui, ficávamos nós, a atirar. Do lado de lá da rua, ficava a Unita, a atirar", conta o professor Angélico Kamonakongo, debruçado no que um dia foi a varanda do apartamento onde ainda mora, no terceiro andar do edifício Gabiconta.
Na época da guerra, a Avenida Principal dividia a cidade em duas. Do lado esquerdo, a Unita. Do lado direito, o MPLA e a população civil, que defendia Kuito com os fuzis distribuídos pelo governo. Os obuses, disparados a 30 km de distância, desequilibravam a guerra a favor da Unita. "Teve um que caiu no segundo andar e matou 32 pessoas de uma vez", lembra Angélico.
Mas a fome e a sede flagelavam tanto quanto as bombas. As estradas estavam interditadas, os aeroportos fechados. De vez em quando, um avião decolava de Luanda, fugia da artilharia antiaérea da Unita e lançava mantimentos de pára-quedas _ que muitas vezes caíam na metade da cidade controlada pelo inimigo. Era preciso percorrer uma distância mortal no meio da rua, equilibrando um balde na cabeça, fugindo dos franco-atiradores, para chegar até a água. Um dia, Ester, irmã do professor Angélico, conseguiu furar o cerco na ida. Ela chegou a encher o balde, mas a água derramou até a última gota no instante em que a bala de fuzil atravessou sua cabeça.
A família organizou um grupo para sair à rua atirando e resgatar o corpo. Ester foi enterrada no quintal de casa, num caixão feito com a madeira da mesa na qual durante os tempos da provisória paz angolana fazia as refeições com os cinco filhos. Não houve tempo para velório. "Não havia tempo para chorar", lembra o irmão.
Ester foi uma honrosa exceção. Muitos corpos passaram os meses estendidos nas ruas, até que deles nenhuma carne mais restasse. "Ficavam lá, a apodrecer. De vez em quando, passava um cachorro magro com uma mão, um crânio, uma costela de gente na boca. É que eles, os animais, também sentem fome", absolve o funcionário público Antonio Balbino.
Manuela, que hoje trabalha como copeira da construtora brasileira Odebrecht, em Luanda, chegou a passar 12 dias sem comer, alimentando-se apenas de água e sal. Quando a fome tornava-se insuportável, era hora de organizar grupos de 80 homens e mulheres, os mais corajosos, que caminhavam sempre à noite em busca de lavouras abandonadas, muitas vezes a 100 km de distância.
"A gente ia sem saber se voltava. Muitos morriam de fome no caminho, outros pisavam em minas e ficavam lá, com as pernas arrebentadas, a sangrar até morrer. E havia sempre os ataques da Unita", lembra Manuela, que sobreviveu à fome, à guerra, à dor e hoje tenta reconstruir a vida. "Já tenho um colchão, uma mesa e um fogão", contabiliza a mulher que um dia teve marido e sete filhos _ que a guerra converteu em oito tragédias.
A poucos metros de distância, na quase escuridão do improvisado abrigo subterrâneo, Maria Manuela da Costa Marinho, 31 anos, abre os olhos e vê o homem que mata a fome no peito da mulher que lhe pariu os filhos. Manuela não se espanta com a cena. Manuela não se espanta com coisa alguma _ desde aquela manhã, não faz muito tempo, em que viu desaparecer em um segundo a família que passou quase duas décadas a construir.
Eram 7h30 do dia 17 de abril de 1993. Três meses antes, numa madrugada chuvosa de janeiro, a cidade acordou mais cedo com os obuses disparados pela Unita. Foram 12 dias de luta, até que o pequeno destacamento do MPLA, ajudado pela população civil, rechaçasse o inimigo. Na madrugada de 16 de março, a Unita voltou mais forte. Os primeiros obuses caíram na periferia de Kuito, na direção do aeroporto. Com o passar dos dias e semanas, as bombas foram apertando o cerco, mas Manuela, funcionária do MPLA, e o marido, o caminhoneiro Francisco, continuavam a acreditar que não era hora ainda de se mudar com a família para um abrigo debaixo da terra.
E é assim que na manhã de 17 de abril de 1993, Manuela, o marido e os sete filhos estão sentados à mesa do mata-bicho (o desjejum angolano). Manuela, que é viciada em café, levanta-se e vai até a cozinha apanhar mais um bule. No meio do caminho de volta, ouve o estrondo, vê o fogo, sente as telhas e os tijolos desabando. O obus já lhe matou o marido e os sete filhos, mas ela só vai saber daqui a três meses, no dia em que sair do hospital onde lhe abrirão a barriga para arrancar os estilhaços da bomba e lhe arrancarão também o útero (Manuela, que perdeu sete filhos, não poderá fazer mais nenhum).
Manuela deixa o hospital e volta para casa. Mas já não há casa. Alguém lhe diz que os que moravam por ali estão escondidos no subsolo de um hotel. Lá, ela encontra uma amiga, Enda, que pega sua mão e a guia em silêncio até o quintal do hotel, onde há uma cruz de madeira com oito nomes escritos.
Manuela lê, um por um, os oito nomes, do marido e dos sete filhos. Lê e relê até ter certeza que está sozinha num mundo à beira do fim do mundo. Refugia-se, então, no buraco sob a casa de uma família conhecida, no fundo do qual, numa manhã escura, acordará sem se espantar com mais nada. Nem com o homem que suga do peito da mulher a força necessária para viver e seguir matando.
-----------------------------
Kuito, outubro de 1999. Os nove meses de cerco de 1993 foram-se há muito. Mas o som e a fúria da guerra ainda hoje ecoam nas fachadas varadas de tiros dos prédios, nas paredes e telhados arrancados das casas, nas cruzes espetadas nos amontoados de terra arrasada que um dia foram jardins floridos.
Na praça central cujo nome homenageia a Independência, o prédio outrora cor-de-rosa da Assembléia tenta se manter de pé, as ruínas protegidas por um portão de ferro enferrujado onde se vê a caveira de ossos cruzados e o aviso: "Perigo, minas". À esquerda, o que sobrou do majestoso edifício-sede do Banco Nacional do Kuito, com restos de azulejos portugueses azuis na fachada em pedaços, abriga quatro ou cinco famílias famintas de deslocados de guerra. Na Escola Técnica Provincial de Saúde, futuros enfermeiros estudam sentados em tijolos e blocos de cimento num sobrado verde desbotado que é quase um buraco só de tanto obus e ninguém entende como não caiu até hoje.
Deslocados de guerra _desta atual fase da guerra, que começou em dezembro do ano passado_ arrastam-se pelas ruas imundas. Não há luz, nem água. Um engraxate sem perna lustra o sapato encaixado na extremidade da perna postiça de um freguês que, com certeza, também pisou numa mina.
Na Avenida Principal, o edifício Gabiconta, o mais alto da cidade, com seis andares, mantém-se de pé como símbolo-vivo de resistência. É o avesso do cartão-postal: eterniza o horror em vez do belo. Não fossem as roupas pobres penduradas nos varais e um ou outro morador que lá do alto lança o olhar perdido para a rua, ninguém imaginaria que há vida entre os escombros desse prédio que seis anos atrás foi o alvo preferencial dos obuses da Unita.
Acima de tudo, os nove meses do cerco de 1993 estão preservados nas imagens impressas para sempre na retina dos sobreviventes. "Aqui, ficávamos nós, a atirar. Do lado de lá da rua, ficava a Unita, a atirar", conta o professor Angélico Kamonakongo, debruçado no que um dia foi a varanda do apartamento onde ainda mora, no terceiro andar do edifício Gabiconta.
Na época da guerra, a Avenida Principal dividia a cidade em duas. Do lado esquerdo, a Unita. Do lado direito, o MPLA e a população civil, que defendia Kuito com os fuzis distribuídos pelo governo. Os obuses, disparados a 30 km de distância, desequilibravam a guerra a favor da Unita. "Teve um que caiu no segundo andar e matou 32 pessoas de uma vez", lembra Angélico.
Mas a fome e a sede flagelavam tanto quanto as bombas. As estradas estavam interditadas, os aeroportos fechados. De vez em quando, um avião decolava de Luanda, fugia da artilharia antiaérea da Unita e lançava mantimentos de pára-quedas _ que muitas vezes caíam na metade da cidade controlada pelo inimigo. Era preciso percorrer uma distância mortal no meio da rua, equilibrando um balde na cabeça, fugindo dos franco-atiradores, para chegar até a água. Um dia, Ester, irmã do professor Angélico, conseguiu furar o cerco na ida. Ela chegou a encher o balde, mas a água derramou até a última gota no instante em que a bala de fuzil atravessou sua cabeça.
A família organizou um grupo para sair à rua atirando e resgatar o corpo. Ester foi enterrada no quintal de casa, num caixão feito com a madeira da mesa na qual durante os tempos da provisória paz angolana fazia as refeições com os cinco filhos. Não houve tempo para velório. "Não havia tempo para chorar", lembra o irmão.
Ester foi uma honrosa exceção. Muitos corpos passaram os meses estendidos nas ruas, até que deles nenhuma carne mais restasse. "Ficavam lá, a apodrecer. De vez em quando, passava um cachorro magro com uma mão, um crânio, uma costela de gente na boca. É que eles, os animais, também sentem fome", absolve o funcionário público Antonio Balbino.
Manuela, que hoje trabalha como copeira da construtora brasileira Odebrecht, em Luanda, chegou a passar 12 dias sem comer, alimentando-se apenas de água e sal. Quando a fome tornava-se insuportável, era hora de organizar grupos de 80 homens e mulheres, os mais corajosos, que caminhavam sempre à noite em busca de lavouras abandonadas, muitas vezes a 100 km de distância.
"A gente ia sem saber se voltava. Muitos morriam de fome no caminho, outros pisavam em minas e ficavam lá, com as pernas arrebentadas, a sangrar até morrer. E havia sempre os ataques da Unita", lembra Manuela, que sobreviveu à fome, à guerra, à dor e hoje tenta reconstruir a vida. "Já tenho um colchão, uma mesa e um fogão", contabiliza a mulher que um dia teve marido e sete filhos _ que a guerra converteu em oito tragédias.
A Woman is the most valuable asset a man will ever own, it's only a shame that some of us only realise that when she is gone..
Re: Eleições com data marcada
shimazaki Escreveu:Figueiraa1 Escreveu:As eleições gerais em Angola realizam-se a 31 de Agosto, foi hoje anunciado, após uma reunião do Conselho da República convocada pelo presidente angolano, José Eduardo dos Santos.
O Conselho da República de Angola, liderado por José Eduardo dos Santos, esteve reunido esta manhã com o objectivo de agendar a data das eleições gerais.
À entrada da reunião, o Presidente angolano não discursou, refere a Agência Angola Press, apenas terá dito que recebeu uma carta da “Comissão Nacional Eleitoral, no dia 16 de Maio, o parecer sobre as condições de realização das Eleições Gerais em 2012”, onde a Comissão terá dito que “considera estarem criadas as condições para a realização das Eleições Gerais de 2012, nos termos da Constituição e da Lei”.
Presidenciais ou Legislativas?
São as duas
A Woman is the most valuable asset a man will ever own, it's only a shame that some of us only realise that when she is gone..
Re: Eleições com data marcada
Figueiraa1 Escreveu:As eleições gerais em Angola realizam-se a 31 de Agosto, foi hoje anunciado, após uma reunião do Conselho da República convocada pelo presidente angolano, José Eduardo dos Santos.
O Conselho da República de Angola, liderado por José Eduardo dos Santos, esteve reunido esta manhã com o objectivo de agendar a data das eleições gerais.
À entrada da reunião, o Presidente angolano não discursou, refere a Agência Angola Press, apenas terá dito que recebeu uma carta da “Comissão Nacional Eleitoral, no dia 16 de Maio, o parecer sobre as condições de realização das Eleições Gerais em 2012”, onde a Comissão terá dito que “considera estarem criadas as condições para a realização das Eleições Gerais de 2012, nos termos da Constituição e da Lei”.
Presidenciais ou Legislativas?
Ride the winds of change
- Mensagens: 400
- Registado: 30/12/2005 15:59
- Localização: Sobralinho
Eleições com data marcada
As eleições gerais em Angola realizam-se a 31 de Agosto, foi hoje anunciado, após uma reunião do Conselho da República convocada pelo presidente angolano, José Eduardo dos Santos.
O Conselho da República de Angola, liderado por José Eduardo dos Santos, esteve reunido esta manhã com o objectivo de agendar a data das eleições gerais.
À entrada da reunião, o Presidente angolano não discursou, refere a Agência Angola Press, apenas terá dito que recebeu uma carta da “Comissão Nacional Eleitoral, no dia 16 de Maio, o parecer sobre as condições de realização das Eleições Gerais em 2012”, onde a Comissão terá dito que “considera estarem criadas as condições para a realização das Eleições Gerais de 2012, nos termos da Constituição e da Lei”.
O Conselho da República de Angola, liderado por José Eduardo dos Santos, esteve reunido esta manhã com o objectivo de agendar a data das eleições gerais.
À entrada da reunião, o Presidente angolano não discursou, refere a Agência Angola Press, apenas terá dito que recebeu uma carta da “Comissão Nacional Eleitoral, no dia 16 de Maio, o parecer sobre as condições de realização das Eleições Gerais em 2012”, onde a Comissão terá dito que “considera estarem criadas as condições para a realização das Eleições Gerais de 2012, nos termos da Constituição e da Lei”.
A Woman is the most valuable asset a man will ever own, it's only a shame that some of us only realise that when she is gone..
angola-os-mitos-e-a-realidade-em-discurso-directo-pelos-emig
«Angola os mitos e a realidade em discurso directo pelos emigrantes portugueses.»
Joana Gorjão Henriques, Público
Joana Gorjão Henriques, Público
- Anexos
-
angola-os-mitos-e-a-realidade-em-discurso-directo-pelos-emigrantes-portugueses-23912911.pdf
- (500.92 KiB) Transferido 419 Vezes
cumps,
cogumelo
cogumelo
- Mensagens: 217
- Registado: 4/9/2008 18:31
- Localização: Lx
Cidade mais cara do mundo
Viver na cidade mais cara do mundo
Fonte: Agência Financeira
Friday, 03 February 2012
Quando pensa nas cidades mais caras do mundo, a capital angolana, a empoeirada Luanda, parece um candidato improvável, com cerca de metade da população a viver com menos de dois dólares por dia.
Sem o glamour de Tóquio, Nova Iorque ou Moscovo, ainda são bem visíveis na cidade as marcas que a guerra foi deixando. É surpreendente, portanto, que, de acordo com a BBC, uma casa alugada chegue a custar 7631 euros por mês, que uma refeição para dois num restaurante mediano fique nos 40 euros e que uma família de dois adultos e uma criança gaste facilmente cerca de 1526 euros em compras de mercearia.
O elevado custo de vida em Luanda tem origem no facto de Angola ter vivido uma guerra civil desde 1975, quando ganhou a independência, até 2002. Durante esse tempo, a maioria da indústria e infra-estruturas básicas, tais como estradas, linhas ferroviárias, postes de electricidade e abastecimento de água foi seriamente danificada.
Se um dia já foi o maior exportador do mundo de café e algodão, e auto-suficiente relativamente à agricultura e pecuária, actualmente Angola importa cercade 80% dos seus bens consumíveis.
Por exemplo, para comprar uma lata de salsichas em Luanda, deverá ter em conta o custo envolvido na obtenção desse produto para Angola e para a prateleira do supermercado, um processo demorado devido aos constrangimentos burocráticos e ao trânsito congestionado da capital.
A boa notícia é que o preço de habitação em Luanda pode vir a baixar. Com uma grande quantidade de novos edificios a ser contruída, a oferta aumenta, o que pode fazer cair o valor das casas para metade.
http://www.angoladigital.net/digitalnew ... &Itemid=38
Fonte: Agência Financeira
Friday, 03 February 2012
Quando pensa nas cidades mais caras do mundo, a capital angolana, a empoeirada Luanda, parece um candidato improvável, com cerca de metade da população a viver com menos de dois dólares por dia.
Sem o glamour de Tóquio, Nova Iorque ou Moscovo, ainda são bem visíveis na cidade as marcas que a guerra foi deixando. É surpreendente, portanto, que, de acordo com a BBC, uma casa alugada chegue a custar 7631 euros por mês, que uma refeição para dois num restaurante mediano fique nos 40 euros e que uma família de dois adultos e uma criança gaste facilmente cerca de 1526 euros em compras de mercearia.
O elevado custo de vida em Luanda tem origem no facto de Angola ter vivido uma guerra civil desde 1975, quando ganhou a independência, até 2002. Durante esse tempo, a maioria da indústria e infra-estruturas básicas, tais como estradas, linhas ferroviárias, postes de electricidade e abastecimento de água foi seriamente danificada.
Se um dia já foi o maior exportador do mundo de café e algodão, e auto-suficiente relativamente à agricultura e pecuária, actualmente Angola importa cercade 80% dos seus bens consumíveis.
Por exemplo, para comprar uma lata de salsichas em Luanda, deverá ter em conta o custo envolvido na obtenção desse produto para Angola e para a prateleira do supermercado, um processo demorado devido aos constrangimentos burocráticos e ao trânsito congestionado da capital.
A boa notícia é que o preço de habitação em Luanda pode vir a baixar. Com uma grande quantidade de novos edificios a ser contruída, a oferta aumenta, o que pode fazer cair o valor das casas para metade.
http://www.angoladigital.net/digitalnew ... &Itemid=38
A Woman is the most valuable asset a man will ever own, it's only a shame that some of us only realise that when she is gone..
MWC Escreveu:Sucessão
Sonangol com novo CEO
Pedro Latoeiro
30/01/12 16:38
Francisco de Lemos José Maria é o novo CEO da Sonangol, sucedendo a Manuel Vicente.
O novo presidente executivo da petrolífera angolana já fazia parte da administração da empresa.
A decisão foi hoje tomada em conselho de ministros, de onde saíram dois decretos presidenciais, um que "exonera Manuel Domingos Vicente do cargo de presidente do Conselho de Administração da Sonangol" e outro que nomeia "Francisco de Lemos José Maria para o cargo de presidente do Conselho de Administração da Sonangol".
Entre os investimentos em Portugal da Sonangol destacam-se o BCP e a Galp (via Amorim Energia)
Francisco de Lemos José Maria, era director de finanças antes de ser nomeado para o Conselho de Administração. Hoje foi nomeado PCA em substituição de Manuel Vicente. Dizem ser uma pessoa discreta e admirado pela presidência de Angola.
A Woman is the most valuable asset a man will ever own, it's only a shame that some of us only realise that when she is gone..
Sucessão
Sonangol com novo CEO
Pedro Latoeiro
30/01/12 16:38
Francisco de Lemos José Maria é o novo CEO da Sonangol, sucedendo a Manuel Vicente.
O novo presidente executivo da petrolífera angolana já fazia parte da administração da empresa.
A decisão foi hoje tomada em conselho de ministros, de onde saíram dois decretos presidenciais, um que "exonera Manuel Domingos Vicente do cargo de presidente do Conselho de Administração da Sonangol" e outro que nomeia "Francisco de Lemos José Maria para o cargo de presidente do Conselho de Administração da Sonangol".
Entre os investimentos em Portugal da Sonangol destacam-se o BCP e a Galp (via Amorim Energia)
Sonangol com novo CEO
Pedro Latoeiro
30/01/12 16:38
Francisco de Lemos José Maria é o novo CEO da Sonangol, sucedendo a Manuel Vicente.
O novo presidente executivo da petrolífera angolana já fazia parte da administração da empresa.
A decisão foi hoje tomada em conselho de ministros, de onde saíram dois decretos presidenciais, um que "exonera Manuel Domingos Vicente do cargo de presidente do Conselho de Administração da Sonangol" e outro que nomeia "Francisco de Lemos José Maria para o cargo de presidente do Conselho de Administração da Sonangol".
Entre os investimentos em Portugal da Sonangol destacam-se o BCP e a Galp (via Amorim Energia)