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Caldeirão da Bolsa

"Extinção imediata" da dívida

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por gorgo » 9/5/2012 19:34

artista Escreveu:
Convinha era saber quais são os princípios que são aplicados em Espanha?! :roll:


Parece ser mais ou menos como se ficava livre da tropa antigamente, para prestar assistência familiar.

Se tiver meios tem de pagar: rendimentos ou ativos.
 
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por artista_ » 9/5/2012 18:03

alexandre7ias Escreveu:O presidente do Santander Totta, António Vieira Monteiro, diz que o banco concorda com os princípios aplicados em Espanha para a entrega de casa à banca por parte de clientes que não conseguem pagar os empréstimos.


Convinha era saber quais são os princípios que são aplicados em Espanha?! :roll:

gorgol, obrigado, já percebi! :wink:
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por alexandre7ias » 9/5/2012 17:37

Santander Totta concorda com regra espanhola de entrega de casa aos bancos

09.05.2012 - 16:10 Cristina Ferreira, Pedro Crisóstomo

Foto: Dário Cruz

Os lucros do banco caíram 55% face ao primeiro trimestre de 2011

O presidente do Santander Totta, António Vieira Monteiro, diz que o banco concorda com os princípios aplicados em Espanha para a entrega de casa à banca por parte de clientes que não conseguem pagar os empréstimos.

Vieira Monteiro, que hoje apresentou os resultados trimestrais do braço português do grupo Santander, sublinhou que a instituição sempre aceitou imóveis de quem não tem capacidade de saldar o empréstimo.

“Aceitamos desde que se comprove que as famílias não possam efectivamente pagar”. Mas, frisou, esta prática não deve ser alargada a quem consegue saldar as dívidas ao banco.

Duas propostas de lei, uma do PS e outra do Bloco de Esquerda, visam permitir a entrega da casa em dação de pagamento da dívida em determinadas situações, ou seja, a entrega do imóvel anulando integralmente o crédito ao banco. Também os partidos da maioria parlamentar estão a trabalhar sobre a matéria. E o PCP também já admitiu apresentar uma proposta.

O Santander Totta, acrescentou Vieira Monteiro, está a colaborar com o Governo para ser criado um fundo de habitação, para as casas entregues à banca poderem ser arrendadas como habitação social.

No primeiro trimestre, o braço português do grupo espanhol Santander teve um lucro de 31 milhões de euros, menos 55% do que no mesmo período do ano passado.
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por Mart77 » 8/5/2012 20:39

Eu alertei para essa situação noutro tópico. Uma coisa é a noticia que "n" casas são entregues, e mantenho a posição que a maioria é de promoção imobiliária e poucas são de familias. Outra coisa é a situação do Incumprimento ou Crédito vencido que o desfecho em larga maioria não passa pela entrega do imovél, existe muitas reestruturações.
 
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por gorgo » 8/5/2012 20:32

artista Escreveu:
gorgol Escreveu: Em todo o caso o incumprimento na habitação está em 2% do total dos empréstimos à habitação e perfeitamente aceitável.


Não percebi? estás a dizer que 2% é o incumprimento das famílias no total do crédito à habitação? sendo o resto promotores imobiliários e empresas?


Não quero dizer isso.

Quando se fala em crédito à habitação, estamos a falar apenas de familias. Apenas 2% dos empréstimos estão vencidos.

Há informação separada para familias e empresas; nas empresas o vencido está em cerca de 8%.

Nas empresas os empréstimos não são para a habitação, mas dão como garantias imóveis, principalmente nos promotores imobiliários. Na dação aparecem estes imóveis entregues pelas empresas. Não conheço informação que separe o valor das dações devidas às empresas e familias
 
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por artista_ » 8/5/2012 17:31

gorgol Escreveu: Em todo o caso o incumprimento na habitação está em 2% do total dos empréstimos à habitação e perfeitamente aceitável.


Não percebi? estás a dizer que 2% é o incumprimento das famílias no total do crédito à habitação? sendo o resto promotores imobiliários e empresas?
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por gorgo » 8/5/2012 16:38

artista Escreveu:
alexandre7ias Escreveu:
Todos os dias há 100 portugueses que deixam de pagar o crédito da casa
Sara  Antunes


Havia para ai um tópico onde se defendia que a maior parte das habitações entregues aos bancos provinha de promotores imobiliários... tendo em conta esta notícia, se calhar não é bem assim!? Será que alguém consegue dados mais concretos sobre o assunto? :roll:


São duas informações diferentes:

Uma é o vencido na habitação ou incumprimento ou "mal parado" (familias), que está a subir mas na maioria dos casos não dá em entrega (dação), visto poder ser renegociado. A dação é um indicador atrasado da realidade, é a consequencia de não se chegar a acordo. Em todo o caso o incumprimento na habitação está em 2% do total dos empréstimos à habitação e perfeitamente aceitável.

Quando se fala em dação, ou entrega da casa, estamos a falar das familias e das empresas, por essa razão Albufeira vinha no pelotão da frente.

Também muitas empresas, mesmo fora do ramo promotor imobiliário dão como hipotecas casas, terrenos, etc, para obterem os empréstimos de linhas de financiamento.

Outra forma de ter crédito é fazer hipotecas a favor dos fornecedores. É uma prática que se está a generalizar visto ser necessário vender, reduzir riscos e obter crédito nos fornecedores.
 
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por artista_ » 8/5/2012 11:54

alexandre7ias Escreveu:
Todos os dias há 100 portugueses que deixam de pagar o crédito da casa
Sara  Antunes


Havia para ai um tópico onde se defendia que a maior parte das habitações entregues aos bancos provinha de promotores imobiliários... tendo em conta esta notícia, se calhar não é bem assim!? Será que alguém consegue dados mais concretos sobre o assunto? :roll:
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por alexandre7ias » 8/5/2012 4:32

Todos os dias há 100 portugueses que deixam de pagar o crédito da casa
Sara  Antunes


O número de portugueses que não consegue pagar os empréstimos está a aumentar de forma mais acelerada desde o início do ano. Mais 27.800 particulares passaram a ter prestações em atraso durante o primeiro trimestre, o equivalente a 306 por dia. Três vezes mais do que a média do ano passado. Em muitos casos, é a prestação da casa que fica por pagar.

O número de portugueses que não consegue pagar os empréstimos está a aumentar de forma mais acelerada desde o início do ano. Mais 27.800 particulares passaram a ter prestações em atraso durante o primeiro trimestre, o equivalente a 306 por dia. Três vezes mais do que a média do ano passado. Em muitos casos, é a prestação da casa que fica por pagar.

Em cada 100 portugueses com crédito, 15,3 têm prestações em atraso, de acordo com os dados da central de responsabilidades de crédito do Banco de Portugal, divulgados ontem. O que equivale a 699.129
Dados do BdP
Apesar do Banco de Portugal revelar o crédito concedido às famílias, os números que são divulgados trimestralmente relativos ao incumprimento são referentes ao número de pessoas. Isto porque se um casal deixar de pagar o seu empréstimo à habitação, são incluídos as duas pessoas nestes dados.
particulares.

O grosso dos casos está no crédito ao consumo. Mas o crescimento é também muito elevado nos empréstimos à habitação, onde o incumprimento tem um impacto social muito mais grave. Nos primeiros três meses mais 8.841 particulares deixaram de pagar a prestação da casa, somando agora 148,7 mil. São 97 casos por dia, um ritmo muito mais acelerado do que em 2011 (34 por dia).

Ainda que o número de portugueses que deixou de pagar o crédito seja expressivo, o peso do malparado no montante total dos empréstimos não é ainda considerado perigoso. O rácio de crédito vencido nas famílias atingiu os 3,53% em Março, um novo recorde desde que há dados (Dezembro de 1997). Na habitação o peso é de 1,94%, superando os 10% no crédito ao consumo.

"São níveis preocupantes, mas não alarmantes", afirma Teresa Gil Pinheiro, economista do BPI. Tendo em conta o crescimento do desemprego, é de esperar que os níveis de incumprimento continuem a aumentar nos próximos meses. A especialista acredita, no entanto, que " a descida das taxas de juro pode moderar o aumento do crédito malparado".

Um quarto das empresas tem dívidas à banca em atraso

O incumprimento está também a agravar-se nas empresas. O peso do malparado atingiu um novo recorde de 7,42% em Março, que equivale 8,29 mil milhões de euros de créditos de cobrança duvidosa.

De acordo com os dados da central de responsabilidades de crédito, 26,1% das empresas com dívidas à banca têm prestações em atraso. No final do ano passado eram 24,4%. Os números são ainda mais elevados no caso dos empresários em nome individual, com 28,5% em situação de incumprimento. Há um ano eram 24,1%.

Crédito volta a chegar às empresas e famílias

Os bancos concederam mais empréstimos às famílias e empresas, em Março, num sinal de inversão face ao comportamento dos últimos meses. O novo financiamento à economia somou 5,8 mil milhões de euros, mais 47,01% que em Fevereiro, e mais 31,11% do que no mesmo mês do ano passado.

O crédito às empresas aumentou em todos os segmentos, mas sobretudo para as grandes. Nos financiamentos acima de um milhão de euros o aumento mensal foi de 39,56%, e de 82% em termos homólogos. No caso das famílias foram concedidos 1,5 mil milhões de euros de empréstimos, o que corresponde a um acréscimo homólogo de 27,13%.

Esta subida acentuada está relacionada principalmente com o comportamento dos novos financiamento do segmento de "outros fins", onde se inclui a educação, a energia e os trabalhadores por conta própria. Mas também na habitação e no consumo houve um aumento face ao mês anterior, de 31,3% e 12,3%, respectivamente.

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por FerroPT » 4/5/2012 13:53

Uma das poucas propostas da esquerda radical com a qual concordo.

Como é óbvio que o banco não pode avaliar o bem por 100 mil euros para conceder o empréstimo e depois quando vai ficar com a casa por falta de pagamento , fazer uma segunda avaliação no valor de 30 mil.

Se avaliou mal a casa no momento em concedeu o empréstimo, quer tenha sido por incompetência ou por interesse próprio (todos sabemos que foi por interesse próprio).

O empréstimo de 90 mil euros só foi concedido porque para o banco a casa valia 100 mil euros. Só hoje é que perceberam que a casa não valia esse valor ? Perder dinheiro com estes empréstimos chama-se RISCO e todos os negócios estão sujeitos a risco, porque é que os banco hão de ter risco 0 nos empréstimos. Não faz sentido simplesmente. E os próprios banqueiros sabem disso, simplesmente a regulação da banca em Portugal não funciona e quando funciona geralmente é contra os consumidores. Basta pegarmos no caso da descida dos juros dos depósitos. O Banco de Portugal obrigou o banco a descer a taxas...

Enfim gostaria de ouvir uma opinião bem estruturada contra o meu ponto de vista.

Não faz sentido haver um empréstimo, e haver risco 0 para a banca. Não faz...
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por alexandre7ias » 4/5/2012 13:22

Facilitar a entrega da casa ao banco pode criar mais problemas às famílias

04.05.2012 - 11:12 Rosa Soares

Foto: Adriano Miranda

A banca é chamada a ter uma actuação mais preventiva

Alterar a legislação para entregar a casa ao banco, anulando a dívida existente, pode criar uma situação explosiva para as famílias e para a economia nacional.

Esta é a opinião de Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), mas também de um alto quadro bancário, com conhecimento profundo do mercado de crédito imobiliário. Ambos defendem outro caminho, o da renegociação dos contratos à habitação no caso das famílias que entraram em situação de dificuldade.

Neste momento, há já duas propostas de lei, do PS e do Bloco de Esquerda, que visam permitir a entrega da casa em dação de pagamento da dívida (entrega do imóvel que anula integralmente o crédito ao banco independentemente do seu valor). O PSD e o CDS estão também a trabalhar sobre esta matéria e o PCP admitiu que também vai avançar com uma proposta no mesmo sentido.

Mas para Luís Lima, a estratégia do Governo no pacote de medidas que está a preparar com o Banco de Portugal deveria ser o de criar condições para que as famílias em dificuldades económicas possam reduzir as prestações do empréstimo.

Luís Lima admite que a divulgação, pela APEMIP, do crescente número de casas entregues aos bancos este ano alertou para a dimensão do problema, assunto que ganhou ainda maior actualidade com sentença inédita de Portalegre (ver caixa).

No primeiro trimestre, foram entregues 2300 imóveis, o que corresponde a 25 casas por dia, um crescimento de 70% face a igual período do ano anterior. Boa parte do aumento ficou a dever-se a entregas feitas por promotores imobiliários, que não conseguem vender os imóveis e suprir as dívidas aos bancos.

Luís Lima defende que, apesar de a banca estar a revelar maior sensibilidade para com as dificuldades das famílias para continuarem a pagar os empréstimos, há medidas que o Governo pode adoptar, nomeadamente "no sentido de responsabilizar os bancos pela identificação atempada das situações críticas". Muitas famílias, para não deixarem de pagar a casa, começam a pedir empréstimos paralelos, até que chegam a uma altura em que a situação já é de falência total. "É preciso prevenir essas situações e a banca tem de ter essa preocupação", refere Luís Lima, que critica a demora no avanço do pacote de medidas que o Governo está a preparar, bem como no atraso da lei do arrendamento.

Luís Lima, que diz estar a receber diariamente dezenas de mensagens por correio electrónico de famílias sobreendividadas, ou em situação de desemprego, a dizerem que vão entregar a casa ao banco, alerta para as dificuldades que muitas vão ter para encontrar habitação para arrendar a preços razoáveis, se optarem por se desfazer do imóvel.

"Estamos a incentivar o que pode ser um problema social e económico grave", porque as pessoas ficam sem casa para viver e os bancos cheios de casas, que vão vender com descontos muito elevados, gerando uma forte desvalorização dos imóveis e arrastando muitos promotores imobiliários para a falência.

Uma fonte da banca, que pediu anonimato, também defendeu que a solução para as famílias sobreendividas deve passar pela renegociação dos contratos, porque garante a permanência na habitação. Este gestor defende que a aprovação de uma lei que permita a dação em larga escala criará um problema para os bancos, mas também para as famílias, pela falta de casa para viver. Uma lei que vá no sentido da solução encontrada em Espanha até pode ser aceite pela banca portuguesa, mas é tão restritiva que abarcará um número ínfimo de famílias.
© Público Comunicação Social SA
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por panassa » 30/4/2012 16:46

Muito gostaria de acrescentar como, já uma vez postei: Terminada a responsabilidade do devedor, segue-se, a responsabilidade do credor!
 
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por Pastel » 30/4/2012 15:57

Elias Escreveu:uma coisa que nunca percebi muito bem é se os bancos são obrigados a aceitar os imóveis e em que condições.


Não são, mas têm sempre interesse!

Podem aceitar nos termos de uma dação em pagamento (é o comum), em que o valor do imóvel vai abater ou liquidar a dívida. Se sobrar, cliente recebe a diferença.
Ou em dação em cumprimento, isto é, aceitam receber o imóvel e em troca a dívida fica liquidada.
Sendo que esta última modalidade, é rara, mas já vi.

Só para acrescentar, que o post do Serra Lapa, veio confirmar a boa ideia que tenho dos avaliadores, eu como comercial já me aconteceu precisar de ter avaliações superiores para efeitos de crédito, e nada feito! Avaliador é que sabe, e não nos podemos esquecer que os bancos querem controlar bem o risco.


Agora para os defensores da Dação em Cumprimento deixo uma pergunta:
- Porque não o mesmo para os carros/créditos auto?
Não paga as prestações, entrega o carro e fica tudo pago? É verdade que um carro se deteriora mais rápido do que uma casa, mas uma casa também se pode estragar muito em 10 anos..

Será esta a próxima ideia luminosa do BE?

Não nos podemos esquecer que os bancos não vendem casas, vendem dinheiro... o negócio é esse!

Gostaria de acrescentar que sei que a banca em geral também tem alguma responsabilidade em ter emprestado mais dinheiro do que devia, não está isenta de culpas em muitas situações, só para não pensarem que sou um defensor acérrimo da banca.
 
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por tava3 » 30/4/2012 13:58

Preparem-se para mais aumentos de impostos. A trampa que é este governo só sabe aumentar impostos para acertar as contas, até aquele macaco que sabia separar o lixo fazia melhor, não me lembro agora do nome dele. :)

P.S. Isto sobre o plano de estratégia nacional apresentado pelo gaspar, ou pec, ou que lhe quiserem chamar.
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por SERRA LAPA » 30/4/2012 2:05

Caro mcarvalho:
"1 Quando o banco pede uma avaliação e o particular pede outra ao mesmo imóvel os resultados são semelhantes ou dispares? "
em caso de disparidades significativas .. como se decide?"

Só é tida em conta a avaliação requerida pelo banco.
Quanto aos resultados: se forem efectuaduas por profissionais qualificados (e não basta ter cursos nesta área) os resultados são semelhantes (Uma avaliação em rigor determina um intervalo e não um valor absoluto). Se forem efectuadas por pessoas com menos qualidade é normal existirem valores muito díspares.



2 Existe alguma relação entre a avaliação bancária, particular e a avaliação fiscal??

A avaliação particular em rigor não existe, pode-se falar em avaliações com determinados fins.
A avaliação bancária tem como finalidade determinar o presumível valor de transacção do bem; isto é quanto é o valor daquele imóvel num mercado livre, sem quaisquer constrangimentos, entre duas partes informadas e independentes.
A avaliação fiscal pretende reproduzir o valor de um bem de forma a que se possa aplicar um imposto sobre o mesmo.
De acordo com o código do IMI ela deveria reflectir cerca de 85% do imóvel em mercado livre.
Ou seja 85% da avaliação bancária para simplificar




"caso particular

tenho uma loja que foi avaliada pelo fisco em 50 000€

a avaliação bancária .. pode-se basear neste valor?"

Não. Infelizmente não há uma relação perfeita entre a avaliação bancária e a fiscal.
Para ter uma noção da disparidade que neste momento existe, basta dar-lhe este dado: Em termos gerais e médios, o valor de mercado dos imóveis caíu em Portugal cerca de 35%, nos últimos dois anos. As avaliações bancárias em princípio, se correctamente executadas, caíram este valor.
A avaliação fiscal apenas baixou o custo de construção de 609Euros/m2 para 603 Euros/m2, ou seja caíu apenas 1% ! O fisco não dá tréguas!
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por mcarvalho » 29/4/2012 13:11

Caro Serra Lapa

Tenho a certeza que há profissionais honestos e isentos

Agradecia a sua ,ou de outros amigos , opinião sobre

questões

1 Quando o banco pede uma avaliação e o particular pede outra ao mesmo imóvel os resultados são semelhantes ou dispares?

em caso de disparidades significativas .. como se decide?

2 Existe alguma relação entre a avaliação bancária, particular e a avaliação fiscal??




caso particular

tenho uma loja que foi avaliada pelo fisco em 50 000€

a avaliação bancária .. pode-se basear neste valor?



tento vendê-la há 4 anos e nem por 30 000 consigo

obrigado

ps caso para perguntar .. será que fisco me dá 50 000€ por ela?
mcarvalho
 
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por SERRA LAPA » 29/4/2012 4:00

Só queria dar uma pequena achega com a minha experiência pessoal.
Há vários anos que sou perito avaliador de vários bancos.
Limito-me a efectuar sempre o meu trabalho com a máxima isenção.
Queria deixar o testemunho, de uma situação infelizmente representativa de várias centenas que vivi:
No ano (2012-y)efectuei a avaliação de uma moradia por 200.000 Euros.
O proponente contraíu um empréstimo de 180.000 Euros
Este ano foi-me pedido para avaliar o mesmo imóvel dado que já tinha entrado em contencioso.
Actualmente essa moradia vale 150.000 Euros.
Durante a visita o cliente informou que tinha pago ao banco 35.000 Euros durante estes Y anos.
No entanto como o banco aceita o imóvel apenas por uma parte do valor da minha avaliação, e o pagamento que se efectua nos primeiros anos é quase só de amortização de juros, esse cliente informou-me que ainda ficava com uma dívida de cerca de 30.000 Euros após entrega da casa.
Em resumo pediu 180.000 Euros, por uma casa que à data valia 200.000; pagou 35.000 Euros, devolveu a habitação e ficou em dívida 30.000 Euros.
Só queria acrescentar que as imobiliárias são os piores agentes em todo este processo.
Falam na maioria dos casos sem qualquer conhecimento, pressionam, levam as pessoas a acreditar de que se trata de um bom investimento, vendem ilusões, e na hora da verdade ninguém fala nelas, nem lhe são assacadas nenhuma responsabilidade.
Em regra e já lidei com largas centenas, senão milhares, não sabem minimamente o valor intrinseco das coisas, nem têm como objectivo servir bem o cliente como intermediários que são. Levam honorários perfeitamente desajustados ao trabalho que prestam e pretendem a comissão a qualquer preço, nem que isso constitua a ruína de quem compra.
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por Lion_Heart » 29/4/2012 3:02

AutoMech Escreveu:Foi um juiz estagiário que proferiu a sentença. A relação já trata de anular isto.


Não sei, aqui diz que é definitiva:

Tribunal decide que a entrega de casa ao banco liquida dívida

Crédito. Sentença inédita determina que entrega de habitação paga empréstimo em dívida. Decisão pode fazer jurisprudência e aliviar muitas famílias numa altura em que são devolvidas 25 casas por dia

É uma sentença do tribunal de Portalegre que irá mudar a relação entre os bancos e os clientes que devolverem a casa por falta de pagamento. A decisão determina que a entrega da casa liquida na totalidade o empréstimo concedido. Para justificar esta sentença, o juiz considerou que havia “enriquecimento injustificado” por parte dos bancos pelo facto de avaliarem as habitações e exigirem depois aos devedores o remanescente resultante da diferença entre o valor da avaliação e o montante obtido com a venda. A sentença já transitou em julgado, pelo que é definitiva, e segue jurisprudência já em prática em Espanha. Só neste primeiro trimestre, já foram entregues aos bancos 2300 casas, mais 73% do que em período homólogo do ano passado.

In asjp.pt
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por Automech » 28/4/2012 23:53

Foi um juiz estagiário que proferiu a sentença. A relação já trata de anular isto.
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por Lion_Heart » 28/4/2012 19:13

E uma decisão interessante , em especial na parte do crime de enriquecimento ilicito.

O que a banca vai fazer a seguir é facil: põe uma clausula nos contratos onde o cliente fica sempre responsavel pela divida restante. E ele assina de livre vontade.


Mas no meio desse enorme negocio dos terrenos , imoveis , construtores e etc. o cliente final é sempre o unico que fica a perder.
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por alexandre7ias » 28/4/2012 18:45

“É uma decisão extraordinária, de ruptura com o conservadorismo do direito bancário”




Áudio António Júlio Almeida espera que o caso faça jurisprudência
António Júlio Almeida, da Associação de Consumidores de Produtos Financeiros, aplaude a decisão do Tribunal de Portalegre em julgar saldada a dívida de uma casa entregue ao banco.

Decisão de Portalegre prova que juízes se sabem "adaptar à realidade"
Tribunal de Portalegre decreta que entrega de casa ao banco salda empréstimo
“É uma decisão extraordinária, de ruptura com aquilo que é o conservadorismo do direito bancário até agora e da jurisprudência sempre favorável aos bancos e sempre em desequilíbrio e em desfavor dos devedores". A decisão agora introduz "equilíbrio e justiça”, elogia António Júlio Almeida, da Associação Portuguesa de Consumidores e Utilizadores de Produtos e Serviços Financeiros (SEFIN), em declarações à Renascença.

A SEFIN aplaude a decisão do juiz que dita a entrega de casa ao banco, saldando assim toda a dívida do crédito. A sentença do tribunal de Portalegre, que já transitou em julgado, é inédita em Portugal e pode fazer jurisprudência.

António Júlio Almeida espera que assim seja, não só no crédito à habitação, mas também noutras matérias: “Que esta visão seja alargada a muitas outras matérias porque é de ao menos isto que os clientes financeiros necessitam. Toda a jurisprudência, todo o exercício de direito bancário é menos favorável aos consumidores financeiros”.

“A perda de posição relativa em termos negociais, dando muitas vezes situações de contencioso, sempre em desequilíbrio, sempre em desfavor em relação aos bancos. Que isto sirva de exemplo também para outros casos,” conclui António Júlio Almeida.

A sentença divulgada este sábado pelo “Diário de Notícias”, é de Janeiro deste ano. Já transitou em julgado e é definitiva.

A norma é o banco avaliar a casa a preços de mercado, ficar com o imóvel e exigir ao cliente o pagamento do valor remanescente do empréstimo.

Em Portugal, só nos primeiros três meses do ano foram entregues aos bancos 2.300 casas, uma média de 25 por dia.
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por Dom_Quixote » 28/4/2012 18:38

É verdade que houve uma primeira decisão em Espanha há uns meses. Agora surgiu esta cá e é a primeira. Tendo, de acordo com o postado, sido proferida em Janeiro, não deverá ter havido recurso por parte do banco o que poderá indicar não ser um caso "comum", pois se fosse teria certamente havido recurso e ainda não haveria decisão do mesmo (penso eu). Se não estou em erro terá de haver mais quatro iguais para fazer jurisprudência.

Estando eu enganado e sendo um caso "comum", se o Tribunal tivesse acesso ao postado pelo gorgol provavelmente a decisão seria diferente.
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Re: No tempo tudo se equilibra

por alexandre7ias » 28/4/2012 18:38

gorgol Escreveu:No curto prazo parece ser positivo para quem deve, mas no longo prazo o sistema vai ter em conta com este risco, logo corrige da seguinte forma:

1 - Aplica spreads mais elevados
2 - Baixa o valor das avaliações
3 - Exige um maior rácio na relação empréstimo versus valor
4 - Exige uma maior taxa de esforço a quem pede empréstimo.

Resultado:

Passamos a ter mutualização de parte da dívida, isto é, os novos compradores pagam pelos atuais e uma forma de matar o principio da responsabilização individual.

Vão todos pagar mais um pouco para colmatar os casos de dação.
.


Todos estamos a pagar agora. Não se esqueçam como começou esta crise.
Com esta medida, estamos a ir pelo caminho certo que é, compra quem tem dinheiro para comprar e os bancos emprestam a quem tem para pagar. É este o caminho.
Agora é certo que vai acabar o lucro fácil de muitos.
Editado pela última vez por alexandre7ias em 28/4/2012 18:39, num total de 3 vezes.
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No tempo tudo se equilibra

por gorgo » 28/4/2012 18:16

No curto prazo parece ser positivo para quem deve, mas no longo prazo o sistema vai ter em conta com este risco, logo corrige da seguinte forma:

1 - Aplica spreads mais elevados
2 - Baixa o valor das avaliações
3 - Exige um maior rácio na relação empréstimo versus valor
4 - Exige uma maior taxa de esforço a quem pede empréstimo.

Resultado:

Passamos a ter mutualização de parte da dívida, isto é, os novos compradores pagam pelos atuais e uma forma de matar o principio da responsabilização individual.

Vão todos pagar mais um pouco para colmatar os casos de dação.
 
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por artista_ » 28/4/2012 17:34

Tenho dúvidas sobre o assunto, embora defenda que os bancos têm reaponsabilidades na matéria parece-me que desta forma terão de as assumir todas e isso também não me parece correto. Além disso haverá muitos casos diferentes, duvido que se possam meter todos no mesmo saco!
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