Dário, o minoritário
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Não está relacionado, mas para mim este é dos melhores artigos que li no JN
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... 52765&pn=1
PS - Por favor, votem no meu comentário que neste momento está a negativo. Prometo recompensar-vos com um tacho. O vosso futuro será brilhante, não mais precisarão de se preocupar com o que quer que seja. Água, sopa, tratamento de micoses, a sebenta da tabuada e papel higiénico à discrição. Prometo-vos isto tudo, gratuito. Vota em mim...

Enclausurados – uma economia sem preços
A economia portuguesa não tem preços formados na livre concorrência na saúde, educação e transportes públicos. Proliferam os preços políticos.
A economia portuguesa não tem preços formados na livre concorrência na saúde, educação e transportes públicos. Proliferam os preços políticos. No imaginário mais fértil dos portugueses, e dos políticos da palavra fácil, também os produtos agrícolas, a energia, as portagens, as rendas de habitação, e tudo aquilo que pode influenciar o nosso quotidiano deveria ter preços baixos. Caminhamos também para a administração estatal de crédito e taxas de juro. E protestamos ainda pelos baixos salários.
Fixemos então tudo por portaria: salários e preços. E porque não? Se o preço for baixo, quem pagaria os salários dos trabalhadores e capitais investidos nessas actividades? Deixem-me adivinhar Um novo modelo económico nasce: a economia parlamentar, mediática e administrativamente correcta. Aquela que responde às preferências do eleitorado do momento e às sensibilidades mediáticas. Acolhemos sem pestanejar todo este status quo de desmesuras económicas.
Reproduzem-se irreflectidamente as ideias da geração que nos libertou. Esta, por não querer desdizer-se, está-nos a enclausurar. Não quer assistir ao desmoronar do sonho por impossibilidade real. Dificilmente se difundem as ideias daqueles como Diogo Quintela (ver Público de 22 de Abril de 2012) que querem conhecer o reformado que o vai escravizar, preferindo propalar que a Segurança Social está garantida até 2030!
Confundimos o desejo com a realidade, quando reclamamos a administração de preços para aliviar o sofrimento dos mais desfavorecidos, e para segurarmos política e economicamente a classe média. A intenção é benevolente e moralmente irrepreensível. Responde ao imediatismo desta geração de políticos viciados e dependentes dos media. Mas, deixa tudo na mesma e uma dívida futura maior.
As economias socialistas de raiz marxista afundaram-se em parte pela ausência de preços. Recorda-me a célebre pergunta do Presidente da Câmara de Moscovo ao Mayor de Londres depois da abertura do Leste: – como é que fazes a distribuição do pão e administras os seus preços? Atónito, o Mayor respondeu-lhe: – não tenho nada que ver com isso. O moscovita descrente: - e como são geridas as falhas e os excessos no abastecimento? – O mercado faz esses ajustamentos. Um mundo distinto de experiências separava-os; naturalmente uma incompreensão recíproca.
Debatemos e agimos como se tivéssemos as falhas notórias de um capitalismo concorrencial. Confundimos a nossa circunstância com a alheia. Mal gatinhamos na globalização de mercados, e já discutimos os problemas como se fossemos grandes corredores.
Esquecemos que os serviços artificialmente gratuitos e os custos baixos do crédito nos levaram à ilusão da riqueza e a esta desgraça colectiva. Preferimos a máxima popular: enquanto o pau vai e vem folgam as costas. Iludimos sempre a pobreza deste rectângulo: com o ouro do Brasil, os recursos das colónias, o aforro dos emigrantes e ultimamente com as poupanças mundiais e políticas de coesão europeias. Ganhámos uma nova ilusão: as exportações, sem querer mudar nada na economia que as sustentam.
Até termos resultados, não toleramos preços elevados. Alguém que suporte os custos excessivos. Preferimos mendigar empréstimos à troika, assistência financeira e falsas solidariedades. Atiramos as consequências para os eleitores e trabalhadores alemães e europeus, e a dívida para futuras gerações.
A Europa não está isenta de responsabilidades nas alternativas que nos oferece para a saída da crise. Mas, não confundamos o doente com o médico. A ligação economia e política requer uma nova cura. Um ilustre amigo disse-me: os economistas não dizem o que sabem, e dizem o que não sabem. O tempo das quimeras tem de chegar ao fim a bem do nosso futuro colectivo.
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PS - Por favor, votem no meu comentário que neste momento está a negativo. Prometo recompensar-vos com um tacho. O vosso futuro será brilhante, não mais precisarão de se preocupar com o que quer que seja. Água, sopa, tratamento de micoses, a sebenta da tabuada e papel higiénico à discrição. Prometo-vos isto tudo, gratuito. Vota em mim...




"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
dancar1981 Escreveu:Acho que isto não tem nada haver com o votar. Porque de 90-12 tem existido alternância. Em quem votaríamos, os outros 2 partidos são contra tudo, nem sei o que defendem.
É indiferente quem está no poder em Portugal.
Os lobbies continuam a controlar o sistema todo.
No entanto, acredito que alguns lobbies menores comecem a sentir que estão a perder algum poder.
Enquanto a justiça não funcionar neste país como deve der ser, a situação não mudará, infelizmente.
Segue a tendência e não te armes em herói ao tentar contrariá-la.
Podes tentar, mas o Mercado é um monstro selvagem que provavelmente te irá engolir.
Podes tentar, mas o Mercado é um monstro selvagem que provavelmente te irá engolir.
Dário o Otário, devia ter percebido à muito tempo que neste salve-se quem puder o que hoje é uma coisa amanhã é outra,como no futebol.
Só falta dizer que o Dário votou no PPC para ser otário por completo e que alguns contratos são para ser cumpridos porque o Estado é pessoa de bem,e outros são para ser rasgados porque é necessário para o bem de todos.
Otário devia passar a ser apelido obrigatório em todos quantos votaram nesta gente.
Entretanto o Dário sem se dar conta já quase que paga para trabalhar,mas assim continua porque a herança é pesada e assim têm de ser.
AM,obrigado pelo artigo!
Só falta dizer que o Dário votou no PPC para ser otário por completo e que alguns contratos são para ser cumpridos porque o Estado é pessoa de bem,e outros são para ser rasgados porque é necessário para o bem de todos.
Otário devia passar a ser apelido obrigatório em todos quantos votaram nesta gente.
Entretanto o Dário sem se dar conta já quase que paga para trabalhar,mas assim continua porque a herança é pesada e assim têm de ser.
AM,obrigado pelo artigo!
"Não perguntes a um escravo se quer ser livre".Samora Machel
Dário, o minoritário
Dário, o minoritário
Pedro Santos Guerreiro
23 Abril 2012 | 23:30
Dário anda nisto há muitos anos. Tantos que ainda se lembra do tempo em que ganhava muito dinheiro em Bolsa. Mas agora Dário anda confuso. Vê bancos comprados sem OPA, cimenteiras vendidas à porta fechada, dividendos que já não são divididos, coisas perpétuas que morrem. Dário, o minoritário, relê os livros e não encontra resposta: onde errou Dário?
Dário anda nisto há muitos anos. Tantos que ainda se lembra do tempo em que ganhava muito dinheiro em Bolsa. Mas agora Dário anda confuso. Vê bancos comprados sem OPA, cimenteiras vendidas à porta fechada, dividendos que já não são divididos, coisas perpétuas que morrem. Dário, o minoritário, relê os livros e não encontra resposta: onde errou Dário?
Dário, temerário, foi um dos 700 mil portugueses que começou a investir em Bolsa com a privatização da EDP, nos anos 90. Ganhou 30% no primeiro dia. "Espectáculo!", pensou Dário, "nasci para isto". E assim, durante anos, Dário não era bem Dário, era milionário. As acções subiam sobre uma bolha que ele não percebia, mas como era beneficiário, não fazia perguntas, só fazia contas. A bolha estoiraria e Dário, o perdulário, decidiu não ser mais corsário. Doravante aprenderia as regras, a prudência e o dicionário. E foi estudar. Ler. Aprender. E cumpriu.
Dário, o apartidário, diversificou a carteira, tirou os ovos do mesmo cesto, sabendo que o risco assim desce, mesmo que desça também a rendibilidade esperada. Dário mediu os "price-earnings", ponderou as dívidas sobre os EBITDA, calculou os betas, leu os relatórios e avaliou os "dividend yields". E assim Dário, o visionário, investiu em banca, em acções do BPI e em obrigações perpétuas do BCP e do BES; comprou Brisa por causa do dividendo estável; a Cimpor pelo ângulo especulativo; a REN porque era segura, a EDP pela internacionalização, a Galp pelo futuro. Depois, relaxou: não há erro no receituário!
Agora, Dário fica incrédulo quando lê este diário. A La Caixa passou a deter 48% do BPI, saltando a barreira dos 33%, e não há OPA?! Mas como, se é uma óbvia posição de controlo, ainda por cima com o alinhamento do Allianz? Como, se nunca a CMVM tinha antes dito que as limitações estatutárias são razão para dispensa de OPA? Dário consegue, enfim, perceber que numa Jerónimo Martins um accionista com 40% não poderia mandar, pois a família Soares dos Santos continuaria a controlar com 56%. Mas... no BPI?
Calma, Dário, sim, é extraordinário, mas é coisa de bom empresário. Sim, retorque Dário, mas e a Brisa? Nessa há OPA, mas é como se não houvesse: o preço é abaixo do cão que está a pagá-la com o seu pêlo: o pêlo do cão e o pêlo do Dário. Porque o dividendo foi suspenso, o ordinário, já não sai da empresa. Como?! Pois, Dário, o mundo mudou, há que ser evolucionário. E na Cimpor, questiona Dário, suspenderam a Assembleia Geral para não pagar o dividendo? Mas então... a OPA é baratinha, já está acertada com o Governo, o Governo manda na Caixa, a Caixa manda no BCP, ambos mandam em Manuel Fino, se é assim, então e o minoritário?!
Dário acredita nas pessoas, se lhe dizem que o negócio da Cimpor não estava fechado antes de ser lançada a OPA, ele acredita, acredita no Governo, na Caixa e na Camargo, são pessoas de bem. Mas caramba, pensa Dário, a linha do tempo perdeu a continuidade: no dia 30 de Março, às 16:36, o Negócios noticiou o lançamento da OPA; às 17:14 o Negócios diz que o Governo já deu o acordo de venda da posição da Caixa; só às 21:00 é que a OPA é comunicada oficialmente; e 26 minutos depois a Caixa comunica que vai vender. Dário interroga-se: como é que é que a Caixa responde em 26 minutos que venderia a Cimpor, depois diz que não tinha decidido antes das 21 horas, mas também garantiu que não toma decisões dessas em 26 minutos? Dário esfrega os olhos para ver se acorda. Mas outra coisa não lhe sai da cabeça: como é que o Negócios noticia às 17:14 uma decisão que a Caixa diz só ter tomado depois das 21:00?! Como nem passa pela cabeça de Dário duvidar de quem jura que não houve concertação, só há uma solução: há um bruxo no Negócios!
Dário está perdido, sente-se num infantário. Umas empresas mudam de controlo sem OPA: a REN e a EDP agora chinesas, o BPI espanhol, ou melhor, catalão, e até na Galp quem mandava agora manda mais, pois havia uma concertação legalmente contratada. Coisas de advogado judiciário. Outras empresas lançam OPA, à briosa Brisa e à simpática Cimpor, mas Dário não ganha nada e ainda perde dividendos. E as obrigações perpétuas do BES e do BCP, que é feito, Dário? Dário pensava que "perpétuas" queria dizer "para sempre" mas elas já não existem; e que "obrigações" queria dizer "segurança", mas trocaram-nas por acções que valem menos de dois terços.
Dário, Dário, não desistas. Serás agora missionário. As empresas têm de ser salvas, elas e o empresário, e tu, no fundo, és um especulador da bolsa, tens o que mereces. Mesmo que te sintas um perfeito... como é que se diz? Qual é aquela palavra com seis letras que rima com minoritário?
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Editado pela última vez por Automech em 24/4/2012 15:47, num total de 1 vez.
No man is rich enough to buy back his past - Oscar Wilde
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