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Caldeirão da Bolsa

Espanha: Portugas abusam do sistema de saúde

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

fonte dos dados

por Palmix » 19/4/2012 11:34

Peço desculpa, mas esqueçi-me de refrir a fonte dos dados.
Os dados foram tirados da base de dados da OMS e referem-se aos anos de 2008,2009 e 2010.
 
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por Palmix » 19/4/2012 11:29

Vamos lá avançar números:

- Em Portugal há 3.755 médicos, 5.331 enfermeiros, 667 dentistas e 652 farmacêuticos por cada 1000 portugueses. Em Espanha há 3.705 médicos, 5.157 enfermeiros, 587 dentistas e 1.066 farmacêuticos por 1000 espanhóis;
- A esperança média de vida à nascença é de 79 anos em Portugal e 82 em Espanha;
- Taxa de obesidade é de 22.3% em Portugal e 23% em Espanha;
- Existem 15.5% de fumadores com mais de 15 anos em Portugal e 27.2% em Espanha;
- A nível de equipamentos por milhão de habitantes existem em Portugal 9.83 ressonâncias magnéticas, 27.25 TAC's, 4.68 equipamentos de medicina nuclear, 4.03 equipamentos de radioterapia. Em Espanha são 8.59 RM, 14.01 TAC's, 5.01 MN, 4.38 Rad;
- Em Portugal gasta-se 2.703$ por cada habitante em saúde. Em Espanha são 3.152$. Este gasto representa 11% do PIB português e 9,7 do espanhol;
- Do total da despesa com a saúde em Portugal, 69,9% é despesa pública e 26,3% privada, o que representa 15,4% do total do orçamento do estado português. Em Espanha são 72,1% financiamento público e 24,8% privado, o que totaliza 15,2% do orçamento do estado espanhol;
- Do total gasto pelo Estado português, 1,2% é da Segurança Social, em Espanha esse valor é de 6,7%;
- Do total investido pelos privados em saúde em Portugal, 77,5% não é passível de reembolso. Em Espanha esse número é de 77%;
- Os planos de saúde representam 13,8% do mercado privado de saúde em Portugal e 20,7% em Espanha.

Bem, penso que já temos uns números interessantes para discutir...
Estejam à vontade.
 
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por vitcosta » 18/4/2012 22:23

Nenhum hospital pode recusar a observação de um doente urgente, baseado na sua área de residência, por isso é que se trata de uma urgência...

Para isso tens de ir a países desenvolvidos como os states, onde se não tiver seguro ou cartão de crédito, fica à porta de alguns hospitais...

Elias Escreveu:
Palmix Escreveu:Todos os cidadãos europeus (UE) e Suiça têm direito à prestação de cuidados de saúde em unidades públicas nos outros estados-membros...


Isto é tão bizarro... se eu for a Espanha sou logo atendido mas se quiser ir a um hospital em Portugal que não seja o da minha área de residência o atendimento pode ser recusado...
 
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por AVMac » 18/4/2012 21:11

Palmix, excelente texto.

O mais simples dos procedimentos, quando mal feito, pode degenerar numa situação muito complicada. A cirurgia da catarata, que é muitas vezes apontada por como uma cirurgia fácil, se for mal feita pode levar ao desenvolvimento de patologia da córnea, compromisso da função visual e o doente pode necessitar de transplante de córnea. Como tal, não podemos esquecer que a cirurgia não é um processo fabril e que têm de ser feitos os possíveis para minimizar as perdas de tempo, mas sem sacrificar a calma e a tranquilidade necessárias para se realizar uma intervenção de qualidade. E aí falaste muito bem, sabe-se que o cirurgião espanhol operou muito rápido, não se sabe como ficaram os doentes e, para mim, isso é que é realmente importante. Assim, eu acredito que o aumento da eficiência deve incidir principalmente a nível do pré e do pós operatório.
O aumento da eficiência não pode passar por querer que o cirurgião faça intervenções mais rápidas, pois aí podemos estar a colocar em causa a segurança do doente.

O que me interessa fazer uma cirurgia em metade do tempo quando isso aumenta a minha percentagem de complicações? Poupo dinheiro numa fase inicial, mas depois a poupança dilui-se quando tenho de tratar as complicações, complicações essas que podem ser causa de morbilidade permanente.

Na minha opinião, as alterações que venham a ser introduzidas devem ser acompanhadas de uma avaliação permanente e constante de forma a garantir a qualidade do serviço.
 
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por Krupper » 18/4/2012 20:42

Palmix, permite-me o desabafo... Antes de um "e" nunca se usa o c cedilhado (ç). É que cometeste o mesmo erro vezes sem conta no teu excelente texto.
 
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por gorgo » 18/4/2012 19:23

Palmix, bom trabalho.

O INE publicou recentemente uma análise comparativa entre portugal e Espanha, onde tem alguns dados sobre a saúde. Estamos mal na esperança média de vida (nós 79 dias e espanha 81 dias). Claro que não é apenas devido ao sistema de saúde.

Um abraço,
 
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por Palmix » 18/4/2012 16:49

Gorgol,

Chegaste a um ponto fundamental que na minha opinião é precioso, a questão dos números...
Números em Portugal já se sabe que é coisa dificil de conseguir, da saúde em particular é praticamente impossível.
Há alguns indicadores disponíveis, mas muito pouca coisa.
Ando a fazer uma tese de mestrado sobre as PPP's na saúde em Portugal e fico estarrecido com a falta de informação. Tem sempre que se conheçer alguém que conheçe outro alguém para chegar a uma base de dados cheia de erros e falhas...

Penso que no site da OMS hajam alguns números disponíveis, passíveis de se fazerem comparações. Mas, jamais do tipo de comparação que nos permita chegar a conclusões muito aprofundadas.

Eu não digo que tempo de espera seja eficiência. Aliás, é uma parte da eficiência. Aquilo que digo é que em economia pública é um indicador da boa utilização dos recursos. Pegando noutro exemplo, eu não vou meter 2 médicos numa urgência o dia todo só porque numa dada altura do dia há 2 doentes para 1 médico.
Mas foi mais ou menos isto que se fez durante anos...acontece que o pessoal sabendo que não tem que fazer em determinadas horas, sai e vai à sua vida, voltando naquelas alturas criticas. Esqueçem-se é que estão a ser pagos por todas as horas e não apenas naquelas de pico. Mas isto é outra discussão, serviu apenas para exemplificar como o tempo de espera pode ser um indicador de eficiência, mas há muitos mais. A eficiência de um hospital não se mede unicamente pelos tempos de espera.

Desculpa, mas devo ter feito confusão. Pensei que tivesses dito que tinhas sido operado 3 dias depois numa unidade privada de saúde.

Quantos aos números operacionais (esqueçe isto não existe nada comparável entre Países), vou pegar no teu exemplo de uma sala de bloco operatório.
Supondo que o bloco está aberto das 8:00 às 20:00 para o seu funcionamento normal. Exclui-se o trabalho de urgência e emergência.
Calcular o número de cirúrgias possíveis num dia é demasiado dificil, devido à complexidade de cada caso. Se há procedimentos que são "chapa 5", há outros que a coisa pode mesmo dar para o torto a meio do procedimento.
Mas partimos do principio que o médico num dado dia vai executar sempre o mesmo procedimento. Pela experiência posso-te já dizer que muito dificilmente irá conseguir chegar à capacidade instalada (capacidade máxima).
Digo diversos motivos para isso acontecer:

- Atraso do médico ou de outro elemento da equipa. Em vez de chegar às 8:00, chega às 9:00;

- Dificuldade de mobilização dentro do bloco. Por incrivel que pareça ainda temos doentes a serem induzidos no corredor enquanto a sala está a ser esterilizada, e doentes que fazem o recobro nos corredores com todos os riscos que isso acarreta. Isto pode atrasar a entrada do doente na sala, logo perde-se tempo;

- Falta de elementos. Hoje em dia já não acontece tanto, mas até há bem pouco tempo a falta de anestesistas obrigava ao cancelamento de cirurgias.

- Falta de equipas pre-concebidas. Em alguns hospitais existem equipas cirúrgicas que trabalham sempre juntas. Ora isto traz ganhos operacionais significativos. O facto de operarmos com enfermeiros diferentes, pode significar 15 a 20 minutos de desperdício.

Tudo isto somado, e considerando que o médico vai operar 1 doente por hora, durante 7 horas, o que daria 7 doentes, opera no máximo uns 5 doentes. Isto dá um desperdício de 2 doentes por sala e por turno. Se tivermos 2 turnos por sala e 10 salas, estamos a falar de 40 doentes que ficam por operar. Se contarmos com 100 hospitais, estamos a falar de 4.000 doentes que ficam por operar todos os dias.
Claro que são "apenas" números...mas o que é certo é que a realidade não foge muito disto.

O que é ainda mais depluravel é que se chega a trazer os doentes para o bloco operatório e a prepara-los para cirrugia. Há ultima da hora diz-se ao doente que afinal não é hoje que se vai operar. Cria-se a ansiedade no doente. Este prepara as suas coisas, falta ao trabalho, vem em jejum para a cirurgia, chegando à ultima da hora dizem-lhe que já não dá...fica para a próxima...

Temos capacidade instalada para fazer mais. Falta alguma organização.
Atenção que estes casos são genéricos. Conheço equipas cirurgicas super eficientes que trabalham próximo da perfeição.

Há já hospitais em Portugal que começam a ultrapassar estes constrangimentos. Em Espanha também existem, mas é diferente.
Em Espanha não existe o lobby médico, ou tem muito menos influência. O facto de haverem médicos a mais lá faz com que o lobby tenha perdido força. É mais fácil negociar com médicos e mais fácil implementar medidas.
Em Portugal ainda existe uma premiscuidade entre privado e público perigosa a meu ver.

No essêncial é igual a capacidade instalada num bloco português e num espanhol.
Se compararmos coisas semelhantes, usam-se as mesmas técnicas, os mesmos equipamentos ou similares.
A diferença, a meu ver, está nos profissionais.
É normal um médico espanhol fazer cirurgias às cataratas, por exemplo, mais rápido que um médico português. Por culpa da escala. Cá temos um rácio mais pequeno número de casos de incidência que em Espanha, logo o médico lá opera mais que em Portugal. Faz mais mão, cria procedimentos mais rápidos. Todos os detalhes contam...

Um exemplo real de uma cirurgia às cataratas:

- Em média, um bom médico oftalmologista, se a catarata for mole e se tudo correr conforme previsto, o procedimento dura uns 30m. Se pusermos mais 15m para esterilização da sala entre cirurgias. Se o anestesista fizar a indução do próximo doente no momento da esterilização da sala, temos que, em média, 1 cirurgia às cataratas dura 45m.

- Temos casos de médicos que demoram 30m e outros que demoram 60m a fazerem exactamente a mesma coisa.

- Ora em 7h de bloco, operam-se uma média de 7 doentes. Depois temos o exemplo de um espanhol que veio ao barreiro (penso eu) fazer 30 ou 40 cirurgias à catarata num dia. Quando disse isto aos oftalmologistas que conheço disseram-me que era impossível.
Tanto não é que foram feitas...desconheçe-se é o número de re-intervenções que foram feitas.
 
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por gorgo » 18/4/2012 13:17

Palmix, Pelo esforço da fundamentação acredito na tua convição. Eu gosto duma frase:

Palavras são opiniões (respeitáveis), números são factos. Tens numeros de Espanha e Portugal comparáveis?

Tempo de espera é eficiência? - não concordo, só tem a visão do sistema de saúde. Quanto perde o doente por não ser atendido de imediato (faltas ao trabalho, danos psicológicos, necessidade de apoio familiar)? Onde está a flexibilidade para ajustar recursos à procura? Podes arranjar números do potencial duma sala de operações das 8.00 às 22.00 horas e o real?

Efetivamente no meu caso apareci na urgência du privado numa manha de Sábado, foi diagnósticada a fratura e fui operado nesse dia às 20.00 horas.

Acho que temos a oportunidade de um bom debate esclarecedor.

Obrigado pelos teus argumentos.
 
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por Palmix » 18/4/2012 12:58

gorgol Escreveu:
Palmix Escreveu:Mais, o nosso sistema de saúde é melhor que o Espanhol, salvo raras excepções...


Não conheço nenhum dos sistemas bem, todavia a ideia geral é que o nosso sistema é mau e o espanhol bom. Felizmemte tenho seguro de saúde privado.

Agora: filas de espera nas urgências, prazos para consultas de meses, ir para os centros de saúde de madrugada, prazos para operações de meses.

Será que não existe uma visão dos clientes/utentes e outra dos profissionais. No privado fiz uma operação a uma pequena fratura óssea em 3 dias e no público?

Podes fundamentar em que te baseias para dizer que o sistema se saúde português é melhor? Não vejo ninguém de Badajós ir a Elvas!


ehehehehehe...não podemos comparar Badajoz a Elvas..Temos que fazer comparações entre sitios semelhantes...Talvez Badajoz e Évora...

Enfim, o nosso sistema dá demadiadas vantagens aos doentes, em comparação com os restantes sistemas de saúde. Há demasiadas regalias, o doente é muito protegido. Claro que há coisas que não funcionam tão bem, mas no geral um doente é mais bem atendido que na maioria dos outros sistemas de saúde.
Atenção que estas comparações são feitas tendo por base a intervenção de vários profissionais, seja o administrativo ou o médico. O que é normal em Portugal, é criticar-se o sistema utilizando muitas vezes fundamentos administrativos, como por exemplo as listas de espera.
Em Espanha não há transportes gratuitos de doentes entre uma região e outra, como cá. É normal vermos doentes vindos do Alentejo em Lisboa para tratamentos de saúde. Em Espanha, regra geral, paga-se por isso.

Em Espanha a iniciativa privada é muito alargada, é comum termos várias unidades de saúde na mesma cidade. Em Portugal isso é mais dificil aconteçer, pois a rede pública é muito boa e tem boa abrangência.

Os hábitos de consumo de saúde em Espanha são diferentes dos em Portugal. Cá vamos às urgências por tudo e por nada, lá não é bem assim. Se calhar também porque estão organizados de outra forma. Se calhar porque a população é mais esclarecida. Se calhar porque as farmácias funcionam de forma diferente.

Filas de espera nas urgências aconteçe em Portugal e em todos os outros Países no mundo inteiro. E é bom sinal, quando não em excesso! Significa uma eficiente aplicação de recursos.
Se chegarmos às urgências do Santa Maria, dermos logo entrada e termos acesso a todos os meios de diagnótico, talvez signifique que temos recursos a mais aplicados ali...há sempre um compasso de espera aceitável definido. Por cá esses timings foram definidos pelo método de Manchester. Um sistema de cores e de triagem que segmenta os tempos e prioridades de atendimento pelos doentes na urgência. Em Espanha também se utiliza a triagem de Manchester, pelo menos em alguns casos.

Prazos para consultas de meses é também normal existir. Aliás, menos de 1 mês de espera nem é considerado lista de espera. Claro que se for um doente terminal, ter que esperar 1 mês é dramático, mas para isso existem as urgências.
Aliás, os grandes médicos em outros Países chegam a ter mais que 1 ano de tempo de lista de espera nos seus consultórios privados...há médicos em Portugal que já nem aceitam mais doentes, estão cheios.
Mais uma vez, há um tempo de espera que é bom que exista, por causa da tal eficiência da utilização dos recursos. Se fizermos o pedido de consulta hoje e a tivermos já hoje, indicia algum desperdicio na utlização de recursos.

Ir para centros de saúde de madrugada era uma das maiores falhas do sistema. Tem sido colmatado com a reforma dos cuidados primários. Há ainda algumas falhas, mas com a vinda de médicos estrangeiros e com o aumento do número de médicos especialistas em medicina familiar, o problema tende a resolver-se.
Penso que depois vamos ter é um problema com a tal eficiência, pois vamos ter médicos a mais. É bom que não se meta todos os médicos no sistema, o excesso permite rastrear os bons e os maus.

Prazos para operações de meses é normal haver num sistema público. Em muitos casos os nossos rácios das listas de espera são muito satisfatórios. Por isso é que também somos um dos melhores sistemas de saúde.
Mas há casos preocupantes, como por exemplo as cataratas há uns anos atrás.

Há aqui que ter em atenção que um sistema público não deve nem pode oferecer as mesmas condições que um sistema privado, como aconteçe com outros sistemas de saúde de outros Países.
Um sistema público tem que responder num prazo de tempo aceitável.

Por exemplo, no teu caso da operação a uma pequena fractura óssea. Se me dissesses que o teu caso não tinha urgência clinica e que tinhas sido operado passados 3 dias num hospital público eu dizia-te que provavelmente teriamos recursos desperdiçados nesse hospital.
No privado é diferente, estás a pagar por um serviço pré-contratado por ti a uma empresa. Enquanto no público, de uma só vez, te tratam do problema A e B, no privado tratam-te do A e depois do B. Ou pelo menos em "contratos" diferentes.
Até te digo mais, esperas-te demasiado numa unidade privada. 3 dias é muito tempo. Revela ineficácia dessa unidade.
Ou seja, enquanto no público uma resposta em cima da hora pode indiciar desperdicio (excluimos aqui os casos urgente e emergentes), no privado funciona ao contrário. O facto de esperarmos revela ineficácia ou falta de recursos.

Em suma, nos hospitais públicos de Espanha, Portugal, e restantes Países espera-se. E é bom que se espere, do ponto de vista económico! Há timings definidos para tempos de espera, e se esses timings forem cumpridos perfeito.
Muitas vezes o doente perfere ir ao privado a Espanha e depois vem-se queixar do público português.

Mas deixa-me só dizer-te que o número de casos de doentes atendidos em Espanha é residual. Temos que ter em conta que a maioria dos mais de 400 mil doentes referidos pelo relatório são turistas em férias naquele País. Depois teremos casos pontuais (e são mesmo pontuais) de doente que vão a Espanha (ao serviço público) e vez do SNS. Agora o pessoal dos jornais e televisão gosta de criar sensacionalismo à volta destes assuntos.
 
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por gorgo » 18/4/2012 12:01

Palmix Escreveu:Mais, o nosso sistema de saúde é melhor que o Espanhol, salvo raras excepções...


Não conheço nenhum dos sistemas bem, todavia a ideia geral é que o nosso sistema é mau e o espanhol bom. Felizmemte tenho seguro de saúde privado.

Agora: filas de espera nas urgências, prazos para consultas de meses, ir para os centros de saúde de madrugada, prazos para operações de meses.

Será que não existe uma visão dos clientes/utentes e outra dos profissionais. No privado fiz uma operação a uma pequena fratura óssea em 3 dias e no público?

Podes fundamentar em que te baseias para dizer que o sistema se saúde português é melhor? Não vejo ninguém de Badajós ir a Elvas!
 
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por Palmix » 18/4/2012 11:30

Elias Escreveu:
Palmix Escreveu:Todos os cidadãos europeus (UE) e Suiça têm direito à prestação de cuidados de saúde em unidades públicas nos outros estados-membros...


Isto é tão bizarro... se eu for a Espanha sou logo atendido mas se quiser ir a um hospital em Portugal que não seja o da minha área de residência o atendimento pode ser recusado...


Caro Elias, em Portugal o doente nunca se pode dirigir directamente a um hospital. O encaminhamento para as atendências nos hospitais são feitos via cuidados primários, referenciados através dos médicos de familia, ou através da medicina privada.
Há ainda outras excepções como as urgências ou as interrupções voluntárias da gravidez, por exemplo.
Mas, no geral, o acesso aos hospitais é feito através dos cuidados primários...

Aí sim, pode-te ser barrado o acesso ao centro de saúde A porque tens a residência no B.
Já nos hospitais podes ser imediatamente encaminhado de um centro de saúde do Algarve para o IPO do Porto, por exemplo, ou para o São João.

O SNS está dividido em:

- Cuidados primários - Centros de saúde ou Unidades de Saúde Familiar. São unidades de proximidade com a população, que em teoria será o ponto de entrada do doente no sistema de saúde;

- Cuidados secundários/diferenciados - Hospitais e demias unidades diferenciadas de saúde (por exemplo os IPO's). São unidades que em teoria só podem receber doentes já referenciados. Excepção feita às urgências ou abortos, por exemplo.

- Cuidados continuados - São os mais recentemente criados. Visam dar continuidade a tratamentos a doentes que obriguem a internamento, disponibilizando assim camas nos cuidados diferenciados.

Em teoria isto até funciona bem, o problema é a prática...durante anos os médicos de familia tinham pouca formação e cometiam-se vários erros, o que levava os doentes a procurarem directamente um especialista no privado. Esse especialista, por vezes, colocava directamente o doente no circuito do sistema, sem este ter passado pelos cuidados primários. Desvirtua o sistema, mas também foi a única solução encontrada para fazer face à falta de médicos de familia...
 
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por Elias » 18/4/2012 11:02

Palmix Escreveu:Todos os cidadãos europeus (UE) e Suiça têm direito à prestação de cuidados de saúde em unidades públicas nos outros estados-membros...


Isto é tão bizarro... se eu for a Espanha sou logo atendido mas se quiser ir a um hospital em Portugal que não seja o da minha área de residência o atendimento pode ser recusado...
 
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por Palmix » 18/4/2012 11:01

artista1939 Escreveu:Oh malta... é aproveitar agora enquanto os gajos não blindam aquela treta! :twisted:


Não podem blindar...seria necessário uma revisão estrutural aos acordos da UE...
Todos os cidadãos europeus (UE) e Suiça têm direito à prestação de cuidados de saúde em unidades públicas nos outros estados-membros...

Mais, o nosso sistema de saúde é melhor que o Espanhol, salvo raras excepções...
 
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por artista1939 » 18/4/2012 10:49

Oh malta... é aproveitar agora enquanto os gajos não blindam aquela treta! :twisted:
disclaimer: isto é a minha opinião, se não gosta ponha na beira do prato. Se gosta e agir baseado nela, quero deixar claro que o está a fazer por sua única e exclusiva conta e risco.

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Curiosidade

por Palmix » 18/4/2012 10:45

Já agora, só para deixar alguns valores no ar:

- Devido ao facto de não haver pagamento pelos cuidados de saúde de turistas ingleses, e também por sermos um dos principais destinos daqueles turistas, o valor que os hospitais portugueses têm suportado tem sido cada vez maior.
Ainda que o número de turistas nos últimos anos tenha diminuido, os cuidaddos de saúde prestados a estes turistas têm aumentado.
Isto deixa no ar a ideia de que alguns doentes andam a utilizar o SNS para se tratarem...
Recentemente foram detectados alguns casos destes em algumas regiões do País.
Por exemplo:

- Cidadão inglês, com seguro de saúde em Inglaterra, com problema de saúde crónico (por exemplo, com necessidades de diálise);

- O seguro "aconselha" o seu cliente a vir passar umas férias a Portugal (por vezes suportadas pela própria companhia de seguros), enquanto recebe aqui o tratamento;

- Ora, estes tratamentos ficam à borla para as seguradoras, pois os doentes têm que apresentar o CESD quando chegam ao hospital em Portugal, o que torna logo o tratamento isento de qualquer pagamento.
Mesmo nos casos em que os doentes apresentem a apólice do seguro no hospital, mais tarde a seguradora na Inglaterra invoca o CESD, livrando-se da obrigação de pagar.

Na Região Autónoma da Madeira, por exemplo, onde a quebra de turistas ingleses tem atingido valores superiores a 10%, assistiu-se a um aumento de 10% dos custos dos serviços de saúde prestados a estes turistas no ano de 2010, relativamente a 2009.

Agora, digam-me lá quem é que tem motivos para se queixar...
 
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Algo está errado

por Palmix » 18/4/2012 10:30

Algo está errado com esta notícia...ou o Tribunal de Contas não conheçe a legislação em vigor na União Europeia, ou os jornalistas voltaram a fazer das deles...

O cartão europeu de seguro de doença (CESD) é um cartão que dá acesso aos cuidados de saúde a todos os cidadãos da União Europeia, em todos os Estados-membros da União Europeia e Suiça, nas mesmas condições que os residentes no Estado-membro onde são prestados os cuidados.
Sendo portador deste cartão, um cidadão Português pode receber cuidados médicos noutro qualquer Estado-membro, nas mesmas condições que os cidadãos daquele Estado.
A criação deste sistema foi um primeiro passo na integração dos vários sistemas de saúde existentes dentro da UE. Sendo o primeiro passo, houve logo uma questão que foi levantada na altura ligada ao financiamento dos serviços prestados. Essa questão é um pouco dúbia devido à complexidade dos diversos sistemas de saúde existentes e às suas diferentes formas de financiamento.

Os serviçso prestados ao abrigo deste cartão não ficam por financiar. O sistema funciona da seguinte forma:

- O doente dirige-se a uma unidade pública de saúde e recebe os cuidados, apresentando o cartão europeu de seguro de doença;

- A unidade está obrigada a prestar os cuidados, cobrando ao doente algum valor existente naquele País (por exemplo, em Portugal será a Taxa Moderadora e em França há um co-pagamento do doente no momento da atendência);

- A unidade de saúde factura esses serviços aos preços praticados normalmente pela unidade e envia a factura ao organismo de interligação existente no seu País (em Portugal é a Segurança Social);

- Essa instituição encarrega-se de enviar essas facturas ao organismo de ligação no Estado-membro do doente para que este proceda ao pagamento;

- O pagamento é realizado, fazendo o caminho contrário ao que foi aqui descrito, até chegar à unidade de saúde.

Portanto, em TODOS os casos há lugar a pagamento dos serviços prestados. Certo que demora o seu tempo, mas, em Portugal, é mais certo receber estes valores que os valores referentes a cidadãos nacionais...

Há algumas excepções a estes casos, por via de acordos bilateriais celebrados entre alguns Países europeus. Por exemplo, entre Portugal e Inglaterra não existe obrigação de pagamento, por via de um acordo celebrado na década de 80. Só a titulo de curiosidade, no acordo ficou escrito que os custos com os serviços prestados aos turistas seria calculado com base "num valor a ser calculado em encontro futuro entre as partes". Desde a década de 80 até agora isso nunca aconteçeu. Todos os turistas recebem cuidados e, esses sim, caiem em saco roto!

Por isso digo, ou o Tribunal de Contas não sabe, ou os jornalistas voltaram a deturpar tudo o que estava no relatório...É que isto funciona assim desde que nos integramos na UE.
 
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por Automech » 17/4/2012 22:10

MarcoAntonio Escreveu:Mas os portugueses contribuem para o OE de Espanha através de mais coisas para além dos combustíveis.


Desde logo porque Espanha é o país com quem temos o maior défice comercial.
http://www.portugalglobal.pt/PT/Portuga ... spx?newId={376F4A8F-8057-4F43-8A59-B69818C2332B}
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por MarcoAntonio » 17/4/2012 22:09

Convém leres a versão completa do meu post que eu editei-o logo de seguida...

:wink:
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por Trisquel » 17/4/2012 22:07

MarcoAntonio Escreveu:Eu quando encontro uma carteira tento encontrar o dono dela....

...


A palavra chave é queixar e não ser bom samaritano!!!

:wink:
Cumpts.
Trisquel

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por MarcoAntonio » 17/4/2012 22:04

Eu quando encontro uma carteira tento encontrar o dono dela....

Além disso, encontrar uma carteira não é o oposto de roubar uma carteira e o exemplo não é tão pouco paralelo ao caso em apreço.



Já agora, numa estimativa bastante rápida a receita de que falo deve rondar os 250 milhões de euros por ano.

Mas os portugueses contribuem para o OE de Espanha através de mais coisas para além dos combustíveis.
Imagem

FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por Automech » 17/4/2012 22:03

Trisquel Escreveu:Em que situação é que te queixas?

Quando achas uma carteira ou quando te roubam uma carteira!!!!

:lol: :lol: :lol:


:lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol:
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por Trisquel » 17/4/2012 22:00

MarcoAntonio Escreveu:Está giro: mas a receita fiscal dos portugueses que vão abastecer (combustíveis) a Espanha mas não vivem lá nem temporariamente, essa já pode entrar!

:lol:


Marco,

Em que situação é que te queixas?

Quando achas uma carteira ou quando te roubam uma carteira!!!!

:lol: :lol: :lol:
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por Elias » 17/4/2012 21:57

MarcoAntonio Escreveu:Está giro: mas a receita fiscal dos portugueses que vão abastecer (combustíveis) a Espanha mas não vivem lá nem temporariamente, essa já pode entrar!

:lol:


8-)
 
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por MarcoAntonio » 17/4/2012 21:54

Está giro: mas a receita fiscal dos portugueses que vão abastecer (combustíveis) a Espanha mas não vivem lá nem temporariamente, essa já pode entrar!

:lol:
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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Espanha: Portugas abusam do sistema de saúde

por Elias » 17/4/2012 21:50

Tribunal de Contas espanhol aponta "uso abusivo" de cuidados de saúde por portugueses

Por Agência Lusa, publicado em 17 Abr 2012 - 20:31 | Actualizado há 1 hora 20 minutos

O Tribunal de Contas espanhol apontou hoje o "uso abusivo" que cidadãos portugueses e de outros países europeus fazem da sua assistência médica, usando o Cartão de Saúde Europeu, o que custa centenas de milhões de euros a Espanha.

Segundo um relatório daquele tribunal hoje divulgado, o número de faturas emitidas a cidadãos de França e Portugal supera significativamente a média" do resto dos países da União Europeia, com a prestação de cuidados de saúde centrada nas províncias fronteiriças de Pontevedra e Badajoz.

O tribunal adverte que há um "importante" número de cidadãos portugueses que vai "deliberadamente" a Espanha para receber cuidados médicos e que não está lá a residir temporariamente, o que "desvirtua o objetivo do Cartão de Saúde Europeu, que só deve ser usado conjunturalmente".

No relatório assinala-se o "elevado custo económico" para o Estado espanhol da assistência a estrangeiros sem recursos económicos suficientes".

O tribunal estima que em 2009 foram tratados em Espanha 453.349 pessoas nestas condições, o que significou um gasto superior a 450 milhões de euros, e recomenda ao Governo que tome as medidas legislativas necessárias para que este valor seja suportado pelos países de origem dos pacientes.

Segundo o Ministério da Saúde espanhol, na transposição para a legislação espanhola da diretiva europeia sobre mobilidade de cidadãos ficou a faltar um artigo que impeça o abuso do sistema de saúde por parte de cidadãos estrangeiros.

Essa lacuna impede Espanha de cobrar pelos serviços de saúde prestados a centenas de milhares de estrangeiros e em 2009 terá custado cerca de mil milhões de euros ao Estado espanhol.

Em declarações ao diário ABC, a secretária-geral de Saúde espanhola, Pilar Farjas, afirmou que "a utilização indevida ou fraudulenta" do sistema de saúde espanhol por estrangeiros é um fator de "desequilíbrio" e põe em causa a sua sustentabilidade.

Pilar Farjas afirmou que a existência destes abusos atesta a "excelente qualidade" do sistema, afirmou.
 
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