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Caldeirão da Bolsa

Situação que nos torna Gregos

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Automech » 3/3/2012 3:39

alexandre7ias Escreveu:Só o facto de já ter existido 3 intervenções, mostra que o povo Português esta errado na atitude que toma!


Qual era a tua solução para a crise ?
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por alexandre7ias » 3/3/2012 3:37

Alguém podia ter travado a crise?
Publicado hoje às 01:57

Na edição desta semana leia 'Portugal: o País de oportunidades perdidas', um retrato da crise que atravessamos através de uma série de livros de edição recente.
Vivemos neste momento a crise financeira mais grave de que há memória no país desde aquela que fez história entre 1890-1892 (e que levou 80 anos a pagar). Nos tempos mais recentes (os últimos 35 anos em concreto), e uma vez mais incapaz de pagar as suas contas, o País teve três intervenções externas. Desde há largos meses a Economia mora não apenas nos destaques dos noticiários como nas conversas de todos os dias. Começaram assim a surgir vários livros sobre não apenas o momento que vivemos em Portugal mas também sobre o quadro europeu e mundial em que a "crise" se afirma.

Em "Só Um Milagre nos Salva", de Joaquim Vieira, encontramos situações que, como nos explica Luís Naves no texto que apresentamos na edição desta semana, ilustram a forma como Portugal caíu na armadilha do endividamento que conduziu o país ao panorama que todos conhecemos. É, explica, "essencialmente um rosário de oportunidades perdidas, de indecisões e escolhas erradas, de ilusão de riqueza e despreocupação face ao futuro, de cegueira e surdez. Uma história infeliz que ainda não tem culpados, embora tenha muitos responsáveis".
.

Só o facto de já ter existido 3 intervenções, mostra que o povo Português esta errado na atitude que toma!
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por AxeRiver » 2/3/2012 15:36

alexandre7ias Escreveu:
AutoMech Escreveu:Se calhar nem era mau a Grécia sair mesmo do Euro, de forma a vermos o que é racionamento de alimentos, de combustíveis e um estado e um povo verdadeiramente em cacos.

Sempre servia para abrir os olhos a muitos iluminados que por aí (e por aqui) andam, constantemente a apelar à contestação.



Tem medo que isso lhe chegue a si é isso? Podiam começar logo pelo racionamento do dinheirlo...isso é que era 485€ para cada um.
Iluminados devem ser todos os que durante anos andaram a gastar o que nao deviam, e pelos vistos tambem existem muitos por aqui.


485€ a cada um é que era... meritocracia!

Trabalhes bem ou mal, muito ou pouco, melhor ou pior, recebes sempre 485€. Isso iria aumentar a productividade num ápice.

Haja responsabilização (efectiva) na gestão do bens públicos e Portugal crescerá bem mais rápido do que se espera.

O problema seria criar instituições prisionais suficientes para albergar grande parte dos "gestores/gastadores" públicos. Até aqui a medida seria positiva, visto que dava mais trabalho para a construção civil que muito tem sofrido com a crise.

Em Portugal, ser-se corrupto é motivo de re-eleição: João Jardim, Isaltino Morais, Fátima Felgueiras, etc. Quando existe oportunidade de realmente mudar, não se faz. Muitos têm o país que merecem...
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Alexandre ...

por cinco kapa » 2/3/2012 15:33

espero que não "tremeliques" quando tivermos que ir semear as nossas hortinhas e criar os galináceos na varanda. Aquecimento com muitas camisolas e banhos de água fria ; gripes e constipações com infusões de eucalipto e cascas de limão; inumações em lençol . Vamos a isso "meu", mas é mesmo para ir para a frente, nada de acagaçar a meio da batalha ... como diz o grande líder é escorraçar essa malta que nos empresta o cacau . Ainda temos pencas, batatas e muito faval para sobreviver e muito mar ... olha, mas já agora deixa vir a chuva e deixa a fada boa dar um toque nas acções do bcp . E "se é para ser", rápido, enquanto ainda sou novo, para aguentar. Amizade.
 
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por Automech » 2/3/2012 15:21

alexandre7ias Escreveu:Tem medo que isso lhe chegue a si é isso? Podiam começar logo pelo racionamento do dinheirlo...isso é que era 485€ para cada um.
Iluminados devem ser todos os que durante anos andaram a gastar o que nao deviam, e pelos vistos tambem existem muitos por aqui.

Eu sou dos contribuintes do sistema, por isso até sou insuspeito no comentário que fiz. Quem devia estar preocupado são os que recebem do sistema, mas o mais bizarro é que desses há muitos que defendem a saída do Euro. Pura ignorância porque seriam os mais prejudicados.

De qualquer das formas se Portugal saísse do Euro todos sofrem porque toda gente precisa de comprar comida, precisa de luz em casa e de muitas outras coisas que iam à vida ou eram racionadas.

Daí a vantagem se isso acontecesse à Grécia, para a malta abrir a pestana.
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por Ulisses Pereira » 2/3/2012 15:17

alexandre, pode ser que um dia ainda me expliques comoé que a contestação no actual cenário vai ajudar a resolver o problema.
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por alexandre7ias » 2/3/2012 14:58

AutoMech Escreveu:Se calhar nem era mau a Grécia sair mesmo do Euro, de forma a vermos o que é racionamento de alimentos, de combustíveis e um estado e um povo verdadeiramente em cacos.

Sempre servia para abrir os olhos a muitos iluminados que por aí (e por aqui) andam, constantemente a apelar à contestação.



Tem medo que isso lhe chegue a si é isso? Podiam começar logo pelo racionamento do dinheirlo...isso é que era 485€ para cada um.
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por L.S.S » 2/3/2012 14:56

AutoMech Escreveu:Se calhar nem era mau a Grécia sair mesmo do Euro, de forma a vermos o que é racionamento de alimentos, de combustíveis e um estado e um povo verdadeiramente em cacos.

Sempre servia para abrir os olhos a muitos iluminados que por aí (e por aqui) andam, constantemente a apelar à contestação.


E onde é que eles depois vão pedir dinheiro para se governar?

China?
Rússia?
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por Automech » 2/3/2012 14:49

Se calhar nem era mau a Grécia sair mesmo do Euro, de forma a vermos o que é racionamento de alimentos, de combustíveis e um estado e um povo verdadeiramente em cacos.

Sempre servia para abrir os olhos a muitos iluminados que por aí (e por aqui) andam, constantemente a apelar à contestação.
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por Ulisses Pereira » 2/3/2012 13:43

Não tenho a menor dúvida que uma das razões pelas quais Portugal se está a safar bem melhor do que a Grécia é o civismo e compreensão demonstrados pelo povo português. Se um dia isso deixar de acontecer, o caminho será o da Grécia. Esperemos que não. ;)

Um abraço,
Ulisses
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por JMHP » 2/3/2012 13:04

Mcmad Escreveu:Eu tenho muito receio do "silêncio" que o povo Português tem tido. Penso que quanto mais tarde explodirem pior...


Eu considero que quanto mais tarde os portugueses perceberem o estado débil e grave em que o país se encontra mergulhado pior para todos nós.

A manifestação de ontem da GNR é um exemplo clássico de como ainda muitos portugueses ignoram o estado do país e de como já não é mais possível voltar ao passado.

Por outro lado existem sinais cada vez mais evidentes como outros portugueses já há muito perceberam as limitações atuais e no futuro do país , como é o caso dos jovens licenciados que estão a emigrar a uma taxa impressionante a rondar os 50%!!

Hoje já assistimos a um Portugal dividido entre os que fazem pela vida sem perder tempo e os que procuram resistir aos tempos de mudança.
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por L.S.S » 2/3/2012 12:43

O Portugal Real.

<iframe width="425" height="349" src="http://www.youtube.com/embed/AqK92Mv0dGw?hl=pt&fs=1" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
http://www.youtube.com/user/VerdadeocultaTuga
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por Mcmad » 2/3/2012 2:20

Eu tenho muito receio do "silêncio" que o povo Português tem tido. Penso que quanto mais tarde explodirem pior...
Confira as minhas opiniões

http://markoeconomico.blogspot.com/
 
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por L.S.S » 2/3/2012 0:07


GNR Tenta Invadir Ministério da Administração Interna!


<iframe width="425" height="349" src="http://www.youtube.com/embed/I5ZGZu9BCMg?hl=pt&fs=1" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
http://www.youtube.com/user/especuladorzen
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por alexandre7ias » 1/3/2012 22:04

Militares da GNR tentam invadir edifício do Governo
Publicado hoje às 18:45, actualizado às 20:57

Militares derrubaram barreiras
Foto: Paulo Spranger/Global Imagens
Os militares da GNR que, esta quinta-feira, participam no "passeio contra as injustiças" derrubaram as barreiras de proteção montadas na Praça do Comércio, em Lisboa, conseguindo assim chegar à porta do Ministério da Administração Interna.
Gritando "invasão, invasão", os militares derrubaram a barreira enquanto uma delegação da Associação dos Profissionais da Guarda (APG) e da Associação Nacional de Sargentos da Guarda (ANSG) entregava um documento reivindicativo.

A PSP montou um cordão policial junto à porta do Ministério da Administração Interna de forma a evitar que os militares invadissem o edifício.

Mais de mil militares da GNR protestam, esta quinta-feira, em Lisboa num "passeio contra as injustiças" que dizem estar a afetar os efetivos desta força de segurança.

Na origem do protesto, promovido pela APG e ANSG, está a forma como foi aplicado o novo regime remuneratório, a anunciada extinção do subsistema de saúde da GNR e os problemas relacionados com a passagem à reforma.

Os associados da APG saíram do Largo de Camões tendo-se juntado aos militares que pertencem à ANSG para juntos desfilarem até ao Ministério da Administração Interna, onde entregarão um documento.

Segundo a APG, estão presentes na manifestação cerca de 1200 militares que vieram de vários pontos do país.



Quando isto começar a serio o que aconteceu na Grécia vai parecer uma brincadeira.
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por L.S.S » 29/2/2012 23:59

Os relatos dessa noticia não nos torna Gregos mas sim Etíopes ou Somalis!
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por alexandre7ias » 29/2/2012 23:26

Os utentes chegam às cinco da manhã para garantir vaga. «É um inferno», desabafam, lembrando as filas que em tempos se viviam à porta dos centros de saúde. A tutela admite problemas.

Oito da manhã. O frio, na passada quinta-feira, era insuportável junto à porta da Segurança Social (SS) da Alameda, perto do Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Mas não demove as pessoas que ao longo da madrugada ali se vão juntando. Afinal, é a única hipótese que têm para conseguirem ser atendidas: a partir das 10h (uma hora depois de os serviços abrirem portas) já não haverá senhas.

«É desesperante», desabafa Elsa Reis, encolhida de frio à porta do Serviço Informativo da SS do Areeiro, onde espera conseguir tratar do abono de família da neta.

A meio da fila, logo a seguir a Elsa, está Rui Paiva, de 48 anos, que tenta dar conta da impaciência. É a segunda vez, em dois dias, que este desempregado vai à Segurança Social. «Ontem já não havia senhas», diz, explicando que quando chegou às 14 horas as vagas já tinham esgotado há quatro horas: «A funcionária disse-me logo que a partir das 10h é impossível conseguir senha. Por isso voltei hoje».

As caóticas esperas por um atendimento repetem-se todos os dias em grande parte dos serviços. Um cenário que mostra que as intermináveis filas que, há poucos anos, revelavam a falta de capacidade dos centros de saúde se transferiram para a porta da Segurança Social. Os serviços estão cada vez mais sobrelotados de pessoas com pedidos de auxílio ao Estado.

Fonte oficial do Instituto da Segurança Social (ISS), confirma que Lisboa, Porto e Braga são as cidades onde a afluência é maior, gerando estrangulamento. Por dia, adianta a mesma fonte, são atendidas em cada serviço destas cidades entre «600 e 900 pessoas» em média.

A verdade é que os utentes se queixam de falta de resposta. No maior serviço da SS do país (situado no Areeiro) são distribuídas apenas 150 senhas por dia para o atendimento geral. E menos vagas haverá para tratar de outros assuntos, como requerer o abono de família.

O ISS admite ao SOL a falta de capacidade de resposta face à «elevada procura». E explica que «em cerca de 18% dos 330 serviços de atendimento regista-se uma maior pressão sobre os serviços, que nem sempre permite a realização de um atendimento com tempos de espera razoáveis». Em 2011, foram feitos, em todo o país, 15 milhões de atendimentos nos balcões da Segurança Social.

Despedida por chegar atrasada

Ir à SS tornou-se um «autêntico inferno» nos últimos meses, descreve Nuno Baptista, um militar de 23 anos, que não esconde a impaciência por ter de enfrentar a fila do centro da Alameda. «O que vale é que não estou a trabalhar», diz, prevendo ali ficar várias horas, uma vez que nesta quinta-feira só há quatro funcionários a atender.

Com a filha de 22 meses internada com queimaduras nos braços no Hospital Dona Estefânia há mais de três semanas, Nuno não teve outra opção senão «meter baixa» na Base Militar de Tancos. Veio tratar da majoração do abono de família para crianças com doenças crónicas. E espera conseguir ser atendido.

Menos sorte teve a sua mulher, para quem as filas que se acumulam todos os dias já tiveram efeitos nefastos: «Ontem a minha mulher esteve cá também. Não só não conseguiu resolver o assunto, como chegou atrasada ao trabalho». O resultado foi o despedimento imediato. «Os chefes já tinham previsto despedi-la, claro. Mas o atraso, mesmo sem ser por responsabilidade dela, foi a desculpa ideal».

Lá fora, junto à Alameda, a fila vai crescendo. Luís Manjerico, de 52 anos, ocupa o último lugar. «Aqui há sempre enchente. Já cheguei a vir às seis da manhã» conta. Hoje arriscou e veio mais tarde. «Como estou desempregado não me causa muitos inconvenientes. O pior é mesmo o frio», desabafa, encostado à parede, com a pasta cheia de ingressos debaixo do braço.

Faltam mais de 40 minutos para as nove, hora de abertura do serviço. E a fila continua a aumentar.

Logo no princípio está Carmen Fonseca, de 61 anos. É uma habitué. Está reformada, por isso, pode «perder tempo com estas coisas», como a própria descreve. Chegou às 7h15. «Já sabia que ia encontrar fila. Há sempre».

Como Carmen não tem nada para fazer muitos amigos e conhecidos pedem-lhe para ser ela a tratar-lhes dos assuntos. «Pedem-me coisas de todo o tipo», diz, garantindo que a sua ‘enorme’ experiência lhe mostra que o centro «do Areeiro é o pior de todos».

Nesse centro, o mais comum comum é mesmo dar duas voltas ao quarteirão.

No início da Av. Afonso Costa, a fila parece nascer já comprida. E nem mesmo no dia de Carnaval a afluência é menor – pelo contrário.

Antes da dez da manhã já não há inscrições disponíveis no Areeiro e a frase «não há senha» é repetida até à exaustão.

João Rosário, de 31 anos, é um dos que tem de voltar noutro dia. Desapontado, o trabalhador da construção civil diz que não sabe como vai «explicar ao patrão» não ter conseguido tratar ainda do abono da filha.

Todos os dias é assim. Numa normal quinta-feira deste mês de Fevereiro, a fila já deu a volta ao prédio e começou bem cedo.

Às 5h20 da manhã, Alberto Gomes, emigrante de 42 anos e a viver no Luxemburgo «há mais de dois», já marcava lugar junto às escadas que dão acesso ao edifício. A revolta é grande: «Tenho de perder dias de trabalho para estar aqui. Mesmo sem querer uma pessoa tem de enervar-se»

Quer tratar dos papéis do abono dos filhos e precisa de pedir a transferência dos processos dos filhos para o Luxemburgo, para poderem frequentar a escola. «Lá admiram-se de os papéis não seguirem de Portugal por via electrónica», conta. Teve de vir de propósito para tratar do problema. «É incrível. Como posso dizer bem de Portugal? Tratam-nos como lixo. Para eles não somos nada», desabafa, elevando a voz. «Por uma questão burocrática, gastei mais de 400 euros em viagens».

Acordar às 4h da manhã

Logo a seguir a Alberto, está Artur Diogo, de 57 anos, menos habituado a estas andanças. Também chegou de madrugada, pouco depois das cinco, levantando-se ainda mais cedo. «Às quatro já estava a pé», conta. E decidir vir da margem Sul, de carro. «Chegar aqui de transportes públicos é um inferno». Artur é desempregado da construção civil, e apenas quer «trabalhar em qualquer coisa».

Na fila, perto de Alberto e de Artur, os tons começam a elevar-te. Uma família de etnia cigana, com dois bebés nos carrinhos, juntou-se à porta do edifício, tentando passar à frente. Muitos dos presentes sentem-se indignados e dizem-lhes para irem para o fim da fila. O segurança acaba por intervir e os ânimos acalmam. «Há pessoas que trazem bebés só para passar à frente, o que irrita os outros», explica uma funcionária.

Mas nos próximos minutos ainda vão surgir várias situações de conflito, que aumentam quando os serviços abrem.

Quando uma jovem de Leste, sozinha com o seu filho de meses, consegue ser atendida por ter prioridade, um grupo de quatro utentes irrita-se. «Porque não vais para o teu país? Não estás aqui a fazer nada». O bate-boca continua ainda por vários minutos, até que o segurança intervenha, de novo. Pouco depois, enquanto uma funcionária entrega uma senha a uma outra mulher grávida, ouvem-se os apupos de várias pessoas. «É o pão do dia», desabafa a técnica.

Fonte oficial do ISS lembra contudo que «a maioria dos assuntos pode ser tratada online no site da Segurança Social ou telefonicamente». Segundo dados da tutela, só metade dos atendimentos são feitos presencialmente – a outra já é feita online e por telefone. Aliás, a aposta na «diversificação dos canais de atendimento» é, para o Ministério da Segurança Social, uma forma de dar resposta ao problema das longas filas. Problema este que a fonte oficial atribui ao facto de os utentes irem muito cedo para a porta dos serviços. «A concentração de pessoas acaba por resultar em tempos médios de espera muito significativos», justifica, sem querer comentar a evidente falta de capacidade de resposta.

A Segurança Social sublinha ainda que os picos da afluência ocorrem sempre que há campanhas e aproximação do fim de prazos. Ao mesmo tempo, e perante uma situção cada vez mais caótica, o ISS promete avançar com «um projecto-piloto de atendimento por marcação».
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por alexandre7ias » 29/2/2012 16:30

O que preocupa Vítor Gaspar: "Portugal vai precisar de mais 65 mil milhões", diz o Citigroup
Numa análise a consideram que défice orçamental vai atingir os 146% do PIB até 2016 mesmo com um segundo resgate a Portugal

A previsão é da equipa do Citigroup: Portugal vai precisar de mais 65 mil milhões de euros por parte da troika, e que mesmo assim o défice orçamental vai atingir os 146% até 2016.

1. Caminho insustentável. Atualmente, as obrigações portuguesas a 10 anos estão a ser negociadas mil pontos acima das Bunds. E isto acontece, segundo Jurgen Michels e a sua equipa, porque o país não está num caminho orçamental sustentável: “Em análises anteriores sobre a dívida, argumentamos que Portugal não conseguiria entrar num caminho orçamental sustentável sem uma reestruturação da dívida de 35% até ao final de 2012 ou 2013. Apesar de reconhecermos que Portugal é diferente da Grécia em muitos aspetos, agora concluímos que o tamanho da reestruturação vai ter de subir até aos 50%, sendo o mais provável, que isto ocorra na forma de uma redução da dívida detida pelo sector privado”.

2. O haircut. "O tamanho da reestruturação vai depender da situação macroeconómica, a quantidade de atrasos que o governo vai ter de resolver, e o número de contingentes passivos que exigem financiamento. De qualquer forma, assumindo que o acesso aos mercados não vai acontecer antes de 2016, Portugal vai precisar de uma extensão do seu financiamento oficial entre 50 mil milhões de 65 mil milhões de euros.

Os analistas da Citi consideram que a implementação de reformas está a correr de forma positiva em Portugal, com o governo a esperar um défice orçamental de 2011 na ordem dos 5,9%.

3. A meta orçamental. O Citi considera que é cada vez mais óbvio que o país vai falhar a sua meta orçamental de 5,9% em 2011 e que apesar do Governo estar a cumprir o programa da troika, continuam a existir vários riscos: “As empresas públicas podem precisar de mais ajuda, as vendas de activos podem revelar-se fracas, e as parcerias público-privadas podem provar ser um risco maior do que o esperado. E isto são só alguns dos riscos.”

4. Regresso aos mercados é cada vez mais difícil
Outros dos perigos, é que com as actuais taxas de juro no mercado secundário de dívida, vai ser impossível Portugal angariar 65 mil milhões de euros em financiamento a médio e a longo prazo, começando com 9,3 mil milhões de euros em 2013, como a troika tinha previsto. Assim, dizem os analistas, uma extensão do financiamento da troika é inevitável.

“Estimamos que a falta de financiamento atinja os 25 mil milhões até ao fim de 2014, e os 65 mil milhões para uma extensão até 2015”, pode-se ler na análise.

Outro dos grandes riscos, é que o crescimento pode não vir a ser o esperado. Segundo o Citi, as previsões de crescimento da troika para Portugal são muito optimistas: o défice orçamental pode atingir os 146% do PIB em 2015/2016, mesmo com um segundo programa de ajustamento da troika.

Com este nível de dívida, dizem os analistas, Portugal não vai regressar aos mercados nem em 2017. Mas se houver uma reestruturação da dívida detida pelo sector privado, à semelhança do que aconteceu na Grécia, o país pode regressar a um caminho orçamental sustentável.

5. Reestruturação de 50% este ano
“Se for feito em 2012, uma reestruturação de 50% (cerca de 68 mil milhões de euros) no valor nominal de dívida governamental detida pelo sector privado, isto iria ajudar a estancar o défice orçamental em 113% até 2015. Os requerimentos adicionais de capital para os bancos portugueses (cerca de 10 mil milhões) devido às suas perdas na dívida soberana vão ajudar em parte a reduzir a dívida”, diz o Citi.

Os analistas chamam a atenção que não esperam que uma reestruturação da dívida do sector privado seja incluída inicialmente quando a troika acordar em estender o primeiro programa de ajustamento português. “Aliás, as afirmações que a reestruturação grega é uma excepção e que estas medidas não vão ser repetidas em outros países da zona euro são muito recentes”.

“A não ser que a troika mude as suas previsões para a economia portuguesa de forma significativa, a análise de sustentabilidade de dívida vai mostrar um défice orçamental de 120% até 2020, o que pelos parâmetros gregos é sinónimo de sustentabilidade de dívida”, conclui o estudo.
Dinheiro Vivo



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por alexandre7ias » 29/2/2012 9:12

Dívida das câmaras põe em risco transporte de 300 mil alunos
Publicado hoje às 00:30
Leonor Paiva Watson

Transporte em risco
Foto: Leonel de Castro/Arquivo JN
São 300 mil crianças e jovens os que podem ficar sem transporte escolar, caso as 250 autarquias não paguem a dívida de 60 milhões às empresas que o asseguram. O Interior do país é a zona mais afetada.
Associação Nacional de Transportes Rodoviários de Pesados de Passageiros (ANTROP) sugere aos operadores privados que "exijam a cobrança de bilhete no serviço de transporte escolar às autarquias". Caso as autarquias não paguem, "as empresas devem cessar o serviço", defende Luís Cabaço Martins.
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por Mcmad » 29/2/2012 3:32

Cada vez mais Gregos...

João Carvalho
"70 a 100 municípios precisam de um plano de resgate"
29 Fevereiro 2012 | 00:01


Perguntas a João Carvalho, Professor Universitário e coordenador do anuário financeiro.
Como tem evoluído a situação financeira dos municípios nos últimos anos?

Nos últimos cinco anos, e tendo em conta a crise que atravessamos, há alguns indicadores negativos. Negativos mas não preocupantes.

Há uma deterioração da situação financeira, portanto?

Há um aumento da dívida global, um aumento do endividamento liquido e, para mim, o mais preocupante um aumento do prazo médio de pagamento a fornecedores, uma vez que nos estamos a aproximar dos 120-180 dias, o que para pequenas empresas fornecedoras é uma situação preocupante.

Como se explica um aumento do endividamento líquido com as restrições que existem?

Pois, o problema é que apesar da Lei não permitir que o endividamento liquido ultrapasse os 125% de receitas do ano anterior, há quem não cumpra. São cerca de 70 casos.

No actual contexto, é de esperar que corrijam o excesso de dívida?

Não será fácil, sendo certo que há alguns municípios que têm feito esse esforço. Destaco o caso de Lisboa, que tem uma dívida muito grande – é um município que tem 5% da população e tem 12% da dívida global dos municípios, de mil milhões de euros – mas tem feito um esforço significativo para a reduzir.

Quantos municípios diria que estão muito debilitados?

Em 70 a 100 municípios seria necessária uma maior intervenção do Governo. O Governo tem de actuar sobretudo na questão das dívidas a fornecedores. Aliás, não é por acaso que hoje foi noticiado que o Governo pediu um levantamento das dívidas aos municípios.

Acha que devia haver uma linha de crédito?

É imprescindível que haja um plano de resgate, chamemos-lhe assim.

Do ponto de vista orçamental, há receios de que possam surgir más surpresas nas empresas municipais. Em que sentido apontam as vossas conclusões?

Nós analisámos todas as empresas municipais, 304, e 29 serviços municipalizados. Não tendo um passivo idêntico ao dos municípios, contribuem para o endividamento líquido do sector empresarial local. Julgo que algumas empresas municipais não se justifica existirem, uma vez que constantemente dão prejuízos. De acordo com a lei, têm de que ter receitas próprias para fazerem sentido.

Quantas é que não se justificam?

Das 304, no mínimo 50 empresas teriam de acabar se o critério fosse o de não terem receitas próprias que cubram as despesas.


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por alexandre7ias » 28/2/2012 15:13

"Ficou também acordado que o Ministério das Finanças procederá a uma absorção de cerca de 3 mil milhões de euros, por cessão de créditos a entidades públicas aos bancos, mantendo-se as obrigações contratuais dos devedores inalteradas. A libertação destes montantes permite aumentar os fundos disponíveis para financiamento da economia", afirmou o governante, durante a apresentação dos resultados da terceira avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira.

Este valor deve somar-se aos mais de 5,6 mil milhões de euros de créditos de entidades públicas que o Estado assumiu até ao final de dezembro, de acordo com dados da Direção-Geral do Tesouro e Finanças.

Vítor Gaspar disse ainda que também ficou acordado o desenvolvimento de iniciativa envolvendo o Ministério das Finanças e o Banco de Portugal no sentido de promover a diversificação das fontes de financiamento do setor empresarial.
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por L.S.S » 27/2/2012 18:23

Portugal e Grécia foram países europeus que menos carros venderam em 2011 (-31%), diz Associação de Construtores Europeus de Automóveis

24/02/2012 | 19:06 | Dinheiro Vivo
Ele quer um desportivo. Ela uma carrinha. No fim, é ela quem decide. Só que no ano que passou nem ela nem ele decidiram comprar carros. Portugal, a par da Grécia, foi dos países europeus que menos carros venderam em 2011 (-31%), segundo dados da Associação de Construtores Europeus de Automóveis. Uma tendência que se prolongou em janeiro, a registar o valor mais baixo desde que há registo, em 1988. No total, foram comercializados 9 317 veículos (-42,1%), refere a Associação Automóvel de Portugal.
E não foi por falta de publicidade. Em 2011, as marcas investiram mais 13% face ao ano anterior, para os 492,2 milhões de euros. [ver tabela]. Este ano, a estratégia é mais de navegação à vista, com as marcas ouvidas pelo Dinheiro Vivo a admitirem que ou vão manter os orçamentos de comunicação ou "reajustá-los numa base diária", consoante as vendas, como diz Paula Arriscado, diretora de comunicação e marketing da Toyota. Fazer mais com menos parece ser a receita usada pela generalidade das marcas, aumentando a pressão sobre a criatividade.
Na Toyota a opção foi apostar num anúncio da agência de publicidade Saatchi de Paris e da de Londres, filmado em Portugal, para o modelo Avensis. Já não é a primeira vez que isso acontece, pois "aumenta o envolvimento dos portugueses com a marca". Talvez por isso a Renault tenha arrancado o ano com uma campanha específica para Portugal: cinco anos de garantia ou 150 mil quilómetros. Vender mais é a meta, mas "ainda é cedo para avaliar os resultados", diz Ricardo Oliveira, da direção de comunicação e imagem.http://www.dinheirovivo.pt/Buzz/Artigo/CIECO036091.html
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por alexandre7ias » 27/2/2012 17:50

Apesar de ressalvar que "a política comercial das empresas associadas da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) é da responsabilidade exclusiva das mesmas", a Apifarma alerta para "as consequências do aumento das dívidas às empresas".

"Perante o valor atingido pelas dívidas dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde às empresas farmacêuticas -- 1.270,6 milhões de euros em dezembro de 2011 e um prazo médio de pagamento de 476 dias -- não é de estranhar que muitas empresas tenham necessidade de alterar a sua relação comercial com os hospitais públicos", lê-se no comunicado da Apifarma.

Para a indústria farmacêutica, "as consequências deste elevado valor em dívida são graves e têm impacto não apenas na atividade das empresas, mas, sobretudo, nos doentes".

A Apifarma alerta ainda para o "crescente risco de falhas de medicamentos no mercado resultantes da inviabilidade de manter produtos já comercializados, o que pode colocar em causa a equidade e o acesso da população aos medicamentos, um tratamento adequado, assim como um diagnóstico apropriado e uma correta monitorização dos doentes".

"O avolumar dos valores em dívida aumenta o risco da transferência das suas operações para fora do país, no caso das multinacionais, e de encerramento por insolvência, no caso das empresas de base nacional de menor dimensão, com o consequente impacto no aumento do desemprego em Portugal", lê-se no comunicado.

A Roche suspendeu hoje o crédito a 23 hospitais com dívidas, mas o Ministério da Saúde, que lamentou esta decisão, garantiu que não haverá qualquer interrupção de tratamentos atuais e futuros no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
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por Marco Martins » 27/2/2012 12:00

Um ano antes, a 17 de maio de 2010, Krugman frisava no seu blogue, também no diário nova-iorquino, que "neste momento, os salários na Grécia/Espanha/Portugal/Letónia/Estónia, etc., têm de cair algo como 20 a 30% em relação aos salários na Alemanha".


Se têm de ser apenas 20 ou 30% inferiores aos da Alemanha, então Portugal está bem... já devemos ter salários que são 75% inferiores aos da Alemanha!!
 
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por Mcmad » 27/2/2012 1:48

Paul Krugmam, uma socialista a dizer que é preciso descer salários :P
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