EDP - Tópico Geral
Chineses vão instalar bancos em Portugal
22/12/2011
A vitória da China Three Gorges na privatização da EDP, que irá ser anunciada esta tarde pelo Governo, vai abrir a porta à entrada de várias instituições financeiras chinesas em Portugal, segundo a promessa feita pela companhia asiática ao Estado português.
Recorde-se que a China Three Gorges não só quer fazer a ponte para que a EDP se possa vir a financiar em mercados como o de Hong Kong, como também assegurou haver vontade do Governo chinês de trazer alguns dos seus bancos para Portugal e aumentar o crédito à economia portuguesa.
Um responsável do China Development Bank, que está a apoiar a China Three Gorges na corrida pela EDP, chegou a revelar ao Negócios que o banco está disponível para financiar até 7,5 mil milhões de euros a Portugal, entre investimentos em empresas, empréstimos e crédito a pequenas e médias empresas.
Outro dos pontos fortes da proposta chinesa por 21,35% da EDP é que a vitória da Three Gorges facilitaria que os bancos chineses venham a participar no esforço de melhoria da liquidez das instituições financeiras portuguesas. Na sua oferta ao Estado português, a China Three Gorges foi assessorada pelo BES Investimento, com quem o China Development Bank já firmou um acordo de financiamento este ano.
22/12/2011
A vitória da China Three Gorges na privatização da EDP, que irá ser anunciada esta tarde pelo Governo, vai abrir a porta à entrada de várias instituições financeiras chinesas em Portugal, segundo a promessa feita pela companhia asiática ao Estado português.
Recorde-se que a China Three Gorges não só quer fazer a ponte para que a EDP se possa vir a financiar em mercados como o de Hong Kong, como também assegurou haver vontade do Governo chinês de trazer alguns dos seus bancos para Portugal e aumentar o crédito à economia portuguesa.
Um responsável do China Development Bank, que está a apoiar a China Three Gorges na corrida pela EDP, chegou a revelar ao Negócios que o banco está disponível para financiar até 7,5 mil milhões de euros a Portugal, entre investimentos em empresas, empréstimos e crédito a pequenas e médias empresas.
Outro dos pontos fortes da proposta chinesa por 21,35% da EDP é que a vitória da Three Gorges facilitaria que os bancos chineses venham a participar no esforço de melhoria da liquidez das instituições financeiras portuguesas. Na sua oferta ao Estado português, a China Three Gorges foi assessorada pelo BES Investimento, com quem o China Development Bank já firmou um acordo de financiamento este ano.
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Marco Martins Escreveu:uma coisa é certa... ninguém deve querer fazer um investimento grande e ter perspectivas de prejuízos...
acredito que os Chineses queiram ser uma referência na Europa e expandir muito para os países lusofonos.
pode ser que até consigam vender a electricidade mais barata
Penso que se estão a expandir de Angola para Portugal, visto que em Angola estão nas obras públicas, construção, cimentos, comércio e mais um sem número de sectores.
A Woman is the most valuable asset a man will ever own, it's only a shame that some of us only realise that when she is gone..
uma coisa é certa... ninguém deve querer fazer um investimento grande e ter perspectivas de prejuízos...
acredito que os Chineses queiram ser uma referência na Europa e expandir muito para os países lusofonos.
pode ser que até consigam vender a electricidade mais barata
acredito que os Chineses queiram ser uma referência na Europa e expandir muito para os países lusofonos.
pode ser que até consigam vender a electricidade mais barata

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SMALL1969 Escreveu:Sim, mas com os Chineses o que não pagas logo, pagas mais tarde. Vamos ter que engolir muitos sapos na relação com a China. Espero que a sociedade especialmente a imprensa continue com liberdade para lhes dar com força....
Sapos, andamos e vamos continuar durante muito tempo a engolir dos alemães.
A China como parceiro será o melhor contrapeso que Portugal poderá ter neste momento.
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em termos financeiros acaba por ser melhor.. vamos começar a ver mais lojas chinesas em portugal aposto... e produtos made in china...
la se vai o calçado xD
mas acabei por falhar nas minhas prespectivas iniciais que era a E.ON
acho que no final a E.ON acabou por perder por ficou a muito nítida a ideia de que a merkel tinha interferido e politicamente seria difícil ao governo... alem disso os chineses pagavam mais...
la se vai o calçado xD
mas acabei por falhar nas minhas prespectivas iniciais que era a E.ON
acho que no final a E.ON acabou por perder por ficou a muito nítida a ideia de que a merkel tinha interferido e politicamente seria difícil ao governo... alem disso os chineses pagavam mais...
Acaba por ser o melhor porque assim vai entrar muito mais dinheiro no resto do país. Investimentos em África e Brasim estão garantidos assim, dado que aquilo também já é deles. E o Mexia gosta de viajar para longe, é sempre uma aventura.
Energia para os chineses, cimentos para o Brasil, e bancos para quem os quiser (Angolanos ou Chineses sabe-se lá).
Energia para os chineses, cimentos para o Brasil, e bancos para quem os quiser (Angolanos ou Chineses sabe-se lá).
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Chineses da Three Gorges deverão ganhar privatização da EDP
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=527125
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=527125
Adam e msfr,
Acreditem que se aquelas entidades tentassem comprar aquela participação no mercado, o acabariam por fazer a preços muito superiores ao que estão a fazer agora. Este é um conceito muito importante e que quem negoceia montantes pequenos muitas das vezes não se apercebe. Uma posição daquela dimensão implica o controlo estratégico da empresa e, naturalmente, tem um prémio implícito.
Mas não há dúvida que o facto de haver 3 fortes interessados em adquirir aquela posição àqueles preços é um excelente sinal dado para os accionistas da EDP.
Um abraço,
Ulisses
Acreditem que se aquelas entidades tentassem comprar aquela participação no mercado, o acabariam por fazer a preços muito superiores ao que estão a fazer agora. Este é um conceito muito importante e que quem negoceia montantes pequenos muitas das vezes não se apercebe. Uma posição daquela dimensão implica o controlo estratégico da empresa e, naturalmente, tem um prémio implícito.
Mas não há dúvida que o facto de haver 3 fortes interessados em adquirir aquela posição àqueles preços é um excelente sinal dado para os accionistas da EDP.
Um abraço,
Ulisses
richardj Escreveu:Adamhedge Escreveu:Boa tarde.
Caro Ulisses mas sabendo do valor das propostas a cotação não devia se aproximar dos valores apresentadospelos possiveis compradores? ou que esta minha maneira de pensar é do tipico pequeno investidor que quer é ganhar algum...![]()
![]()
Abraço
não é uma OPA, é uma venda de uma participação detida por uma entidade. não passa pela compra e venda de acções no mercado.
na OPA existe a "compra directa ao mercado" e isso faz disparar as acções (as opas são sobre todo o capital, logo todas as acções, as que são detidas por grande accionistas e pequenos accionistas podem ser vendidas ao preço da OPA. as OPAs tem de garantir mais de 50% das acções senão falham...)
a acção está a subir por causa das propostas dos candidatos, e o preço de venda dá uma boa valorização, ou seja estes novos accionistas acreditam no "valor" da edp e isso dá também confiança
obrigado pela resposta richardj,sim de facto é a compra de uma participação e não de uma opa,mas o mercado podia incorporar as sinergias nopreço e não está a fazer,mas lá nisso o mercado tem sempre razão.
ps: a culpa é do coelho,já não gosto do coelho,volta socras,volta tu é que sabes,se fosse o socras vendia ás 4 candidatas e o preço subia em flecha...



Volta teu rosto sempre na direção do sol e então as sombras
ficarão para trás.
Lembra-te : se não tivesses lido e ouvido falar em aumento de capital tinhas entrado no bes... portanto...
ficarão para trás.
Lembra-te : se não tivesses lido e ouvido falar em aumento de capital tinhas entrado no bes... portanto...
Ou não.
Por exemplo dado que a EON diz que não aumenta posição, ou seja não virá ao mercado comprar, o que pode acontecer é os restantes que deixam de se rever no projecto, e venderem.
Só em posição de paises árabes na EDP são 8%.
O BES e o BCP também estão lá metidos e parece-me que têm que vender este tipo de posições mais tarde ou mais cedo. Tal como a Caja de Ahorros.
Os bancos existem para emprestar dinheiro e depois cobrar dinheiro com juros, não é para ter investimentos directos não estratégicos.
PARPÚBLICA - Participações Públicas, SGPS, S.A. 25,05%
Iberdrola Energia S.A.U. 6,79%
CAJA DE AHORROS DE ASTURIAS (CajAstur) 5,01%
JOSÉ DE MELLO - Soc. Gestora de Participações Sociais, S.A. 4,82%
Senfora SARL 4,06%
Grupo BCP + FUNDO DE PENSÕES DO GRUPO BCP 3,37%
NORGES BANK 2,76%
SONATRACH 2,23%
BANCO ESPÍRITO SANTO, S.A. 2,12%
Qatar Holding LLC 2,02%
CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, S.A.0,61%
EDP (Acções próprias) 0,87%
Restantes Accionistas 40,28%
Por exemplo dado que a EON diz que não aumenta posição, ou seja não virá ao mercado comprar, o que pode acontecer é os restantes que deixam de se rever no projecto, e venderem.
Só em posição de paises árabes na EDP são 8%.
O BES e o BCP também estão lá metidos e parece-me que têm que vender este tipo de posições mais tarde ou mais cedo. Tal como a Caja de Ahorros.
Os bancos existem para emprestar dinheiro e depois cobrar dinheiro com juros, não é para ter investimentos directos não estratégicos.
PARPÚBLICA - Participações Públicas, SGPS, S.A. 25,05%
Iberdrola Energia S.A.U. 6,79%
CAJA DE AHORROS DE ASTURIAS (CajAstur) 5,01%
JOSÉ DE MELLO - Soc. Gestora de Participações Sociais, S.A. 4,82%
Senfora SARL 4,06%
Grupo BCP + FUNDO DE PENSÕES DO GRUPO BCP 3,37%
NORGES BANK 2,76%
SONATRACH 2,23%
BANCO ESPÍRITO SANTO, S.A. 2,12%
Qatar Holding LLC 2,02%
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EDP (Acções próprias) 0,87%
Restantes Accionistas 40,28%
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Adamhedge Escreveu:Boa tarde.
Caro Ulisses mas sabendo do valor das propostas a cotação não devia se aproximar dos valores apresentadospelos possiveis compradores? ou que esta minha maneira de pensar é do tipico pequeno investidor que quer é ganhar algum...![]()
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Abraço
não é uma OPA, é uma venda de uma participação detida por uma entidade. não passa pela compra e venda de acções no mercado.
na OPA existe a "compra directa ao mercado" e isso faz disparar as acções (as opas são sobre todo o capital, logo todas as acções, as que são detidas por grande accionistas e pequenos accionistas podem ser vendidas ao preço da OPA. as OPAs tem de garantir mais de 50% das acções senão falham...)
a acção está a subir por causa das propostas dos candidatos, e o preço de venda dá uma boa valorização, ou seja estes novos accionistas acreditam no "valor" da edp e isso dá também confiança
Boa tarde.
Caro Ulisses mas sabendo do valor das propostas a cotação não devia se aproximar dos valores apresentadospelos possiveis compradores? ou que esta minha maneira de pensar é do tipico pequeno investidor que quer é ganhar algum...
Abraço
Caro Ulisses mas sabendo do valor das propostas a cotação não devia se aproximar dos valores apresentadospelos possiveis compradores? ou que esta minha maneira de pensar é do tipico pequeno investidor que quer é ganhar algum...


Abraço
Volta teu rosto sempre na direção do sol e então as sombras
ficarão para trás.
Lembra-te : se não tivesses lido e ouvido falar em aumento de capital tinhas entrado no bes... portanto...
ficarão para trás.
Lembra-te : se não tivesses lido e ouvido falar em aumento de capital tinhas entrado no bes... portanto...
Um excelente artigo do Pedro Guerreiro, onde percebemos exactamente o que está em jogo.
"EDP, um adeus português"
21 Dezembro 2011 | 23:30
Pedro Santos Guerreiro - psg@negocios.pt
"A venda da EDP está decidida. A operação foi feita pelo buraco da agulha e garante ao Estado português um encaixe financeiro irrepetível. É muito dinheiro. É muita política. É muito lóbi. É, curiosamente, pouca a polémica entre os cidadãos. E é mais do que parece: são os credores a tomar a propriedade.
A venda da EDP está decidida. A operação foi feita pelo buraco da agulha e garante ao Estado português um encaixe financeiro irrepetível. É muito dinheiro. É muita política. É muito lóbi. É, curiosamente, pouca a polémica entre os cidadãos. E é mais do que parece: são os credores a tomar a propriedade.
Quando explicar as razões da sua escolha, o Governo dirá que foi feito o melhor negócio para o Estado, escolhido o melhor parceiro para a empresa e garantido o melhor futuro para o País. Na verdade, todas as propostas finais eram boas e o Governo fará de conta que escolheu sem considerações políticas. O que será, obviamente, falso. O dono da EDP não foi escolhido num "teste cego". Não só porque a nacionalidade é obviamente importante mas também porque há muitos factores moles em cima dos números duros. As contrapartidas para o Estado. E as represálias para o Estado.
Todos foram favoritos, ao longo do processo. Primeiro a Eletrobras, depois a E.ON, no fim a Three Gorges. Todos cometeram erros. Erros que vão ficar para a história, que será contada pelos vencedores. Entre esses vencedores estará o Estado português, que vende 50% acima do preço de mercado, e a administração da EDP, que preparou o processo nos últimos meses.
Os brasileiros da Eletrobras chegaram mais bem calçados. Mas a influência política que têm no Governo português deu-lhes uma falsa confiança, que foi ao ponto de colocarem uma condição irregular na sua proposta, de aumentar o limite dos direitos de voto da empresa. Essa autoconfiança só se desmanchou há uma semana, quando o Conselho-geral e de Supervisão da EDP os excluiu das suas preferências. Ficaram incrédulos. E então injectaram de adrenalina os seus lóbis, tentando recuperar o tempo perdido. E identificaram os accionistas minoritários da EDP (Grupo Mello, BES, BCP) como seus adversários. Porque estes também querem vender - de preferência também 50% acima da cotação em bolsa. Em contrapartida, a administração da EDP, que andou anos a namorar os brasileiros, passou a ser hostil à sua proposta. Principalmente por uma razão: a EDP privatizada cá seria "nacionalizada" no Brasil, pela Eletrobras.
O favoritismo passou para os alemães da E.ON. Primeiro porque apresentaram uma proposta tecnicamente competente. Mas também porque quiseram fazer da EDP Renováveis líder nos Estados Unidos e quase líder mundial. Do lado negativo, a E.ON propôs meter os seus maus activos espanhóis (centrais de carvão) dentro da EDP, trocando portanto o seu gato pela lebre da EDP. Também aqui todos os lóbis foram activados, da União Europeia ao BCE. Este feitiço virou-se às tantas contra o feiticeiro: a notícia de que Merkel chamou Passos para falar da operação frisou a nossa submissão. A notícia de que António Mexia foi chamado ao quartel da E.ON, acompanhado de um famoso "lobista" português, caiu como uma bomba de mau cheiro no Governo.
Com esta história, António Mexia passou para o centro das atenções. A questão não é paroquial: ontem, o "Financial Times" alemão quis saber quais eram as hipóteses do presidente executivo da empresa continuar a sê-lo. Resposta: são grandes. Mas esta história tem por detrás uma antipatia conhecida deste Governo em relação a Mexia. Com os chineses e os alemães, todavia, Mexia fica.
Na ponta final, os chineses passaram a favoritos. Porque põem um saco de dinheiro na empresa, no Estado e na economia portuguesa, criam uma fábrica e prometem apoiar a banca. Foram, de todos, os que menos erros parecem ter cometido, embora não tenham resistido a criticar o noticiário nos jornais portugueses. É natural que os chineses não se dêem bem com a imprensa livre: só a conhecem de longe.
Para a EDP, esta operação trará mercados, capitalização e refinanciamento. Não é pouco: a empresa tem um calendário de dívida carregado e um "rating" ameaçador. O novo dono dá uma grande ajuda. E mesmo que as rendas em Portugal sejam reduzidas, como ainda ontem Poul Thomsen avisou, ninguém quis comprar a EDP por Portugal. Mas sim pelas Renováveis (obra de Mexia, subsidiado por Sócrates) e pelo Brasil (projecto que nasceu nos anos Guterres).
Esta venda da EDP traz capital para Portugal. Talvez porque a carência é gritante, não há debate sobre os centros de decisão nacional. Esse debate não é para pobres. Poucas pessoas terão a noção exacta da crueza do problema financeiro português. O fundo de pensões entrou para pagar contas, dívidas e salários. E o dinheiro da EDP servirá para o mesmo. O dinheiro nem aquece. Logo desaparece, para o estrangeiro. E, para nós, isso é um alívio. Até ao próximo sufoco."
(in www.negocios.pt)
"EDP, um adeus português"
21 Dezembro 2011 | 23:30
Pedro Santos Guerreiro - psg@negocios.pt
"A venda da EDP está decidida. A operação foi feita pelo buraco da agulha e garante ao Estado português um encaixe financeiro irrepetível. É muito dinheiro. É muita política. É muito lóbi. É, curiosamente, pouca a polémica entre os cidadãos. E é mais do que parece: são os credores a tomar a propriedade.
A venda da EDP está decidida. A operação foi feita pelo buraco da agulha e garante ao Estado português um encaixe financeiro irrepetível. É muito dinheiro. É muita política. É muito lóbi. É, curiosamente, pouca a polémica entre os cidadãos. E é mais do que parece: são os credores a tomar a propriedade.
Quando explicar as razões da sua escolha, o Governo dirá que foi feito o melhor negócio para o Estado, escolhido o melhor parceiro para a empresa e garantido o melhor futuro para o País. Na verdade, todas as propostas finais eram boas e o Governo fará de conta que escolheu sem considerações políticas. O que será, obviamente, falso. O dono da EDP não foi escolhido num "teste cego". Não só porque a nacionalidade é obviamente importante mas também porque há muitos factores moles em cima dos números duros. As contrapartidas para o Estado. E as represálias para o Estado.
Todos foram favoritos, ao longo do processo. Primeiro a Eletrobras, depois a E.ON, no fim a Three Gorges. Todos cometeram erros. Erros que vão ficar para a história, que será contada pelos vencedores. Entre esses vencedores estará o Estado português, que vende 50% acima do preço de mercado, e a administração da EDP, que preparou o processo nos últimos meses.
Os brasileiros da Eletrobras chegaram mais bem calçados. Mas a influência política que têm no Governo português deu-lhes uma falsa confiança, que foi ao ponto de colocarem uma condição irregular na sua proposta, de aumentar o limite dos direitos de voto da empresa. Essa autoconfiança só se desmanchou há uma semana, quando o Conselho-geral e de Supervisão da EDP os excluiu das suas preferências. Ficaram incrédulos. E então injectaram de adrenalina os seus lóbis, tentando recuperar o tempo perdido. E identificaram os accionistas minoritários da EDP (Grupo Mello, BES, BCP) como seus adversários. Porque estes também querem vender - de preferência também 50% acima da cotação em bolsa. Em contrapartida, a administração da EDP, que andou anos a namorar os brasileiros, passou a ser hostil à sua proposta. Principalmente por uma razão: a EDP privatizada cá seria "nacionalizada" no Brasil, pela Eletrobras.
O favoritismo passou para os alemães da E.ON. Primeiro porque apresentaram uma proposta tecnicamente competente. Mas também porque quiseram fazer da EDP Renováveis líder nos Estados Unidos e quase líder mundial. Do lado negativo, a E.ON propôs meter os seus maus activos espanhóis (centrais de carvão) dentro da EDP, trocando portanto o seu gato pela lebre da EDP. Também aqui todos os lóbis foram activados, da União Europeia ao BCE. Este feitiço virou-se às tantas contra o feiticeiro: a notícia de que Merkel chamou Passos para falar da operação frisou a nossa submissão. A notícia de que António Mexia foi chamado ao quartel da E.ON, acompanhado de um famoso "lobista" português, caiu como uma bomba de mau cheiro no Governo.
Com esta história, António Mexia passou para o centro das atenções. A questão não é paroquial: ontem, o "Financial Times" alemão quis saber quais eram as hipóteses do presidente executivo da empresa continuar a sê-lo. Resposta: são grandes. Mas esta história tem por detrás uma antipatia conhecida deste Governo em relação a Mexia. Com os chineses e os alemães, todavia, Mexia fica.
Na ponta final, os chineses passaram a favoritos. Porque põem um saco de dinheiro na empresa, no Estado e na economia portuguesa, criam uma fábrica e prometem apoiar a banca. Foram, de todos, os que menos erros parecem ter cometido, embora não tenham resistido a criticar o noticiário nos jornais portugueses. É natural que os chineses não se dêem bem com a imprensa livre: só a conhecem de longe.
Para a EDP, esta operação trará mercados, capitalização e refinanciamento. Não é pouco: a empresa tem um calendário de dívida carregado e um "rating" ameaçador. O novo dono dá uma grande ajuda. E mesmo que as rendas em Portugal sejam reduzidas, como ainda ontem Poul Thomsen avisou, ninguém quis comprar a EDP por Portugal. Mas sim pelas Renováveis (obra de Mexia, subsidiado por Sócrates) e pelo Brasil (projecto que nasceu nos anos Guterres).
Esta venda da EDP traz capital para Portugal. Talvez porque a carência é gritante, não há debate sobre os centros de decisão nacional. Esse debate não é para pobres. Poucas pessoas terão a noção exacta da crueza do problema financeiro português. O fundo de pensões entrou para pagar contas, dívidas e salários. E o dinheiro da EDP servirá para o mesmo. O dinheiro nem aquece. Logo desaparece, para o estrangeiro. E, para nós, isso é um alívio. Até ao próximo sufoco."
(in www.negocios.pt)
in jneg
Resumo das propostas dos candidatos à EDP
22/12/2011
A proposta da Three Gorges
- Intenção de criar uma fábrica de turbinas eólicas em Portugal, gerando cerca de 500 milhões de euros anuais em exportações;
- Servir de ponte para a EDP se financiar em Hong Kong;
- China Three Gorges paga 3,45 euros por acção, num total de 2,7 mil milhões de euros;
- Garante dois mil milhões de euros de financiamento à EDP, e outros 2 mil milhões por garantir.
- Interessados em comprar posições em activos eólicos da EDP
- Equipa de António Mexia mantida e não pretende interferir na actuação da gestão
A proposta da E.On
- Ficar no longo prazo no capital da EDP, sem reforçar além dos 21,35%;
- Promessa de desenvolver parcerias em sectores que fazem parte da estratégia do grupo alemão, nomeadamente a construção de parques eólicos e a entrada no mercado energético brasileiro;
- Propõem pagar 3,25 euros por acção, num total de 2,54 mil milhões de euros;
- Disposta a investir num centro de investigação e desenvolvimento em Portugal
- Concentrar competências na área das energias renováveis no mercado português
- Quer adquirir uma participação na EDP Renováveis
- Poderão manter António Mexia à frente da EDP e não exigem mudanças no modelo de "governance" da EDP
A proposta da Eletrobras
- Oferecem 3,28 euros por acção, ou um total de 2,56 mil milhões de euros;
- Interessada em adquirir activos eólicos da EDP, onde poderá investir mil milhões de euros;
- Venda de activos brasileiros de distribuição à EDP
- Aquisição de parte do negócio hidroeléctrico do grupo português;
- Brasileiros querem subir limite de voto na EDP para 32%
22/12/2011
A proposta da Three Gorges
- Intenção de criar uma fábrica de turbinas eólicas em Portugal, gerando cerca de 500 milhões de euros anuais em exportações;
- Servir de ponte para a EDP se financiar em Hong Kong;
- China Three Gorges paga 3,45 euros por acção, num total de 2,7 mil milhões de euros;
- Garante dois mil milhões de euros de financiamento à EDP, e outros 2 mil milhões por garantir.
- Interessados em comprar posições em activos eólicos da EDP
- Equipa de António Mexia mantida e não pretende interferir na actuação da gestão
A proposta da E.On
- Ficar no longo prazo no capital da EDP, sem reforçar além dos 21,35%;
- Promessa de desenvolver parcerias em sectores que fazem parte da estratégia do grupo alemão, nomeadamente a construção de parques eólicos e a entrada no mercado energético brasileiro;
- Propõem pagar 3,25 euros por acção, num total de 2,54 mil milhões de euros;
- Disposta a investir num centro de investigação e desenvolvimento em Portugal
- Concentrar competências na área das energias renováveis no mercado português
- Quer adquirir uma participação na EDP Renováveis
- Poderão manter António Mexia à frente da EDP e não exigem mudanças no modelo de "governance" da EDP
A proposta da Eletrobras
- Oferecem 3,28 euros por acção, ou um total de 2,56 mil milhões de euros;
- Interessada em adquirir activos eólicos da EDP, onde poderá investir mil milhões de euros;
- Venda de activos brasileiros de distribuição à EDP
- Aquisição de parte do negócio hidroeléctrico do grupo português;
- Brasileiros querem subir limite de voto na EDP para 32%
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