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Caldeirão da Bolsa

Seis maiores bancos centrais do mundo actuam de forma coorde

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por migluso » 5/1/2012 2:22

K. Escreveu:Assim aumenta-se a solvabilidade mas geram-se desiquilibrios na massa monetária cujos efeitos são imprevisíveis. Esta crise é como um cubo de Rubik com uma cor trocada: é impossível completar uma face sem desfazer outra.


Não vislumbro como se aumenta a solvabilidade com soluções destas. Pelo contrário.

QE é dinheiro que tem ar a sustentá-lo, ou seja, não existem activos reais por trás.
É precisamente do que se trata quando falamos das obrigações compradas unicamente pelos próprios emitentes. São activos que valem menos que ar.

Um dos problemas, entre vários, é que agora esse lixo financeiro é garantido pelos cidadãos.

Mas, passo a palavra ao Bill Gross:

Amazingly, Italian banks are now issuing state guaranteed paper to obtain funds from the European Central Bank (ECB) and then reinvesting the proceeds into Italian bonds, which is QE by any definition and near Ponzi by another.


Now, with policy rates at or approaching zero yields and QE facing political limits in almost all developed economies, it is appropriate to question not only the effectiveness of historical conceptual models but entertain the possibility that they may, counterintuitively, be hazardous to an economy’s health.


For 2012, in the face of a delevering zero-bound interest rate world, investors must lower return expectations. 2–5% for stocks, bonds and commodities are expected long term returns for global financial markets that have been pushed to the zero bound, a world where substantial real price appreciation is getting close to mathematically improbable. Adjust your expectations, prepare for bimodal outcomes. It is different this time and will continue to be for a number of years. The New Normal is “Sub,” “Ab,” “Para” and then some. The financial markets and global economies are at great risk.


http://www.pimco.com/EN/Insights/Pages/ ... -2012.aspx
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Grande verdade

por ocart » 5/1/2012 1:55

Há tempos circulou um mail traduzido com sotaque Brasileiro que alertava a comunidade Mundial para a actuação de 6 grandes Bancos Mundiais e a sua finalidade.
 
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por Billy Ray Valentine » 4/1/2012 20:59

K. Escreveu:O que o BCE está a fazer é de facto equivalente a imprimir moeda de uma forma camuflada.

1)Ao aceitar todo o tipo de colateral dos países periféricos está a injectar liquidez nestes.

2)Através dos depósitos de colateral de qualidade feitos pelo Bundesbank está a retirar o excesso de liquidez da economia alemã.

A questão que se coloca é se as injecções na periferia vão fazer efeito ou se vamos entrar numa situação de "armadilha de liquidez".

Outra possibilidade que o BCE está a oferecer às instituições é de facto algo pouco ortodoxo mas poderá evitar a recapitalização dos bancos (e dar uns Euros a ganhar a quem antecipar os movimentos e negociar de acordo):

a) Os bancos (como fez o BCP na operação aqui discutida) emitem obrigações de dívida que são compradas na totalidade pelo próprio banco.

b) As obrigações são depositadas pelo banco como colateral no BCE em troca de liquidez.

c) A liquidez é utilizada para a recompra da dívida do próprio banco.

Assim aumenta-se a solvabilidade mas geram-se desiquilibrios na massa monetária cujos efeitos são imprevisíveis. Esta crise é como um cubo de Rubik com uma cor trocada: é impossível completar uma face sem desfazer outra.


Muito bem observado K.

Abraço
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por K. » 4/1/2012 20:28

O que o BCE está a fazer é de facto equivalente a imprimir moeda de uma forma camuflada.

1)Ao aceitar todo o tipo de colateral dos países periféricos está a injectar liquidez nestes.

2)Através dos depósitos de colateral de qualidade feitos pelo Bundesbank está a retirar o excesso de liquidez da economia alemã.

A questão que se coloca é se as injecções na periferia vão fazer efeito ou se vamos entrar numa situação de "armadilha de liquidez".

Outra possibilidade que o BCE está a oferecer às instituições é de facto algo pouco ortodoxo mas poderá evitar a recapitalização dos bancos (e dar uns Euros a ganhar a quem antecipar os movimentos e negociar de acordo):

a) Os bancos (como fez o BCP na operação aqui discutida) emitem obrigações de dívida que são compradas na totalidade pelo próprio banco.

b) As obrigações são depositadas pelo banco como colateral no BCE em troca de liquidez.

c) A liquidez é utilizada para a recompra da dívida do próprio banco.

Assim aumenta-se a solvabilidade mas geram-se desiquilibrios na massa monetária cujos efeitos são imprevisíveis. Esta crise é como um cubo de Rubik com uma cor trocada: é impossível completar uma face sem desfazer outra.
 
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por migluso » 4/1/2012 13:03

Será que fomos os "maiores" adoptando como política de ganho de competitividade a desvalorização da moeda? Não me parece.
É caso para dizer: naquele tempo as nossas moedas de ouro valiam ouro.

Como provocação aos pós-keynesianos, que no fundo são os apologistas da Teoria Monetária Moderna. (Penso que Krugman é um crítico da "Modern Monetary Theory" - para que fique claro Muffin, que não tenho nada contra o Krugman. Aliás, não podia estar mais de acordo com o texto dele que linkei noutro post)

And neither do any and all chartalist conventions which rely on the articial construct of reserve permanence, for one simple reason - being artificial, means the theory is flawed from the beginning.

http://www.zerohedge.com/news/worlds-re ... t-epilogue

Para quem quiser saber mais sobre a política monetária da República de Weimar...
http://en.wikipedia.org/wiki/Chartalism
http://pragcap.com/
Anexos
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por migluso » 4/1/2012 0:23

AutoMech Escreveu:
migluso Escreveu:Ou então, ou então... faz-se como o BCP... "fabrica-se" o colateral dentro de casa e vai-se ao BCE trocá-lo por cash... :roll: qualidade garantida, mas só para o BCE... :roll:

Desculpa a piada Migluso, mas se o BCE não pode imprimir moeda então pomos os bancos comerciais a imprimir o que fizer falta, para que o BCE abra os cordões à bolsa. :twisted:


O BCE está mesmo a imprimir, mas de forma mais ou menos camuflada, quando financia bancos que criam activos fictícios (exactamente como a operação do BCP que temos vindo a debater).

http://www.zerohedge.com/news/would-pon ... -smell-bad

Mas nada como observar o crescimento do balanço do BCE.

Dezembro de 2011 http://www.ecb.int/press/pr/wfs/2011/ht ... 28.pt.html
Dezembro de 2010
http://www.ecb.int/press/pr/wfs/2010/ht ... 28.pt.html

Seria muito útil e um verdadeiro serviço público (já que os media, TODOS, não o prestam neste caso. Será por causa de interesses publicitários? Ou sou eu que sou estúpido e vejo fantasmas onde eles não existem?), mas como dizia, teria muito interesse em saber o valor das garantias prestadas pelo Estado aos bancos que apresentam como colateral junto do BCE obrigações próprias que tiveram os próprios bancos como únicos compradores (a repetição da palavra própria(o) é propositada).

O interesse em saber tal informação é, sobretudo e se a coisa der para o torto, para o contribuinte poder exigir a condenação pela via da justiça daqueles que aceitaram prestar garantias de biliões, em nosso nome, sobre activos que valem menos que uma grama de oxigénio.

Temo que a melhor estratégia seria a nacionalização parcial, mas imediata, dos bancos que precisam de tais esquemas para se financiarem.

Temo que, se eu estiver certo (e muito honestamente, queria estar errado), este adiar da solução acabe por sair mais caro ao contribuinte.
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por migluso » 9/12/2011 17:01

AutoMech Escreveu:
migluso Escreveu:Ou então, ou então... faz-se como o BCP... "fabrica-se" o colateral dentro de casa e vai-se ao BCE trocá-lo por cash... :roll: qualidade garantida, mas só para o BCE... :roll:

Desculpa a piada Migluso, mas se o BCE não pode imprimir moeda então pomos os bancos comerciais a imprimir o que fizer falta, para que o BCE abra os cordões à bolsa. :twisted:


eheh, é melhor que em ponzi... nem é preciso entrar mais fundos do exterior para alimentar o bicho... fabrica-se os fundos dentro de casa e continua-se a festa... :)
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por Automech » 9/12/2011 16:56

migluso Escreveu:Ou então, ou então... faz-se como o BCP... "fabrica-se" o colateral dentro de casa e vai-se ao BCE trocá-lo por cash... :roll: qualidade garantida, mas só para o BCE... :roll:

Desculpa a piada Migluso, mas se o BCE não pode imprimir moeda então pomos os bancos comerciais a imprimir o que fizer falta, para que o BCE abra os cordões à bolsa. :twisted:
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por migluso » 9/12/2011 16:44

Esta questão da escassez de bom colateral no repo market continua a dominar os mercados.

Porquê?
Porque, nos tempos modernos, é no repo market que acontecem as corridas aos bancos. Neste mercado os players estão tão interligados que se um cai é praticamente inevitável uma série de quedas, a não ser que os Estados intervenham, nacionalizando e/ou injectando resmas de cash.

Para muitos, a razão das quedas do Bear Stearns e do Lehman Bro foi o facto do mercado repo se ter fechado para essas entidades.

There are a growing number of voices suggesting that much of the Eurozone funding crisis could be simmered by addressing one of its most identifiable symptoms. The quality collateral crunch in the system.


...a credible solution that could help soothe funding tensions — at least in the immediate future — would be the decision for the ECB to issue ECB bills or for Treasuries to unite in the issuance of Eurobills.


Net net we think the ECB missed a crucial opportunity to provide a solution to the acute shortage of high quality collateral in the European private repo market...


http://ftalphaville.ft.com/blog/2011/12 ... l-problem/

Ou então, ou então... faz-se como o BCP... "fabrica-se" o colateral dentro de casa e vai-se ao BCE trocá-lo por cash... :roll: qualidade garantida, mas só para o BCE... :roll:
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por migluso » 2/12/2011 12:44

K. Escreveu:Em suma, penso que o mercado interbancario directo pura e simplesmente vai acabar.


Não consigo imaginar isso. Só o mercado interbancário chamado de repo market deve ser superior a 7 triliões de euros. Não é possível o BCE ser a contra parte de todos os outros bancos.
http://en.wikipedia.org/wiki/Repurchase ... arket_size

Hoje publicaram outro artigo sobre o tema:

Additional margin or higher haircuts on collateral increase funding costs for participants and may cause them to exit positions. This can then create further downward pressure on prices, potentially leading to further margin calls or haircuts. To meet margin calls, constrained participants may also be forced to liquidate positions in other products, causing contagion to other markets.


http://ftalphaville.ft.com/blog/2011/12 ... g-to-fail/

O que eu questionei no primeiro post, foi se o BCE não terá tido responsabilidade em ter deixado o colateral se ter deteriorado até este ponto. Quero acreditar que ainda vamos a tempo e que, após o anúncio de um plano de integração fiscal por parte do poder político, o BCE anuncie a bazuka que estamos à espera.
Anexos
Yield spreads vs margin under LCH.Clearnet.jpg
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por K. » 2/12/2011 11:56

Ok, ja percebi, eles estao a fazer uma leitura sobre a sustentabilidade da situacao no longo prazo.

Aqui tenho uma visao um pouco diferente. Acho que ja discutimos o assunto noutro topico.

Em suma, penso que o mercado interbancario directo pura e simplesmente vai acabar. Isto e uma ideia que tenho desenvolvido desde 2007 e que se confirmou quando deixaram o Lehman Brothers cair do alto de um triplo A.

Os bancos centrais foram aos poucos sabendo os detalhes sobre o que andavam a fazer os profissionais de OPM (Other People Money) e eliminaram o tal moral hazzard sobre a banca de investimentos deixando cair a mais emblematica instituicao deste tipo (e aquela que andava a abusar).

Uma decisao corajosa mas perigosa.

O problema e que, apesar de terem sido tomadas medidas nesse sentido, foi impossivel separar a banca de retalho da de investimento, pois toda a gente neste negocio sabe que os custos politicos de eliminar o moral hazzard da banca de retalho sao incomportaveis. Ao deixarem as duas coisas juntas, sabem que estao protegidos pelos estados (ou melhor, pelos depositos dos eleitores).

O que resta aos bancos centrais para evitar o excessos dos bancos? Tomar as redeas do mercado interbancario, sem o qual eles nao podem sobreviver. A ideia e simples,exigindo colaterais de qualidade (e tendo o poder absoluto sobre a definicao dessa qualidade) ficam com um instrumento para restringir politicas de investimento de alto risco.

O problema aqui e muito complicado e tem origem no sistema de bonus anual recebido por traders e responsaveis pelas vendas de produtos aos (muitas vezes mal preparados) gestores de fundos de pensoes, soberanos, etc (que pode chegar a ser bem mais alto que o salario anual).

Este sistema incentiva a compra de produtos de credito com yields elevados, mesmo que exista a percepcao de que o produto e toxico. Ou seja, a prazo o produto vai rebentar, mas se aguentar ate Dezembro, o bonus esta garantido. Foi isto (e muito pior) que andaram a fazer ate 2007.

Os bancos centrais ficam assim com uma forma de incentivar as instituicoes a corrigir este tipo de praticas, pois um produto ostensivamente toxico nao e aceite como colateral, e o banco fica sem possibilidade de obter liquidez. Quando necessario sao abertas excepcoes, como tem sido feito com as dividas soberanas. Mas os traders sabem muito bem que sao excepcoes, e que o BCE sabe o que faz e se for preciso deixa de as aceitar de um momento para o outro e quem as tiver vai ao charco. Ou seja, permite utilizar o stock existente, mas nao incentiva a compra (dai as taxas de juro da Grecia e de Portugal estarem como estao).


Claro, isto e somente uma hipotese especulativa. Vamos ver o que o futuro nos oferece.
 
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por migluso » 2/12/2011 10:46

K. Escreveu: Há coisas que não compreendo muito bem no artigo. Em particular, o que querem eles dizer com "bom colateral"? O BCE tem aceitado tudo, incluindo títulos de dívida Grega. Talvez algo me tenha escapadado, o artigo é de facto difícil de ler, mas, se correcto, poderá ter informação útil. Alguém me dá uma ajuda aqui?


Bom colateral são activos (neste caso obrigações) cujo preço de mercado está próximo do seu valor nominal e que, dados como garantia no mercado interbancário quando um banco se pretende financiar, faz com que este consiga fazê-lo a um preço razoável.

Sim, o BCE baixou a qualidade do colateral exigida para poder financiar os bancos gregos e outros. Mas será que o BCE pode fazer o mesmo com os bancos italianos ou franceses (que estão carregados de dívida italiana), sem levantar a questão " a) at what point do they (o BCE) become the “central counter party” for the interbank market, which would infer a terminal breakdown in the ‘interbank market’"?
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por K. » 2/12/2011 7:26

Migluso,

Obrigado pela referência.

Este é sem dúvida o tema do momento (e conseguindo antecipar os acontecimentos vamos ter importantes pistas sobre a evolução dos mercados, taxas de juro e inflacção nos próximo tempos-as primeiras hipóteses especulativas com potencial de ganhos no lado longo do mercado).


Há coisas que não compreendo muito bem no artigo. Em particular, o que querem eles dizer com "bom colateral"? O BCE tem aceitado tudo, incluindo títulos de dívida Grega. Talvez algo me tenha escapadado, o artigo é de facto difícil de ler, mas, se correcto, poderá ter informação útil. Alguém me dá uma ajuda aqui?
 
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por migluso » 1/12/2011 17:06

AutoMech Escreveu:Migluso, vou ler o artigo mas a urgência para já é estancar as taxas de juro que ninguém conseguirá pagar.


A ideia que o BCE tem as munições para o fazer, sem com isso destruir o euro ou o mercado interbancário, será verdadeira? Foi a dúvida que o artigo me suscitou.

EDIT - O BCE nas últimas semanas interveio fortemente.

Outra solução que falei há dias: o European Redemption Pact.

O BCE, sozinho, duvido que conseguirá estancar o problema, mas... isto é tudo muito complexo... :roll:
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por Automech » 1/12/2011 16:59

Migluso, vou ler o artigo mas a urgência para já é estancar as taxas de juro que ninguém conseguirá pagar. Se os mercados tiverem a percepção de que o BCE vai ligar as rotativas, a pressão é normal que diminua. Quanto ao resto que dizes, concordo. É uma medida para ganhar tempo e não para resolver o problema.
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por migluso » 1/12/2011 16:53

A impressão de dinheiro não resolve nada. Apenas evita (temporariamente, diga-se, se nada for feito para reduzir o endividamento) o colapso.

Mas envolve riscos.

Este artigo publicado hoje no Ftalphaville pode ser demasiado técnico, mas explica bem o stress que se vive no mercado interbancário devido à escassez de bom colateral. Admito que se o raio de acção do BCE não estivesse tão limitado, este poderia ter intervido e evitado uma tão acentuada deterioração do colateral, isto é, teria evitado uma desvalorização tão acentuada de certas dívidas soberanas.

Há quem diga que esta intervenção conjunta dos BCs foi para evitar o colapso de um grande banco europeu. No ZeroHedge hoje atiram para o Credit Agricole.
http://www.zerohedge.com/news/dollar-li ... was-bank-x

Para quem pensa que não há limites à intervenção dos BCs:

while the sense that central banks will ostensibly do anything to ensure no “meltdown”, the implication that central banks appear to be willing to expand their balance sheets ad infinitum (ad nauseam? Ed.) begs 2 questions: a) at what point do they become the “central counter party” for the interbank market, which would infer a terminal breakdown in the ‘interbank market’, and b) central banks, either collectively in the ECB’s case, or individually elsewhere, are implicitly backed by national governments. So if they are per force of events expanding their balance sheets exponentially, and the world is worried about the level of government debt and budget deficits, then why should there actually be any sense of comfort from this action, and beyond that, is this not just another example of money’s role as being a proxy for a store of value (but having no intrinsic value of itself) being destroyed?


http://ftalphaville.ft.com/blog/2011/12 ... ollateral/

Depois de ler este artigo, e dado o ponto em que nos encontramos no presente, duvido que a acção do BCE consiga suster por muito tempo, e por si só, a deterioração da situação. É preciso "fabricar" bom colateral... eurobonds?!?

Ou, quem sabe, o BCE emprestar ao FMI para a troika intervir noutros países e simultaneamente a Europa proceder a uma forte recapitalização da banca.
Para isto é preciso que os EUA, a China e outros estejam de acordo.
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por Automech » 1/12/2011 16:09

K. Escreveu:Agora é a altura certa, pois as Economias Europeias já arrefeceram o suficiente para evitar o sobreaquecimento da Alemanha. Leia-se: os riscos de deflação começam a superar os de inflação e os bancos centrais são responsáveis por manter a estabilidade dos preços. Nas duas direcções...


Ainda ontem pensava nisso K. O grande risco da impressão é ser seguida de inflação descontrolada, mas sinceramente (e infelizmente) penso que o problema não já não se põe. Muito bom o teu post.
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por mfsr1980 » 1/12/2011 13:24

Vá lá! mais uma injecção... :pray:
 
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por Pata-Hari » 1/12/2011 9:09

Finally, note that while this move can ease financial market conditions, it does nothing to address the underlying problems creating those conditions. So this is no substitute for the difficult decisions that Europe must make to overcome its troubles.



K. obrigada. Mais uma vez ajudas a pensar mais à frente :)
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por K. » 1/12/2011 8:43

Este é um primeiro passo para resolver o problema. O sinal positivo é que isto significa que a Alemanha finalmente começou a ceder.

Não me surpreendia se estivessem a ser tomads medidas bem mais fortes que as anunciadas (por exemplo, injectar secretamente capital em pontos estratégicos, como bancos Italianos e Irlandeses, que têm risco sistémico na Alemanha e em Inglaterra).

O ponto de vista que tenho defendido é o seguinte: o alívio da crise utilizando a monetização e o aumento da massa monetária é possível caso TODAS as moedas de "primeiro mundo" (Euro, dollar Yen, Libra, Franco Suíço) actuem simultaneamente.


Ao actuarem simultaneamente, evitam um aumento de volatilidade nos mercados cambiais entre estas moedas, transferindo a pressão de venda para todas em bloco. Isto poderá levar a uma desvalorização em relação às moedas dos BRICS, em particular da China, resolvendo alguns dos desiquilibrios deo comércio internacional.

Ou seja, já que a China não deixa a moeda valorizar, a actuação em bloco dos países mais poderosos do mundo vai fazê-lo (o cambio contra o Yuan vai acabar por ser afectado, pois a China não vai conseguir enfrentar todos estes bancos centrais em conjunto).


Agora é a altura certa, pois as Economias Europeias já arrefeceram o suficiente para evitar o sobreaquecimento da Alemanha. Leia-se: os riscos de deflação começam a superar os de inflação e os bancos centrais são responsáveis por manter a estabilidade dos preços. Nas duas direcções...
 
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por trillion » 1/12/2011 4:47

tiopatinhas Escreveu:Alguém nos dá uma perspectiva mais fundamentada sobre a abrangência desta medida e consequ~^encia nos mercados? Será esta a medida que se esperava para definir um fundo nos mercados? O euro está definitivamente salvo e portugaal não sairá da moeda?
São questões que muitos quererão ver esclaracidas por alguém com mais conhecimentos.
Agradecido


Na minha opinião, se continuar tudo na mesma não. Quanto muito serve para dar fôlego e tempo ao mercado para fazer reajustamentos estruturais.
 
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por Pantone » 30/11/2011 22:53

Will the Fed's move to help Europe hurt the U.S.?
By Mark Thoma

...

What are the central banks doing?

The worry is that the financial troubles in Europe will cause problems similar to when Lehman failed in the U.S. An event such as a default on government loans, a bank failure or even just the fear that such events are just around the corner can cause short-term money markets to tighten up. If this happens, then it will be harder for banks to obtain the money they need to fund their operations. Many banks make money by borrowing short and lending long, and make a profit on the spread between short and long interest rates. When the short-term money markets dry up, these banks lose the ability to obtain the money they need to stay liquid and that puts them in danger of failing.

Why are the central banks they taking this step?

One reason is to make sure that the banks have the liquidity they need to stay afloat. A widespread domino-like cascade of bank failures would be disastrous and this provides insurance against that possibility. In addition, even without bank failures a loss of liquidity is troublesome. As liquidity dries up, interest rates rise and the loans that businesses and consumers need become harder or impossible to get. That can have a large negative impact on economic activity.

How does the plan work?

These swaps are loans between central banks. For example, the Federal Reserve in the U.S. might swap dollars for euros with the European Central Bank, and then the European Central Bank can lend those dollars to banks that are in trouble.

Why can't the European Central Bank provide liquidity in euros? Why are dollars needed?

The dollar is still considered a safe haven, and when troubles erupt in financial markets, the demand for dollars goes up considerably. Providing extra euros doesn't help when the banks want to be in dollars.

Is there any possible downside? As a taxpayer, will it cost me money to help the Europe mess?

Since these are loans between central banks -- the U.S. Fed will not lend to any foreign banks directly -- there is essentially no risk to the U.S. If the Fed makes a loan to the European Central Bank, and the ECB lends the money to a bank that later fails, it is the ECB that is on the hook for losses, not the U.S. The European Central Bank would still be obligated to pay back the U.S. in full.

The other possible downside is that the short-term expansion in the Fed and other central bank balance sheets that would come with these loans will stoke inflation fears. But since these loans have an expiration date (i.e. the balance sheet will be expected to contract at some point in the future), this shouldn't be a big problem.

Finally, note that while this move can ease financial market conditions, it does nothing to address the underlying problems creating those conditions. So this is no substitute for the difficult decisions that Europe must make to overcome its troubles.

in http://www.cbsnews.com/8301-505123_162- ... -the-u.s./

O último parágrafo explica o que resolveu esta acção concertada.
 
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por Sr_SNiper » 30/11/2011 21:47

AC Investor Blog Escreveu:O importante é a injecção de liquidez !!!

Posso estar enganado, mas quando a FED deu inicio ao Q3 o SP500 foi um foguete durante semanas, para os próximos dias espero dias verdes...
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por tiopatinhas » 30/11/2011 21:33

Alguém nos dá uma perspectiva mais fundamentada sobre a abrangência desta medida e consequ~^encia nos mercados? Será esta a medida que se esperava para definir um fundo nos mercados? O euro está definitivamente salvo e portugaal não sairá da moeda?
São questões que muitos quererão ver esclaracidas por alguém com mais conhecimentos.
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por AC Investor Blog » 30/11/2011 20:24

O importante é a injecção de liquidez !!!
AC Investor Blog
www.ac-investor.blogspot.com -
Análises Técnicas de activos cotados em Wall Street. Os artigos do AC Investor podem também ser encontrados diariamente nos portais financeiros, Daily Markets, Benzinga, Minyanville, Solar Feeds e Wall Street Pit, sendo editor e contribuidor. Segue-me também no Twitter : http://twitter.com/#!/ACInvestorBlog e subscreve a minha newsletter.
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