Que o céu não nos caia em cima da cabeça
K. Escreveu:Bem, eu vou tentar responder a algumas questões com outra questão.
Onde poderá o BCE injectar liquidez (em segredo) na Economia sem correr riscos de provocar inflação?
K. Sem querer confundir a tua questão, faço outra pergunta.
E qual seria o problema se houvesse inflação induzida pelo BCE ao injectar liquidez?
Três comentários rápidos:
1. Se injectando a provoca, secaria o excesso de seguida pelo que a poderia controlar.
O target do BCE devería neste momento ser de 4 ou 5%, pois;
2. Inflação iria aumentar a desvalorização dos activos, que se encontram sobreavaliados, logo iria acelerar a estabilização da economia (para além de incentivar o Investimento de fundos estagnados), e finalmente;
3. Nada indica que haja o menor problema de aumento de inflação.
Continuamos a viver nos fantasmas do choque petrolífero quando não existe a mínima relação com o presente momento em que vivemos... penso eu de que...
E os disparates continuam a suceder, sendo a próxima vítima o Euro. R.I.P.
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Má aposta,,,,
Deixo aqui a noticia do JN
"O Governo grego tenciona levar a referendo o novo programa de ajuda financeiro, cujos contornos foram delineados na cimeira europeia da passada quinta-feira. A revelação foi feita hoje pelo primeiro-ministro George Papandreou.
"Confiamos nos cidadãos, confiamos nas suas decisões e nas suas escolhas", disse Papandreou no Parlamento helénico, citado pela Reuters. O líder do Partido Socialista anunciou também que irá pedir um voto de confiança aos parlamentares.
O acordo que saiu da cimeira da semana passada ainda não foi completamente detalhado, mas prevê um "corte" de 50% na dívida pública grega detida por investidores privados, bem como um novo envelope financeiro de cerca de 100 mil milhões de euros, com o objectivo de reduzir a dívida pública para 120% do PIB em 2020.
De acordo com sondagens recentes, cerca de 60% dos gregos vê o acordo como sendo "negativo". A contestação nas ruas não tem dado tréguas ao governo, que se tem visto forçado a reforçar frequentemente as medidas de austeridade para cumprir as metas orçamentais."
Se o resultado do referendo for negativo vai ser engraçado vai ser a confusão geral, depois quero ver como é que Papandreou e a Europa vão descalçar a bota.
"O Governo grego tenciona levar a referendo o novo programa de ajuda financeiro, cujos contornos foram delineados na cimeira europeia da passada quinta-feira. A revelação foi feita hoje pelo primeiro-ministro George Papandreou.
"Confiamos nos cidadãos, confiamos nas suas decisões e nas suas escolhas", disse Papandreou no Parlamento helénico, citado pela Reuters. O líder do Partido Socialista anunciou também que irá pedir um voto de confiança aos parlamentares.
O acordo que saiu da cimeira da semana passada ainda não foi completamente detalhado, mas prevê um "corte" de 50% na dívida pública grega detida por investidores privados, bem como um novo envelope financeiro de cerca de 100 mil milhões de euros, com o objectivo de reduzir a dívida pública para 120% do PIB em 2020.
De acordo com sondagens recentes, cerca de 60% dos gregos vê o acordo como sendo "negativo". A contestação nas ruas não tem dado tréguas ao governo, que se tem visto forçado a reforçar frequentemente as medidas de austeridade para cumprir as metas orçamentais."
Se o resultado do referendo for negativo vai ser engraçado vai ser a confusão geral, depois quero ver como é que Papandreou e a Europa vão descalçar a bota.
K. Escreveu:Onde poderá o BCE injectar liquidez (em segredo) na Economia sem correr riscos de provocar inflação?
O SMP Securities Markets Programme investe no mercado secundário de dívida.
O risco de inflação existe, é um facto, daí o BCE até à data esterilizar estas operações.
Também existe o risco dos países em dificuldades adiarem o ajustamento necessário, visto que passariam a ter o BCE por trás.
Mas se o BCE não enveredar por este caminho, é o risco do próprio sistema financeiro que está em causa. E cabe ao BCE ser o guardião da estabilidade do sistema.
Não há solução que não acarrete riscos. Não há solução que não exija sacrifícios.
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
Ulisses Pereira Escreveu:Os angolanos se não querem só têm uma opção: Aumentarem a sua posição e serem eles a fazer a recapitalização.
Um abraço,
Ulisses
podem, simplesmente, fazer o mesmo as empresas de capital Português em Angola. O BFA (?) do BPI, ia à vida e muitas outras...
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Sargotronss Escreveu:Seria mais racional usar o dinheiro para fazer um acordo de buyback da dívida em vez de capitalizar os bancos o que resulta em alavancar a própria dívida por causa da dívida.
Ou tenho uma visão muito simplista da coisa?
Buyback de dívida detida apenas pelos bancos portugueses? Não creio que isso seja possível.
Na minha opinião, deveríamos fazer precisamente o contrário, isto é, aumentar as maturidades sem afectar a rentabilidade dos credores, como fez o Uruguai, creio eu.
Pode ser que façamos aquilo, não aos detentores de obrigações, mas à troika. Prolongar por mais 2 ou 3 anos o plano de ajustamento. Mas antes, é necessário provarmos o nosso empenhamento.
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Ulisses, confesso que não sou tão pessimista em relação a este tema.
Se os cortes da despesa do estado avançarem como estão agora em cima da mesa, penso que as medidas de austeridade tomadas do lado da receita serão suficientes para fazer face aos valores em dívida (independentemente de ter que se realizar alguma renegociação de prazos/valores com a troika).
Acredito que Portugal, sem desperdício e sem excesso de despesa pública é um país sustentável, em especial porque se começa a ver alguns sinais positivos nos resultados do Q3 da banca europeia mais sólida (principalmente a menos exposta à Grécia).
Caso contráio, se existir um "hair-cut" à nossa dívida então sim, concordo que o céu nos cai em cima.
Cumpts
Se os cortes da despesa do estado avançarem como estão agora em cima da mesa, penso que as medidas de austeridade tomadas do lado da receita serão suficientes para fazer face aos valores em dívida (independentemente de ter que se realizar alguma renegociação de prazos/valores com a troika).
Acredito que Portugal, sem desperdício e sem excesso de despesa pública é um país sustentável, em especial porque se começa a ver alguns sinais positivos nos resultados do Q3 da banca europeia mais sólida (principalmente a menos exposta à Grécia).
Caso contráio, se existir um "hair-cut" à nossa dívida então sim, concordo que o céu nos cai em cima.
Cumpts
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Ulisses Pereira Escreveu:pvg, a privatizar a Banca? Não. Está a obrigar a uma recapitalização e, no caso português, como não há dinheiro dos accionistas para fazerem mais aumentos de capital isso significa uma nacionalização parcial.
migluso, o problema é que os accionistas em Portugal não têm dinheiro para colocarem nessa recapitalização e o Estado também não tem! E vai colocar, ao abrigo do acordo com a Troika, mas vai tornar ainda mais difícil a sua vida no futuro.
Volto a repetir que me parece a solução possível mais interessante para a Europa mas muito complicada para Portugal.
Um abraço,
Ulisses
queria dizer, nacionalizar.
nacionalização, parcial é o que tu pensas ?
e os Angolanos, o que vão fazer ?
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Ulisses Pereira Escreveu:migluso, o problema é que os accionistas em Portugal não têm dinheiro para colocarem nessa recapitalização e o Estado também não tem! E vai colocar, ao abrigo do acordo com a Troika, mas vai tornar ainda mais difícil a sua vida no futuro.
É verdade que vai obrigar a um esforço redobrado, que é como quem diz, mais austeridade do que a que seria necessário caso a nossa banca estivesse em forma.
Mas não há alternativa. Nenhuma economia é capaz de funcionar, durante muito tempo, sem os seus bancos acederem ao mercado interbancário.
k.,
As soluções que apontas em nada contribuem para que os bancos venham a aceder ao mercado num futuro mais ou menos próximo.
Eu não tenho uma solução para o problema. Provavelmente passará por uma maior intervenção do BCE através do SMP e sem a posterior esterilização.
Eu não sei. Mas não vejo uma solução que não passe pelo BCE.
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A solução óbvia é baixar as exigencias de capital em alturas de crise. A regulação foi pensada para prevenir os excessos em tempos de euforia, não para falir os bancos.
Citando a entrevista:
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=515997
em particular:
"....impor rácios de capital dinâmicos e contracíclicos. Ou seja, em altura de "booms", com os preços dos activos a subir, os bancos deveriam reforçar os balanços, o que era relativamente fácil, e permita que os bancos funcionassem como um travão à bolha. Pelo contrário, em recessão, deveriam fazer o contrário..."
Eu acrescentaria que:
-num país a ser intervencionado ( a que sejam atribuidas hipóteses de solvência, como penso ser Portugal até agora) a dívida pública do próprio país detida pelos bancos seja contabilizada ao par. E que só ao colocar a hipótese do default (todo este processo é monitorizado pela Troika) este cenário seja alterado, levando às necessárias injecções de capital.
Citando a entrevista:
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=515997
em particular:
"....impor rácios de capital dinâmicos e contracíclicos. Ou seja, em altura de "booms", com os preços dos activos a subir, os bancos deveriam reforçar os balanços, o que era relativamente fácil, e permita que os bancos funcionassem como um travão à bolha. Pelo contrário, em recessão, deveriam fazer o contrário..."
Eu acrescentaria que:
-num país a ser intervencionado ( a que sejam atribuidas hipóteses de solvência, como penso ser Portugal até agora) a dívida pública do próprio país detida pelos bancos seja contabilizada ao par. E que só ao colocar a hipótese do default (todo este processo é monitorizado pela Troika) este cenário seja alterado, levando às necessárias injecções de capital.
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pvg, a privatizar a Banca? Não. Está a obrigar a uma recapitalização e, no caso português, como não há dinheiro dos accionistas para fazerem mais aumentos de capital isso significa uma nacionalização parcial.
migluso, o problema é que os accionistas em Portugal não têm dinheiro para colocarem nessa recapitalização e o Estado também não tem! E vai colocar, ao abrigo do acordo com a Troika, mas vai tornar ainda mais difícil a sua vida no futuro.
Volto a repetir que me parece a solução possível mais interessante para a Europa mas muito complicada para Portugal.
Um abraço,
Ulisses
migluso, o problema é que os accionistas em Portugal não têm dinheiro para colocarem nessa recapitalização e o Estado também não tem! E vai colocar, ao abrigo do acordo com a Troika, mas vai tornar ainda mais difícil a sua vida no futuro.
Volto a repetir que me parece a solução possível mais interessante para a Europa mas muito complicada para Portugal.
Um abraço,
Ulisses
Pelo que vou lendo sobre crises financeiras/bancárias, em todas elas ocorreu uma recapitalização da banca.
Crise escandinava, crise sudeste asiático, crise américa latina.
É muito injusto haver um sector que, pela forma como está montado, a falência de alguns players represente (potencialmente) para a sociedade custos muito mais elevados do que a sua "salvação" (não Lion, a solução não passa por termos apenas bancos públicos, a solução passa por mudar as regras de forma a que os bancos possam falir).
Mas sem uma "limpeza" dos activos tóxicos do balanço dos bancos e posterior recapitalização, o mercado interbancário não se abre porque não há confiança. Os bancos não confiam uns nos outros. E não há economia que funcione (por muito tempo) quando assim é.
Que soluções apresentam aqueles que são contra a recapitalização da banca?
Obrigar os bancos americanos, japoneses, suíços, etc., a fazerem negócios durante a noite com os bancos franceses e portugueses? Ou obrigar a FED a manter linhas de financiamento em dólares abertas com o BCE?
Crise escandinava, crise sudeste asiático, crise américa latina.
É muito injusto haver um sector que, pela forma como está montado, a falência de alguns players represente (potencialmente) para a sociedade custos muito mais elevados do que a sua "salvação" (não Lion, a solução não passa por termos apenas bancos públicos, a solução passa por mudar as regras de forma a que os bancos possam falir).
Mas sem uma "limpeza" dos activos tóxicos do balanço dos bancos e posterior recapitalização, o mercado interbancário não se abre porque não há confiança. Os bancos não confiam uns nos outros. E não há economia que funcione (por muito tempo) quando assim é.
Que soluções apresentam aqueles que são contra a recapitalização da banca?
Obrigar os bancos americanos, japoneses, suíços, etc., a fazerem negócios durante a noite com os bancos franceses e portugueses? Ou obrigar a FED a manter linhas de financiamento em dólares abertas com o BCE?
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
Eu ainda nao compreendi pq nao se emite dinheiro e desvaloriza-se a moeda. E assim resolve-se o problema da falta de liquidez.
Ai... mas isso ia criar bla,bla, bla; Fogo; um mercado com 27 paises, deve ter algum peso na economia mundial?!!!
Estamos á espera de quê? que a alemanha declare falencia?????
Ai... mas isso ia criar bla,bla, bla; Fogo; um mercado com 27 paises, deve ter algum peso na economia mundial?!!!
Estamos á espera de quê? que a alemanha declare falencia?????
Eu nao percebo é pq tanta admiração. Na mesma noite que sairam as noticias eu disse que Portugal era o proximo e a Europa tinha chegado ao fim. Podem ler , esta aqui nas noticias.
O "estranho" foi no dia seguinte andar tudo feito louco a comprar acçoes da banca como se o "milagre" tivesse acontecido.
Em tempos disse que a unica forma de acabar com a especulação em torno da zona euro era comprar de uma so vez a divida toda da Grecia e Portugal e mostrar aos mercados que qualquer tentativa de especular sria eliminada. Mas nao, com estes politicos bananas transformaram uma coisa de 3% pib europeu numa gigantesca bronca e problema.
Tambem nunca percebi pq em 2008 a UE disse aos governos : podem gastar a grande , sem qq problema. E um ano depois vem dizer : gastaram, mas agoa tem tres anos para porem tudo como estava bem antes de 2008!
Mas isto cabe na cabeça de alguem!
Quanto a banca, cada vez mais é um problema sem solução. Começa a ficar provado que a banca em maos de particulares da mais problemas que soluçoes. se nao pode falir (regra basica em economias de mercado onde a eficiencia e regra) tambem nao pode ser privada!
O "estranho" foi no dia seguinte andar tudo feito louco a comprar acçoes da banca como se o "milagre" tivesse acontecido.
Em tempos disse que a unica forma de acabar com a especulação em torno da zona euro era comprar de uma so vez a divida toda da Grecia e Portugal e mostrar aos mercados que qualquer tentativa de especular sria eliminada. Mas nao, com estes politicos bananas transformaram uma coisa de 3% pib europeu numa gigantesca bronca e problema.
Tambem nunca percebi pq em 2008 a UE disse aos governos : podem gastar a grande , sem qq problema. E um ano depois vem dizer : gastaram, mas agoa tem tres anos para porem tudo como estava bem antes de 2008!

Quanto a banca, cada vez mais é um problema sem solução. Começa a ficar provado que a banca em maos de particulares da mais problemas que soluçoes. se nao pode falir (regra basica em economias de mercado onde a eficiencia e regra) tambem nao pode ser privada!
" Richard's prowess and courage in battle earned him the nickname Coeur De Lion ("heart of the lion")"
Lion_Heart
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O problema é muito maior do que parece:
1)o estado entra nos bancos para reforçar o capital. Cerca de 10 mil milhões a preços actuais de mercado e com 50% de perdão na Grécia.
Depois é que vem o diabo:
2) a Grécia vai precisar de mais 50% de perdão de dívida (a minha estimativa era de 75%, logo falta cortar metade), e esse já vai ser assumido pelo estado.
3)Pior ainda: a dívida Portuguesa levará um haircut de, pelo menos, 50%, tudo já no balanço dos bancos nacionalizados.
Claro que o mercado já está a antecipar isto tudo, daí que o haircut começa a ser visível nos juros. Níveis de sexta-feira:
http://online.wsj.com/mdc/public/page/2 ... bonds.html
1)o estado entra nos bancos para reforçar o capital. Cerca de 10 mil milhões a preços actuais de mercado e com 50% de perdão na Grécia.
Depois é que vem o diabo:
2) a Grécia vai precisar de mais 50% de perdão de dívida (a minha estimativa era de 75%, logo falta cortar metade), e esse já vai ser assumido pelo estado.
3)Pior ainda: a dívida Portuguesa levará um haircut de, pelo menos, 50%, tudo já no balanço dos bancos nacionalizados.
Claro que o mercado já está a antecipar isto tudo, daí que o haircut começa a ser visível nos juros. Níveis de sexta-feira:
http://online.wsj.com/mdc/public/page/2 ... bonds.html
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