Ulrich: Das melhores coisas era rebentar o mercado CDS
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QuimPorta Escreveu:Quando FU diz que "não percebe o funcionamento deste mercado" não é líquido que não conheça os mecanismos de funcionamento dos CDS.
A expressão "não compreendo" usa-se muitas vezes para significar "parece mentira que exista".
E se for esse o sentido da expressão FU está em muito boa companhia. O best seller The Big Short: Inside the Doomsday Machine descreve como durante os preparativos para o crash de 2009 muito boa gente andou a negociar CDS sem perceber a complexidade brutal dos instrumentos financeiros subjacentes.
O "doomnsday" a que o autor do livro se refere está relacionada precisamente a utilização dos CDS para shortar aquela espécie de obrigações (CDO) do crédito imobiliário. Que rebentaram na cara de gente como a AIG, Lehman, Merryl, arruinaram países como a Irlanda, Islândia, e por ai adiante.
É provavelmente ao risco de repetição desse cenário que FU se refere.
Essa tb é a minha interpretação... ele (ou alguém do banco) deve perceber o mercado dos CDS, acha é pouco salutar a existência do mesmo.
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Re: Ulrich: Das melhores coisas era rebentar o mercado CDS
AutoMech Escreveu:Para o banqueiro, não haverá capital privado para injectar nos bancos caso as autoridades internacionais obriguem as instituições financeiras a registarem nas suas contas as menos-valias potenciais associadas à sua exposição à dívida pública dos países da zona euro.
Esta é o grande medo dos banqueiros e que ditará o inicio das nacionalizações na banca. Estou convicto que fortes diluições vão existir no capital nos actuais accionistas dos bancos.
JCS
---Tudo o que for por mim escrito expressa apenas a minha opinião pessoal e não é uma recomendação de investimento de qualquer tipo---
https://twitter.com/JCSTrendTrading
"We can confidently predict yesterdays price. Everything else is unknown."
"Every trade is a test"
"Price is the aggregation of everyone's expectations"
"I don't define a good trade as a trade that makes money. I define a good trade as a trade where I did the right thing". (Trend Follower Kevin Bruce, $5000 to $100.000.000 in 25 years).
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Também não tenho uma ideia totalmente negativa em relação ao Urlich. Mas não devia dizer uma coisa destas em público, seja ou não verdade. Tudo o que se passa com o banco dele, com o país, a Europa, etc, tem como epicentro o mercado de CDS. Talvez o erro seja meu e o tenha interpretado literalmente quando o que ele queria era dizer que não está metido nisto (pergunta de milhão de dólares: será que algum banco em Portugal está? vejam o Sr. Aristóteles dois parágrafos abaixo).
Quando se fala em "rebentar", fala-se de algo bem mais complicado do que 2008.
Desta vez é crédito soberano: os trabalhadores do Lehman Brother não podiam especular (legalmente) com a dívida do próprio banco, mas nada impede os habitantes, incluindo CEOS, CFOS e Traders, etc de um banco de o fazerem com a dívida do seu país, de forma perfeitamente legal.
Para me explicar melhor, peço que imaginem a seguinte situação:
O Sr. Aristóteles é CFO de um banco e da sua seguradora associada, que estão ambos sediados num país tremendamente endividado. Se o país falir, o banco vai com ele. Quando os juros soberanos começam a subir, o banco começa a ficar descapitalizado e ao mesmo tempo sem acesso ao mercado de dívida. Qual é a maneira fácil de se capitalizar? É vender CDS contra o incumprimento soberano do próprio país; o Sr. Aristóteles bem sabe que se o país falir o banco vai junto. Logo, qual é o risco que corre ao emitir os CDS? Parece-me a mim que é perto de zero: Se o país pagar a dívida, ganha o dinheiro dos CDS (que por sinal foram vendidos bem caros!); Se o país não pagar, vai ser obrigado a pagar o que foi estipulado no CDS. E, claro, acaba por falir. Mas como o Sr. Aristóteles sabe que nesta situação o seu banco ia falir de qualquer maneira, não tem nada a perder com isto: pura e simplesmente entra em incumprimento com os CDS assim como faz com os restantes compromissos do banco!
Ou seja, não falamos em Default da dívida e consequente activação dos CDS, mas sim em:
Default da dívida+Default dos CDS!
Eis a tal "arma de destruição massiva" de que falava Buffet.
Quando se fala em "rebentar", fala-se de algo bem mais complicado do que 2008.
Desta vez é crédito soberano: os trabalhadores do Lehman Brother não podiam especular (legalmente) com a dívida do próprio banco, mas nada impede os habitantes, incluindo CEOS, CFOS e Traders, etc de um banco de o fazerem com a dívida do seu país, de forma perfeitamente legal.
Para me explicar melhor, peço que imaginem a seguinte situação:
O Sr. Aristóteles é CFO de um banco e da sua seguradora associada, que estão ambos sediados num país tremendamente endividado. Se o país falir, o banco vai com ele. Quando os juros soberanos começam a subir, o banco começa a ficar descapitalizado e ao mesmo tempo sem acesso ao mercado de dívida. Qual é a maneira fácil de se capitalizar? É vender CDS contra o incumprimento soberano do próprio país; o Sr. Aristóteles bem sabe que se o país falir o banco vai junto. Logo, qual é o risco que corre ao emitir os CDS? Parece-me a mim que é perto de zero: Se o país pagar a dívida, ganha o dinheiro dos CDS (que por sinal foram vendidos bem caros!); Se o país não pagar, vai ser obrigado a pagar o que foi estipulado no CDS. E, claro, acaba por falir. Mas como o Sr. Aristóteles sabe que nesta situação o seu banco ia falir de qualquer maneira, não tem nada a perder com isto: pura e simplesmente entra em incumprimento com os CDS assim como faz com os restantes compromissos do banco!
Ou seja, não falamos em Default da dívida e consequente activação dos CDS, mas sim em:
Default da dívida+Default dos CDS!
Eis a tal "arma de destruição massiva" de que falava Buffet.
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Quando FU diz que "não percebe o funcionamento deste mercado" não é líquido que não conheça os mecanismos de funcionamento dos CDS.
A expressão "não compreendo" usa-se muitas vezes para significar "parece mentira que exista".
E se for esse o sentido da expressão FU está em muito boa companhia. O best seller The Big Short: Inside the Doomsday Machine descreve como durante os preparativos para o crash de 2009 muito boa gente andou a negociar CDS sem perceber a complexidade brutal dos instrumentos financeiros subjacentes.
O "doomnsday" a que o autor do livro se refere está relacionada precisamente a utilização dos CDS para shortar aquela espécie de obrigações (CDO) do crédito imobiliário. Que rebentaram na cara de gente como a AIG, Lehman, Merryl, arruinaram países como a Irlanda, Islândia, e por ai adiante.
É provavelmente ao risco de repetição desse cenário que FU se refere.
A expressão "não compreendo" usa-se muitas vezes para significar "parece mentira que exista".
E se for esse o sentido da expressão FU está em muito boa companhia. O best seller The Big Short: Inside the Doomsday Machine descreve como durante os preparativos para o crash de 2009 muito boa gente andou a negociar CDS sem perceber a complexidade brutal dos instrumentos financeiros subjacentes.
O "doomnsday" a que o autor do livro se refere está relacionada precisamente a utilização dos CDS para shortar aquela espécie de obrigações (CDO) do crédito imobiliário. Que rebentaram na cara de gente como a AIG, Lehman, Merryl, arruinaram países como a Irlanda, Islândia, e por ai adiante.
É provavelmente ao risco de repetição desse cenário que FU se refere.
"In God we trust. Everyone else, bring data" - M Bloomberg
Näo acredito, não é possível que "eles" não saibam como funciona o mercado dos CDS.
O que eles não sabem é quem é que detém o quê. Como esse mercado não é regulamentado nem supervisionado ninguém tem uma visão global do mesmo.
A existência dos naked CDS multiplica n vezes a incerteza. Num naked CDS o comprador do seguro não é o detentor do subjacente segurado. É como se eu fizesse um seguro sobre o carro do meu vizinho porque sei que ele guia muito mal e se ele bater eu também recebo a imdemnização! Isto é um grande negócio para quem emite CDS porque tem n clientes a pagar o prémio sobre o mesmo subjacente, enquanto não há acidentes. Quando há então vao ter de pagar n vezes a mesma coisa e se houver uma vaga de acidentes vai à falência.
Como ninguém sabe quem é que segura o quê, ninguém sabe o risco de todos os outros.
Mas um default generalizado já aconteceu em 2008 com a falência do Lehman e outros e chegou-se a temer o "fim do mundo" nos CDS. Houve um dia em que os contratos tinham de ser satisfeitos e ninguém sabia o que ia acontecer ao certo. E o que aconteceu foi que a maior parte das entidades tinham a receber e também a pagar porque eram ao mesmo tempo emissores e cotraentes de CDS, o esquema funcionava quase em circuito fechado e ao fim do dia ninguém se lixou. Exceto a AIG, na altura a maior companhia de seguros do mundo e maior emissora de CDS que teve que ser nacionalizada...
O que eles não sabem é quem é que detém o quê. Como esse mercado não é regulamentado nem supervisionado ninguém tem uma visão global do mesmo.
A existência dos naked CDS multiplica n vezes a incerteza. Num naked CDS o comprador do seguro não é o detentor do subjacente segurado. É como se eu fizesse um seguro sobre o carro do meu vizinho porque sei que ele guia muito mal e se ele bater eu também recebo a imdemnização! Isto é um grande negócio para quem emite CDS porque tem n clientes a pagar o prémio sobre o mesmo subjacente, enquanto não há acidentes. Quando há então vao ter de pagar n vezes a mesma coisa e se houver uma vaga de acidentes vai à falência.
Como ninguém sabe quem é que segura o quê, ninguém sabe o risco de todos os outros.
Mas um default generalizado já aconteceu em 2008 com a falência do Lehman e outros e chegou-se a temer o "fim do mundo" nos CDS. Houve um dia em que os contratos tinham de ser satisfeitos e ninguém sabia o que ia acontecer ao certo. E o que aconteceu foi que a maior parte das entidades tinham a receber e também a pagar porque eram ao mesmo tempo emissores e cotraentes de CDS, o esquema funcionava quase em circuito fechado e ao fim do dia ninguém se lixou. Exceto a AIG, na altura a maior companhia de seguros do mundo e maior emissora de CDS que teve que ser nacionalizada...
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
http://www.facebook.com/atomez
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rubini Escreveu:O Ulrich é das poucas pessoas sensatas na banca, e o BPI é dos melhores bancos geridos. Não entra em enormes riscos e tem um modelo de negócio mais sustentável do que alguns BCP's e BES's que andam por aí.
Quando ele disse isto, deveria querer dizer que o mercado dos CDS está tão complexo e abrangente que ninguém fora dele realmente percebe como funciona. Rebentar com o mercado dos CDS pode ser uma forma de voltar a ter menor complexidade nos mercados financeiros para níveis longe dos actuais. Ultrapassou-se o limite da decência em termos de movimentos de capitais nos CDS e toda a gente sabe os riscos sistémicos associados a estes instrumentos quando a exposição a certos activos é enorme (como actualmente). E todos sabem também quem acaba por pagar quando eles são "too big to fail".
concordo!
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rmachado Escreveu:.. o Ulrich quer dizer é que este mercado não devia existir pois deve-lhe "cheirar" a algo do género do chamado "lixo tóxico.
Devia ter cheirado as obrigações gregas também... e as portuguesas também...
Agora contribui para o estrangulamento da economia porque tem um buraco de 300 milhões para cobrir...
É incrível, mas ainda não ouvi nenhum banqueiro a admitir que falhou, que errou, que fez um péssimo negócio, etc...
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
Ok, who moved first?? Was it you, bond yield? Or was it you, CDS spread? It was you, wasn’t it.. Quick, shoot the messenger! Get him!!!
The conclusion about core sovereigns in this second part is that the bond market leads when conditions are benign. However, this flips around financial conditions deteriorate, and then CDS start leading bonds. That is, bonds have to start running faster to catch-up.
For high-yield sovereigns, whose health was bad to begin with, CDS spreads dominate across all race conditions. Imagine the bonds flailing and struggling to keep up with the whipper-snapper CDS.
http://ftalphaville.ft.com/blog/2011/09 ... ess-naked/
Some effort could be made to make the market more transparent, but the same could be said for the corporate bond market. Corporate bonds themselves are not particularly liquid nor transparent
http://www.zerohedge.com/article/cds-do ... -and-media
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Sinceramente tb não percebo o mercado dos CDS, mas o que acho que o Ulrich quer dizer é que este mercado não devia existir pois deve-lhe "cheirar" a algo do género do chamado "lixo tóxico.
Ng sabe muito bem como funciona, será tão complexo e perigoso que talvez seja um instrumento que não devia existir e o mercado dos ditos devia ser fechado para "sempre".
Mas isto sou eu a ler na diagonal mas uma das coisas que se fala é que este mercado será o "responsável" pela crise das dividas ´públicas.
Ng sabe muito bem como funciona, será tão complexo e perigoso que talvez seja um instrumento que não devia existir e o mercado dos ditos devia ser fechado para "sempre".
Mas isto sou eu a ler na diagonal mas uma das coisas que se fala é que este mercado será o "responsável" pela crise das dividas ´públicas.
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Re
Eu procuro entender estas declarações do Fernando Ulrich no contexto em que foram ditas.
Na verdade se eu ou alguém quiser comprar dívida pública da zona Euro, digamos por exemplo Obrigações do Tesouro de Portugal, hoje em dia sabemos que corremos um risco com algum significado.
Podemos comprar à cautela uns CDS (Credit Default Swaps) para cobrir esse risco, digamos que à partida e em teoria o risco de eventual incumprimento fica coberto.
Que risco? O risco de um dia mais tarde, antes dessas Obrigações atingirem a data da maturidade, surgir um infeliz anúncio de que o país não pode ou não consegue pagar o capital do cupão na data de vencimento, "Ai e tal, havemos de pagar, não somos caloteiros, somos gente séria, vamos reescalonar os pagamentos para mais tarde, vamos fazer um pequeno haircut...", enfim em duas palavras: não vão pagar o que devem, cumprir a obrigação!
Para isso existe o mercado de seguros dos CDS onde se pode em teoria fazer um seguro: se não pagarem os juros periódicos ou o valor facial das Obrigações nas datas previstas, o detentor de CDS pode em teoria reaver a massa dos juros e capital em falta.
A questão que se põe é o facto de não se conhecer quem são esses emitentes de CDS e de que forma aquilo é regulamentado (será que existe mesmo alguma entidade supra que superintende estes produtos obscuros?): são companhias de Seguros? São outros Bancos? São particulares? São vigaristas/oportunistas? Mistério, aquilo é uma salganhada de entidades que nunca ouvimos falar, parece que até hoje nunca foi preciso alguém pedir o dinheiro dum seguro CDS de volta porque nunca aconteceu nenhum "default" soberano.
Mas tomemos o caso da Grécia como exemplo, o que vai acontecer se os Bancos e outros detentores de Obrigações expostos à dívida grega e que detenham em simultâneo contratos de CDS os resolverem accionar no caso do default ser declarado?
Quem vai pagar a essas entidades privadas centenas de milhares de milhões de Euros de volta? Ahhhh...
Desconfio que aquilo é uma espécie de D. Branca, o dinheiro não existe ou já voou para algures, vai tudo assobiar para o lado e quem quiser que vá pedir ao Totta!
Vão à Wikipedia para se informarem como podem contratar um CDS e quem é a entidade responsável em caso de incumprimento: aquilo é um verdadeiro labirinto de sustos, não se percebe patavina e no entanto dizem que no mercado já foram vendidos CDS na casa dos triliões de USD, o mais provável é alguém ter-se abotoado com toda aquela massa mas não se sabe por onde anda ela ou quem é o seu detentor, será uma espécie de esquema de Ponzi?!
Uma coisa é certa, se o mercado dos CDS não existisse esses triliões de USD dariam muito jeito aos Bancos e aos mercados normais regulamentados que precisam de toda esta massa como pão para a boca, só neste contexto se podem perceber as declarações do CEO do BPI.
Na verdade se eu ou alguém quiser comprar dívida pública da zona Euro, digamos por exemplo Obrigações do Tesouro de Portugal, hoje em dia sabemos que corremos um risco com algum significado.
Podemos comprar à cautela uns CDS (Credit Default Swaps) para cobrir esse risco, digamos que à partida e em teoria o risco de eventual incumprimento fica coberto.
Que risco? O risco de um dia mais tarde, antes dessas Obrigações atingirem a data da maturidade, surgir um infeliz anúncio de que o país não pode ou não consegue pagar o capital do cupão na data de vencimento, "Ai e tal, havemos de pagar, não somos caloteiros, somos gente séria, vamos reescalonar os pagamentos para mais tarde, vamos fazer um pequeno haircut...", enfim em duas palavras: não vão pagar o que devem, cumprir a obrigação!
Para isso existe o mercado de seguros dos CDS onde se pode em teoria fazer um seguro: se não pagarem os juros periódicos ou o valor facial das Obrigações nas datas previstas, o detentor de CDS pode em teoria reaver a massa dos juros e capital em falta.
A questão que se põe é o facto de não se conhecer quem são esses emitentes de CDS e de que forma aquilo é regulamentado (será que existe mesmo alguma entidade supra que superintende estes produtos obscuros?): são companhias de Seguros? São outros Bancos? São particulares? São vigaristas/oportunistas? Mistério, aquilo é uma salganhada de entidades que nunca ouvimos falar, parece que até hoje nunca foi preciso alguém pedir o dinheiro dum seguro CDS de volta porque nunca aconteceu nenhum "default" soberano.
Mas tomemos o caso da Grécia como exemplo, o que vai acontecer se os Bancos e outros detentores de Obrigações expostos à dívida grega e que detenham em simultâneo contratos de CDS os resolverem accionar no caso do default ser declarado?
Quem vai pagar a essas entidades privadas centenas de milhares de milhões de Euros de volta? Ahhhh...

Desconfio que aquilo é uma espécie de D. Branca, o dinheiro não existe ou já voou para algures, vai tudo assobiar para o lado e quem quiser que vá pedir ao Totta!


Vão à Wikipedia para se informarem como podem contratar um CDS e quem é a entidade responsável em caso de incumprimento: aquilo é um verdadeiro labirinto de sustos, não se percebe patavina e no entanto dizem que no mercado já foram vendidos CDS na casa dos triliões de USD, o mais provável é alguém ter-se abotoado com toda aquela massa mas não se sabe por onde anda ela ou quem é o seu detentor, será uma espécie de esquema de Ponzi?!
Uma coisa é certa, se o mercado dos CDS não existisse esses triliões de USD dariam muito jeito aos Bancos e aos mercados normais regulamentados que precisam de toda esta massa como pão para a boca, só neste contexto se podem perceber as declarações do CEO do BPI.
Editado pela última vez por Cem pt em 18/10/2011 16:44, num total de 1 vez.
O autor não assume responsabilidades por acções tomadas por quem quer que seja nem providencia conselhos de investimento. O autor não faz promessas nem oferece garantias nem sugestões, limita-se a transmitir a sua opinião pessoal. Cada um assume os seus riscos, incluindo os que possam resultar em perdas.
Citações que me assentam bem:
Sucesso é a habilidade de ir de falhanço em falhanço sem perda de entusiasmo – Winston Churchill
Há milhões de maneiras de ganhar dinheiro nos mercados. O problema é que é muito difícil encontrá-las - Jack Schwager
No soy monedita de oro pa caerle bien a todos - Hugo Chávez
O day trader trabalha para se ajustar ao mercado. O mercado trabalha para o trend trader! - Jay Brown / Commodity Research Bureau
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Sucesso é a habilidade de ir de falhanço em falhanço sem perda de entusiasmo – Winston Churchill
Há milhões de maneiras de ganhar dinheiro nos mercados. O problema é que é muito difícil encontrá-las - Jack Schwager
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O Ulrich é das poucas pessoas sensatas na banca, e o BPI é dos melhores bancos geridos. Não entra em enormes riscos e tem um modelo de negócio mais sustentável do que alguns BCP's e BES's que andam por aí.
Quando ele disse isto, deveria querer dizer que o mercado dos CDS está tão complexo e abrangente que ninguém fora dele realmente percebe como funciona. Rebentar com o mercado dos CDS pode ser uma forma de voltar a ter menor complexidade nos mercados financeiros para níveis longe dos actuais. Ultrapassou-se o limite da decência em termos de movimentos de capitais nos CDS e toda a gente sabe os riscos sistémicos associados a estes instrumentos quando a exposição a certos activos é enorme (como actualmente). E todos sabem também quem acaba por pagar quando eles são "too big to fail".
Quando ele disse isto, deveria querer dizer que o mercado dos CDS está tão complexo e abrangente que ninguém fora dele realmente percebe como funciona. Rebentar com o mercado dos CDS pode ser uma forma de voltar a ter menor complexidade nos mercados financeiros para níveis longe dos actuais. Ultrapassou-se o limite da decência em termos de movimentos de capitais nos CDS e toda a gente sabe os riscos sistémicos associados a estes instrumentos quando a exposição a certos activos é enorme (como actualmente). E todos sabem também quem acaba por pagar quando eles são "too big to fail".
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Emilio Botín: "Não faz sentido recapitalizar a banca indiscriminadamente"
O presidente do Banco Santander, Emílio Botín, expressou hoje a sua oposição à recapitalização indiscriminada da banca europeia, afirmando que a proposta realizada pela Comissão Europeia "não tem nenhum sentido".
"Qualquer recapitalização não servirá de nada se antes não se resolver definitivamente o problema da dívida soberana", afirmou Botín na abertura da IV Conferência Internacional da Banca, organizada pelo Santander. A conferência reuniu em Madrid importantes agentes financeiros do cenário mundial, de acordo com o "El Mundo".
"Não deve forçar-se uma recapitalização indiscriminada da banca europeia sem se resolver de forma definitiva o problema da dívida pública", assegurou o banqueiro, acrescentando que a proposta "não tem qualquer sentido".
O presidente do maior banco espanhol considerou que "exigir uma recapitalização pela questão da dívida supõe não respeitar o acordo de Basileia III e invalidar os testes de stress".
Botín considera que pedir novos rácios de capital nesta altura, quando o acordo de Basileia III ainda não entrou em vigor, "irá gerar instabilidade e incerteza".
"É altura de fazer frente ao comboio de regulamentação e valorizar e calibrar bem o impacto das medidas que já estão em marcha", disse Botín, acrescentando que a medida irá produzir "uma contracção do crédito".
"Pôr em dúvida de forma generalizada a sustentabilidade da dívida pública pode levar-nos a uma espiral imparável da crise soberana e da crise bancária", acrescentou o presidente do Santander.
Além disso, Botín defendeu a eliminação das entidades que não são viáveis. "É fundamental que seja possível a eliminação de qualquer instituição, de forma a que uma entidade que não seja viável possa sair do mercado sem gerar risco sistémico e evitar a necessidade de recorrer a dinheiro público", concluiu.
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=512955
Quando há presidentes de bancos que não sabem o que andam a comprar e quando há orientações políticas que estão desencontradas com as orientações da banca... então começo a ter medo!!! Estaremos a entrar num período de desorientação?!?
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Mas o Ulrich não sabe quem é o CDS???!?!?!?
Vamos explicar....
O CDS é o pedinte que fica à porta do banco dele.
Todos os dias pede uma moeda a cada cliente do Ulrich e investe essa moeda contra o banco do Ulrich.
Também diz a todas as pessoas, que conversam com ele, que o banco irá à falência.
Já sabem qual será o final da estória....
Vamos explicar....
O CDS é o pedinte que fica à porta do banco dele.
Todos os dias pede uma moeda a cada cliente do Ulrich e investe essa moeda contra o banco do Ulrich.
Também diz a todas as pessoas, que conversam com ele, que o banco irá à falência.
Já sabem qual será o final da estória....
- A ganância dos outros poderá gerar-lhe lucros.
- A sua ganância poderá levá-lo à ruína.
- A sua ganância poderá levá-lo à ruína.
migluso,
duvido que ele tenha trabalhado (pessoalmente) com obrigações depois de o mercado de CDS passar a ter a importância que tem. Com os CDS o mercado de obrigações tornou-se algo extremamente complexo, há imensas posições (naked) que não têm correspondencia física, logo o mercado principal é o de CDS, o de obrigações segue-o...
duvido que ele tenha trabalhado (pessoalmente) com obrigações depois de o mercado de CDS passar a ter a importância que tem. Com os CDS o mercado de obrigações tornou-se algo extremamente complexo, há imensas posições (naked) que não têm correspondencia física, logo o mercado principal é o de CDS, o de obrigações segue-o...
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K.,
O Soros chegou a escrever que não percebia o funcionamento do mercado de CDS, e não foi por isso que deixou de comprar obrigações, digo eu...
O Alan Greenspan afirmou recentemente que o modelo em que ele se baseava para aplicar a política monetária estava cheio de buracos negros.
Um aparte, mas eu gosto de economistas ou especialistas que tenham a noção do quão pouco eles sabem. Tal como o nossos Álvaro hoje disse, e muito bem: "o crescimento não se atinge por decreto".
Cumps
EDIT - Corrigir erro ortográfico
O Soros chegou a escrever que não percebia o funcionamento do mercado de CDS, e não foi por isso que deixou de comprar obrigações, digo eu...
O Alan Greenspan afirmou recentemente que o modelo em que ele se baseava para aplicar a política monetária estava cheio de buracos negros.
Um aparte, mas eu gosto de economistas ou especialistas que tenham a noção do quão pouco eles sabem. Tal como o nossos Álvaro hoje disse, e muito bem: "o crescimento não se atinge por decreto".
Cumps
EDIT - Corrigir erro ortográfico
Editado pela última vez por migluso em 18/10/2011 16:25, num total de 1 vez.
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
Ulisses, cairam-me os queixos, isto é o maior escândalo da História!
Um presidente de um banco admite publicamente que não compreende o mercado de CDS??? Ainda por cima numa altura destas?? Mas afinal o que é que os bancos andam a fazer?
E o mais escandaloso é que o BPI tomou posições COLOSSAIS em dívida publica. Sabemos agora que não tinham a mínima ideia do que estavam a fazer.
Esta visto o motivo dos bancos falirem. Começo a acreditar que não é caso único.
Mas em que mundo é que esta gente vive?
Não há qualificação possível para uma coisa destas, é gozar com os accionistas, com o governo, com as instituições internacionais.
Está diagnosticado o grande problema de Portugal: Permissividade com a ignorância. Ele disse aquilo em público e na volta ninguém vai ligar, mas esta ignorância pode sair mais cara do que 5 Albertos Joões...
Querem ver que os nossos brilhantes Presidentes dos bancos e seus brilhantes CFOs, andaram a suportar os leilões do estado no mercado primário sem terem coberto um cêntimo da posição? Estamos a falar de algo na casa dos 20 mil milhões de Euros! Tira-lhe metade, junta uns trocos Gregos e chegamos ao brilhante número de 12 mil milhões da Troika. E não querem estes senhores ser nacionalizados...
Um presidente de um banco admite publicamente que não compreende o mercado de CDS??? Ainda por cima numa altura destas?? Mas afinal o que é que os bancos andam a fazer?
E o mais escandaloso é que o BPI tomou posições COLOSSAIS em dívida publica. Sabemos agora que não tinham a mínima ideia do que estavam a fazer.
Esta visto o motivo dos bancos falirem. Começo a acreditar que não é caso único.
Mas em que mundo é que esta gente vive?
Não há qualificação possível para uma coisa destas, é gozar com os accionistas, com o governo, com as instituições internacionais.
Está diagnosticado o grande problema de Portugal: Permissividade com a ignorância. Ele disse aquilo em público e na volta ninguém vai ligar, mas esta ignorância pode sair mais cara do que 5 Albertos Joões...
Querem ver que os nossos brilhantes Presidentes dos bancos e seus brilhantes CFOs, andaram a suportar os leilões do estado no mercado primário sem terem coberto um cêntimo da posição? Estamos a falar de algo na casa dos 20 mil milhões de Euros! Tira-lhe metade, junta uns trocos Gregos e chegamos ao brilhante número de 12 mil milhões da Troika. E não querem estes senhores ser nacionalizados...
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Ulrich: Das melhores coisas era rebentar o mercado CDS
Fernando Ulrich "Das melhores coisas que podiam acontecer era rebentar com o mercado de CDS"
18 Outubro 2011 | 12:36
Como é que com mais capital chegamos a uma economia mais próspera? A pergunta foi hoje deixada por Fernando Ulrich, que criticou a pressão das autoridades internacionais para capitalizar os bancos com o objectivo de evitar o colapso do mercado de credit default swaps (CDS). Este colapso seria "das melhores coisas que podiam acontecer ao mundo".
O presidente do BPI, Fernando Ulrich, criticou hoje os líderes internacionais pela forma “confrangedora” como têm lidado com a crise financeira internacional, designadamente ao imporem o reforço do capital dos bancos para fazer face a perdas na exposição a dívida soberana, com o objectivo de evitar o colapso do mercado de “credit default swaps” (CDS).
“Percebo que digam que a Grécia não consegue pagar e que vai haver um perdão. Mas das melhores coisas que podiam acontecer ao mundo, era rebentar com o mercado dos CDS. [os líderes internacionais] têm medo [dos CDS] porque não percebem o que é”, constatou o banqueiro. Ulrich reconheceu que também não percebe o funcionamento deste mercado, mas acrescentou que, por isso mesmo, não investe nele.
“Vivemos um problema do financiamento. O que os líderes mundiais estão a fazer é de uma pobreza confrangedora. Não percebo como vão resolver o problema da estabilidade financeira do mundo com mais capital. Como é que com mais capital chegamos a uma economia mais próspera?”, questionou o líder do BPI.
Para o banqueiro, não haverá capital privado para injectar nos bancos caso as autoridades internacionais obriguem as instituições financeiras a registarem nas suas contas as menos-valias potenciais associadas à sua exposição à dívida pública dos países da zona euro. “Virem dizer que vão ver qual é o preço de mercado da dívida pública e os bancos vão ter que fazer isso é criar um problema”, alertou.
“Não sei onde estão os accionistas privados para fazer face a estas perdas potenciais através de capital. É o fim do principio do ‘risk free’ da dívida soberana. Vai significar a desarticulação do sistema financeiro”, sublinhou.
“É uma crise intelectual. De falta de capacidade de perceber os problemas e de encontrar uma solução. Vive-se num jogo de passa culpas. Autoridades culpam os bancos e exigem-lhes mais capital e os bancos culpam o sector público. Mas os argumentos dos bancos são mais sólidos”, defendeu o banqueiro.
Como é que com mais capital chegamos a uma economia mais próspera? A pergunta foi hoje deixada por Fernando Ulrich, que criticou a pressão das autoridades internacionais para capitalizar os bancos com o objectivo de evitar o colapso do mercado de credit default swaps (CDS). Este colapso seria "das melhores coisas que podiam acontecer ao mundo".
O presidente do BPI, Fernando Ulrich, criticou hoje os líderes internacionais pela forma “confrangedora” como têm lidado com a crise financeira internacional, designadamente ao imporem o reforço do capital dos bancos para fazer face a perdas na exposição a dívida soberana, com o objectivo de evitar o colapso do mercado de “credit default swaps” (CDS).
“Percebo que digam que a Grécia não consegue pagar e que vai haver um perdão. Mas das melhores coisas que podiam acontecer ao mundo, era rebentar com o mercado dos CDS. [os líderes internacionais] têm medo [dos CDS] porque não percebem o que é”, constatou o banqueiro. Ulrich reconheceu que também não percebe o funcionamento deste mercado, mas acrescentou que, por isso mesmo, não investe nele.
“Vivemos um problema do financiamento. O que os líderes mundiais estão a fazer é de uma pobreza confrangedora. Não percebo como vão resolver o problema da estabilidade financeira do mundo com mais capital. Como é que com mais capital chegamos a uma economia mais próspera?”, questionou o líder do BPI.
Para o banqueiro, não haverá capital privado para injectar nos bancos caso as autoridades internacionais obriguem as instituições financeiras a registarem nas suas contas as menos-valias potenciais associadas à sua exposição à dívida pública dos países da zona euro. “Virem dizer que vão ver qual é o preço de mercado da dívida pública e os bancos vão ter que fazer isso é criar um problema”, alertou.
“Não sei onde estão os accionistas privados para fazer face a estas perdas potenciais através de capital. É o fim do principio do ‘risk free’ da dívida soberana. Vai significar a desarticulação do sistema financeiro”, sublinhou.
“É uma crise intelectual. De falta de capacidade de perceber os problemas e de encontrar uma solução. Vive-se num jogo de passa culpas. Autoridades culpam os bancos e exigem-lhes mais capital e os bancos culpam o sector público. Mas os argumentos dos bancos são mais sólidos”, defendeu o banqueiro.
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