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Caldeirão da Bolsa

Alexandre Soares dos Santos:«Considero que fui roubado»

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Automech » 10/10/2011 18:00

rmachado Escreveu:Bem de call centers percebo eu e devo dizer que não é necessariamente como dizem...
Depende de muita coisa, como por exemplo se a campanha é "para fora" ou é 2para dentro", do tipo de interacção, do tipo de campanha and so on...

A produtividade neste casos pode não aumentar aumentando o número de horas.. não é assim tão linear.

Tens muita legislação especifica que impede algumas coisas em alguns paises, and so on...


Machado, eu não falei em produtividade. Falei em horas trabalhadas. Um agente de call centre está relativamente controlado nos tempos de pausa, quanto tempo em que pode ter a linha em idle, etc.

Em relação à produtividade, claro que tens razão. Se for um agente de inbound não vão aparecer mais chamadas só por ele lá estar +5 horas. Mas se for de outbound em principio vai fazer mais chamadas de telemarketing.
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por Elias » 10/10/2011 17:57

AutoMech Escreveu:A pergunta é se, no total da economia, vai ou não aumentar a produtividade.


Claro. Mas como ninguém sabe a resposta, tudo o que se diga sobre esse aumento de produtividade vai assentar em suposições. E sobre esta matéria cada qual pode fazer as suposições que quiser, para o lado que mais lhe convier :lol:
 
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por Automech » 10/10/2011 17:55

Elias Escreveu:Mas um aumento do número de horas trabalhadas que não se traduza em aumento de produtividade não serve para nada. Qual é o interesse em reter o operador de call center durante mais horas no posto de trabalho se não houver mais chamadas para atender?

Tens de pensar na economia como um todo. Uma medida de estas só vai ter impacto numa parte dos trabalhadores / empresas (e noutros até vai ser prejudicial se criarem capacidade em excesso e levar a despedimentos).

A pergunta é se, no total da economia, vai ou não aumentar a produtividade. A lei não pode ser algo do género "se isso vier a aumentar a produtividade então aumenta-se o tempo de trabalho para 45 horas por semana".

Por isso é que continuo na dúvida se +5 horas de trabalho é melhor que descida da TSU. Depois do post do JMHP fico com a sensação que no sector exportador seria uma medida positiva (melhor do que a TSU).
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por rmachado » 10/10/2011 17:52

AutoMech Escreveu:
Elias Escreveu:O exemplo do call centre parece-me pouco apropriado. Repara que a produtividade de um operador de call centre mede-se pelo número de chamadas atendidas. Não é por as pessoas passarem lá mais tempo que entram mais chamadas, na prática vão é passar mais tempo sem fazer nada porque vai haver mais operadores para o mesmo número de chamadas... a produtividade por cabeça vai ser menor.

Elias, isso também acontece numa empresa industrial que não necessite de mais horas de produção. Se de repente cada um trabalha mais 5 horas e a produção é a mesma, a produtividade por cabeça mantêm-se.

Pode não ter ficado claro no meu post mas eu queria mostrar é que em muitas funções há mesmo um aumento de horas trabalhadas (independentemente da produtividade) e há outras em que não há aumento nenhum de horas trabalhadas. O operador de call centre está na primeira porque, haja ou não chamadas, tem de lá estar (a não ser que o deixem meter a linha em idle). O controlador de logística, por seu lado, pode passar mais 5 horas no facebook. Está relacionado com o controle de tempo de trabalho que determinadas funções têm quando comparadas com outras.


Bem de call centers percebo eu e devo dizer que não é necessariamente como dizem...
Depende de muita coisa, como por exemplo se a campanha é "para fora" ou é 2para dentro", do tipo de interacção, do tipo de campanha and so on...

A produtividade neste casos pode não aumentar aumentando o número de horas.. não é assim tão linear.

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por Elias » 10/10/2011 17:49

AutoMech Escreveu:Pode não ter ficado claro no meu post mas eu queria mostrar é que em muitas funções há mesmo um aumento de horas trabalhadas (independentemente da produtividade) e há outras em que não há aumento nenhum de horas trabalhadas. O operador de call centre está na primeira porque, haja ou não chamadas, tem de lá estar (a não ser que o deixem meter a linha em idle). O controlador de logística, por seu lado, pode passar mais 5 horas no facebook. Está relacionado com o controle de tempo de trabalho que determinadas funções têm quando comparadas com outras.


Mas um aumento do número de horas trabalhadas que não se traduza em aumento de produtividade não serve para nada. Qual é o interesse em reter o operador de call center durante mais horas no posto de trabalho se não houver mais chamadas para atender?
 
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Re: Alexandre Soares dos Santos:«Considero que fui roubado»

por Automech » 10/10/2011 17:44

rmachado Escreveu:O mito de que trabalhar mais horas é mais produtivo têm de ser combatido.

Não é mito nenhum RMachado. Um operário fabril não é um bancário e tem um controle de tempo muito mais apertado e uma margem para andar a "engonhar" menor.

Eu já disse acima: há funções onde esse aumento de horas não traz nada (provavelmente bancário é uma delas) e há outras onde tem bastante impacto (uma costureira numa empresa têxtil, por exemplo).
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por Automech » 10/10/2011 17:40

Elias Escreveu:O exemplo do call centre parece-me pouco apropriado. Repara que a produtividade de um operador de call centre mede-se pelo número de chamadas atendidas. Não é por as pessoas passarem lá mais tempo que entram mais chamadas, na prática vão é passar mais tempo sem fazer nada porque vai haver mais operadores para o mesmo número de chamadas... a produtividade por cabeça vai ser menor.

Elias, isso também acontece numa empresa industrial que não necessite de mais horas de produção. Se de repente cada um trabalha mais 5 horas e a produção é a mesma, a produtividade por cabeça mantêm-se.

Pode não ter ficado claro no meu post mas eu queria mostrar é que em muitas funções há mesmo um aumento de horas trabalhadas (independentemente da produtividade) e há outras em que não há aumento nenhum de horas trabalhadas. O operador de call centre está na primeira porque, haja ou não chamadas, tem de lá estar (a não ser que o deixem meter a linha em idle). O controlador de logística, por seu lado, pode passar mais 5 horas no facebook. Está relacionado com o controle de tempo de trabalho que determinadas funções têm quando comparadas com outras.
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Re: Alexandre Soares dos Santos:«Considero que fui roubado»

por rmachado » 10/10/2011 16:05

Elias Escreveu:
AutoMech Escreveu:1. De um lado +5 horas de trabalho pelo mesmo salário, que aumenta (ou permite aumentar) a produção sem aumentar os custos. Atrasa, no entanto, a redução futura do desemprego.


Este raciocínio assenta numa falácia: a de que mais horas de trabalho conduzem a mais produtividade.

Acontece que uma coisa é o número de horas que se passa no local de trabalho e a outra é o trabalho efectivamente produzido. A correlação entre as duas nem sempre existe.

Infelizmente, neste país tende a valorizar-se de mais a presença (física) no local de trabalho e a valorizar-se de menos a prestação efectiva (mérito), muitas pessoas não trabalham mas fingem que estão a trabalhar - bastando para isso estarem sentadas no respectivo posto de trabalho; nestas circunstâncias, um simples aumento do número de horas de presença física no local de trablaho pode não ter um reflexo positivo relevante na produtividade global.


Ená... lá vou eu ter de concordar com o Elias. O mito de que trabalhar mais horas é mais produtivo têm de ser combatido.

Um exemplo privado:
Antes de aparecerem as fiscalizações nos horários dos bancos foi-me contado por pessoas que trabalhavam em balcões que durante o horário de trabalho enchiam alguns chouriços para depois da hora terem trabalho pq se não eram "mal vistos".

Um exemplo público:
Parece que se trabalha melhor em horas extrordinárias do que em "normais" em certos hospitais. (noticia da comunicação social)

Note-se que as primeiras eram de graça... mas o principio inerente não deixa de ser curioso.
 
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por Elias » 10/10/2011 15:51

AutoMech Escreveu:um operador de call centre terá muito mais dificuldade em fazer "ronha" e passar horas no trabalho, sem fazer nada, do que um trabalhador cuja produtividade é mais dificil de controlar como um gestor de produto ou um assistente de contabilidade (alguns destes até já trabalham ou passam 45 horas na empresa pelo que a medida nem os afectaria).


O exemplo do call centre parece-me pouco apropriado. Repara que a produtividade de um operador de call centre mede-se pelo número de chamadas atendidas. Não é por as pessoas passarem lá mais tempo que entram mais chamadas, na prática vão é passar mais tempo sem fazer nada porque vai haver mais operadores para o mesmo número de chamadas... a produtividade por cabeça vai ser menor.
Editado pela última vez por Elias em 10/10/2011 16:14, num total de 1 vez.
 
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Re: Alexandre Soares dos Santos:«Considero que fui roubado»

por JMHP » 10/10/2011 15:14

AutoMech Escreveu:
JMHP Escreveu:Face ás condições atuais da economia e das empresas nacionais creio que o aumento de numero de horas laborais seria uma medida rápida e eficaz no aumento da produtividade e na diminuição dos custos.


JMHP, tu que estás ligado ao sector exportador qual é a tua opinião entre duas medidas (+ horas por semana ou menos TSU) ?
O meu raciocínio é que uma empresa que não tenha mercado não lhe adianta poder aumentar a produção, pelo mesmo ordenado (até pode acabar por ficar com capacidade de produção em excesso). Com a redução da TSU, por seu lado, há uma efectiva redução de custos sobre a massa salarial.

Há muita empresa exportadora a funcionar na base das horas extraordinárias ? Se sim, então talvez já faça mais sentido.


É indispensável uma grande reforma e implementação de várias medidas estruturais e legislativas na economia nacional. A solução não poderá resumir-se á implementação singular de uma ou outra medida de grande impacto, mas sim através de uma implementação de várias medidas estruturais e organizadas.

A TSU para as pequenas e médias empresas não terá grande impacto para uma redução inferior a 10% ou se a redução for progressiva no tempo. Será sempre uma mais-valia ajudar na redução dos custos, sobretudo para as empresas de exportação que competem com mercados exigentes e "agressivos" ao nível da qualidade e preço.
Já as grandes empresas certamente beneficiaram bastante por menor que seja a redução da TSU, dado que trata-se de capital elevado de dezenas e centenas de milhões de Euros.

É por isso que em relação á TSU, não concordo que a redução seja realizada de forma universal, mas sim em sectores específicos da nossa industria com potencial de desenvolvimento e de captação de fluxos de dinheiro nomeadamente o sector de exportação.

As empresas exportadoras sempre tiveram a necessidade de recurso das horas extras sobretudo em picos de produção derivado pelo aumento da procura.
Os mercados externos sempre foram extremamente competitivos tendo-se acentuado com o crescimento da China e de outros países produtores.
Quem trabalha na exportação sabe que o prazo é fundamental para a concretização e sucesso dos negócios, as encomendas não podem falhar os prazos e é importante que cheguem ao cliente de acordo com as exigências e qualidade acordadas antes da concorrência.

A exportação é um oceano de oportunidades, o teu horizonte é o mundo e não somente uma cidade, uma região ou um pais. As oportunidades existem, tem é de serem conquistadas e o sucesso só está ao alcance dos melhores e daqueles que são empreendedores e não desistem de tentar agarrar a sua oportunidade.

Na exportação o que não se pode ser ou querer nunca é ser conservador ou lutar contra a procura tentado impor um produto que o mercado não quer, ir contra o mercado arrisca-se a ser esmagado e será certamente a ruína da empresa.

As empresas privadas de exportação tem sempre como objectivo fundamental e permanente acompanhar o ritmo da procura e da exigência dos mercados, sobretudo quando a procura diminui de modo a evitar excessos de produção que por vezes são mais prejudiciais do que a falta de encomendas.
Na realidade as empresas de exportação com sucesso a longo-prazo são aquelas que conseguem uma melhor gestão do equilíbrio entre as encomendas e a produção, controlando sempre os custos á medida que o negocio vai crescendo e tendo o cuidado de cumprir religiosamente os prazos acordados e as expectativas do cliente.
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Re: Alexandre Soares dos Santos:«Considero que fui roubado»

por Automech » 10/10/2011 12:45

JMHP Escreveu:Face ás condições atuais da economia e das empresas nacionais creio que o aumento de numero de horas laborais seria uma medida rápida e eficaz no aumento da produtividade e na diminuição dos custos.


JMHP, tu que estás ligado ao sector exportador qual é a tua opinião entre duas medidas (+ horas por semana ou menos TSU) ?
O meu raciocínio é que uma empresa que não tenha mercado não lhe adianta poder aumentar a produção, pelo mesmo ordenado (até pode acabar por ficar com capacidade de produção em excesso). Com a redução da TSU, por seu lado, há uma efectiva redução de custos sobre a massa salarial.

Há muita empresa exportadora a funcionar na base das horas extraordinárias ? Se sim, então talvez já faça mais sentido.
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por SMALL1969 » 10/10/2011 12:40

Gostava de perceber como é que pessoas como esta têm a lata de vir mandar postas de pescada acerca do que os outros trabalham ou não, ou mesmo se querem trabalhar e serem empreendedores, quando é dos principais responsáveis por rebentar com alguns produtores portugueses que gostavem de continuar a ser empreeendedores e não conseguem por causa da concorrência, que não sendo desleal, podia ter evitada por estes grandes líderes.
Este senhor fomenta demasiado a venda dos maus produtos espanhóis ou da américa do sul ou até camarões produzidos com quase veneno em antigos arrozais da tailândia, que são vendidos a metade do preço de um camarão do Algarve. Tudo isto acabou com a nossa produção durante os últimos 20 anos.

É absoluta mentira a publicidade do pingo doce que afirma que a maioria da fruta e legumes é nacional. Só se para a contagem, as folhas de alface ou as ervilhas contem uma a uma!

E se estes produtos são maus porque raio os portugueses os compram? Isso é outra história. Se eu trabalhasse na JM e ganhasse até 1000€, também os tinha que comprar.
Para juntar a isto, ainda quer que as pessoas trabalhem mais horas, ou que recém licenciados trabalhem quase de graça, por exemplo a regar o peixe durante a noite para parecer fresco no dia seguinte (quem se lembra dos estágios "anos 90"?).
As únicas pessoas que vejo em casa cedo demais, trabalham para instituição públicas ou de capitais públicos. Porque é que ele não contribuiu para resolver essa questão política?

Não há dúvida que nunca ouvi dizer que se trabalha pouco na JM. Mas também em milhares e milhares de outras empresas se trabalha muito e até demasiadas horas. Somos ineficientes?
E a dimensão e atraso estrutural do país, não conta? E esta suposta elite de dirigentes, fez o quê durante estes anos todos para melhorar o país para lá das suas próprias empresas?
Agora depois de milionários criam fundações para partlhar um pouco de conhecimento e dinheiro? Os meus sinceros agradecimentos. Mas preferia que tivessem ajudado a melhorar realmente o país produtivo enquanto lá chegavam, e não o contrário. Por mim, dispensava ter mega lojas dentro das cidades. Isso sim, não se vê no estrangeiro, excepto em países menos desenvolvidos.

Porque é que ainda continuamos a ouvir merceeiros milionários que quase nada realmente produzem, como se fossem lideres da nação?
 
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Re: Alexandre Soares dos Santos:«Considero que fui roubado»

por JMHP » 10/10/2011 12:25

Elias Escreveu:
AutoMech Escreveu:1. De um lado +5 horas de trabalho pelo mesmo salário, que aumenta (ou permite aumentar) a produção sem aumentar os custos. Atrasa, no entanto, a redução futura do desemprego.


Este raciocínio assenta numa falácia: a de que mais horas de trabalho conduzem a mais produtividade.

Acontece que uma coisa é o número de horas que se passa no local de trabalho e a outra é o trabalho efectivamente produzido. A correlação entre as duas nem sempre existe.

Infelizmente, neste país tende a valorizar-se de mais a presença (física) no local de trabalho e a valorizar-se de menos a prestação efectiva (mérito), muitas pessoas não trabalham mas fingem que estão a trabalhar - bastando para isso estarem sentadas no respectivo posto de trabalho; nestas circunstâncias, um simples aumento do número de horas de presença física no local de trablaho pode não ter um reflexo positivo relevante na produtividade global.


Elias, a diminuição do numero de horas laboral tem como consequência o aumento das horas extras que implica um aumento significativo dos custos para as empresas sobretudo de exportação.

Face ás condições atuais da economia e das empresas nacionais creio que o aumento de numero de horas laborais seria uma medida rápida e eficaz no aumento da produtividade e na diminuição dos custos.

A flexibilidade da lei laboral e diminuição dos custos de produção são fundamentais para a competividade da economia portuguesa, para além de tornar o pais mais atrativo para o investimento externo que traria grandes benefícios para a industria nacional a nível da procura e da competividade assim como uma diminuição do desemprego.
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por Automech » 10/10/2011 12:14

Elias, não são automaticamente +12.5% de produtividade (+5horas/40 horas semanasi), pelas razões que apresentas (e também porque cada a hora a mais acarreta cansaço físico), mas alguma coisa a mais vai trazer nalguns sectores, porque há um conjunto de trabalhadores que não se pode furtar ao trabalho.

Um operário fabril numa linha de produção ou um operador de call centre terá muito mais dificuldade em fazer "ronha" e passar horas no trabalho, sem fazer nada, do que um trabalhador cuja produtividade é mais dificil de controlar como um gestor de produto ou um assistente de contabilidade (alguns destes até já trabalham ou passam 45 horas na empresa pelo que a medida nem os afectaria).

Há por isso profissões em que quantidade de horas trabalhada subiria de facto muito perto dos +12.5%. Agora se o sector exportador é um deles já não sei. A minha opinião é que sim, mas é uma mera percepção pessoal não assente em números.
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Re: Alexandre Soares dos Santos:«Considero que fui roubado»

por Elias » 10/10/2011 11:59

AutoMech Escreveu:1. De um lado +5 horas de trabalho pelo mesmo salário, que aumenta (ou permite aumentar) a produção sem aumentar os custos. Atrasa, no entanto, a redução futura do desemprego.


Este raciocínio assenta numa falácia: a de que mais horas de trabalho conduzem a mais produtividade.

Acontece que uma coisa é o número de horas que se passa no local de trabalho e a outra é o trabalho efectivamente produzido. A correlação entre as duas nem sempre existe.

Infelizmente, neste país tende a valorizar-se de mais a presença (física) no local de trabalho e a valorizar-se de menos a prestação efectiva (mérito), muitas pessoas não trabalham mas fingem que estão a trabalhar - bastando para isso estarem sentadas no respectivo posto de trabalho; nestas circunstâncias, um simples aumento do número de horas de presença física no local de trablaho pode não ter um reflexo positivo relevante na produtividade global.
 
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Re: Alexandre Soares dos Santos:«Considero que fui roubado»

por Automech » 10/10/2011 11:33

migluso Escreveu:Com base nesse raciocínio, e de forma a reduzir a taxa de desemprego, o mais correcto seria baixar o horário de trabalho para 7 ou 6 horas/dia.

Não concordo com este teu paralelismo Migluso, porque o que estou a tentar analisar é a consequência no emprego de duas medidas, que trazem ambas maior produtividade às empresas, mas por vias diferentes:

1. De um lado +5 horas de trabalho pelo mesmo salário, que aumenta (ou permite aumentar) a produção sem aumentar os custos. Atrasa, no entanto, a redução futura do desemprego.

2. Do outro lado menos TSU, o que faz com que a mesma produção tenha um custo laboral inferior. Assim que for necessário maior produção, reduz o desemprego. Acarreta, no entanto, redução do consumo porque tem de ser financiada por outros impostos.

Ora, reduzir o trabalho para 6 ou 7 horas por dia, pelo mesmo valor, não pode ser comparada com as outras duas porque é uma medida que retira competitividade às empresas. :wink:

migluso Escreveu:O redução dos custos unitário do trabalho poderá não ser a principal condição para aumentarmos a competitividade, mas é a mais imediata. E o que nos falta é tempo.

Aqui tenho de concordar obviamente contigo Migluso. O que não tenho é a certeza de que no médio prazo aumentar o horário para 45 horas seja a decisão correcta, quando comparada com as vantagens da redução da TSU, nomeadamente ao nível do desemprego, como já expliquei.

SL
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Re: Alexandre Soares dos Santos:«Considero que fui roubado»

por migluso » 10/10/2011 10:39

AutoMech Escreveu:Entre reduzir a TSU para alguns sectores e aumentar as horas de trabalho, não tenho a certeza de qual será a melhor

Se por via de mais exportações (ou outra razão) houver necessidade de +5 horas de trabalho por semana, o conjunto de empresa da economia portuguesa empregará mais pessoas, o que tem efeito positivo na taxa de desemprego.

Caso essa necessidade de +5 horas de trabalho seja colmatada com mais horas de trabalho dos mesmos trabalhadores, não há criação de postos de trabalho, logo não se reduz o desemprego (e pior ainda se essas 5 horas não se traduzirem por mais rendimento, que pelo menos entraria na economia).

Pelo contrário a descida da TSU pode efectivamente gerar emprego, mas apenas se limitada a alguns sectores o que, admito, seja difícil de definir.


Bom dia AM,

Com base nesse raciocínio, e de forma a reduzir a taxa de desemprego, o mais correcto seria baixar o horário de trabalho para 7 ou 6 horas/dia.

Ora, deve ser o inverso.

As empresas, sendo competitivas, primeiro conquistam quota de mercado e só depois, à medida das necessidades, admitem mais pessoal.

As nossas empresas ainda estão na fase em que têm que ser mais competitivas.

O redução dos custos unitário do trabalho poderá não ser a principal condição para aumentarmos a competitividade, mas é a mais imediata. E o que nos falta é tempo.

Eu sou mais apologista de uma medida deste género do que a redução da TSU (apesar de defender as duas coisas em simultâneo pois precisamos de tomar medidas agressivas pró competitividade), dado que a segunda significará uma redução do rendimento disponível das famílias derivado do aumento de impostos que ocorrerá para compensar a redução da TSU.

Abraço
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por MozHawk » 10/10/2011 1:12

Totalmente de acordo Elias.

Uma vez que o Minos estava citado no comentário do Elias, não podia estar mais em desacordo com a parte inicial do comentário do Minos. Se são necessárias 12h diárias para atingir os objectivos algo está mal: ou o trabalhador produz abaixo da média ou os objectivos são demasiadamente altos. Se houve coisa que nunca gostei ou exigi, a não ser em situações excepcionais, foi que as pessoas trabalhassem mais do que o estritamente necessário. O seu trabalho deveria ser sempre feito durante o horário normal de trabalho...

Um abraço,
MozHawk
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por Automech » 10/10/2011 1:08

Elias Escreveu:Sem querer entrar em generalizações abusivas, uma vez que isto pode ser injusto para alguns, considero que o facto de os funcionários públicos não poderem ser despedidos é um factor que contribui grandemente para a baixa produtividade em muitos sectores da função pública.

E a isso junta o facto de não ser fácil medir a produtividade e das próprias chefias serem condescendentes e complacentes com esses comportamentos (porque também têm elas próprias telhados de vidro).

E o problema agrava-se pela via do exemplo. Então aquele faz e não lhe acontece nada, para que é que eu vou fazer mais ? É um meio onde poucos são o suficiente para desmoralizarem os restantes que são trabalhadores e querem fazer.
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por Elias » 10/10/2011 0:47

minos Escreveu:Quero deixar também aqui os meus "2 cêntimos", Trabalho 12 horas p/dia e só assim consigo atingir o nivel de produtividade estabelecido como objectivo mensal, ganho o meu salário, dou € a ganhar ao meu patrão, ele fica feliz e eu tb. Das 7:00 ás 20:00 depois familia, 1 folga por semana e não há cá feriados (!?) ou "domingos", só assim é possivel dar a volta a isto, contudo moro por cima de uma divisão da CM Odivelas e sempre que olho lá para dentro está tudo na m....a da converseta, do cigarrinho e do café... pois, também vivem bem às minhas custas... bruxo!

Cumprimentos,
Pedro


Sem querer entrar em generalizações abusivas, uma vez que isto pode ser injusto para alguns, considero que o facto de os funcionários públicos não poderem ser despedidos é um factor que contribui grandemente para a baixa produtividade em muitos sectores da função pública.
 
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Re: Alexandre Soares dos Santos:«Considero que fui roubado»

por Automech » 10/10/2011 0:38

migluso Escreveu:
migluso Escreveu:
Elias Escreveu:
“Não ouço ninguém a dizer porque é que não se trabalha mais horas”, indicou.


Quando num forum como o cdb apenas o migluso e o jmph (creio eu) defendem isto e são "acusados" de exploradores, acho que o sr. Soares dos Santos faz muito bem em ir para a Polónia ou até mesmo para a Mongólia.

EDIT: lol, parecia um futebolista a falar na terceira pessoa... ok, vou dormir


Parece que finalmente começamos a ouvir mais vozes a defender a medida mais razoável para aumentarmos a competitividade do factor trabalho no curto prazo, minimizando a perda de rendimento disponível das famílias que estão já por si com a corda ao pescoço.

Para aumentar a competitividade do País, o economista sugere que se aumente o número de horas de trabalho e se reduza o número de feriados e férias. "É mais eficaz do que a desvalorização fiscal com o aumento do IVA", defendeu Campos e Cunha no Fórum bolsa que se realiza no Porto

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=510103


Entre reduzir a TSU para alguns sectores e aumentar as horas de trabalho, não tenho a certeza de qual será a melhor

Se por via de mais exportações (ou outra razão) houver necessidade de +5 horas de trabalho por semana, o conjunto de empresa da economia portuguesa empregará mais pessoas, o que tem efeito positivo na taxa de desemprego.

Caso essa necessidade de +5 horas de trabalho seja colmatada com mais horas de trabalho dos mesmos trabalhadores, não há criação de postos de trabalho, logo não se reduz o desemprego (e pior ainda se essas 5 horas não se traduzirem por mais rendimento, que pelo menos entraria na economia).

Pelo contrário a descida da TSU pode efectivamente gerar emprego, mas apenas se limitada a alguns sectores o que, admito, seja difícil de definir.
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por minos » 7/10/2011 17:28

Quero deixar também aqui os meus "2 cêntimos", Trabalho 12 horas p/dia e só assim consigo atingir o nivel de produtividade estabelecido como objectivo mensal, ganho o meu salário, dou € a ganhar ao meu patrão, ele fica feliz e eu tb. Das 7:00 ás 20:00 depois familia, 1 folga por semana e não há cá feriados (!?) ou "domingos", só assim é possivel dar a volta a isto, contudo moro por cima de uma divisão da CM Odivelas e sempre que olho lá para dentro está tudo na m....a da converseta, do cigarrinho e do café... pois, também vivem bem às minhas custas... bruxo!

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Re: Alexandre Soares dos Santos:«Considero que fui roubado»

por migluso » 7/10/2011 15:58

migluso Escreveu:
Elias Escreveu:
“Não ouço ninguém a dizer porque é que não se trabalha mais horas”, indicou.


Quando num forum como o cdb apenas o migluso e o jmph (creio eu) defendem isto e são "acusados" de exploradores, acho que o sr. Soares dos Santos faz muito bem em ir para a Polónia ou até mesmo para a Mongólia.

EDIT: lol, parecia um futebolista a falar na terceira pessoa... ok, vou dormir


Parece que finalmente começamos a ouvir mais vozes a defender a medida mais razoável para aumentarmos a competitividade do factor trabalho no curto prazo, minimizando a perda de rendimento disponível das famílias que estão já por si com a corda ao pescoço.

Para aumentar a competitividade do País, o economista sugere que se aumente o número de horas de trabalho e se reduza o número de feriados e férias. "É mais eficaz do que a desvalorização fiscal com o aumento do IVA", defendeu Campos e Cunha no Fórum bolsa que se realiza no Porto

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=510103
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por mfsr1980 » 9/9/2011 19:10

Pois eu acho que quem acordou e bem para a vida foram os...INVESTIDORES!
 
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Re: frodovic

por bboniek33 » 9/9/2011 19:03

Mart77 Escreveu:
bboniek00 Escreveu:
Mart77 Escreveu:"E mesmo sem desemprego na minha area, com mais de uma decada de experiência não consigo ter o suficiente para manter um nível de vida que me permita estar satisfeito, tranquilo e confiante em relação ao futuro"

Parece-me que é uma perspectiva muito pessoal das definições de "nivel de vida" muito diferente do que antes dizias do que do fruto do trabalho não se consegue ter condições aceitaveis.

Mas uma coisa o que fazes não é trabalho? Ou que querias dizer éra trabalho por conta de outrém?


Xissa !
Longe de mim responder pelo frodovic que, jaa se viu, sabe-se explicar para quem souber ler em portuguees.

Subjectividade na definic,ao de "niivel de vida" ee inerente, intrinseco.

Decente: ee comer, ter alojamento climatizado, confortaavel (raro em Portugal), satisfazer outras necessidades baasicas, puder usufruir de tempos livres, cultura, desporto, cada um aa sua maneira... decente ee ser tratado com dignidade em Portugal nao ter que competir com salaarios Chineses enquanto os "gestores" estao acima dos seus pares na Europa...
Decente: ee ter decencia.

Subjectivo ? Ah pois ee. 8-)


bboniekoo isto é Portugues também e perceptivel

"Podes ter a certeza que mudei e muito. Eu até era um tipo trabalhador e muito cumpridor. Que acreditava que era possível alguém ter uma vida decente com o produto do seu trabalho.

Depois acordei para a vida ... "


Pourra ! Jaa caa nao estaa quem falou... :oops:
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