shortselling
Atomez Escreveu:'Hedge funds’ que tentam lucrar com a crise do euro estão entre os maiores ‘short sellers’ do mercado nacional.
O maior e o mais conhecido hedge fund de short sellers, que reúne a nata dos investidores portugueses, chama-se "Cauldron Hedge Fund"

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Quem são os maiores ‘short sellers’ da bolsa portuguesa
'Hedge funds’ que tentam lucrar com a crise do euro estão entre os maiores ‘short sellers’ do mercado nacional.
Apostar na queda de títulos do sector financeiro em mercados periféricos. É a cartilha dos gestores de ‘hedge funds' para lucrar com a crise de dívida soberana. E as acções nacionais não escapam às estratégias curtas de alguns dos ‘hedge funds' mais conceituados de Londres e Wall Street.
Um dos exemplos é o britânico Fortelus que é um dos dez ‘hedge funds' que detém ou deteve posições curtas relevantes em acções nacionais e segue essa cartilha. Quando atingem determinados patamares, os investidores são obrigados a comunicar as posições curtas à CMVM (supervisor do mercado de capitais). O fundo gerido por um antigo funcionário do Goldman Sachs construiu uma posição curta no BCP, equivalente a 0,5% do capital do banco liderado por Carlos Santos Ferreira em Julho do ano passado. O Fortelus, que tem quase 500 milhões de euros sob gestão, apostou forte nos títulos mais vulneráveis à crise de dívida soberana. Em Abril deste ano, por exemplo, o ‘hedge fund' comunicou ao regulador grego posições curtas nos quatro maiores bancos gregos. O modo de actuação não é novo. Em 2008, o fundo gerido por Tim Babich, considerado um dos gestores de ‘hedge funds' mais promissores em Londres, revelou interesses a descoberto no London Scottish Bank, que acabaria por colapsar, e no Bradford & Bingley, que viria a ser intervencionado pelo Estado.
‘Short sellers' querem acções com liquidez
O BCP é o título que desperta maior interesse por parte dos ‘short sellers'. Além de fazer parte do sector financeiro, o mais sensível à crise de dívida soberana, o banco tem outro factor adicional essencial para os ‘short sellers': liquidez em bolsa. Esta característica é fundamental para a utilização destas estratégias arriscadas, para que os investidores possam desfazer-se o mais rapidamente possível das suas posições caso o negócio não corra como o previsto.
Outra gestora que apostou nas quedas do BCP foi a londrina TT International, que tem ajustado frequentemente as suas posições a descoberto no banco. Segundo publicações especializadas da indústria de ‘hedge funds', a TT tem 13 mil milhões de euros sob gestão e terá conseguido lucrar em 2010 com posições a apostarem na subida do ouro, na queda do euro face ao dólar e na descida do sector bancário, principalmente o espanhol. Estratégia semelhante tem a GLG Partners, que também coloca fichas na descida das acções do BCP. Eleita por diversas vezes como a melhor gestora de ‘hegde funds' a operar na Europa, a empresa, que tem 16 mil milhões de euros sob gestão, continua pessimista sobre a crise de dívida soberana. Em notas enviadas recentemente aos clientes, a GLG promete explorar as fraquezas do sector financeiro europeu, principalmente dos bancos italianos. A razão para as apostas baixistas são o efeito da crise de dívida no sector financeiro e as metas de capital que a banca terá de atingir para cumprir os critérios de Basileia.
Mas não são apenas ‘hedge funds' que montam estratégias para lucrar com a crise do euro a estarem curtos no BCP. Um dos maiores gestores de ‘hedge funds' mundiais, o norte-americano Stephen Mandel da Lone Pine Capital, comunicou à CMVM que detinha interesses a descoberto no banco. Este investidor privilegia os fundamentais das empresas em detrimento da envolvente macroeconómica. Também a Marshall Wace, que investe segundo um sistema informático criado pelos seus gestores, construiu posições curtas no BCP.
EDP Renováveis e Altri na mira dos ‘short sellers'
Apesar de ser o título mais procurado pelo ‘short sellers', os investidores curtos não se ficam apenas pelas apostas baixistas no BCP. A gestora norte-americana AQR Capital construiu no ano passado posições curtas na EDP Renováveis. Os gestores da AQR, antigos funcionários do Goldman, eram, até 2008, dos mais reputados e bem pagos em Wall Street, mas sofreram com a tempestade financeira. Utilizam preferencialmente estratégias quantitativas para decidirem os seus investimentos.
Também as acções da Altri caíram nos radares dos ‘short sellers'. A Otus Capital construiu posições a descoberto na empresa no ano passado, apesar de ter vindo a reduzir essa aposta este ano. Este ‘hedge fund' é especializado no investimento em acções de empresas de pequena e média capitalização.
Já a Portugal Telecom e o BPI também foram alvo de posições curtas. Nestes casos, os investimentos foram feitos pelo Barclays e a Pictet.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
http://www.facebook.com/atomez
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Caros,
Por mais quanto tempo vão dar como desculpa para a queda dos mercados o Short Selling? Os Shorts foram proíbidos em 2008 para títulos da banca, os títulos subiram nos primeiros dias e voltaram a cair. Também foram os shorts...!! Se se queixam que a cotação está baixa e que o título não para de cair vendessem na altura certa.
Acreditem que se não houvessem posições shorts os títulos caíam muito mais. A cobertura de posições shorts pode de certo modo segurar a cotação, principalmente em dias de pânico.
Isto é o mercado, se estão entalados e se estão a perder bastante tivessem coragem de assumir as perdas.
Peço desculpa pela frontalidade mas é realmente o que penso.
Por mais quanto tempo vão dar como desculpa para a queda dos mercados o Short Selling? Os Shorts foram proíbidos em 2008 para títulos da banca, os títulos subiram nos primeiros dias e voltaram a cair. Também foram os shorts...!! Se se queixam que a cotação está baixa e que o título não para de cair vendessem na altura certa.
Acreditem que se não houvessem posições shorts os títulos caíam muito mais. A cobertura de posições shorts pode de certo modo segurar a cotação, principalmente em dias de pânico.
Isto é o mercado, se estão entalados e se estão a perder bastante tivessem coragem de assumir as perdas.
Peço desculpa pela frontalidade mas é realmente o que penso.
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FilRib Escreveu:Elias Escreveu:PTlusitano Escreveu:Além do mais há alternativas se não quiser que o banco mexa no meu dinheiro que é o depósito à ordem.
Nesse caso podes alugar um cofre e garantes que ninguém mexe no teu dinheiro.
Mas depois com o dinheiro "ali à mão de semear" gasta-se mais depressa. Estilo, aquele pessoal que não pode andar com dinheiro no bolso porque o gasta. Ou então quando colocam em depósitos a 5 ou 10 anos mesmo a render pouco porque assim: "é dinheiro que está guardado..."
Essa é simples... Metes num confre num banco a 300km de tua casa!
Cumprimentos.
Re: Um pequeno exemplo do trading real
Quico Escreveu:Cem pt Escreveu:Lembram-se da loucura das acções da PTMultimedia em Março de 2000 nos tempos eufóricos da onda final do grande “bull market”? Estava bom de ver que estava ali uma boa candidata a ser “shortada” logo que houvesse um sinal da tendência virar para baixo!
Ah, malandro! Que foste tu que me ficaste com aquele dinheiro todo!![]()
(Na altura eu era mesmo maçarico...)
Eheheh!

Deixa lá que eu sei que a partir daí passaste a usar em boa hora a técnica do "go with the trend" ou o "let the profits run", tenho acompanhado a tua caminhada de sucesso dos últimos anos!
Abraço.
----------
Em relação à pergunta deixada pelo Miguel Luso, como já passaram mais de 9 anos sobre este episódio, não só porque nunca mais fiz "shorts" na Bolsa portuguesa nem sequer me passava pela cabeça emprestar acções porque eu jogava com timmings de trading que eram incompatíveis com investimentos a longo prazo, sugiro que talvez seja melhor contactar a própria Euronext para obter essa informação.
Na altura recordo-me que não havia muitas acções nessas condições, quando "shortei" as 1.000 PTM no ano 2000 nessa altura em acções "Repo" disponíveis da PTM havia no quadro de disponibilidades da Câmara de Compensação da BDP pouco mais dumas 8.000 acções disponíveis para ser emprestadas, logo era um nicho de mercado muito mas muito pequeno!
Abraço.
O autor não assume responsabilidades por acções tomadas por quem quer que seja nem providencia conselhos de investimento. O autor não faz promessas nem oferece garantias nem sugestões, limita-se a transmitir a sua opinião pessoal. Cada um assume os seus riscos, incluindo os que possam resultar em perdas.
Citações que me assentam bem:
Sucesso é a habilidade de ir de falhanço em falhanço sem perda de entusiasmo – Winston Churchill
Há milhões de maneiras de ganhar dinheiro nos mercados. O problema é que é muito difícil encontrá-las - Jack Schwager
No soy monedita de oro pa caerle bien a todos - Hugo Chávez
O day trader trabalha para se ajustar ao mercado. O mercado trabalha para o trend trader! - Jay Brown / Commodity Research Bureau
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Quico Escreveu:No entanto, disse não dispensar o pagamento de juros por parte dos bancos, por lhe fazerem o favor de lhe guardar o dinheiro em (relativa) segurança. Provavelmente, deve achar que o dinheiro brota das árvores!...
Por outras palavras: um tipo vai ao banco e diz "olhe eu faço-lhe o favor de deixar o meu amigo guardar o meu dinheiro, com a condição de não lhe tocar e ainda me pagar um juro jeitoso"

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Atomez Escreveu:PTlusitano Escreveu:Eu não quero saber se as coisas estão la a tempo e como novas. Eu simplesmente não dei autorização para mexer nas minhas coisas.
Ai deste sim senhor. Vai ler as letrinhas pequeninas dos contratos de abertura de conta à ordem ou de custódia de carteira de títulos.
Esta discussão faz-me lembrar uma cena que se passou há um ou dois meses no programa da TSF que talvez conheçam, "O Governo Sombra".
Nesse programa, moderado por Pedro Vaz Marque, tem como participantes, João Miguel Tavares, Pedro Mexia e o Ricardo Araújo Pereira (RAP dos Gato Fedorento) que, sendo excelente humorista, letrado e não sendo ser mau rapaz, infelizmente se auto-intitula de "comunista"; estão a ver - aquele estilo de "meninos" que, desfrutando de todas as comodidades e benesses que só uma sociedade de mercado livre lhes pode dar, se gostam de colocar nos pedestais da superioridade moral a vergastar a "decadência capitalista".
No meio de um debate em que se discutia a culpa da banca na actual crise, eis que RAP se indigna por os bancos "usarem" o seu rico dinheirinho para fazerem investimentos (que ele chamava de "jogadas de casino"). Questionado (penso que pelo Tavares) sobre como é que ele queria que o banco lhe tomasse conta do dinheiro, eis que "brilhantemente" riposta: "Como eu faria debaixo do meu colchão! Guardadinho e sem mexer!". Brilhante!
No entanto, disse não dispensar o pagamento de juros por parte dos bancos, por lhe fazerem o favor de lhe guardar o dinheiro em (relativa) segurança. Provavelmente, deve achar que o dinheiro brota das árvores!...
É de bradar aos céus quando a própria elite intelectual de um país ignora conceitos básicos do funcionamento da economia, e defende em orgãos de comunicação social disparates destes. Talvez isso explique muita coisa.
"People want to be told what to do so badly that they'll listen to anyone." - Don Draper, Mad Men
Re: Um pequeno exemplo do trading real
Quico Escreveu:Cem pt Escreveu:Lembram-se da loucura das acções da PTMultimedia em Março de 2000 nos tempos eufóricos da onda final do grande “bull market”? Estava bom de ver que estava ali uma boa candidata a ser “shortada” logo que houvesse um sinal da tendência virar para baixo!
Ah, malandro! Que foste tu que me ficaste com aquele dinheiro todo!![]()
LOL...



Atomez,
vê este exemplo, de uma FIN, logo a seguir a garantir o capital, vem o texto do FGD. Surreal, diria...
http://www.bbva.pt/TLEU/fbin/FIN_DEPSUP ... 248272.pdf
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
Re: Um pequeno exemplo do trading real
Cem pt Escreveu:Lembram-se da loucura das acções da PTMultimedia em Março de 2000 nos tempos eufóricos da onda final do grande “bull market”? Estava bom de ver que estava ali uma boa candidata a ser “shortada” logo que houvesse um sinal da tendência virar para baixo!
Ah, malandro! Que foste tu que me ficaste com aquele dinheiro todo!

(Na altura eu era mesmo maçarico...

"People want to be told what to do so badly that they'll listen to anyone." - Don Draper, Mad Men
PTlusitano Escreveu:Eu não quero saber se as coisas estão la a tempo e como novas. Eu simplesmente não dei autorização para mexer nas minhas coisas.
Ai deste sim senhor. Vai ler as letrinhas pequeninas dos contratos de abertura de conta à ordem ou de custódia de carteira de títulos.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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Re: Um pequeno exemplo do trading real
Cem pt Escreveu:Ou seja, quem quisesse ficar com as acções em carteira por um prazo muito longo para futuro rendimento e não tivesse intenções de as vender, podia-se dirigir às Bolsas de Derivados do Porto e Lisboa para disponibilizar as suas acções com um rendimento suplementar.
Cem
Hoje em dia seria possível fazer isto que cito?
Em caso afirmativo, o broker faz este tipo de contratos com qualquer um ou terá que ser alguém com muitas muitas acções?
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
Um pequeno exemplo do trading real
Há muita gente que desconhece minimamente o que se passa com o “short-selling”, o legal como está bem de ver, cujas regras estão bem fundamentadas junto das Câmaras de Compensação das Bolsas de Derivados de Lisboa e do Porto, embora as funções das operações de “repo” desta última praça tenham passado todas novamente para a Capital aqui há uns anos atrás.
Vou dar um pequeno exemplo do que se fazia para qualquer trader que quisesse na altura efectuar operações de “short-selling” em acções portuguesas, digo na altura porque actualmente nunca mais fiz este tipo de operações na nossa praça porque deixei entretanto de transaccionar acções portuguesas.
Conto esta história porque se tratou de um dos mais proveitosos negócios de Bolsa que fiz até hoje, ficou-me para sempre na memória, é muito intuitivo e o pessoal fica a perceber como funcionava.
Lembram-se da loucura das acções da PTMultimedia em Março de 2000 nos tempos eufóricos da onda final do grande “bull market”? Estava bom de ver que estava ali uma boa candidata a ser “shortada” logo que houvesse um sinal da tendência virar para baixo!
Pois esse sinal de venda apareceu no meu sistema de trading aí umas 2 semanas depois da PTM ter batido o seu máximo de sempre, num pico estratosférico em finais de Março de 2000.
Que tive de fazer para entrar a vender acções da PTM que não tinha em carteira? Muito simples, fui à corretora e das 20 acções disponíveis do PSI-20 assinei um contrato de pedido de empréstimo por 6 meses de cerca de 1.000 acções da PTM, pelas quais paguei um juro de 1,2% do seu valor de mercado, uma vez que os contratos de empréstimo ou “repo” da altura venciam um juro que na altura rondava os 2,4%/ano e me comprometia, em caso da Administração da PTM distribuir dividendos durante o período de empréstimo, a repor o dinheiro dos respectivos dividendos na data de devolução das acções.
Ou seja, quem quisesse ficar com as acções em carteira por um prazo muito longo para futuro rendimento e não tivesse intenções de as vender, podia-se dirigir às Bolsas de Derivados do Porto e Lisboa para disponibilizar as suas acções com um rendimento suplementar.
Esse rendimento suplementar de cerca de 2% ao ano viria das entidades que as pedissem emprestadas para quaisquer fins, incluindo os direitos de voto em Assembleias Gerais, com a obrigação de as devolver à Câmara de Compensação da Bolsa de Derivados, que por sua vez asseguraria ao seu proprietário a devolução das acções emprestadas e o crédito dos respectivos juros do período de empréstimo, dos quais a Bolsa de Derivados ficaria com uma pequena parte a título de comissão de garantia (ex: dos 2,4% de juros anuais, a BDP cobrava na altura 0,48% ao ano para si e os restantes 1,92% seriam creditados na conta do detentor que emprestava as acções).
Volatndo à minha história, que veio afinal a acontecer? Simples, as 1.000 acções da PTM contratadas que pedi emprestadas foram depositadas na minha carteira de acções cerca de 3 dias depois.
Nessa altura vendi as 1.000 acções da PTM ao melhor.
Passados quase 6 meses, estando-se a aproximar o fim do período do empréstimo contratado e tendo em conta que o sistema de trading continuava a manter um sinal de venda, ou seja, continuava com a ordem para manter as acções “shortadas”, fiz outro de contrato de “repo” para renovar o empréstimo das 1.000 PTM por mais 6 meses, pelos quais paguei mais 1,2% de taxa de juro, agora a uma valor absoluto bem mais baixo que no primeiro contrato uma vez que as acções nessa altura valiam cerca de 3 vezes menos do que 6 meses antes.
Tendo em conta que o sinal de venda nunca mais desaparecia, renovei sempre o contrato de empréstimo por mais 6 meses e mais 6 meses,
tendo o último sido efectuado em Setembro de 2001, quase 1 ano e meio depois do primeiro contrato em que foram “shortadas” ou vendidas da minha carteira as acções em causa, altura em que me foi creditado o valor da venda.
Finalmente em finai de Outubro de 2001, numa altura em que as acções da PTM já valiam 15 vezes menos do que em Março de 2000 (um verdadeiro e inesquecível negócio da China!!!), finalmente o sistema de trading deu ordem de compra para anular ou fechar as posições “shortadas”.
Aí bastou dar uma ordem de compra, debitaram-me o valor da compra, equivalendo às posições “shorts” a serem fechadas, e as 1.000 acções da PTM, que não eram minhas, ficaram a pastar na minha carteira de trading até ao fim do período do contrato que terminava cerca de 5 meses depois.
Ou seja, o que as acções variassem para cima ou para baixo a partir de Outubro de 2001 em diante era indiferente ao facto de as possuir fisicamente emprestadas na minha carteira de trading, afectaria apenas o saldo do verdadeiro detentor das acções em causa e no meu caso só estavam ali disponíveis em espera para ver se até à data de devolução do empréstimo, em Março de 2002, poder verificar se haveria ou não nova oportunidade de “shortar”.
Espero com este pequeno episódio de trading real ter esclarecido a quem tivesse dúvidas acerca da forma de actuar nestes casos.
Nota:
Obviamente que também tive ao longo da minha carreira de trader muitos negócios maus ou ruinosos, isto dos mercados não pode ser sempre como a gente gostaria que acontecesse.
Cem
Vou dar um pequeno exemplo do que se fazia para qualquer trader que quisesse na altura efectuar operações de “short-selling” em acções portuguesas, digo na altura porque actualmente nunca mais fiz este tipo de operações na nossa praça porque deixei entretanto de transaccionar acções portuguesas.
Conto esta história porque se tratou de um dos mais proveitosos negócios de Bolsa que fiz até hoje, ficou-me para sempre na memória, é muito intuitivo e o pessoal fica a perceber como funcionava.
Lembram-se da loucura das acções da PTMultimedia em Março de 2000 nos tempos eufóricos da onda final do grande “bull market”? Estava bom de ver que estava ali uma boa candidata a ser “shortada” logo que houvesse um sinal da tendência virar para baixo!
Pois esse sinal de venda apareceu no meu sistema de trading aí umas 2 semanas depois da PTM ter batido o seu máximo de sempre, num pico estratosférico em finais de Março de 2000.
Que tive de fazer para entrar a vender acções da PTM que não tinha em carteira? Muito simples, fui à corretora e das 20 acções disponíveis do PSI-20 assinei um contrato de pedido de empréstimo por 6 meses de cerca de 1.000 acções da PTM, pelas quais paguei um juro de 1,2% do seu valor de mercado, uma vez que os contratos de empréstimo ou “repo” da altura venciam um juro que na altura rondava os 2,4%/ano e me comprometia, em caso da Administração da PTM distribuir dividendos durante o período de empréstimo, a repor o dinheiro dos respectivos dividendos na data de devolução das acções.
Ou seja, quem quisesse ficar com as acções em carteira por um prazo muito longo para futuro rendimento e não tivesse intenções de as vender, podia-se dirigir às Bolsas de Derivados do Porto e Lisboa para disponibilizar as suas acções com um rendimento suplementar.
Esse rendimento suplementar de cerca de 2% ao ano viria das entidades que as pedissem emprestadas para quaisquer fins, incluindo os direitos de voto em Assembleias Gerais, com a obrigação de as devolver à Câmara de Compensação da Bolsa de Derivados, que por sua vez asseguraria ao seu proprietário a devolução das acções emprestadas e o crédito dos respectivos juros do período de empréstimo, dos quais a Bolsa de Derivados ficaria com uma pequena parte a título de comissão de garantia (ex: dos 2,4% de juros anuais, a BDP cobrava na altura 0,48% ao ano para si e os restantes 1,92% seriam creditados na conta do detentor que emprestava as acções).
Volatndo à minha história, que veio afinal a acontecer? Simples, as 1.000 acções da PTM contratadas que pedi emprestadas foram depositadas na minha carteira de acções cerca de 3 dias depois.
Nessa altura vendi as 1.000 acções da PTM ao melhor.
Passados quase 6 meses, estando-se a aproximar o fim do período do empréstimo contratado e tendo em conta que o sistema de trading continuava a manter um sinal de venda, ou seja, continuava com a ordem para manter as acções “shortadas”, fiz outro de contrato de “repo” para renovar o empréstimo das 1.000 PTM por mais 6 meses, pelos quais paguei mais 1,2% de taxa de juro, agora a uma valor absoluto bem mais baixo que no primeiro contrato uma vez que as acções nessa altura valiam cerca de 3 vezes menos do que 6 meses antes.
Tendo em conta que o sinal de venda nunca mais desaparecia, renovei sempre o contrato de empréstimo por mais 6 meses e mais 6 meses,

Finalmente em finai de Outubro de 2001, numa altura em que as acções da PTM já valiam 15 vezes menos do que em Março de 2000 (um verdadeiro e inesquecível negócio da China!!!), finalmente o sistema de trading deu ordem de compra para anular ou fechar as posições “shortadas”.
Aí bastou dar uma ordem de compra, debitaram-me o valor da compra, equivalendo às posições “shorts” a serem fechadas, e as 1.000 acções da PTM, que não eram minhas, ficaram a pastar na minha carteira de trading até ao fim do período do contrato que terminava cerca de 5 meses depois.
Ou seja, o que as acções variassem para cima ou para baixo a partir de Outubro de 2001 em diante era indiferente ao facto de as possuir fisicamente emprestadas na minha carteira de trading, afectaria apenas o saldo do verdadeiro detentor das acções em causa e no meu caso só estavam ali disponíveis em espera para ver se até à data de devolução do empréstimo, em Março de 2002, poder verificar se haveria ou não nova oportunidade de “shortar”.
Espero com este pequeno episódio de trading real ter esclarecido a quem tivesse dúvidas acerca da forma de actuar nestes casos.
Nota:
Obviamente que também tive ao longo da minha carreira de trader muitos negócios maus ou ruinosos, isto dos mercados não pode ser sempre como a gente gostaria que acontecesse.
Cem
O autor não assume responsabilidades por acções tomadas por quem quer que seja nem providencia conselhos de investimento. O autor não faz promessas nem oferece garantias nem sugestões, limita-se a transmitir a sua opinião pessoal. Cada um assume os seus riscos, incluindo os que possam resultar em perdas.
Citações que me assentam bem:
Sucesso é a habilidade de ir de falhanço em falhanço sem perda de entusiasmo – Winston Churchill
Há milhões de maneiras de ganhar dinheiro nos mercados. O problema é que é muito difícil encontrá-las - Jack Schwager
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O day trader trabalha para se ajustar ao mercado. O mercado trabalha para o trend trader! - Jay Brown / Commodity Research Bureau
Citações que me assentam bem:
Sucesso é a habilidade de ir de falhanço em falhanço sem perda de entusiasmo – Winston Churchill
Há milhões de maneiras de ganhar dinheiro nos mercados. O problema é que é muito difícil encontrá-las - Jack Schwager
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AikyFriu Escreveu:
E se dissesse... como é que eu poderia saber que era o meu dinheiro e não outro dinheiro qualquer?
Não se sabe nem é preciso saber, pois o dinheiro é um bem fungível, tal como cereais da mesma colheita ou crude da mesma qualidade.
O depósito de uma obra de arte já não funciona assim, por exemplo.
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migluso Escreveu:Tens razão. Num sistema de reservas 100% há risco nos DPs. Mas neste caso, quem empresta ao banco através de um DP, deverá assumir esse risco.
OK, eu tinha ideia que defendias os 100% para a totalidade dos depósitos, fossem DO ou DP.

No man is rich enough to buy back his past - Oscar Wilde
Emprestar as minhas acções para fazer shortselling ou mexer no dinheiro que tenho à ordem é, para mim, o equivalente a por exemplo, deixar roupa na lavandaria e esta ser emprestada enquanto eu não a vou buscar de volta ou o meu carro ser utilizado enquanto eu o deixo no parque de estacionamento.
Eu não quero saber se as coisas estão la a tempo e como novas. Eu simplesmente não dei autorização para mexer nas minhas coisas.
Eu não quero saber se as coisas estão la a tempo e como novas. Eu simplesmente não dei autorização para mexer nas minhas coisas.
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Elias Escreveu:migluso Escreveu:A questão é que o banco mexe no teu dinheiro depositado à ordem. O debate é sobre isto mesmo.
migluso, imagina que um amigo ou um familiar te pede dinheiro emprestado. Mil euros, por hipótese.
E tu dizes "ok, eu empresto-te mas daqui a um mês ou dois sou capaz de precisar e vou-to pedir".
Agora eu pergunto: chateia-te que o teu amigo ou familiar faça uso do teu dinheiro ou o que verdadeiramente te interessa é que ele to devolva quando solicitado?
O que verdadeiramente me interessa é saber se ele está em condições de mo devolver quando eu o pedir. Em relação aos bancos, tenho a certeza que não estão em condições de devolver o dinheiro aos depositantes caso estes exigissem ao mesmo tempo a devolução dos DO.
AM,
Tens razão. Num sistema de reservas 100% há risco nos DPs. Mas neste caso, quem empresta ao banco através de um DP, deverá assumir esse risco.
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migluso Escreveu:A questão é que o banco mexe no teu dinheiro depositado à ordem. O debate é sobre isto mesmo.
Migluso, não fui ver as stats do BP mas não me parece que os DOs representem o grosso do dinheiro no sistema bancário. Mesmo que implementes um sistema de reservas de 100% para os DO, não impede uma crise. Tens de combinar isso com rácios de solvabilidade superiores, se queres travar alguma coisa com o capital não-DO.
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migluso Escreveu:A questão é que o banco mexe no teu dinheiro depositado à ordem. O debate é sobre isto mesmo.
migluso, imagina que um amigo ou um familiar te pede dinheiro emprestado. Mil euros, por hipótese.
E tu dizes "ok, eu empresto-te mas daqui a um mês ou dois sou capaz de precisar e vou-to pedir".
Agora eu pergunto: chateia-te que o teu amigo ou familiar faça uso do teu dinheiro ou o que verdadeiramente te interessa é que ele to devolva quando solicitado?
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Elias Escreveu:PTlusitano Escreveu:Além do mais há alternativas se não quiser que o banco mexa no meu dinheiro que é o depósito à ordem.
Nesse caso podes alugar um cofre e garantes que ninguém mexe no teu dinheiro.
A questão é que o banco mexe no teu dinheiro depositado à ordem. O debate é sobre isto mesmo.
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Pickbull Escreveu:migluso Escreveu:Onde os bancos ganham mais dinheiro é nos DO que estão "parados", pois não remuneram o depositante apesar de emprestarem esse capital.
A lógica aponta para isso mesmo, mas nesse caso porque raio andam eles a "chatear" as pessoas para fazer um DP com o dinheiro que está à ordem?
É uma boa pergunta, que não te sei responder, mas suspeito que seja melhor para os rácios de capital ou então a % de crédito que pode ceder é superior do que se o dinheiro estivesse à ordem.
Mas honestamente não sei, estou a especular.

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migluso Escreveu:Talvez sim, talvez não. As seguradoras fazem resseguros.
Mas é uma situação em que só é comparável com um acidente natural que destrua os cofres do banco.
Certo. Mas PODE acontecer.
migluso Escreveu:Não é comparável com situações de erro humano, como má gestão, gestão danosa, fat finger, etc...
O que teria acontecido aos depositantes do BPN? Vá diz-me.
Estás a falar de casos de FRAUDE - eu lá atrás fiz questão de excluir esses casos.
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