Governo aprova sobretaxa de IRS
Caros,
Estou farto de procurar, mas não consegui ainda encontrar detalhe suficiente sobre este imposto. Tenho 2 questões para as quais pedia a vossa ajuda
Retenção na fonte do subsídio de natal
A retenção na fonte é 50% de quê?
- 50% de salario bruto - 485 OU
- 50% de salario bruto-IRS-Seg Social-485?
O apuramento na declaração de IRS
O IRS terá uma sobretaxa de 3.5% que vai incidir no englobamento dos rendimentos. Mas incide
- no rendimento bruto?
- no rendimento líquido?
- no rendimento colectável?
Muito OBRIGADO
Paulop2009
Estou farto de procurar, mas não consegui ainda encontrar detalhe suficiente sobre este imposto. Tenho 2 questões para as quais pedia a vossa ajuda
Retenção na fonte do subsídio de natal
A retenção na fonte é 50% de quê?
- 50% de salario bruto - 485 OU
- 50% de salario bruto-IRS-Seg Social-485?
O apuramento na declaração de IRS
O IRS terá uma sobretaxa de 3.5% que vai incidir no englobamento dos rendimentos. Mas incide
- no rendimento bruto?
- no rendimento líquido?
- no rendimento colectável?
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Paulop2009
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AutoMech Escreveu:Elias, tu achas que a economia informal não é muito grande, quando comparado com outros países. Eu acho que é enorme e dei o exemplo da Alemanha onde a diferença são "apenas" os tais 6.6 pontos percentuais. O exemplo das % é para te mostrar que há uma diferença abismal entre ter, por exemplo, um défice de 3% ou de 6%. E no entanto parece que são 'apenas' 3 pontos percentuais. Quando se olha para valores na ordem dos 15, 17, 20, 22, não se pode olhar e dizer que é apenas X pontos percentuais para fazer um juízo. É preciso avaliar a grandeza dessa diferença.
Dê-se as voltas que se der na leitura dos números, se tivéssemos a mesma economia formal que a Alemanha o produto eram mais uns 10.000 milhões de euros que gerariam algum tipo de receita fiscal. Eu não considero isto uma diferença "não muito grande".
De acordo, mas eu até estava mais a pensar nos países do norte da Europa, onde a diferença é menor face a Portugal.
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Elias, tu achas que a economia informal não é muito grande, quando comparado com outros países. Eu acho que é enorme e dei o exemplo da Alemanha onde a diferença são "apenas" os tais 6.6 pontos percentuais. O exemplo das % é para te mostrar que há uma diferença abismal entre ter, por exemplo, um défice de 3% ou de 6%. E no entanto parece que são 'apenas' 3 pontos percentuais. Quando se olha para valores na ordem dos 15, 17, 20, 22, não se pode olhar e dizer que é apenas X pontos percentuais para fazer um juízo. É preciso avaliar a grandeza dessa diferença.
Dê-se as voltas que se der na leitura dos números, se tivéssemos a mesma economia formal que a Alemanha o produto eram mais uns 10.000 milhões de euros que gerariam algum tipo de receita fiscal. Eu não considero isto uma diferença "não muito grande".
Dê-se as voltas que se der na leitura dos números, se tivéssemos a mesma economia formal que a Alemanha o produto eram mais uns 10.000 milhões de euros que gerariam algum tipo de receita fiscal. Eu não considero isto uma diferença "não muito grande".
No man is rich enough to buy back his past - Oscar Wilde
Elias Escreveu:AutoMech Escreveu:Não é assim tanto Elias. Repara na dificuldade brutal que vamos ter para baixar um défice de 7.7% para 3%. E são só uns 'míseros' 4.7%.
Negativo. São 61%.
Qual será o custo em austeridade?
A volatilidade dos mercados é a maior aliada do “verdadeiro investidor”.
Warren Buffett
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Não é assim tanto Elias. Repara na dificuldade brutal que vamos ter para baixar um défice de 7.7% para 3%. E são só uns 'míseros' 4.7%.
Se nós tivéssemos a mesma economia "formal" que a Alemanha eram 6.3% do produto sujeitos a imposto de rendimentos. Agora temos de especular que receita fiscal isso poderia trazer a mais (descontando o que se perde no consumo porque a economia paralela também consome). Talvez +10% (ou será demais ?).
São 0.6% do PIB em receitas fiscais adicionais, ou seja uns 1.000 Milhões de euros (faz-me lembrar o imposto extraordinário...).
No ajustamento que estamos a fazer de 7.7% para 3% esses míseros 0.6% são já quase 13% do esforço total.
Isto só para tentar demonstrar que as diferenças que parecem pequenas, por serem 4, 5, 6, 7 ou 10%, não são tão pequenas nem desprezíveis como parecem.
Se nós tivéssemos a mesma economia "formal" que a Alemanha eram 6.3% do produto sujeitos a imposto de rendimentos. Agora temos de especular que receita fiscal isso poderia trazer a mais (descontando o que se perde no consumo porque a economia paralela também consome). Talvez +10% (ou será demais ?).
São 0.6% do PIB em receitas fiscais adicionais, ou seja uns 1.000 Milhões de euros (faz-me lembrar o imposto extraordinário...).
No ajustamento que estamos a fazer de 7.7% para 3% esses míseros 0.6% são já quase 13% do esforço total.
Isto só para tentar demonstrar que as diferenças que parecem pequenas, por serem 4, 5, 6, 7 ou 10%, não são tão pequenas nem desprezíveis como parecem.
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AutoMech Escreveu:Estou a falar obviamente em % do produto Elias.
Em % do produto a economia paralela em Portugal é 22.6%. Na Alemanha é de 16.3%.
22.6/16.3 = 1.3865
Arredondei para 40%, mas é +38.65% se quisermos ser precisos.
Bom, mas eu creio que não se deve calcular percentagens sobre percentagens (porque estas já são grandezas relativas e não absolutas).
Repara, da forma como colocaste a questão parece que 40% a mais é imenso. Mas há muitas maneiras de trabalhar os números, e é perfeitamente possível apresentar as coisas ao contrário.
Vejamos, por exemplo o peso da economia formal: em Portugal é de 77,4% ao passo que na Alemanha é de 83,7%. Ou seja, em Portugal a economia formal é apenas 7,4% menor do que na Alemanha, não é uma diferença assim tão grande.
Basicamente o que quero dizer é que quando se calcula percentagens sobre percentagens abres espaço para toda a espécie de manipulações e interpretações, perdes objectividade na análise.
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Elias Escreveu:AutoMech Escreveu:A dimensão da economia paralela de Portugal em relação à Alemanha é de +40%.
Pelo contrário. É 40% menor.
Estou a falar obviamente em % do produto Elias.
Em % do produto a economia paralela em Portugal é 22.6%. Na Alemanha é de 16.3%.
22.6/16.3 = 1.3865
Arredondei para 40%, mas é +38.65% se quisermos ser precisos.
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Elias Escreveu:AutoMech Escreveu:Bom, mais 40% do que a Alemanha, por exemplo, não é propriamente uma diferença pequena...
Não são mais 40%.
São mais 6 pontos percentuais.
Exacto. Alemanha tem 16.3% e Portugal 22.6.
A dimensão da economia paralela de Portugal em relação à Alemanha é de +40%. É preciso ter cuidado quando olhamos para %. Um país que tenha um défice de 3% do PIB tem +100% de défice do que outro com 1.5%. Pelo meio há muitos mil milhões de euros.
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Pata-Hari Escreveu:Acho surpreendente a pequenez da diferença. Muitíssimo pequena mesmo.
Foi o que eu achei, Pata. Contraria a ideia feita que temos sobre as diferenças entre os países do norte e do sul da Europa.
Reparaste no quadro da página 20 que mostra que a dimensão da economia paralela está a aumentar em praticamente todos os países considerados?
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Elias, eu não conheço esse estudo mas gostava. Ora mostra lá. Mas conheço um sobre os paises e a corrupção.
Rmachado: a europa a sério que eu conheço é a Escandinávia + Finlândia, a Alemanha e a França (sendo que esta ultima peca por apenas fazer isso bem, depois esbanja o que saca aos contribuintes - na minha opinião não vão durar muito tempo com esta polica)
Rmachado: a europa a sério que eu conheço é a Escandinávia + Finlândia, a Alemanha e a França (sendo que esta ultima peca por apenas fazer isso bem, depois esbanja o que saca aos contribuintes - na minha opinião não vão durar muito tempo com esta polica)
Governo aprova sobretaxa de IRS
14.07.2011 - 15:54 Por PÚBLICO
22 de 37 notícias em Economia
A sobretaxa de IRS que o Governo pretende implementar incide sobre todos os rendimentos englobáveis das diversas categorias de IRS e também sobre outros rendimentos sujeitos a taxas especiais de tributação, revela o comunicado do conselho de Ministros hoje tornado público.
Governo diz que sobretaxa de IRS é imprescindível para "acelerar o esforço de consolidação orçamental"
(Nelson Garrido/arquivo)
Entre os rendimentos sujeitos a taxas especiais de tributação estão as mais valias, os rendimentos prediais de não residentes e os acréscimos patrimoniais não justificados. Confirma-se que os rendimentos sujeitos a taxas liberatórias, como os dividendos ou os juros, não serão afectados pela medida.
No comunicado, o Governo afirma que a sobretaxa de IRS, equivalente a 50 por cento do subsídio de Natal, “tem três características: é uma medida extraordinária, universal e que respeita o princípio da equidade social na conjuntura de austeridade”. É dito ainda que “é imprescindível para acelerar o esforço de consolidação orçamental e cumprir o objectivo decisivo de um défice orçamental de 5,9 por cento para este ano”.
Proposta de lei para Conselho das Finanças Públicas
Os estatutos do Conselho das Finanças Públicas, o órgão independente que o Governo quer instituir para supervisionar a política orçamental, foram também hoje definidos numa proposta de lei aprovada no Conselho de Ministros.
Os membros desta entidade serão nomeados em conjunto pelo Presidente do Tribunal de Contas e pelo Governador do Banco de Portugal.
O Conselho das Finanças Públicas, órgão cuja criação estava já prevista no acordo que o PSD fez com o anterior Governo com vista à aprovação do Orçamento de Estado deste ano, tem como missão “proceder a uma avaliação independente sobre a consistência, cumprimento e sustentabilidade da política orçamental, promovendo ao mesmo tempo a sua transparência, de modo a contribuir para a qualidade da democracia e das decisões de política económica e para o reforço da credibilidade financeira do Estado”, refere-se no comunicado do Conselho de Ministros.
Uma versão de Estatutos do Conselho das Finanças Públicas que o Ministério das Finanças chegou a publicar a 6 de Abril, quando Teixeira dos Santos estava à frente da pasta, foi elaborada por António Pinto Barbosa, Teodora Cardoso e João Loureiro. O grupo de trabalho propunha que o órgão fosse constituído por cinco membros, dos quais pelo menos dois tinham de ser portugueses e pelo menos dois de outros Estados-membros da União Europeia.
Também hoje, o Governo aprovou uma resolução que elimina a isenção do pagamento de portagens na Ponte 25 de Abril durante o mês de Agosto.
Notícia actualizada às 16h28
Blasar Escreveu:Elias Escreveu:Pata, aqui há uns anos foi feito um estudo do Banco Mundial sobre a economia paralela nos vários países europeus. A diferença entre Portugal e a Europa "a sério", como lhe chamas, não é muito grande.
Se não há diferença (percentualmente, suponho) entre Portugal e o resto da Europa "a sério", porque é que cá as condições são mais adversas para o contribuinte? Para onde estarão a ser canalizadas as contribuições da população senão para a melhoria das suas condições e qualidade de vida?
Pululam uma série de questões nas nossas cabeças a que, quem de direito (leia-se a classe política), não sabe ou não quer responder, e isso é lamentável.
Cumprimentos.
Serão?
Pelo que sei na Europa dita a sério tens taxas de impostos na ordem dos 50% ou mais sobre o trabalho.
Claro que tb tens logo mais sálario..
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Pata-Hari Escreveu:rmachado, a diferença entre a Europa e a Europa , é que na Europa "a sério", todos pagam impostos. Cá, há uns idiotas que pagam.
Na Europa a sério, há controlo sério das despesas públicas. Na Europa a sério, não pagas pelos serviços públicos (forçado) e depois não tens que ir pagar pelo mesmo serviço privado porque o público não funciona. E neste momento estamos a pagar tantos ou mais impostos do que nessa Europa sem ter nenhum dos beneficios, sendo que alguns estão a ser particularmente penalizados.
Uhm.. O que é para ti a Europa a sério?
Olha que tive pessoas conhecidas a viver em alguns paises ditos a sério...e enfim não era o mar de rosas que parece ser.. falo de uma Inglaterra e duma Holanda, por exemplo.
Viveram tb na Alemanha e ai sim a coisa parecia funcionar.
Eu não gosto muito de achar que lá fora é que é bom... pois em muitos casos não é.
Nós deviamos era potenciar o nosso clima e sermos a Florida da Europa... isso sim é que era atrair dinheiro.

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Colossal
15 Julho2011 | 12:41
Pedro Santos Guerreiro - psg@negocios.pt
Três em cada cinco portugueses aceitam o novo imposto extraordinário.
Isso é, em si mesmo, extraordinário. Seria melhor ter confiança que esperança, mas é o que há e tem valor. O Governo tem a obrigação de cumprir. Não apenas 5,9%. Mas a agenda de transformação de que falou ontem o ministro das Finanças.
O imposto extraordinário é o que neste jornal se noticiou em primeira mão. Pago em três quartos pelos pensionistas e trabalhadores por conta de outrem. São os mais fáceis de apanhar. Porque são os mais difíceis de fugir. Inclui senhorios, recibos verdes, mais-valias. Exclui alguns rendimentos de capitais. E, ao contrário do que aconteceu em 1983, deixa de fora as empresas.
Ao corte de despesas, o ministro das Finanças disse nada. É uma desilusão. É uma precaução? É: o corte de despesa demora mais tempo a produzir efeitos que um aumento de impostos. Mas, como desafiou o ministro, cá estaremos para monitorizar essa redução. Até lá, é à confiança. Mas apetece dizer: "Não abuse, senhor ministro."
Ontem não foi anunciada mais nenhuma medida de austeridade. Mas ficou claro que as medidas adicionais recairão sobre o sector público. Sobre o Estado. Mas atenção à palavra "adicionais". Adicionais face às da troika. Porque está calendarizada uma série de medidas que vão entrar em vigor ao longo dos próximos meses: aumento do IVA na electricidade (e possivelmente também no gás, na água, nos legumes, no pão, nos medicamentos...); portagens nas SCUT; preços dos transportes mais caros; reduções de apoios sociais. E etc.
O País vai cumprir o défice orçamental de 5,9% nem que o ministro das Finanças tussa. E as privatizações serão feitas rapidamente e em força. Mas o ministro das Finanças não manda em todo o Governo. E, como ontem escrevia Camilo Lourenço, há sinais de recuos preocupantes.
Começando pelos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, cuja solução foi atirada para depois do Verão. Incluindo a suspensão de encerramento de escolas. Mas, também, a não extinção de municípios.
Esse é que é o tipo de medidas difíceis. Eliminar uma "golden share" é fácil, é só passar o decreto. Não corta um cêntimo de custos.
Nos próximos meses, o Governo vai ser bombardeado com pressões, que ganharão fôlego de cada vez que houver um recuo. Pedro Passos Coelho não foi eleito para ser popular. E Portugal não tem tempo. Por isso, a facilidade social com que os portugueses aceitaram este novo imposto não é um privilégio para dispor, é uma responsabilidade para cumprir.
A forma como o ministro das Finanças fala das privatizações, por exemplo, é de uma candura liberal comovente. É para vender já, seja pelo preço que for, porque temos uma restrição activa de financiamento externo. Mas é para vender sobretudo porque o Estado quer entregar o ouro que o fez bandido. Para promover concorrência. Para estimular competência. Os grandes empresários portugueses querem manter os centros de decisão nacional? Lutem por eles, vençam no mercado. Do Estado, batatas: não há patrocínios. Dizer que não há privilégio aos capitalistas estrangeiros é uma maneira inteligente de dizer que não há privilégio aos capitalistas portugueses. Apoiado! Mas é como os cortes de despesa. Estaremos cá para ver.
A visão do ministro das Finanças é a de um macroeconomista: quer entrada de capitais, redução de défice externo, receitas do Estado e mais concorrência e eficiência. Mas, como disse um dia Miguel Beleza, não há a macro e a microeconomia, há a boa e má economia. A nossa é má. E colossal é o esforço, disse o ministro. Como cantava Ivone Silva, "este país é um colosso". Mas já não está tudo grosso. Está é tudo a fiar bem fino.
15 Julho2011 | 12:41
Pedro Santos Guerreiro - psg@negocios.pt
Três em cada cinco portugueses aceitam o novo imposto extraordinário.
Isso é, em si mesmo, extraordinário. Seria melhor ter confiança que esperança, mas é o que há e tem valor. O Governo tem a obrigação de cumprir. Não apenas 5,9%. Mas a agenda de transformação de que falou ontem o ministro das Finanças.
O imposto extraordinário é o que neste jornal se noticiou em primeira mão. Pago em três quartos pelos pensionistas e trabalhadores por conta de outrem. São os mais fáceis de apanhar. Porque são os mais difíceis de fugir. Inclui senhorios, recibos verdes, mais-valias. Exclui alguns rendimentos de capitais. E, ao contrário do que aconteceu em 1983, deixa de fora as empresas.
Ao corte de despesas, o ministro das Finanças disse nada. É uma desilusão. É uma precaução? É: o corte de despesa demora mais tempo a produzir efeitos que um aumento de impostos. Mas, como desafiou o ministro, cá estaremos para monitorizar essa redução. Até lá, é à confiança. Mas apetece dizer: "Não abuse, senhor ministro."
Ontem não foi anunciada mais nenhuma medida de austeridade. Mas ficou claro que as medidas adicionais recairão sobre o sector público. Sobre o Estado. Mas atenção à palavra "adicionais". Adicionais face às da troika. Porque está calendarizada uma série de medidas que vão entrar em vigor ao longo dos próximos meses: aumento do IVA na electricidade (e possivelmente também no gás, na água, nos legumes, no pão, nos medicamentos...); portagens nas SCUT; preços dos transportes mais caros; reduções de apoios sociais. E etc.
O País vai cumprir o défice orçamental de 5,9% nem que o ministro das Finanças tussa. E as privatizações serão feitas rapidamente e em força. Mas o ministro das Finanças não manda em todo o Governo. E, como ontem escrevia Camilo Lourenço, há sinais de recuos preocupantes.
Começando pelos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, cuja solução foi atirada para depois do Verão. Incluindo a suspensão de encerramento de escolas. Mas, também, a não extinção de municípios.
Esse é que é o tipo de medidas difíceis. Eliminar uma "golden share" é fácil, é só passar o decreto. Não corta um cêntimo de custos.
Nos próximos meses, o Governo vai ser bombardeado com pressões, que ganharão fôlego de cada vez que houver um recuo. Pedro Passos Coelho não foi eleito para ser popular. E Portugal não tem tempo. Por isso, a facilidade social com que os portugueses aceitaram este novo imposto não é um privilégio para dispor, é uma responsabilidade para cumprir.
A forma como o ministro das Finanças fala das privatizações, por exemplo, é de uma candura liberal comovente. É para vender já, seja pelo preço que for, porque temos uma restrição activa de financiamento externo. Mas é para vender sobretudo porque o Estado quer entregar o ouro que o fez bandido. Para promover concorrência. Para estimular competência. Os grandes empresários portugueses querem manter os centros de decisão nacional? Lutem por eles, vençam no mercado. Do Estado, batatas: não há patrocínios. Dizer que não há privilégio aos capitalistas estrangeiros é uma maneira inteligente de dizer que não há privilégio aos capitalistas portugueses. Apoiado! Mas é como os cortes de despesa. Estaremos cá para ver.
A visão do ministro das Finanças é a de um macroeconomista: quer entrada de capitais, redução de défice externo, receitas do Estado e mais concorrência e eficiência. Mas, como disse um dia Miguel Beleza, não há a macro e a microeconomia, há a boa e má economia. A nossa é má. E colossal é o esforço, disse o ministro. Como cantava Ivone Silva, "este país é um colosso". Mas já não está tudo grosso. Está é tudo a fiar bem fino.
Cumpts.
Trisquel
A divindade, o princípio e o fim, a eterna evolução, o movimento, a vibração e a perpétua aprendizagem.
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