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Caldeirão da Bolsa

Artigos de Opinião do dia ...

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por The Mechanic » 16/6/2011 16:19

LONDON (MarketWatch) — You don’t exactly need a crystal ball to know what the biggest event in the financial markets of the next 12 months is going to be: Greece defaulting on its debts.

This week Standard & Poor’s cut its rating on the country to CCC, the lowest of any nation in the world. Only last week we learned that Greek industrial production was down 11% year-on-year. Unemployment has risen 40% over the past year, and now stands above 16% nationally. A year on from the European Union and International Monetary Fund “rescue,” Greece is slipping into 1930s-style depression.

A country in that kind of a fix doesn’t pay back debt. Nor does it get its deficit under control. It isn’t a question of whether Greece defaults anymore. Everyone accepts that. It is simply an issue of when, by how much, on what terms — and, perhaps most crucially of all, who gets stuck with paying the bill.

Forget all you’ve read about it being a catastrophe for the markets when it happens, however. Only things that nobody really forecast make prices move in any dramatic fashion. A Greek default is about as unexpected as Rafael Nadal making the finals at Wimbledon this year.

In reality, it is already priced in. And the Germans and the French aren’t going to let it happen until they know their banking systems are safe — so there isn’t going to be a Lehman-syle collapse.

What a Greek default will do is focus everyone’s mind on the breakup of the euro. Once countries go broke, the euro will have taken a decisive step towards dismemberment. The markets will start figuring out who the winners and losers are from that — and pricing that in as well.

So if the euro isn’t going to be around in five years time, how do you position your portfolio for that?


Tourism in the Greek islands should flourish once the euro falls apart.

Here are five trades you should start thinking about:

1. Buy German bunds, and sell the DAX .
The new deutsche mark that will emerge from the wreckage will be one of the strongest currencies in the world. That will be great for German bonds, but bad for the country’s mighty exporters, whose shares are the leading constituent stocks of the blue-chip DAX index. Over time, German companies will learn to adjust to having a strong independent currency again. They coped with it perfectly well in the 1970s and 1980s. But it will take time — and exports will suffer in the meantime. That will be bad for profits, and bad for share prices.

2. Sell the Swiss franc
Investors have been piling into the franc because they don’t have the deutsche mark as a safe haven anymore. The Israeli shekel has some supporters — including this writer — as a currency that’s going to appreciate through bad times as well as good, but it doesn’t have a thousand years of peace and prosperity behind it the way the Swiss franc does. So right now the Swiss have that market to themselves — as the strength of the franc makes clear. But with the deutsche mark back in business, a big chunk of that safe-haven money will shift back across the border. The Swiss franc will be on the way down again.

3. Sell the Belgium index
As the European Union grew in power, Brussels emerged as the capital of a nascent super-state that for a time seemed able to rival the United States. Every big company needed a platoon of well-paid lobbyists taking people out for expensive lunches. With the euro on the rocks, the EU will be halted in its tracks, and all of that will disappear. Brussels will just be a place where you can buy some nice chocolate while changing trains. The country’s economy and its leading companies will all suffer.

4. Buy European travel companies.
With the euro gone, the peripheral nations will see their currencies fall dramatically, while the core will see theirs appreciate. One consequence will be that it will be dirt-cheap for northern Europeans to go on holiday in Greece and Spain and Portugal again. A traditional pattern of trade will emerge. Northern Europeans make luxury automobiles and machine tools for the world, then two or three times a year relax by sitting by the Mediterranean for a couple of weeks enjoying themselves and spending all that money they earned. That will be great for everyone involved in shifting people from place to place — the tour operators, the airlines, the aircraft manufacturers, and the travel websites. All of them will see their profits soar.

5. Sell the U.S. banks
If everyone knows Greece will have to default, what’s keeping them from pulling the plug? That’s easy. The Germans and the French won’t want to ‘re-profile’ all that Greek debt until they know their banks have largely sold both the debt and the credit-default swaps associated with it to someone else. They aren’t stupid — they aren’t about to blow up their own financial system. Who’s bought it? It looks as if the U.S. banks have wound up owning a lot of Greek debt. The Asian and Middle Eastern banks may have a lot as well. When the default happens, they will be the ones who take the brunt of the losses.

The dollar will gain, however. The euro was a serious contender to take its place as the global reserve currency. With that out of the picture, the dollar will get another decade as the main currency of global trade. Its weaknesses will catch up with it eventually — but the day of reckoning will have been postponed.

There will be plenty of other consequences. Spain will be looking shaky. Italy may recover from what has been, in effect, permanent recession since it joined the euro. But those five trades should at least be enough to let you join the Germans and the Dutch on one of those dirt-cheap vacations in Rhodes or the Algarve.


Não está mal visto...
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- Aristoteles

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por urukai » 8/6/2011 9:37

Este Camilo Lourenço é um bocado atrapalhado no pensamento e atabalhoado na maneira de falar/escrever mas faz uma boa ponte entre o português médio e aquilo que deve ser dito.

Sinceramente, acho que este pequeno e jocoso texto poderá fazer mais pelo país que os monólogos infinitos dos comentadores políticos que nos ocupam a TV todos os dias! :twisted:
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por Automech » 8/6/2011 9:21

Meu caro Pedro:
07 Junho2011 | 12:21
Camilo Lourenço

Mal o conheço. Só falei consigo uma vez, quando o entrevistei para "A Cor do Dinheiro" (na RTP N), mas não resisto a deixar-lhe alguns conselhos. Até porque não fiquei impressionado com a conversa…

- 1ª tarefa: escolha o ministro das Finanças. Tudo vai passar por ele…: tem de ser alguém competente, respeitado, com sensibilidade para as empresas e… acima dos 50 (para não se "cortar" nas medidas difíceis, receando não ter emprego quando sair).
- Faça todo o "mal" que puder nos dois primeiros anos. Isto é, antecipe algumas medidas da Troika. Depois chape na cara da Merkel… e exija concessões.
- Não conte com estados de graça. Nem dos partidos. Nem do povo (aquela abstenção!). Nem da Troika. Nem da Imprensa - nós, jornalistas, desculpamos mais facilmente políticos de Esquerda que de Direita.
- Esqueça as medidas emblemáticas. São "pinte.." (você sabe o quê…). O sucesso faz-se de pequenas medidas. Bem executadas.
- Mande bugiar os barões do partido (os que o enxotaram e agora fazem fila para a fotografia). Não os deixe condicioná-lo.
- Não hostilize o PS. O país precisa dele para implementar o memorandum.
- Tenha paciência com o Paulo. Tem um ego Graaande, mas é competente.
- Não manipule estatísticas e ponha os "boys" na ordem - em matéria de lobbies, o seu partido não fica atrás do PS.
- Em suma: não governe para ser reeleito. Veja o Sócrates; não fez o que devia ter feito para não perder eleições. Mas perdeu copiosamente. Os 1º ministros não ficam na História por fazerem coisas simpáticas. Ficam por mudar o país.
- Ah! Só mais um ponto: estes conselhos são de graça. Prometo que se o tempo mostrar que me enganei quanto à "impressão", pedirei desculpa.
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por latrinaxxl » 6/6/2011 22:00

Artigo medíocre e tendencioso.
Não tenho partido, antes que venham as críticas (que venham), só tenho 1 clube.
Boa sorte Portugal, boa sorte portugueses.
No jogo da bolsa, as mãos fracas e fortes estão sempre a perder, quem ganha sempre é a "casa" (corretoras e bancos).
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por Pata-Hari » 6/6/2011 21:40

Grande artigo do Pedro. Infelizmente, talvez demasiado optimista....
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por pepi » 6/6/2011 9:29

Pedro Santos Guerreiro Escreveu:Levantai hoje de novo...
06 Junho2011 | 09:10
Pedro Santos Guerreiro - psg@negocios.pt

Mais depressa do que sonhou. Com mais votos do que pensava. Com a coligação preparada à nascença.
Com um programa liberal. Com o País carente. Com a troika amigada. Pedro Passos Coelho já só depende de uma coisa: de si mesmo. Não é pouco. Mas já tem muito. Até porque o País virou à Direita. Ou virou as costas à Esquerda.

O PSD teve uma grande vitória, o PS teve uma derrota humilhante. Esta observação encerra outra, a de que a Direita tem hoje a legitimidade governativa que esbanjou com Durão Barroso e que não teve com Santana Lopes. Vinte anos depois da segunda eleição de Cavaco, há a primeira eleição de Passos Coelho. Com Cavaco emBelém. O "povo pá" só não lhe deu a maioria absoluta. Mas deu-lhe a folga suficiente para sair melhor que a encomenda. Para ser um primeiro-ministro forte, que trabalhe com a troika e não para a troika. Que não fique refém de Paulo Portas no Governo, nem de Cavaco Silva na Presidência.

Nem de José Sócrates no PS. A história que começou ontem terminou outra. Sócrates ruiu. É o primeiro primeiro-ministro a perder uma reeleição em democracia (Santana não havia sido eleito). Sai com um discurso digno, de um político que o é e que o será sempre que o deixarem e que o quiserem. Mas sai com o PS humilhado nas urnas. Deixando a esquerda no chão. E o País subjugado.

Nos próximos meses, uma numerosa matilha pontapeará Sócrates. O poder é assim, eflui. Muitos dos que o arrasarão agora não abriram a boca durante anos ou sentaram-se na mesma mesa, mas Sócrates não se pode queixar, foi ele que escolheu os seus aliados. Alguns serão agora aliados de Passos. Ontem, José Sócrates foi corrido do País. Varrido do PS. Como já se percebeu, o assunto não vai ficar por aqui. Portugal livrou-se de José Sócrates, mas José Sócrates não se livrou de Portugal. Que não seja por ajuste de contas.

Sócrates é agora um passado em que Portugal não pode ficar cismado. Pedro Passos Coelho é o novo futuro em que Portugal confiou. Desta vez, a Direita não se mascarou de centrão. Como escreveu Pedro Marques Lopes a meio da campanha, o programa eleitoral muda tanto a face do PSD que devia mudar-lhe o nome. Pedro Passos Coelho é liberal. Essa convicção será testada. Mas não foi dissimulada. E ganhou as eleições.

O discurso de ontem não foi o mais empolgante. Nem estavam milhares de pessoas no Marquês de Pombal. Mas isso não é necessariamente mau - foi de triunfalismo em triunfalismo que chegámos a este estado de estupor. Mas isso é um aviso a Passos Coelho: o "povo pá" já não tem ilusões. Já não suporta mais ter desilusões. Ontem, não passou um cheque em branco, fez um voto expresso: governem. Não basta cantar o hino: governe.

Passos Coelho vai ter o estado de graça mais curto de sempre. Sócrates teve mais de dois anos de boa imprensa, Passos pode não ter sequer dois meses. O País está sem graça, nada mais é de graça e até a sua graça pode mudar, com as placas da fronteira a passarem de azul para amarelo e no lugar de "Portugal" estar escrito "Em Obras de Reabilitação, prometemos ser breves". É desgraça mesmo.

Passos Coelho tem de fazer um Governo bom e depressa. Para cumprir o plano da troika já. Para resistir às pressões. Começando as que se movimentam na própria composição do Governo. Que seja a pensar nas consequências e não nas causa. Que largue os equilíbrios estilo "cinco para mim, três para ti, um para o outro, outro para os de lá, três da loja e dois da fé". A receita tem de ser outra. Começando por dois ministros: o das Finanças e o da Justiça.

Passos tem o voto. Tem o conforto disfarçado da troika. É preciso coragem. Para fazer o governo rápido e bom; para ter grandes ministros; para fazer as privatizações bem, para destapar faces ocultas, destruir a corrupção mas não o Sistema Nacional de Saúde. Sobretudo: para não deixar substituir uma quadrilha por outra. Porque ela já está a agrupar-se. Como sempre. Se ele cede, ela apropria-se. Como sempre.

Os grandes líderes libertam-se das ameaças dos outros e dos seus próprios medos. Só um líder forte escolhe pessoas melhores do que ele próprios nas suas áreas. Pessoas que não lhe dizem a tudo que sim. É desses que Passos Coelho precisa. Não há Ernâni Lopes. Mas há muitos grandes ministros das Finanças no País. Até presidentes de bancos. Até presidentes de empresas. Haja coragem para fazer o convite. Haja coragem para aceitá-lo.

Os portugueses deram a Passos Coelho o poder que ele nunca teve. Incluindo o poder de detonar as críticas feitas amiúde, de inexperiência e de falta de autonomia face aos que o rodeiam. Foi Marco António Costa que lhe deu o PSD. Foi Miguel Relvas que o levou às urnas. Foi com a estratégia de Dias Loureiro que a campanha virou. Mas agora é ele quem será primeiro-ministro. Ele. Eleito. Pelo povo.

Não é só o poder que faz o homem. É também o homem que faz o poder. Tome-o, o poder. Agora use-o - Senhor Primeiro-Ministro.
 
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por Elias » 19/5/2011 22:34

Merkel em deriva populista
19 Maio2011 | 11:14
Helena Garrido - Helenagarrido@negocios.pt

Vamos pagar um preço muito alto por esta deriva populista e xenófoba que se alastra na União Europeia.

Estamos a destruir mais de cinco décadas de paz e desenvolvimento. E os ricos da Europa têm uma especial responsabilidade.

As palavras de Angela Merkel sobre Portugal, Espanha e Grécia não podem sequer ser compreendidas no contexto da habitual leviandade das campanhas eleitorais. A chanceler alemã atirou lenha para uma fogueira que arde em labaredas já demasiado perigosas.

A mensagem da chanceler alemã na terça-feira foi aterradora. Disse Merkel, na terça-feira, que em países como Portugal, Espanha e Grécia as pessoas não podem ter mais férias, trabalhar menos e entrar na reforma mais cedo que os alemães. Mesmo que o que disse fosse verdade, não o deveria ter dito. Porque não é isso que importa para o sucesso da moeda única e porque apenas alimenta a má vontade que cresce em alguns países contra a ajuda aos países do euro em dificuldades financeiras.

Quando vamos verificar nas estatísticas se aquilo que Merkel disse corresponde à realidade, verificamos que, afinal, nada do que afirmou é verdade. Os alemães são os campeões europeus das férias. Os gregos são os que mais horas trabalham. E os holandeses são os que mais tarde se reformam, mas os portugueses estão muito perto deles: ocupam a quarta posição.

Dizer que uma união monetária exige que todos tenham o mesmo número de dias de férias, o mesmo número de horas de trabalho e a mesma idade de reforma é contribuir para a ignorância, a melhor amiga dos populismos e da xenofobia. Essas igualdades são consequências, e não condições para o sucesso do euro.

O que fragiliza o euro são decisões como a suspensão do acordo de Schengen, que garante a liberdade de circulação das pessoas no espaço da moeda única, ou a ausência de recursos comuns, um orçamento, um fundo ou um mecanismo, que façam frente aos choques assimétricos que estamos a viver.

Suspender Shengen por causa da imigração do Norte de África faz pior à moeda única do que a dívida de Portugal, Grécia, Espanha e Irlanda juntas, e contribui para adiar ainda mais as igualdades no mercado de trabalho que tanto preocupam Merkel. Não existir um acordo para apoiar de forma credível os países do euro em dificuldades financeiras - em linguagem económica, "afectados por um choque assimétrico" - ameaça mais o euro do que essas questões que fazem as delícias das conversas populistas.

Na frieza dos factos, países como a Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha estão a ser vítimas de um choque assimétrico numa união monetária. As razões que conduziram estes países, e não outros, a esta situação são muitas e variadas, como é de todos os membros do euro a responsabilidade pelo que se passou. Se fosse a Holanda, por exemplo, a enfrentar um choque assimétrico, era assim, com esta racionalidade e sem o populismo de Merkel, que o tema estaria a ser debatido.

Não queremos acreditar que há países no euro que querem recuperar a velha tese de um ministro holandês que, em finais dos anos 90, não queria que os países do Sul da Europa - o clube Med, como lhes chamou - entrassem para o euro. Não queremos acreditar que os planos de ajuda são, afinal, para expulsão do euro. Angela Merkel tem de honrar a memória de Konrad Adenauer e a herança de Helmut Kohl, que ainda esta semana fez avisos sérios.

Alimentar o monstro populista que vai crescendo na Europa do euro é uma caixa de Pandora, é despertar os mais perigosos fantasmas do passado europeu. Os alemães sabem que o projecto europeu tem mais valor do que impulsos populistas. Angela Merkel sabe que uma eleição vale menos que a vida do euro.
 
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por Pata-Hari » 5/5/2011 21:04

Sugiro que o Mech mude o nome deste tópico para Pedro SANTOs GUERREIRO. :mrgreen:
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por Pata-Hari » 5/5/2011 21:03

Pepi, no que me concerne, o artigo do PSG valia um tópico só dele!
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por pepi » 5/5/2011 16:13

Valeu a pena, sr. Engenheiro?
05 Maio2011 | 11:49
Camilo Lourenço - camilolourenco@gmail.com

Na semana passada José Sócrates disse que o país iria ter saudades do "chumbado" PEC IV (porque o PEC V seria mais duro).
Nas semanas anteriores diabolizara, ad nauseam, o FMI; até chegou a dizer que não governaria com o Fundo. Na noite de 3ª feira, quando se dirigiu ao país, tudo mudou: Sócrates qualificou o acordo com a troika como "um bom acordo". É a confirmação de que o 1º ministro consegue dizer duas coisas diametralmente opostas, com a mesma convicção, no curto espaço de uma semana…

Mas vamos ao acordo. Aquilo que se conhece chega para o qualificar como "bom acordo"? Não. É verdade que há áreas onde houve um grande avanço; v.g. as medidas, muito positivas, para aumentar a competitividade da economia (leis laborais, arrendamento, contribuições para a Segurança Social, privatizações, subsídio de desemprego…), um dos três vértices do acordo. É o que sucede também na Banca (o segundo vértice), que terá de reforçar os rácios de capital. Mas na frente orçamental as coisas são menos óbvias. Ficámos a saber muita coisa sobre aumento, em alguns casos violento, de impostos (IVA, IRS, IMI, IMT, imposto sobre veículos…), aumento de preços (transportes, Saúde…) mas não é muito claro se se vai suficientemente longe no corte de despesa corrente: o que vai acontecer aos milhares de organismos do Estado que têm gente a mais e aos que vão ser encerrados? O corte de despesa corrente tem a mesma dimensão do esforço fiscal que as famílias (sempre elas) vão fazer? É duvidoso. Chegados aqui, vale a pena deixar uma última pergunta: sr. Engenheiro, valeu a pena cuspir na mão do FMI, a instituição que mais nos ajudou neste processo?
 
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por urukai » 5/5/2011 15:33

Antes que o Marco António venha fazer bold disto, faço-o eu:

Este acordo só não tem uma coisa: uma mudança no sistema político, nas subvenções, no financiamento partidário, nos deputados, na Assembleia da República. E não tem porque não pode: Portugal é uma democracia. Curiosamente, poucas coisas precisam de mudar tanto como a política. E, como o FMI não pode, isso só depende de nós. Ainda bem. Façamo-lo. Ou outros farão por nós. Nós. Somos sempre nós.
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por pepi » 5/5/2011 15:14

Onde estão aquele que tanto diabolizaram a vinda do FMI?!

A cama do faquir
05 Maio2011 | 11:43
Pedro Santos Guerreiro - psg@negocios.pt

Não é um PEC. Não é um Plano de Austeridade. Não é sequer um programa de Governo. É uma mudança de regime.
• Não é um PEC. Não é um Plano de Austeridade. Não é sequer um programa de Governo. É uma mudança de regime. Portugal será novo mas nós, portugueses, somos os mesmos e não estamos todos preparados. Depois disto, seremos mais fortes. Até lá, perderão os mais fracos. Como numa guerra pela paz. Mas é uma oportunidade. E é a última.

Não é o regime económico que muda. É a sociedade, a cidadania, a organização do Estado, a forma como o sistema político o vê e lhe subjaz. Não é menos do que isso o que está em causa. Porque a troika não trouxe um programa de pagamento de dívidas. Trouxe uma revolução. Para Portugal, é uma revolução liberal. E quem vai fazê-la são instituições internacionais, assessoradas por consultores estrangeiros, financiadas por contribuintes de outros países. Teremos governo. Portugal é soberano. Mas o Governo será suserano.



• O Estado não será apenas mais magro, será menos tentacular. É também por isso que este plano não é um programa de Governo. É um programa anti-Governo. É o contrário das políticas que têm governado Portugal nos últimos anos. Nem a reforma da Segurança Social passa sem acrescento.

As traves-mestras da velha política económica são dizimadas. Há uma razia nos subsídios às energias renováveis, nos incentivos à aquisição de casa própria, nas políticas agressivas de Obras Públicas, nas parcerias público-privadas. Porquê? Volte a ler a frase anterior e responda a si mesmo: a quem aproveitaram no passado essas políticas? Eu ajudo: às empresas do regime. À EDP, à Mota-Engil, à Brisa, à Galp, à Caixa, ao BES, ao BCP, ao BPI... Foram elas que receberam ou financiaram os projectos, que viram os riscos dos seus negócios serem cobertos pelos contribuintes ao abrigo das "políticas de modernização".

As empresas deixarão de ser de regime. O regime deixa de ter empresas. A TAP deixa de ser do Estado, a EDP e a Galp perdem essa mão visível, a PT perde a vergonhosa "golden share". E a Caixa, que foi nisso a pior de todas, vende seguros, vende actividade internacional, vende tudo o que não é banca e assim deixa de ser albergue de ex-ministros para passar a cumprir a função de ser um banco estatal e só um banco estatal.

É sobretudo para isto que serve a agressiva política de privatizações. Para que a ANA, a CP Carga, os CTT ou aquelas empresas deixem de ser pousios de ex-políticos com medo de "faces ocultas" e passem a ser terreno produtivo. Para que seja um Estado sem ruis pedros nem armandos. Mas nada disso se faz sem uma lei da concorrência poderosa e reguladores fortes. E tem sido aí que as democracias liberais têm falhado. Começando pelo sistema financeiro.



• A banca vai passar por um mau bocado, mas os depósitos dos seus clientes são ainda mais protegidos. Ainda vamos ver bancos terem prejuízos em Portugal (compensados com os lucros no estrangeiro) e também eles deixarão de ser os parceiros dos Governos nas empresas e nos projectos públicos. Porque também eles terão de vender as suas participações nas grandes empresas.

Os bancos não vão trabalhar nos próximos anos pela rentabilidade, mas pela solvabilidade. Pela sua própria salvação enquanto projectos de capitais privados e autónomos. Provavelmente precisarão de dinheiro dos contribuintes para aumentar o seu capital. Tanto que a troika se viu obrigada a deixar preto no branco que o Estado não pode ficar maioritário em nenhum desses bancos. A necessidade podia existir. Apesar de tudo, os bancos saem em condições protegidas no que toca à liquidez: o Banco Central Europeu continuará discretamente a apoiar. Ainda bem. Não é por eles, é pela economia: sem crédito, as empresas congelam. E a economia também.



• Quem paga a factura? Sempre os mesmos. Uns mais que outros. Os trabalhadores vão pagar muito, mas muito mais IRS, com os limites às deduções de saúde e de educação - e dessa enormidade que são os juros do crédito à habitação.

Os funcionários públicos, depois de perderem salário, vêem-no congelado até 2013 e perdem em dois anos quase metade da ADSE. Custa-lhes perder, mas custa ainda mais aos outros pagar. Não é preconceito: a ADSE é , no fundo, um seguro de saúde dos funcionários públicos suportado também pelos privados.

Os reformados perdem na pensão e, muitos, verão as rendas subir.

Os consumidores vão pagar mais IVA. Terão chamadas de telemóveis mais baratos, mas a saúde, os comboios, o tabaco e o álcool, até as cartas serão mais caras. E a electricidade.

Nos próximos dois anos, a recessão vai ser muito severa. Haverá muito mais destruição de empresas e de empregos. E, esses sim, são as grandes vítimas deste plano: os desempregados. Porque terão subsídios muito menores e durante menos tempo. Porque muitos deles não têm qualificações para as novas necessidade laborais do País.

Tudo isto é para melhorar o crescimento potencial da economia portuguesa. Ou seja, para que depois de ser pior, seja melhor. Há reformas muito agressivas nas leis laborais, na mobilidade social, no arrendamento, na reabilitação urbana. Será Portugal neoliberal? Não, será um neoPortugal que, face aos nossos "standards", é liberal. Volta Compromisso Portugal, estás perdoado.



• Este plano é a última oportunidade de Portugal se refundar. De não cair. De descolar da Grécia. Sim, de descolar da Grécia.

A Grécia está numa armadilha. Errou até eclodir a crise. Depois disso errou a troika. Os pobres dos cidadãos gregos não são bandidos, foram as cobaia da ajuda externa.

A possibilidade de a Grécia ter de reestruturar a sua dívida é grande, por mais que a Comissão Europeia diga que não. Tal, se acontecer, pode ser considerado uma violação de tratados europeus, por haver transferência fiscal entre Estados. E isso pode ter uma consequência: a expulsão da Zona Euro. Coitados dos gregos. E coitados de nós se, nessa possibilidade e altura, estivermos como eles. A nossa saída do euro é a entrada num túnel longo e negro de pobreza.

É por isso que esta é a nossa última oportunidade para evitar o estertor da saída do euro. Não basta aprovar o plano, é preciso cumpri-lo. E aí chegamos à política. Às eleições. Ao momento actual. Ao risco de que os egos pessoais dos líderes partidários se sobreponham à vontade e à necessidade nacional.



• Este plano tem cabeça, troika e membros. Sim, é isto ou o caos. E sim, esta é uma oportunidade de ter um Estado moderno - e o Estado não são eles, somos nós. É o nosso exercício de cidadania que tem de mudar. De cada um de nós.

Este acordo só não tem uma coisa: uma mudança no sistema político, nas subvenções, no financiamento partidário, nos deputados, na Assembleia da República. E não tem porque não pode: Portugal é uma democracia. Curiosamente, poucas coisas precisam de mudar tanto como a política. E, como o FMI não pode, isso só depende de nós. Ainda bem. Façamo-lo. Ou outros farão por nós. Nós. Somos sempre nós.

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por pepi » 4/5/2011 14:40

Já tinha saudades do PSG:

Feliz ano novo
04 Maio2011 | 10:56
Pedro Santos Guerreiro - psg@negocios.pt

Quando Pedro Passos Coelho pediu a Bruxelas, há meses, que Portugal tivesse mais um ano para reduzir o défice, foi chamado de imaturo, irresponsável, desestabilizador.
Ontem, Portugal ganhou o que Passos Coelho pediu. Ainda bem. O que vamos agora fazer para que mais um ano não seja um ano a mais?

Só hoje conheceremos o programa de austeridade do FMI, BCE e UE. Será mais duro que o PEC IV. Mas menos duro que o "PEC V" que chegou a ser efabulado. Assistiremos agora ao debate político da vitória: o jogo d' "a culpa é deles" passou agora a "o mérito é nosso". Os jogadores são os mesmos: PS, PSD e PP. E são três, de facto, os que merecem o maior elogio pela tolerância dada ontem a Portugal. Mas são outros três: FMI, UE e BCE. Um pouco de gratidão seria melhor que a soberba.

A intervenção externa na Grécia foi autoritária, rancorosa e improvisada. Em Portugal será apenas autoritária. A troika deu-nos mais um ano para reduzir o défice orçamental, não por clemência, mas por acreditar que o sucesso do seu "plano" é mais possível desta forma.

O júbilo de Sócrates ontem é, no entanto, dispensável. A austeridade que já acumulamos e a nova que enfrentamos mereciam um mínimo de pudor. Mas as eleições são como o Carnaval, já ninguém leva a mal: os políticos são apenas as suas máscaras.

À boa notícia de ontem segue-se o detalhe hoje. Há três tipos de medidas: as da consolidação orçamental para baixar défice e dívida; as de política económica para aumentar o crescimento potencial; e as de sustentabilidade do sistema financeiro.

Os reformados vão ter as pensões acima de 1.500 euros cortadas. 1,4 milhões de famílias de trabalhadores e pensionistas da classe média vão pagar mais IRS (através dos limites às deduções de saúde e educação). O Estado vai privatizar o que puder a preços de liquidação total. O subsídio de desemprego vai ser reduzido e o despedimento será mais barato. Os apoios à compra de habitação própria serão cortados. Os bancos vão ser forçados a conceder menos crédito. As empresas públicas de transporte vão ser espremidas. A subida do IVA, em contrapartida da descida da taxa social única das empresas, fica em estudo.

Tudo isto é para quê? Para virar para cima o país que está ao contrário. A troika não se comportou como um cobrador de fraque, que viesse executar as dívidas. Trouxe, como hoje veremos, um plano estratégico para tornar a economia mais competitiva e justa. Os portugueses, conservadores, vão odiar. Mas os liberais estão agora no poder. Não são portugueses nem foram eleitos por portugueses, mas estão no poder.

A banca vai levar uma valente chicotada mas vai ter protecção no acesso à liquidez. Essa liquidez será depois injectada na economia, com condições. As leis de trabalho serão flexibilizadas, a mobilidade social aumentará, os aumentos salariais dependerão da produtividade em vez da inflação, aprenderemos a ter uma vida baseada na economia nominal, sem alavancas. As empresas em sectores protegidos perderão privilégios, haverá mais concorrência. A Justiça, espera-se, será desarmadilhada.

Temos um novo ano para esta tarefa. Não vai ser de arromba, vai ser um rombo. Que seja para mudar de vida. Antes de vida que de moeda, de soberania, de país. Feliz ano novo.


PS: todos os jornais cometem erros e são manipuláveis por fontes. O Negócios também já errou e errará. Mas houve desinformação gritante nos últimos dias, com exagero claro de medidas de austeridade, o que teve beneficiários. Como é verificável, o Negócios deu em primeira mão muitas medidas, incluindo o próprio pedido de ajuda. Não demos tudo o que agora se sabe. Mas não falhámos nada. À cumplicidade com as fontes preferimos a cumplicidade com os leitores. E assim não os enganámos.
 
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por pepi » 29/4/2011 14:22

"Soundbites" cheios de decibéis
29 Abril2011 | 11:58
Fernando Braga de Matos
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(Onde o autor oferece a sua ansiada visão sobre alguns eventos recentes, malhando a torto e a direito, enquanto deambula por sondagens e bancarrotas sortidas, reais ou imaginadas).

- As últimas sondagens vindas a público, mesmo submetidas a severa análise, visão criptográfica e mesmo alguma sevícia numérica, têm uma coisa em comum: são incompreensíveis, por incompatibilidade entre pressupostos e conclusão, pois não é racionalmente possível apontar o inimigo público José Sócrates como principal responsável pela massiva crise em que vivemos e pô-lo, todavia, em posição de vencer as eleições, isto mesmo que o adversário fosse Átila, o Huno. Claro que pode haver a distorção afectiva do refém, uma espécie de Síndrome de Estocolmo, como tem sido apontado, em que o eleitorado, abalado, confundido e ansioso, se deixou capturar em submissão. Até corre por aí, a propósito, uma excelente piada, segundo a qual, na hipótese de vitória do PS, se poderia montar um grande negócio à Futre, organizando charters, nos quais enxames de politólogos estupefactos viriam observar o fenómeno "in loco". Não seria apenas a inversão da dialéctica crime e castigo, uma coisa para ser trabalhada por um novo Tolstoi, com uma história às avessas; na época de rigor, contenção e sacrifício em que vamos cair, era por a decisão dos cortes e sacrifícios a uns tipos conhecidos por salvar os anéis, sacrificando os dedos, incluindo os usados para tocar a guitarra da festa acabada. Era caso para pensar que Portugal não necessita prioritariamente de melhores políticos mas, antes, de melhores eleitores.

- Agora que o FMI anda pelo Terreiro do Paço, de braço dado com o BCE e a CE, à cata de contas e notas de conto, dá nas vistas a posição barba rija do PCP e do BE, acompanhados da enfeudada Intersindical, condenando o pedido de ajuda (aliás mais que tardio). Essa prédica esquerdista, por relação, dá cátedra de economia ao discurso patriótico/pindérico de Sócrates, que punha entre ele e o FMI os dez milhões de portugueses (seguramente como reféns). Pelas esquinas, pelos jornais, pela blogosfora, corre, há já uns tempos, uma estória de heróica resistência da Islândia, recusando-se a aceitar as imposições de um "bail-out" exterior.

Como as coisas, no geral, estão a ir bem para os islandeses, o grito do povo deveria ser para fazer "igual", recusando as harpias da ajuda externa. Ora, a Islândia tem, sim, um problema com a Inglaterra e a Holanda, devido às perdas sofridas por nacionais destes países, alegadamente preteridos nas salvaguardas legais dos depósitos bancários no falido Landsbanki, cujo resgate o país recusou, em referendo. Não foi o estado soberano que declarou falência, pois a seguir à convencional receita do FMI, tomada e executada, a ajuda financeira permitiu à Islândia sair da crise. Logo, o exemplo islandês é bom, os factos é que estão mal contados. Não resgatar um banco é uma coisa, o Estado cessar pagamentos aos credores é outra, e a Islândia não rasgou qualquer compromisso. Custa lembrar, mas o Lehmans, o do descalabro, foi um banco que se deixou cair e na Islândia aconteceu o mesmo, também com graves sequelas, mas sem ruptura de pagamentos da dívida soberana que acarretaria a insolvência do Estado.

O que seria interessante era que tal gente das estórias ilusionistas recordasse um exemplo de efectiva bancarrota, como a Argentina em 2001, essa a verdadeira alternativa para o caminho tomado por Portugal. Lá, a fome chegou às classes médias, e as pessoas, mesmo despojadas de salários e pensões que só apareciam esporadicamente, nem dispor podiam livremente dos seus depósitos bancários, graças ao chamado "corralito", o exemplo acabado da poupança forçada. Quando a razia do valor chega a 75%, então esse caminho ou outro semelhante não é seguramente de apoiar, mesmo travestidos de amanhãs que cantam. Para o bem e para o mal, com o crédito não se brinca.


Advogado, autor de " Ganhar em Bolsa" (ed. D. Quixote), "Bolsa para Iniciados" e "Crónicas Politicamente Incorrectas" (ed. Presença). fbmatos1943@gmail.com
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por Elias » 21/4/2011 11:37

Os bancos são nossos
21 Abril2011 | 11:22
Pedro Santos Guerreiro - psg@negocios.pt

"Aconteça o que acontecer, as poupanças dos portugueses estão seguras". Pois estão. Mas esta frase de 2008 pode voltar a ter de ser dita em 2011.

Esta e outra: a banca portuguesa está sólida, o que não está é líquida. Isso resolve-se sem "stress", mas é preciso capital. Nem que seja do Estado. Do Estado dos outros.

Parte do grande empréstimo que está a ser negociado para Portugal está já reservado para os bancos. Não é forçoso que tenha de ser usado, mas é necessário que esteja disponível para o que for preciso. Até porque há testes de stress esta Primavera e falhar não é opção.

Repitamos: não há problema com os seus depósitos. Estamos como em 2008, só há que ter medo de ter medo, ou seja, de processos irracionais de levantamentos colectivos. Mas os bancos portugueses podem vir a precisar de mais capital e estão sem acesso a liquidez, o que exige medidas agressivas. E, no limite, entradas do Estado no capital, temporárias e parciais. Ninguém o deseja.

Andamos desde 2007 a ouvir que os nossos bancos são brilhantes, que foram geridos excepcionalmente bem, que não há uma crise bancária e que os problemas do BPP e do BPN não foram problemas de banca, mas de banco dos réus. É verdade, não houve activos tóxicos em Portugal nem "bolha" imobiliária e isso separa-nos das agruras dos bancos irlandeses, gregos, espanhóis ou ingleses. Mas, à margem destas virtudes, houve vícios: o das estruturas de capital tíbias; e o do excesso de endividamento. Os bancos portugueses deram crédito a mais, contraindo crédito de mais.

Os banco portugueses estão demasiado alavancados, foram os veículos do excesso de endividamento externo do País. Desde há dois anos estão em processo de desendividamento, o que significa deixar de dar crédito, o que prejudica a economia e lhes retira negócio.

Os próximos anos vão ser muito difíceis para os bancos portugueses. Podemos assistir ao impensável: a que tenham prejuízo em Portugal, felizmente compensado nas actividades exteriores. Além disso, a descida dos "ratings" encarece o acesso a fundos e retira-lhes clientes.
E a fuga de capitais do País é em si mesma uma saída de dinheiro do sistema financeiro. Há, aliás, bancos estrangeiros a fazer terrorismo comercial, propondo contas no estrangeiro a clientes portugueses, com base no argumento do medo.

É por todas estas razões que o aumento de capital do BCP aprovado esta semana é uma vela acesa debaixo de água. Se a "troika" aumenta os rácios de capital e desce a relação entre créditos sobre depósitos, será preciso mais. Daí que se fale da necessidade eventual de o BCP vender a Polónia. Daí que o BES ande a vender carteiras de crédito, possa ter de vender o Brasil, precise mesmo de penhorar as participações numa PT ou EDP. Daí que o BPI tenha travado a concessão de crédito às quatro rodas. Daí que a Caixa faça figas para que o Estado assuma como dívida pública os cinco mil milhões de euros emprestados ao BPN, devolvendo a liquidez à Caixa.

Quando nas eleições americanas um eleitor perguntou a Obama por que ajudava a banca, ele respondeu-lhe: por causa do empréstimo da sua empresa. Pode--se odiar a banca mas não se pode viver sem ela. E, como se vê agora, ela não pode viver sem nós.

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por The Mechanic » 21/4/2011 11:25

migluso ...

Estamos a falar do ciclo básico de oferta/procura . Produção, não gera por sí só, consumo . Podes ter uma fábrica a debitar Ferraris, que eu não os consumo.
Consumo , por sí só, não gera produção . Eu posso querer devorar Trufas Negras , mas isso não quer dizer que vão começar a "produzi-las" em barda para eu consumir .

Mas inegavelmente ,o básico é : se há consumo/procura de algo , poderá haver investimento para a produção/oferta desse bem/serviço .

E é inegável que se Produzires simplesmente, poderás não ter consumo , por não haver procura.

Obviamente , em termos macroeconomicos, o ideal sería Portugal produzir o que consome e exportar inclusivé , parte dessa produção, sem ser preciso importar nada ou muito pouco. O que acontece é que não produz quase nada em termos de bens ou serviços e importa mais do que exporta ,o que se traduz numa Balança Comercial deficitária e num endividamento extremo .

Agora , ninguem está a discutir se "deve produzir primeiro " ou se " deve consumir primeiro" . Neste caso, só tu estás a "falar do ovo da galinha" ...


Um abraço ,

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por migluso » 21/4/2011 9:51

The Mechanic Escreveu:Depois fala do que o Sócrates quis fazer e qualquer Economista entendido diria : consumo gera investimento que gera produção que gera emprego que gera rendimento que gera...consumo.

Um abraço ,

The Mechanic


The Mechanic,

Qualquer economista que perceba da ciência diz: para consumir é preciso antes produzir.

Porquê? Muito simples. Porque se ninguém produzir (Homem ou Natureza), não há nada para consumir.

Isto é um princípio básico e lógico.

Dizer que é preciso consumir para aumentar a produção é FALSO.

Qualquer analogia com a estória do ovo e da galinha é pura fantasia...
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por The Mechanic » 21/4/2011 8:39

Reestruturar (não pagar) dívida? Nem pensar!

A moda da reestruturação de dívida está a ganhar peso. Ontem foi a vez de "The Economist" defender a solução para Portugal, depois do contributo dado na semana passada por quem não devia: o ministro alemão das Finanças (referindo-se aos gregos).
Faz sentido? Não. E não apenas pelas razões defendidas por Jurgen Stark, do BCE, ao "Público": quem reestrutura dívida só adia problemas (ao fim de dois anos bateríamos "outra vez contra a parede"); e prejudica os bancos porque estes detêm boa parte da dívida (Stark esqueceu-se dos pequenos aforradores, que têm centenas de milhões em títulos do Tesouro…).

A razão é outra. E mais grave: economias pequenas não têm capital suficiente para financiar o seu desenvolvimento. No caso português, basta olhar para a dependência da banca em relação aos mercados financeiros (e, com eles fechados, o recurso ao BCE), para perder qualquer dúvida que uma reestruturação seria pior do que pagar o que devemos. Ainda que isso nos saia, verdadeiramente, do pêlo.

Não pagar dívidas seria o mesmo que dizer aos investidores que não poderiam confiar em nós da próxima vez que lhes pedíssemos dinheiro. Ou seja, passaríamos a ser uns párias dos mercados financeiros. E, depois de atravessado o deserto, teríamos outro problema: exigir-nos-iam taxas de juro mais elevadas do que aos países cumpridores. Para cobrir o risco de incumprimento…

Honrar compromissos dói (prejudica o crescimento porque o dinheiro dos juros faz falta para investir)? Sim. Mas fomos nós que criámos os problemas, não foram os credores. Você, caro leitor, voltaria a emprestar dinheiro a alguém que, no passado, não pagou o que devia?


20 Abril2011 Camilo Lourenço in JN online



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por The Mechanic » 21/4/2011 8:33

Ó Jolly...
A tua escrita merecia uma entrada de carrinho com os pitons direito à canela igual à que tu fizeste na tua interpretação do que o homem enscreveu .Mas ainda é muito cedo e nem eu bebi café .

Por isso ,e após ler o artigo , tenho de te dizer simplesmente que deves ler melhor o artigo , porque ou o lês-te " na diagonal" ou não interpretaste bem o que lês-te .

Cito os 3 primeiros parágrafos :

Consumismo desenfreado, crédito demasiado fácil, famílias sobreendividadas, economia hipotecada. Lembra-se de todas as lições de moral? Esqueça: agora é preciso que gaste dinheiro. Estes economistas estão loucos.

Se quer ajudar a economia, gaste dinheiro. Consuma! Comprar mais um plasma, adquirir um automóvel e jantar fora, se possível duas vezes no mesmo dia, é mais patriótico que apoiar a recandidatura de Durão Barroso. Quem produz precisa de clientes para manter o presente, que diabo!

Trata-se de um exagero, claro, mas ilustra a esquizofrenia destes tempos modernos: os macroeconomistas que durante anos avisaram para a irresponsabilidade dos consumos alertam agora para a responsabilidade que as poupanças vão ter nas economias. É como o sal: de mais gera doença, de menos traz insipidez.



... onde ele próprio demonstra claramente que estava a exagerar , a ser irónico, para ilustrar a dualidade de opiniões dos Macroeconomistas .

É tão simples como isto .

Depois fala do que o Sócrates quis fazer e qualquer Economista entendido diria : consumo gera investimento que gera produção que gera emprego que gera rendimento que gera...consumo.

Quando temos uma Nação a consumir, isso é bom . Coloca um país a "rolar" .
O problema é quando o país , em vez de recorrer às suas poupanças, ao que é seu, para esse saudável consumo , recorre à divida exagerada , ao que não é seu , ao que não tem, para consumir desenfreadamente. Isso é mau.

Lembro-me de dizerem que no tempo do Salazar eramos o povo mais poupado da Europa ( por pouco que ganhássemos então ) e que , em poucos anos, nos tornámos dos mais endividados da Europa .

Somos aquele cão que todos os dias passava à porta do talho e olhava para os deliciosos lombos pendurados na montra e que um dia, ao ver o dono sair temporariamente , entrámos e enchemos a pança de fillet mignon até cairmos para o lado . Mesmo sabendo que o dono vái voltar e encher-nos a marmita de porrada .


Um abraço ,

The Mechanic
" Os que hesitam , são atropelados pela retaguarda" - Stendhal
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Re: ???

por Pantone » 21/4/2011 6:29

Jolly Roger Escreveu:
jorgemmc Escreveu:Li o texto e discordo da tua opinião, Jolly.
Não me parece que o PSG esteja a defender o consumismo. A ironia é clara no título e não só.



É uma perspectiva. Não é a minha.
Eu não comecei a ler os artigos de opinião do Negócios ontem. Já os leio há uns anos e sei mais ou menos o que alguns que lá escrevem pensam, a menos que não escrevam o que pensam, mas isso é outra história.

Ironia dizes tu. Nalgumas frases até podemos ser levados a pensar que sim.
Mas presta atenção a este parágrafo:

"Pode parecer estranho ouvir Sócrates justificar mais investimentos em vez de menos impostos porque assim as pessoas não gastariam dinheiro. Mas o primeiro-ministro está a falar como um economista informado. Se os economistas lhe pedem que gaste hoje o que está a adiar para amanhã, não lhe estão a desejar o suicídio. Mas estão a pedir-lhe que dê um passo atrás antes de dar dois em frente."

Acho que a parte que salientei a bold é elucidativa.
Sócrates fala/falava na altura como um economista informado. :roll:
Para mim está tudo dito. E o que se segue sobre os economistas que o aconselham é aceite pelo Pedrinho como bom, senão ele não diria que estávamos a dar um passo atrás para depois darmos dois em frente.

Acresce que ele termina o artigo dizendo que a decisão cabe a cada um, portanto não é crítico do que o "economista informado" andava a pedir às pessoas.

Este parágrafo começa também por dizer que pode parecer estranho, o que quer dizer que para ele não era, era até normal.


..


Jolly, não entendo como ao leres um artigo que faz uma crítica à dupla postura dos economistas, retires conclusões que o autor não defende.

Enfim, cada um lê como lhe interessa, ou consegue, ou como para alguns o Cunhal tinha uma cassette, e para outros era um camarada iluminado.

O truque deve estar nas vírgulas...

Algumas frases do texto:
"Esqueça: agora é preciso que gaste dinheiro. Estes economistas estão loucos."
"A questão no abstracto faz sentido: gaste, consuma, não adie, compre."
"Antes de as economias merecerem que gaste o seu dinheiro, têm de lhe sossegar as incertezas."

Se isto é defender o consumismo... credo!
 
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Re: ???

por Jolly Roger » 21/4/2011 4:36

jorgemmc Escreveu:Li o texto e discordo da tua opinião, Jolly.
Não me parece que o PSG esteja a defender o consumismo. A ironia é clara no título e não só.



É uma perspectiva. Não é a minha.
Eu não comecei a ler os artigos de opinião do Negócios ontem. Já os leio há uns anos e sei mais ou menos o que alguns que lá escrevem pensam, a menos que não escrevam o que pensam, mas isso é outra história.

Ironia dizes tu. Nalgumas frases até podemos ser levados a pensar que sim.
Mas presta atenção a este parágrafo:

"Pode parecer estranho ouvir Sócrates justificar mais investimentos em vez de menos impostos porque assim as pessoas não gastariam dinheiro. Mas o primeiro-ministro está a falar como um economista informado. Se os economistas lhe pedem que gaste hoje o que está a adiar para amanhã, não lhe estão a desejar o suicídio. Mas estão a pedir-lhe que dê um passo atrás antes de dar dois em frente."

Acho que a parte que salientei a bold é elucidativa.
Sócrates fala/falava na altura como um economista informado. :roll:
Para mim está tudo dito. E o que se segue sobre os economistas que o aconselham é aceite pelo Pedrinho como bom, senão ele não diria que estávamos a dar um passo atrás para depois darmos dois em frente.

Acresce que ele termina o artigo dizendo que a decisão cabe a cada um, portanto não é crítico do que o "economista informado" andava a pedir às pessoas.

Este parágrafo começa também por dizer que pode parecer estranho, o que quer dizer que para ele não era, era até normal.


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???

por Perigoso Neoliberal » 21/4/2011 2:09

Li o texto e discordo da tua opinião, Jolly.
Não me parece que o PSG esteja a defender o consumismo. A ironia é clara no título e não só.
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por Jolly Roger » 20/4/2011 20:08

Elias Escreveu:Jolly o artigo continua online, está aqui.



É esse mesmo. Obrigado Elias.


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por Elias » 20/4/2011 20:03

Jolly o artigo continua online, está aqui.
 
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por Jolly Roger » 20/4/2011 19:41

Pedro Santos Guerreiro, pois. É...

Ele agora é muito bom. Aliás eles são todos muito bons, muito espertos, muito entendidos nos assuntos.

Acontece que se há uma coisa que eu ainda tenho boa é a memória. E lembro-me de um artigo dele algures em 2009 cujo título era "Cambada de poupadinhos".
Já não está online, impossivel ir buscá-lo.

E que dizia o Pedro nesse artigo? Muito simples - basicamente criticava o povinho por de certa forma ter abrandado de gastar dinheiro como se ele saísse das torneiras que temos em casa, na sequência da crise do sub-prime. Nessa altura ele defendia que era preciso contrair mais dívida, gastar como se não houvesse amanhã. Era para aumentar o PIB dizia ele. Consumir, reinvindicava ele. Um tipo esperto.

Até a amiguinha dele, a Helena Garrido, essa então clamava por inflacção para a economia crescer pois está claro. Uma especialista evidentemente. O título do artigo que escreveu na altura era qualquer coisa como "O que faz falta é uma boa inflacção". Um artigo fantástico, tão estúpido quanto insólito.

Ainda hoje há um macaco que também escreve lá que dá pelo nome de Tiago Mata e diz que é historiador e economista. O quê? Economista? A sério?
Esse tem saudades do Keynes, quer o Estado a gastar, investimento público e assim... um perfeito anormal.

Julguei que os keynesianos tinham desaparecido de vez, mas pelos vistos ainda existem e ainda não perceberam nada.

Quanto ao Pedrinho, hoje parece outro, fala direitinho, certinho e até faz sentido. Pelo menos aprendeu alguma coisa. Ao menos valha-nos isso, porque há aqueles que nunca aprendem nada.


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