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Caldeirão da Bolsa

Mais-valias e um caminho politicamente incorrecto

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Ulisses Pereira » 2/6/2011 17:35

Não deixa de ser curioso, não... Dois dias depois do artigo e dois dias antes do final da campanha... :roll:

Um abraço,
Ulisses
"Acreditar é possuir antes de ter..."

Ulisses Pereira

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por Elias » 2/6/2011 16:55

Ulisses, quer-me parecer que o FL anda a ler os teus artigos 8-)

BE quer tributação de jogos on-line
1 de Junho, 2011
por Susete Francisco

Francisco Louçã defendeu hoje a tributação dos «jogos e lotarias on-line», afirmando que se esta medida fosse aplicada «teríamos mais do dobro das receitas fiscais do que aquilo que foi tirado» aos portugueses no corte e diminuição do abono de família.

«Há hoje 700 milhões de euros que escapam à tributação», criticou Louçã, deixando uma farpa a Ferro Rodrigues, cabeça-de-lista do PS em Lisboa, que segundo o líder do BE quer «um parêntesis nas políticas do Estado social».

Louçã falava a meio de uma arruada, na tarde de hoje, em Braga. Desta vez, a iniciativa não deu lugar a muitas conversas. Em vez disso o líder bloquista foi ‘requisitado’ para tirar fotografias e ouviu um eleitor dizer-lhe que gostava de o ver «como ministro» - das Finanças, da Economia ou da Segurança Social.

A arruada em Braga seguiu-se a um almoço no Porto, com independentes da área da cultura e do ensino. No Dia Mundial da Criança, foi aos mais pequenos que Louçã dedicou o discurso. «O país olhará hoje para as suas crianças e talvez se dê conta que há quatro em cada 10 crianças que são pobres. Não se tornaram pobres, não se arriscam a tornar-se pobres, são pobres desde sempre». É aqui que tem de entrar o Estado, defendeu: «A resposta que a sociedade dá no combate contra a pobreza tem de ser um Estado social responsável. Não pode passar pelo corte ao abono de família, pela exclusão de jovens no acesso à Universidade ou pela diminuição da escola pública».

Já Ana Luísa Amaral, professora e poetisa, mandatária do BE pelas listas do Porto, foi taxativa: «Este PS é de direita».

susete.francisco@sol.pt
 
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por altrio » 2/6/2011 3:54

Arte-Sacra,

que coincidência teres parado a simulação aí... Não queres continuar mais um pouco? Se calhar vais ficar surpreendido...

Tu só queres comparar o caso muito especial de 100% de rendimentos vindos de trabalho dependente contra 100% de rendimentos vindos de mais valias bolsistas.
Aí concordo que para rendimentos totais baixos (para os quais a taxa média de imposto é inferior a 20%) o imposto sobre as mais valias é superior. Mas quem é vive de mais valias bolsistas com esses rendimentos?

É que há muito boa gente a perder o que ganhou no ano anterior. E disso não é reembolsado do IRS pago pelo "Certo", que deixou de o ser.


A maior parte dos investidores portugueses não se dedica exclusivamente à bolsa e investe o que recebeu por outras fontes. Se perder em bolsa o que ganhou em trabalho dependente no ano anterior também esse rendimento deixou de ser "Certo", portanto a situação é a mesma. Ah, já me esquecia, tu só estás interessado nos contribuintes que só têm rendimentos na categoria G e nada na A....
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por Arte-Sacra » 2/6/2011 2:11

Já agora, também fiz umas simulações.

Mesmo não considerando as deduções, que reduzem o IRS pago pelo trabalhadores dependentes e nada reduzem o valor do IRS das mais-valias. Na comparação entre a Categoria A (Trabalho Dependente) e Categoria G (Mais-valias), verificamos que a mais-valias pagam mais IRS.

Senão acreditam, confirmem no simulador da DGCI - IRS 2010 ( http://www.portaldasfinancas.gov.pt/pt/ ... on?pai=243 ).

Vejamos:

-----------------Rendimento-------------Imposto
Categoria A -------5000--------------- 0
Categoria G -------5000--------------- 1000


-----------------Rendimento-------------Imposto
Categoria A -------10000--------------- 419 (sem deduções)
Categoria G -------10000--------------- 2000


-----------------Rendimento-------------Imposto
Categoria A -------15000--------------- 1481 (sem deduções)
Categoria G -------15000--------------- 3000


-----------------Rendimento-------------Imposto
Categoria A -------20000--------------- 2685 (sem deduções)
Categoria G -------20000--------------- 4000


-----------------Rendimento-------------Imposto
Categoria A -------25000--------------- 4204 (sem deduções)
Categoria G -------25000--------------- 5000


-----------------Rendimento-------------Imposto
Categoria A -------30000--------------- 5948 (sem deduções)
Categoria G -------30000--------------- 6000

p.s: Ulisses, se tiveres uma nova oportunidade de publicares sobre a tributação das mais-valias, por favor aproveita os argumentos deste tópico. Como podes comprovar, surgem novos dados que podem ser aproveitados num futuro artigo. A comunidade de investidores portugueses irá agradecer-te ;)
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por canguru » 2/6/2011 2:08

canguru Escreveu:
trigger Escreveu:Procurei na internet (http://en.wikipedia.org/wiki/Capital_gains_tax) e ao que parece no Mundo desenvolvido paga-se mais... que os 20%, portanto estamos tramados. Fica a lista resumida de alguns paises desenvolvidos:

Alemanha:
Mais de 25%...

Espanha:
18%

França:
30.1% para residentes (dos quais 12.1% para seg. social).
Se tiver uma conta especial chamada PEA, que tem de ser aberta por pelo menos 5 anos, pode ter até 132.000€, só paga os 12.1%.

Holanda:
Propriedades e poupanças são taxadas a 1.2% como substituto do imposto sobre ganhos capitais. Os dividendos para quem tenha, por exemplo, mais de 5% de uma empresa são taxados a 25%

Itália::
27.5%

Japão:
Há duas modalidades:
- 1,05% sobre todos os movimentos (ganhos e perdas)
- 26% sobre ganhos
Muitos declaram os negócios com ganhos no primeiro método e os negócios com perdas no 2º... baixando a carga de imposto a pagar!

Suécia:
30%

Tudo o que escrevi foi transcrito da wikipedia, poderão haver alguns lapsos. De qualquer forma, em traços gerais, parece que se paga mais :(


Se assim é lá fora, estou esclarecido e de acordo com a medida que peca por tardia.
O resto é conversa fiada de quem vê os seus 'direitos adquiridos' (entanda-se por "privilégios") tocados, tal qual sentiram os profs, funcionários públicos, militares...


in http://caldeiraodebolsa.jornaldenegocio ... c&start=50
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por Arte-Sacra » 2/6/2011 1:54

altrio Escreveu:Suponhamos dois contribuintes A e B com um rendimento de 25000€ anuais. A recebe os 25000€ de trabalho dependente e B recebe 20000€ de trabalho dependente+5000€ de mais valias bolsistas.

Consultando o simulador das finanças vê-se que A tem de pagar 4.204,38€ de imposto enquanto B apenas tem de pagar 3.685,42 €.


Mais uma vez Errado.

Eu afirmo que a tributação sobre as mais valias é mais pesada que a tributação sobre o trabalho dependente, e tu rebates que a tributação sobre o trabalho dependente é superior à tributação sobre as mais valias MAIS o trabalho dependente.

Desde o principio, que eu comparo uma categoria versus outra categoria. Mas tu apresentas um exemplo de uma categoria versus a soma de duas categorias.
Ainda que a soma dê o mesmo rendimento, não deixa de ser uma falácia.

Mas ainda assim, uma falácia errada.

Pois sobre os rendimentos do trabalho dependente, podes apresentar deduções que irão reduzir o IRS a pagar, tais como: Prestação da casa, Despesas de educação, de Saúde, Seguros, PPR's, Encargos com lares, painéis solares, etc etc. No fim apenas pagarias uma pequena parcela do IRS que calculaste. Isto, se não abatesses a totalidade do imposto.

Já na tributação das mais valias, não podes apresentar quaisquer das despesas supramencionadas.

Logo levas Chapa 20% efectivos sobre a mais valia. E sem opções.

No trabalho dependente, após deduções, a média tem uma tributação efectiva abaixo dos 10%.



Isto é verdade, mas apenas significa que mais de 50% dos trabalhadores pagaram demais ao longo do ano... (e não são reembolsados do IRS pago, apenas de uma pequena parte dele)



Acredita se te disser, que a esmagadora maioria recebe o reembolso da totalidade, ou a maior parte do IRS pago. Não "apenas uma pequena parte".



Ninguém é tributado por ganho/prejuízo incerto. Apenas é tributado pelo certo (o que efectivamente teve durante o ano anterior).



Se fores investidor em acções, saberás que o que foi "certo" no ano passado. Este ano, poderá deixar de o ser.

É que há muito boa gente a perder o que ganhou no ano anterior. E disso não é reembolsado do IRS pago pelo "Certo", que deixou de o ser.

Às mais-valias, o Estado diz: Passa para cá 20% limpos, sem direito a deduções.

Às menos-valias, o Estado diz: AZARINHO.
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por altrio » 1/6/2011 22:17

E eu, só demonstrei que, a contrario do que a maioria pensa, a tributação sobre a mais-valias é mais pesada que a tributação sobre o trabalho dependente.


Afirmar repetidamente não é demonstrar... Uma demonstração (do facto contrário) é algo como o seguinte:

Suponhamos dois contribuintes A e B com um rendimento de 25000€ anuais. A recebe os 25000€ de trabalho dependente e B recebe 20000€ de trabalho dependente+5000€ de mais valias bolsistas.

Consultando o simulador das finanças vê-se que A tem de pagar 4.204,38€ de imposto enquanto B apenas tem de pagar 3.685,42 €.

No fim, mais de 50% dos trabalhadores dependentes são reembolsados do IRS pago, aproximadamente 40% dos trabalhadores dependentes não têm nada a pagar nem a receber, e menos de 10 % têm imposto a pagar


Isto é verdade, mas apenas significa que mais de 50% dos trabalhadores pagaram demais ao longo do ano... (e não são reembolsados do IRS pago, apenas de uma pequena parte dele)

Uma coisa é tributar remuneração certa e permanente e outra coisa é tributar ganho/prejuízo incerto.


Ninguém é tributado por ganho/prejuízo incerto. Apenas é tributado pelo certo (o que efectivamente teve durante o ano anterior).
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por Arte-Sacra » 1/6/2011 13:46

mtrj Escreveu:
A unica questao e onde entra a seguranca social. Se entrar directamente no IRS como e calculada no apuramento do irs a pagar, entao acho que muitos:
...


A dedução especifica de 4104 euros na tributação ao trabalho dependente, é justificada pelas contribuições à Segurança Social.

Ainda assim, a dedução especifica é sobrevalorizada para rendimentos abaixo de 37300 Euros (4104/0.11).

Acima dos 37309 Euros, a dedução especifica é igual aos descontos anuais para a segurança social.

Englishman:

Não contradigo o que dizes. Uma coisa é tributar remuneração certa e permanente e outra coisa é tributar ganho/prejuízo incerto.

Contudo, há uma efectiva tributação sobre as mais valias.

E eu, só demonstrei que, a contrario do que a maioria pensa, a tributação sobre a mais-valias é mais pesada que a tributação sobre o trabalho dependente.

Logo não justifica agravar mais a taxa do IRS sobre as mais-valias. Pelo contrário, deviam desagravar.
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por englishman » 1/6/2011 2:11

Arte-Sacra Escreveu:
englishman Escreveu:Não é comparável dado que que um trabalhador dependente não tem perdas de dinheiro (pode é não ganhar como o pretendido) e não vê a possibilidade de o seu dinheiro diminuir correndo elevados riscos de o perder totalmente.


Não apanhaste.

Falamos de diferentes perspectivas.
Não contradigo o que afirmas. Acrescentei mais argumentos.
Relê os meus 3 últimos posts.

Abraço


Apanhei, apanhei.:wink:

Só que continuar a comparar "alhos com bugalhos" resulta em nada. Não podemos comparar investimento em mercados financeiros com trabalho dependente... ponto final.

Tal como o nosso colega "mtrj" acabou de fazer:
A unica questao e onde entra a seguranca social. Se entrar directamente no IRS como e calculada no apuramento do irs a pagar, entao acho que muitos:

Se fizermos as contas,
25,000 / 14 meses = 1,786 Euros/mes
5,000 / 14 meses = 357 Euros / mes

1429 Euros liquidos equivalents / mes

hoje em dia, com salario mensal de 1.786 Euros/mes uma pessoa recebe liquido 1,321.64 Euros


Isto que foi escrito não tem ponta por onde se lhe pegue.
Aliás, o próprio "mtrj" escreveu e bem... "... com salário mensal de 1.786 Euros/mês uma pessoa recebe líquido 1,321.64 Euros".

Um investidor não recebe dos mercados financeiros. Para se conseguir 25000 euros de ganhos num ano, quanto temos de investir? Para se conseguir ganhar 1,321.64 euros por mês quanto estamos dispostos a investir e a arriscar do nosso dinheiro?
E se o dinheiro acabar, podemos recorrer a subsídios do Estado que nos permita manter alguma dignidade (pelo menos, para pagar as contas)? Claro que não.

Um trabalhador dependente que trabalhe um ano e fique desempregado (note-se que não perdeu) tem direito a subsídio (social) de desemprego e não são os 11% que se descontam para a Segurança Social que "assegura" os valores recebidos, tal como os benefícios em termos de Saúde, por exemplo.

A minha conversa irá terminar neste tópico.

Obrigado e abraços
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por mtrj » 1/6/2011 1:08

englishman Escreveu:Nenhum trabalhador dependente optaria por uma taxa autónoma de 20% sobre o seu rendimento bruto, sem deduções especificas, abatimentos e deduções à colecta.

Que trabalhador dependente estaria disposto a pagar 5000 euros de IRS, sem possibilidade de qualquer reembolso, com um rendimento anual de 25.000 Euros?[/b]


A unica questao e onde entra a seguranca social. Se entrar directamente no IRS como e calculada no apuramento do irs a pagar, entao acho que muitos:

Se fizermos as contas,
25,000 / 14 meses = 1,786 Euros/mes
5,000 / 14 meses = 357 Euros / mes

1429 Euros liquidos equivalents / mes

hoje em dia, com salario mensal de 1.786 Euros/mes uma pessoa recebe liquido 1,321.64 Euros
 
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por Arte-Sacra » 1/6/2011 0:00

englishman Escreveu:Não é comparável dado que que um trabalhador dependente não tem perdas de dinheiro (pode é não ganhar como o pretendido) e não vê a possibilidade de o seu dinheiro diminuir correndo elevados riscos de o perder totalmente.


Não apanhaste.

Falamos de diferentes perspectivas.
Não contradigo o que afirmas. Acrescentei mais argumentos.
Relê os meus 3 últimos posts.

Abraço
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por Cardos » 31/5/2011 23:26

Mares Escreveu: custa-me a acreditar que este modelo tenha sustentabilidade.
Mares.


Boa noite,

E qual será o modelo que tenha sustentabilidade? Eu respondo: nenhum!!! (... na minha modesta opinião).

O "sistema" está implantado, e é sempre assim: mais receita... e mais Receita, e a despesa?!... qual Despesa?!... Desde 75, todos os Portugueses estão a assistir à novela: "novo recorde da Dívida Pública"!!!...

A Vida é Bela...

Cumprimentos,
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por englishman » 31/5/2011 22:40

canguru Escreveu:english,

o argumento é uma treta e mesmo que não fosse, na Alemanha ou na Holanda também terias o mesmo dilema.

Procura saber a resposta à pergunta que aqui deixei e talvez fiques ilucidado.

canguru Escreveu:Qual é que é o rácio do imposto rendimentos capital / imposto rendimentos do trabalho, em vários países da UE? E em PT?


Olá. Se tiveres essa informação para partilhar, podes e deves fazê-lo.

No entanto, dado que vais comparar países apresenta também alguns índices importantes como o de Gini, Indice de Desenvolvimento Humano, o de Competitividade e por último... o de Corrupção.

Aguardo pelos dados para podermos retirar conclusões.


[quote="Arte-Sacra"]
De resto, volto a reafirmar:

Nenhum trabalhador dependente optaria por uma taxa autónoma de 20% sobre o seu rendimento bruto, sem deduções especificas, abatimentos e deduções à colecta.

Que trabalhador dependente estaria disposto a pagar 5000 euros de IRS, sem possibilidade de qualquer reembolso, com um rendimento anual de 25.000 Euros?


Não é comparável dado que que um trabalhador dependente não tem perdas de dinheiro (pode é não ganhar como o pretendido) e não vê a possibilidade de o seu dinheiro diminuir correndo elevados riscos de o perder totalmente.
Não temos trabalhadores dependentes a trabalhar para recuperar de perdas como pode acontecer com um investidor. E mesmo em recuperação, pagar impostos.

Para além disso, a perda em Bolsa (que é a grande diferença para quem escolhe ser investidor ou trabalhador dependente) não é recuperada com um ganho percentual igual. Ou seja, se perder 10% terá de conseguir 11.2% só para recuperar.

Perda de: % para recuperar
1% 1.1%
10% 11.2%
50% 100%
...

Com isto, não quero dizer que não deva haver tributação, mas pede-se uma tributação mais justa e consonante com as vantagens e desvantagens que cada "profissão" oferece. E este aumento de mais de 100% do imposto anterior é totalmente injusto.

Posso dar outro exemplo:

Duas pessoas que começam no dia 1 de Junho com 0 (zero) euros... uma como trabalhador dependente e outra como investidor... a segunda hipótese não é possível enquanto o trabalhador ao fim de um dia de trabalho tem já dinheiro a entrar (ao fim de uma hora podemos já dizer que possui dinheiro).

Agora, noutra situação:
Duas pessoas que começam no dia 1 de Junho com 2000 euros. A mesma situação de trabalhador dependente e investidor.
O primeiro tem um acordo de uma quantia (ordenado, por exemplo de 1500) e o outro não tem qualquer quantia a acrescentar a não ser aquela que possivelmente virá a ganhar com os seus investimentos.

Mais uma vez, logo no primeiro dia ou primeira hora o trabalhador dependente está já a ganhar 2000 + ... (preço/hora). O investidor logo que faz um investimento tem menos que os 2000 iniciais, pois tem comissões logo ficará com saldo negativo apenas com o primeiro investimento do dia.

No final do mês, o trabalhador dependente terá 2000+1500 enquanto que o investidor terá 2000-comissões dos negócios efetuados e mais/menos valias a acrescentar mas que não é fixo nem previsível.

Situações completamente diferentes, logo como é que um investimento em mercados financeiros pode ser altamente/igualmente tributado como se de uma profissão sem risco e com montantes fixos e previsíveis a ganhar onde não há perdas de capital se tratasse? O mesmo se passa com aplicações sem/com baixo risco como DP´s, e outros.

Abraço.
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por rmachado » 31/5/2011 17:59

Arte-Sacra Escreveu:Não querendo dispersar sobre o tema das mais valias, sou totalmente a favor de um sistema simplificado de tributação.

Extinção dos benefícios fiscais e múltiplas deduções, com contrapartida de uma redução da taxa efectiva de tributação.

Não me chocaria uma flat rate de 10% sobre todos os rendimentos sujeitos a IRS. Sem possibilidade de deduções.

Sempre que possível, com taxa liberatória, onde a tributação seria feita na fonte, sem necessidade de futura obrigação declarativa.

Vai levar tempo. Mas lá chegaremos.


Estou contigo... mais vale algo facilmente perceptivel do que termos uma teia de isenções, deduções.. e outros que depois na pratica ng entende.
 
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por Arte-Sacra » 31/5/2011 17:52

Não querendo dispersar sobre o tema das mais valias, sou totalmente a favor de um sistema simplificado de tributação.

Extinção dos benefícios fiscais e múltiplas deduções, com contrapartida de uma redução da taxa efectiva de tributação.

Não me chocaria uma flat rate de 10% sobre todos os rendimentos sujeitos a IRS. Sem possibilidade de deduções.

Sempre que possível, com taxa liberatória, onde a tributação seria feita na fonte, sem necessidade de futura obrigação declarativa.

Vai levar tempo. Mas lá chegaremos.
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por Mares » 31/5/2011 17:00

Arte-Sacra Escreveu: É que, enquanto os rendimentos de trabalho dependente, estão sujeitos às taxas gerais, após subtracção da dedução específica da categoria A (4104 Euros), muito superior ao benefício fiscal da mais-valia (500 euros).

Sendo que, para efeitos de cálculo da taxa geral a aplicar aos rendimentos de trabalho, divide-se o rendimento colectável do trabalho pelo quociente 2, o que beneficia o trabalhador dependente numa taxa geral inferior.

O rendimento de trabalho dependente ainda pode beneficiar dos múltiplos abatimentos e deduções à colecta mencionados nos Código do IRS (vide http://www.pwc.com/pt/pt/guia-fiscal-20 ... coes.jhtml ).

No fim, mais de 50% dos trabalhadores dependentes são reembolsados do IRS pago, aproximadamente 40% dos trabalhadores dependentes não têm nada a pagar nem a receber, e menos de 10 % têm imposto a pagar (vide relatório da DGCI in http://info.portaldasfinancas.gov.pt/NR ... /0/IRS.pdf )

A tributação efectiva sobre os rendimentos de trabalho dependente, é na verdade bem inferior a 10%.

[b]Isto é, o IRS dos trabalhadores dependentes, liquidado e não reembolsado pelo Estado, é na verdade inferior a 10% do rendimento bruto auferido no ano.



Arte-Sacra,

gostei da tua comparação (entre taxas para os rendimentos de trabalho e rendimentos de capitais), com elementos objectívos.

Sendo a taxa efectíva de 10% para os rendimentos do trabalho (onde parte não paga e a outra parte tem benefícios fiscais abonados), custa-me a acreditar que este modelo tenha sustentabilidade.

Qual é a tua opinião sobre isso?

Abraço,

Mares.
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por altrio » 31/5/2011 15:25

Nenhum trabalhador dependente optaria por uma taxa autónoma de 20% sobre o seu rendimento bruto, sem deduções especificas, abatimentos e deduções à colecta.


Eu optaria, sem pensar duas vezes...
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por Arte-Sacra » 31/5/2011 14:00

altrio Escreveu:Não, claro que não é. As mais valias podem ser sempre englobadas e taxadas à mesma taxa do trabalho dependente. Portanto a taxa das mais valias é sempre menor ou igual à do rendimento.


Falso.

O englobamento de rendimentos de várias categorias, implica sempre mais imposto. Pela simples razão que, em qualquer sistema progressivo de tributação, todo o acréscimo de rendimento implica maior tributação. Independentemente do tipo de rendimento.

Portanto, ao englobar rendimentos de várias categorias, como consequência temos um aumento de rendimento colectável que implica subir o escalão de tributação, sendo aplicada uma taxa superior de IRS.

Daí que só justifica o englobamento, quando há rendimentos de uma só categoria.

De resto, volto a reafirmar:

Nenhum trabalhador dependente optaria por uma taxa autónoma de 20% sobre o seu rendimento bruto, sem deduções especificas, abatimentos e deduções à colecta.

Que trabalhador dependente estaria disposto a pagar 5000 euros de IRS, sem possibilidade de qualquer reembolso, com um rendimento anual de 25.000 Euros?
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por Mares » 31/5/2011 13:52

canguru Escreveu:Em PT gosta-se muito de reinventar a roda.

Qual é que é o rácio do imposto rendimentos capital / imposto rendimentos do trabalho, em vários países da UE? E em PT?

Se o rácio está longe de convergir com o resto da UE (como presumo que ainda está) é fazer para convergir.

Tudo o resto é conversa.


Acho que é apenas isso e que ambos os artigos não se preocupam em buscar mais sustentação para o que defendem (ou contestam).

Se um dos artigos, mistura os rendimentos do trabalho com os do mercados de capital, o outro artigo mistura os investimentos que já pagam impostos (nos mercados de capitais) com os jogos online onde os rendimentos não são taxados.

Então pareçe-me que ambos tentam buscar uma "sustentação moral" mas sem preocupação com alguma comprovação (mesmo que fosse comparativa com outras realidades, i.e. o que se passa nos outros países).

Se juntarmos à estória, os líderes do PCP (Jerónimo de Sousa) ou do BE(Francisco Louçã), vêmos que todos tem interesse em "esclareçer"... não se sabe o quê e para quem...

(fica aqui uma crítica construtíva...)
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por Cardos » 31/5/2011 12:42

bEMdISPOSTO Escreveu:PERGUNTA: Com tanta actividade ilegal, chegaram a prender este tipo?


Boa tarde,

Caro Bemdisposto, esse tipo já esteve preso, faleceu e parece-me... que ressuscitado se reencarnou na figura do Sócrates!!! :lol:

Cumprimentos,
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por bEMdISPOSTO » 31/5/2011 12:07

O caso de Al Capone dá que pensar:

"Al Capone, foi um gângster ítalo-americano que liderou um grupo criminoso dedicado ao contrabando e venda de bebidas entre outras atividades ilegais, durante a Lei Seca que vigorou nos Estados Unidos nas décadas de 20 e 30" in Wikipedia

PERGUNTA: Com tanta actividade ilegal, chegaram a prender este tipo?

"Em 1931, foi condenado pela justiça americana por fuga aos impostos, com 11 anos de prisão." in Wikipedia

Abraços
A alegria de um "trader" é pôr-se atrás e ficar à frente
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por rmachado » 31/5/2011 11:08

Em 1º lugar
As apostas em Portugal são ilegais ou pelo menos não são legais...
O poker online é mais ou menos igual
A Prostituição é a mesma coisa..

Só as drogas é que são mesmo ilegais se não forem para consumo.

Ou seja as 3 primeiras são atividades de "vazio legal" ou de legalidade "duvidosa"...
A segunda é ilegal se for para traficar/vender.
 
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por radiohead » 31/5/2011 10:38

Atomez Escreveu:
radiohead Escreveu:Nos dois segundos casos [prostituição e droga] sao actividades ilegais. Acho uma pessima ideia legalizar actividades com o unico proposito de aumentar a gula confiscatoria do Estado. Isto nao discutindo as questoes no aspecto moral.

Com certeza, pois claro. Os traficantes agradecem encarecidamente.


O que eu digo é que a possibilidade de taxar alguma coisa não deve ser utilizada como argumento para a legalizar ou não.

A questão tem que ser sempre ética, como é óbvio.

Ou bem que achas que uma actividade é prejudicial e desleal para outras pessoas e deve ser ilegal ou então não existe qualquer impedimento ético a que essa actividade se realize.
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por altrio » 31/5/2011 8:03

ASSIM SENDO A TRIBUTAÇÃO SOBRE AS MAIS-VALIAS É MUITO SUPERIOR À TRIBUTAÇÃO DO RENDIMENTO DO TRABALHADOR DEPENDENTE.


Não, claro que não é. As mais valias podem ser sempre englobadas e taxadas à mesma taxa do trabalho dependente. Portanto a taxa das mais valias é sempre menor ou igual à do rendimento.

E sendo englobada, as despesas de saúde, etc, podem ser sempre descontadas.

De qualquer forma, o argumento principal é o de que o risco deveria isentar os impostos e não consigo vislumbrar nenhum motivo que justifique isso.

Além disso, seria interessante saber se o aumento da taxa de 10% para 20% fez fugir muitos investidores da bolsa...
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por mtrj » 31/5/2011 7:40

Apesar de tambem investir na bolsa, nao concordo com o artigo:

1) a verdade e que quem tem prejuizos pode deduzir esses prejuizos nas mais valias, portanto se a preocupacao e essa, acho que deveriamos olhar para a taxa media de taxacao.


2) Nao percebo porque e que o estado deve taxar de acordo com o risco que cada um de nos assume. Ninguem obriga ninguem a investir na bolsa. Se alguem esta a assumir riscos, e porque o quer fazer e porque espera uma taxa de rendibilidade superior a dos activos sem risco, por isso o estado nada tem que ver com isso. Se ha rendimentos, o estado taxa, se nao ha, o estado nao taxa (e ate concede roll over).
A verdade e que as pessoas sabem que estao a assumir o risco e esperam um rendimento superior.

Alem disso, quando ha problemas gerados por mas politicas de investimento (bolhas especulativas, recessoes, etc) quem suporta os custos sociais e o Estado, portanto nao me choca nada que as mais valias sejam taxadas.


3) As empresas tambem risco dos negocios em que operam, e sao taxadas pelos lucros. Por que e que os individuos nao o hao-de ser?


4) Posto isto, concordo plenamente com o que o autor fala do jogo online.




Anyway - de um modo geral, nao posso deixar de sentir que isto e quase o mesmo que um fumador dizer - eu fumo e ja tenho o risco de fumar, portanto nao me cobrem taxas nos cigarros...

A minha questao e - porque ha-de o estado suportar os riscos que os individuos decidem tomar eles proprios? Se ha rendimentos, tem que ser taxados, sejam eles de qual for a fonte.
 
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