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Caldeirão da Bolsa

Off topic - Seremos todos culpados pela educação que damos ?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Mares » 22/3/2011 16:32

Os pais acharem que poderão servir de "guarda-chuva" para os seus filhos é utópico e bem caracterizador das culturas do sul da europa.

Os filhos deverão procurar a ruptura em relação aos seus pais. Isso ajuda-os a conquistarem o seu espaço e buscarem concretizar seus sonhos.

Por isso mesmo, não admira-me ouvir falar de gerações "rascas".

Quanto ao artigo que deu início a este tópico, acho-o revelador dessa cultura bem latina.
- A ganância dos outros poderá gerar-lhe lucros.
- A sua ganância poderá levá-lo à ruína.
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por artista_ » 22/3/2011 15:32

MarcoAntonio Escreveu:...são tão antigas quanto o Salazar do varus!


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por Tridion » 22/3/2011 11:11

MarcoAntonio Escreveu:Em todo o caso, ao fim do dia (de hoje que o de ontem já passou) eu acabarei a dizer que a moral da história provavelmente tem utilidade, independentemente da fidelidade das fontes, por os mais velhos tenderem a criticar os jovens meramente porque eles são jovens (como esses mais velhos parecem esquecer que já foram!).


E tendem a criticar os mais jovens, porque estes lembram-lhes que estão velhos, e consequentemente mais perto da morte...e isso tende a tornar as pessoas intolerantes e conflituosas!

Os jovens vão sempre ser jovens... :lol:
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por MarcoAntonio » 22/3/2011 9:40

The Mechanic Escreveu::shock: Às duas da matina a fazer investigação sobre quem escreveu e quando escreveu cenas de há 2000 anos atrás ?!?!

Ó Marco ..! Eu não sou o Elias!!! ...


Eu não estava bem a pensar em ti quando respondi ao post. Até porque sei bem que quando eu ponho um post deste, o The Mechanic pensa algo do género: "pronto, lá vem este estragar a piada toda!"

:mrgreen:

Por isso, acredita, a minha ideia não era metralhar-te com "argumentos"...

Era antes mostrar que estas citações, quanto tal, são tão antigas quanto o Salazar do varus!

:lol:




Agora, mais a sério, eu acredito perfeitamente que ao longo dos tempos os mais velhos foram tendo opiniões algo semelhantes sobre os mais jovens porque, em todas as eras, os jovens eram jovens (aparentemente existem até explicações fisiológicas para alguns comportamentos próprios da juventude como uma menor sensibilidade ao risco, por exemplo).

De resto, tenho ideia que já ouvia o meu avô criticar "a juventude de hoje" aqui há uns 20 e tal anos atrás...

Quanto às citações, convém notar que sendo as citações provavelmente adulterações (ou mesmo fabricações nalguns casos), elas tenderão a mostrar uma visão que nos parece actual... porque elas efectivamente são actuais (ou "actualizadas"). E não raras vezes, este mecanismo de recorrer a (pseudo) citações serve apenas o fim de tentar credibilizar uma visão ou dar-lhe o ar de um saber ancestral, superior e intemporal, que poderá não ser real de todo.


Em todo o caso, ao fim do dia (de hoje que o de ontem já passou) eu acabarei a dizer que a moral da história provavelmente tem utilidade, independentemente da fidelidade das fontes, por os mais velhos tenderem a criticar os jovens meramente porque eles são jovens (como esses mais velhos parecem esquecer que já foram!).
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2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
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por The Mechanic » 22/3/2011 9:27

:shock: Às duas da matina a fazer investigação sobre quem escreveu e quando escreveu cenas de há 2000 anos atrás ?!?!

Ó Marco ..! Eu não sou o Elias!!! ...pra mim , um " se calhar aquilo nem foi escrito pelos gajos " bastava . Eu responderia " que se lixe...os gajos estão mesmo todos mortos , por isso, quem se interessa ..." e a coisa ficava por aí . Com o Elias sim, terias de elaborar uma tese , escrever 300 páginas e ainda ir catar ADN do Sócrates , Hesiodo , do Cicero, do Eremita e todos os parentes até ao 3º grau, face à bateria de perguntas que viria a seguir .

Eu sou um gajo do povo . Não preciso grandes provas . A palavra do homem , basta-me .

Por. ex. , se me disseres que que este gajo é o Filosofo Sócrates :

Imagem

... eu vou aventar a hipótese de ser Jesus, dada a postura de braços abertos,
... vou estranhar o cachecol do Benfica ,
... mas no fim, vou reconhecer o filósofo, atravez da barba , pois já vi fotos de esculturas do Sócrates e realmente, ele tinha a barba assim e tu estarás a falar a sério .

Nesta altura, poderás aproveitar e vender-me a Ponte 25 de Abril tambem .

Mas baratiiiinho !...que eu já comprei duas.



O que conta realmente é o Moral da História e que , conflito geracional, há-de haver sempre, uma vez que quem chega , vê sempre o mundo de um modo diferente de quem já cá está .


Um abraço ,

The Mechanic
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por MarcoAntonio » 22/3/2011 3:19

The Mechanic Escreveu:A primeira é de Sócrates (470-399 a.C.)
A segunda é de Hesíodo (720 a.C.)
A terceira é de um sacerdote do ano 2000 a.C.
E a quarta estava escrita num vaso de argila descoberto nas ruínas da Babilónia e tem mais de 4000 anos de existência.



Não interferirá talvez grandemente na moral da história (que a mim parece parcialmente válida) mas...


------------------------

"A nossa juventude adora o luxo, é mal-educada, goza com a autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Os nossos filhos hoje são verdadeiros tiranos. Eles não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem aos seus pais e são simplesmente maus."


A primeira aparentemente deriva ou de uma amálgama de citações de Platão atribuídas a Sócrates ou de uma peça de Aristófanes que caricaturiza Sócrates, onde aparecerá algo semelhante (ver aqui, por exemplo: http://en.wikiquote.org/wiki/Socrates#Misattributed ).

O final, nesta versão tuga, está porém adulterado face ao que se encontra mais frequentemente em Inglês.




------------------------


"Não tenho mais nenhuma esperança no futuro do nosso país se a juventude de hoje tomar o poder amanhã, porque esta juventude é insuportável, desenfreada, simplesmente horrível."


Para a segunda, que corre por aí atribuída a Hesíodo, também parecem não existir fontes:

"I see no hope for the future of our people if they are dependent on frivolous youth of today, for certainly all youth are reckless beyond words..."


A versão tuga tem adulterações várias e parece que estes encontraram as palavras que o Hesíodo supostamente não conseguiu expressar!

:lol:

------------------------


"O nosso mundo atingiu o seu ponto crítico. Os filhos já não ouvem os seus pais. O fim do mundo não pode estar muito longe."



A terceira assemelha-se tremendamente a uma frase frequentemente atribuída a Marcus Tulius Cícero (106~43AC):

"Times are bad. Children no longer obey their parents, and everyone is writing a book."


É algo semelhante ainda a uma citação atribuída a Pedro, o Eremita (~1100DC):

"The world is passing through troublous times. The young people of today think of nothing but themselves. They have no reverence for parents or old age. They are impatient of all restraint. They talk as if they knew everything, and what passes for wisdom with us is foolishness with them. As for the girls, they are forward, immodest and unladylike in speech, behavior and dress."


E muito semelhante a duas outras versões atribuídas a Babilónios e Assirios (supostamente em 2800AC) numa recolha de há uns anos atrás, para a qual foram citadas fontes de 1949 e 1953:

"The world must be coming to an end. Children no longer obey their parents and every man wants to write a book."

e

"Our earth is degenerate in these latter days; there are signs that the world is speedily coming to an end; bribery and corruption are common; children no longer obey their parents; every man wants to write a book and the end of the world is evidently approaching,"

(para estas duas últimas, ver aqui: http://www.bartleby.com/73/456.html).


A versão tuga parece ser uma amálgama comprimida das quatro!


------------------------


"Esta juventude está estragada até o fundo do coração. Os jovens são malfeitores e preguiçosos. Eles jamais serão como a juventude de antigamente. A juventude de hoje não será capaz de manter a nossa cultura."


E por esta altura, já está tudo muito confuso porque... supostamente, segundo as fontes de 1949 e 1953, a frase encontrada em inscrições de babilónicas é a anterior (ver ponto anterior).

Entretanto, encontrei outra versão semelhante:

"Today's youth is rotten to the core, it is evil, godless, and lazy. It will never be what youth used to be, and it will never be able to preserve our culture."

A alegação de que pertence a argilas babilónicas é (aparentemente) de um tal Paul Watzlawick, num texto de 1974.


------------------------



Resumindo e concluindo, a generalidade parece fabricação, adulteração ou uma amálgama do que realmente os supostos autores disseram e já foram atribuidas a diferentes autores e culturas, num dos casos distada por milhares de anos.

Existe uma probabilidade considerável de serem produto, o mais tardar, do século XX.




De qq das formas, a moral da história é que a juventude é juventude... seja lá qual for a época!

Pelo menos de há uns 50 anos para cá...

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por The Mechanic » 22/3/2011 0:44

Falando sobre conflitos de gerações, o médico inglês Ronald Gibson começou uma conferência citando quatro frases:

1) "A nossa juventude adora o luxo, é mal-educada, goza com a autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Os nossos filhos hoje são verdadeiros tiranos. Eles não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem aos seus pais e são simplesmente maus."

2) "Não tenho mais nenhuma esperança no futuro do nosso país se a juventude de hoje tomar o poder amanhã, porque esta juventude é insuportável, desenfreada, simplesmente horrível."

3) "O nosso mundo atingiu o seu ponto crítico. Os filhos já não ouvem os seus pais. O fim do mundo não pode estar muito longe."

4) "Esta juventude está estragada até o fundo do coração. Os jovens são malfeitores e preguiçosos. Eles jamais serão como a juventude de antigamente. A juventude de hoje não será capaz de manter a nossa cultura."

Após ter lido as quatro citações, ficou muito satisfeito com a aprovação que os espectadores davam às frases. Então, revelou a origem delas:

A primeira é de Sócrates (470-399 a.C.)
A segunda é de Hesíodo (720 a.C.)
A terceira é de um sacerdote do ano 2000 a.C.
E a quarta estava escrita num vaso de argila descoberto nas ruínas da Babilónia e tem mais de 4000 anos de existência.



Um abraço ,

The Mechanic
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comentário

por jotabilo » 22/3/2011 0:13

Caros

Li alguns dos aspectos referidos nos post's anteriores.
Mas permitam-me as seguintes conjecturas que julgo nos devem merecer alguma reflexão sobre o assunto em causa:

- Mas os filhos que chamamos "nossos" serão mesmo de nossa pertença?
- Os chamados recolectores das mais valias que esperam que nós possamos produzir, não nos deixam ser mais que titulares formais dos nossos filhos.
Mal nascem têm que ser colocados numa creche onde são formatados para a civilidade. A seguir aparece a escola e depois a universidade;
-O activo não pode preocupar-se com os filhos porque isso prejudica o rendimento esperado, logo temos de primeiro proclamar "Os direitos da criança" e atrás e a coberto desses direitos, temos de afastar os activos dos filhos para que possam dar o seu melhor rendimento(pensam os recolectores);
- Pois, mas o activo também pode diminuir o seu rendimento (ou o rendimento esperado) se se preocupar com os pais.....sim.... temos que proclamar os "direitos da 3ª idade" e atrás disso colocar os velhos em lazaretos de tormes....o activo tem de dar o rendimento que dele se espera e não pode, naturalmente preocupar-se com os pais)pensam os mesmos recolectores...e com isso se desestrutura a sociedade humana;

Importa sair deste círculo vicioso que nos aliena não nos deixando viver os nossos filhos nem os nossos pais.
As novas tecnologias, parecem fazer emergir um novo tipo de organização social na qual o homem pode contrariar a actual servidão humana. Elas vão permitir que o homem tenha possibilidades de viver os seus filhos e educá-los dentro de uma nova racionalidade e de uma nova fé que a fundamente.~

Em conclusão :

- Os filhos nem são melhores nem piores. Nós é que somos forçados a abandoná-los à sorte de uma sociedade formatada e anquilosada e pouca adaptada ao mundo novo que emerge;
- Importa pois, pensar e reflectir, antes de fazermos coro com os alienados desta sociedade de propaganda e ser como Sócrates(O grego) ou Descartes....pensar ...reflectir....duvidar.....e depois concluir a realidade que devemos questionar.

cumps
 
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por Pata-Hari » 21/3/2011 22:38

Ontem ou anteontem, a zip-zapar entre canais, na rtp2 havia uma reportagem sobre gemeos cuja educação dada foi extremamente diferente e que, no entanto, tinham características ultra-semelhantes de comportamento, fazendo com que a mãe (adoptiva) de uma delas fizesse um comentário que me pareceu extraordinariamente inteligente:

Se calhar o nosso papel enquanto pais não é moldar os putos para aquilo que queremos que sejam, dado que são geneticamente aquilo que são, o nosso papel talvez deva ser o de os ajudar a ser o melhor que podem ser dadas as suas características e aquilo que eles querem e desejam. Eu acredito nisso. As crianças merecem-nos respeito igual a um adulto, o cuidado que se deve a uma criança e dão-nos a obrigação de os ajudar a tornarem-se o melhor que podem ser.

(fácil pensar, muito dificil de fazer)
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por urukai » 21/3/2011 13:53

Eu fui pai recentemente e apesar de preocupado tenho muita confiança no modelo de educação que vou dar á minha filha. Contudo, tenho receio das influÊncias dos amigos/colegas que vai ter no futuro e até que ponto estar suficientemente blindada para absorver o positivo e filtrar (a maioria do) negativo as companhias lhe darão.

De qualquer maneira acredito piamente que a educação de uma criança se deve suportar em três pilares:
- Responsabilidade
- Mérito
- Direito à opinião
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por bolo » 21/3/2011 13:48

artista Escreveu:Eu constumo falar de um exemplo que me parece paradigmático. Nos últimos 4 anos já perdi a conta ao número de alunas grávidas (contando apenas alunas que estavam nas turmas que leccionava), mas deve rondas as 10. Estamos a falar de jovens entre os 14 e os 17 anos... as crianças que nascem nestas condições têm altas probabilidades de virem a ter uma estrutura familiar degradada que lhes dará uma educação pouco compatível com os níveis de exigência que já devíamos ter!

Quando aqui se fala de uma forma geral "na educação que uma geração dá à outra" penso que se está a cometer um erro porque há muitas diferenças entre a educação que uns e outros dão, eu sinto-o todos os dias nas escolas, são diferenças enormes, grandes de mais para poderem ser metidas no mesmo saco...

... e é por isso que eu já há muitos anos que defendo que é através dos pais que se deve mudar o rumo disto. Eu faço a minha parte, este ano já sinalizei 7 jovens para a CPCJ (Comissão de Protecção de Jovens e Menores). Todos os pais que não me aparecem nunca na escola para tratar dos assuntos dos filhos, e estes faltam quandos lhes apetece, sinalizo-os logo, dá bastante trabalho mas fico com a consciência tranquila... e a perguntar-me como é possível haver tantos pais que têm crianças nestas condições?! Enquanto não se exigir a sério o cumprimento dos deveres de pais não vale a pena gastar fortunas em Quadros Interactivos Multimédia, Magalhães, bons Professores, etc...


tu és um herói, no meio de muitos nós, e numa posição bastante exigente e crítica nesta matéria e não deve ser só a tua consciência que sai favorecida desta tua forma de estar. Certamente que as repercussões dessas acções são relevantes.

Fica a minha pergunta sobre o que se pode concluir deste estado de coisas e quais as suas verdadeiras causas e consequências.

Mas fica a minha convicção de que são mesmo os nossos pais que nos talham para a vida e o que somos é resultado maioritário do investimento dos nossos pais em nós, quer em conteúdo, quer em forma.

Umas das características que temos identificado na nossa geração, indenpendentemente da forma como a gerimos e resolvemos, que é a preocupação que temos actualmente sobre a questão de sermos ou não bons pais é das mais pertinentes sobre o que podemos dizer sobre a geração dos nossos filhos. E isto sempre de pais para filhos.
Aquela história de que a personalidade se desenvolve até aos 6 anos de idade, e que mais qualquer coisa se desenvolve a té aos 10, e que os hábitos se aprendem, como se aprende a lidar com tudo o resto: erro, competição, resposabilidade, valores, etc.
É a formatação definitiva de uma pessoa que está em causa.
Há desinvestimento neste campo ou é consequência das fortes mutações do meio social?
Editado pela última vez por bolo em 21/3/2011 15:05, num total de 1 vez.
Acabei de me auto-promover a Principiante!
Aaahhgrrr,... os meus dedos não estalam!!!
TAMBÉM QUERO SER RICO! Por onde começo? Estou disposto a deixar de trabalhar!
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por rmachado » 21/3/2011 13:01

Gostei do texto mas troquem as internets, os Iphones "and so on", por ter brinquedos, chegar ao nono ou mesmo ao 12º, por ter sapatos, mais roupa de marca, enfim melhores condições que os pais e é exactamente o que os meus Avós fizeram aos meus País.

É normal um Pai querer que o seu filho tenha o que ele não teve ou que viva melhor do que ele..

Eu sei que faria tudo pelos meus filhos, mesmo passar fome... isso faz de mim mau pai?
Dizer não é importante e deve ser a palavra mais usada, e realmente está a faltar na educação das novas gerações.
 
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por Opcard » 21/3/2011 11:53

Lendo o que esta escrito podemos concluir quanto melhor forem as condições pior são os resultados a ser verdade é dramático.

Relembrava me um amigo , no tempo em que as camadas jovem do Sporting treinavam em pelados e ficavam em pensões de 1 estrela formaram-se grandes jogadores , agora com uma academia ao nível de um hotel 5 estrelas é o que sabemos .

Mas será mesmo assim , penso que não ( aqui é a minha experiencia e não só) o problema não esta nas boas condições, esta sim na cultura dominante trazida pelos anos 60 , premiar o insucesso e castigar o sucesso .

Os judeus sempre tiveram uma grande atenção para a sua descendência e isso não os impede de ter sucesso estou aqui a ver uma lista dos seus 128 premiados com o Nobel.
 
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por protar » 20/3/2011 14:46

Olá a todos.
Eu sou de 1961 e fazia as minhas maluquices,mas respeitava as pessoas,principalmente as mais velhas.
Foi assim que fui educado.
Os meus pais ensinaram-me que a nossa liberdade acaba quando começa a liberdade dos outros.
Por muito que tentem passar paninhos quentes neste conflicto de gerações,no meu tempo,e só tenho 49 anos,se fazia-mos *****,desculpem o termo,vinha um adulto e dáva-nos uma chapada.Ou não?
E quem ia à GNR,ou chamar os pais?
Era o que faltava.Com azar ainda se levava mais um chapadão dos pais ou até da polícia.
Pelo menos foi assim que cresci,e comecei a trabalhar no campo com 9 anos.
Que eu saiba e quem me conhece nunca me atestou nenhum tipo de trauma.
Sei que hoje,se eu apanhar um puto a fazer grafitis no meu muro,ou na parede da minha casa ou do vizinho,e eu o chamar a atenção,ele manda-me sabem para onde?Para o ca***** mais velho.Se lhe der um tabefe por estar a estragar o que é meu, ainda apanho com uma queixa por violência.
Definitivamente,antigamente fazía-mos das nossas,mas havia mais respeito,só é preciso andar com os olhos abertos.
Eu fiz algumas,assim como a rapaziada da minha idade,mas não fazíamos mal a ninguém
 
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por artista_ » 20/3/2011 14:43

Eu constumo falar de um exemplo que me parece paradigmático. Nos últimos 4 anos já perdi a conta ao número de alunas grávidas (contando apenas alunas que estavam nas turmas que leccionava), mas deve rondas as 10. Estamos a falar de jovens entre os 14 e os 17 anos... as crianças que nascem nestas condições têm altas probabilidades de virem a ter uma estrutura familiar degradada que lhes dará uma educação pouco compatível com os níveis de exigência que já devíamos ter!

Quando aqui se fala de uma forma geral "na educação que uma geração dá à outra" penso que se está a cometer um erro porque há muitas diferenças entre a educação que uns e outros dão, eu sinto-o todos os dias nas escolas, são diferenças enormes, grandes de mais para poderem ser metidas no mesmo saco...

... e é por isso que eu já há muitos anos que defendo que é através dos pais que se deve mudar o rumo disto. Eu faço a minha parte, este ano já sinalizei 7 jovens para a CPCJ (Comissão de Protecção de Jovens e Menores). Todos os pais que não me aparecem nunca na escola para tratar dos assuntos dos filhos, e estes faltam quandos lhes apetece, sinalizo-os logo, dá bastante trabalho mas fico com a consciência tranquila... e a perguntar-me como é possível haver tantos pais que têm crianças nestas condições?! Enquanto não se exigir a sério o cumprimento dos deveres de pais não vale a pena gastar fortunas em Quadros Interactivos Multimédia, Magalhães, bons Professores, etc...
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por arnie » 20/3/2011 1:23

e-finance Escreveu:Caro Paubo,
Atirar beatas e lixo pelas janelas dos carros é uma prática comum por cá e não escolhe idades. O problema é transversal à sociedade. Falta de civismo que se manifesta em tudo.
Cumps!


Exacto.
Os nossos avós passaram para os nossos pais, os nossos pais passaram para nós, e nós estamos a passar para os nossos filhos.

Ora quem é que neste momento tem que dar o 1º passo? Nós ou os nossos filhos?

Os nossos jovens são porcos e mal educados pois os seus pais não deram o exemplo. E como não deram o exemplo, também eles acabarão por não dar o exemplo aos seus filhos.

Um exemplo simples e que acontece em muitas casas portuguesas. Um pai e uma mãe que não têm o menor cuidado ao falarem um com o outro. No outro dia ficaram em estado de choque quando o seu filho de 6 anos os mandou pró c******. Ou por exemplo quando o mandam fazer algo que ele não quer ou ele se chateia, a 1ª coisa que ele diz é fo**-**.
Estamos a falar de uma criança de 6 anos.
Lá lhe dão umas palmaditas, dizem-lhe que é feio dizer aquilo, mas depois fazem aquele sorriso maroto pois acham engraçado e até chegam a dizer que o filho é muito esperto em conseguir aprender logo aquelas coisas.

Do outro lado da rua onde eu moro, há uma escola primária. Experimentem a passar por lá à hora do recreio. É alhos e bogalos por tudo o que é sitio. Os desgraçados dos avós que lá estão a levar o lache é só gritarem e dizer que vão contar aos pais o que eles disseram ao que eles respondem, o meu pai também diz.

Ora é claro se com 6 anos dizem isto, será criticável o que eles dizem e fazem aos 16 anos?

Passamos do 8, onde Salazar obrigava as crianças a cantar o hino no inicio de cada aula e andarem de farda, saber a historia de Portugal na ponta da língua pois caso contrario era reguada que fartava para o 80 onde os putos fazem o que querem, andam vestidos de marca dos pés à cabeça, acham-se superiores e quem não andar como eles é rejeitado.

Talvez devêssemos ponderar voltar ao 8 ou a um 12 para ver se ainda é possivel que a próxima geração consiga dar a este país a qualidade que ele merece.
Bons negocios,
arnie
 
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por e-finance » 20/3/2011 0:43

Caro Paubo,
Atirar beatas e lixo pelas janelas dos carros é uma prática comum por cá e não escolhe idades. O problema é transversal à sociedade. Falta de civismo que se manifesta em tudo.
Cumps!
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por paubo » 20/3/2011 0:36

Eu sou treinador de duas equipas, masculinos e femininos, da faixa etária entre os 16 e os 18 anos. Cada equipa têm diariamante 15 atletas. A sua média de notas na escola é de +-14 valores. O tipo de classe social das famìlias acaba por ser bem dividiva, não existindo nenhuma dominante.

O material que é usado quer para o treino , quer para os jogos deve rondar os 2000€/época. Cada atleta paga 40€ mês.

O custo do material podia ser reduzido em 1/4 se existisse sentido de responsabilidade dos atletas (não se perder material e manter um bom estado de conservação). Desta forma foi explicado a eles que a sua cota mensal também diminuía na devida proporção. Esta conversa aconteceu antes da época começar perante pais e atletas. Neste momento temos 2/3 do ano desportivo decorrido e já foi atingido o orçamento para o material, principalmente por esqueçimentos/material danificado. Resultado: cota suplementar.

Isto apenas para dar uma muito pequena explicação do grande mal existente nestas idades/geração: o seu conceito social actual é de imensos direitos e pouquíssimos deveres e pouco ou quase nulo sentido de responsabilidade. E isto em desporto, que apenas praticam porque gostam e querem...
Novo blog agora com a colaboração do J Alves, Paubo e Zecatreca- http://portugueseteamtraders.blogspot.com/
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por arnie » 19/3/2011 23:45

Sim, todos nós fizemos das boas.

Eu roubava/comia os pêssegos do quintal do meu vizinho que apenas aparecia aos fins de semana. Rebentava com as caixas do correio com as bombas de Carnaval.
Na escola descascávamos os pacotes de leite até ao laminado e depois atirávamos para a entrada dos pavilhões. Era com cada banho de leite que até fervia.
Adorávamos deitar bombas de mau cheiro nas salas de aula antes de entrarmos. O pior era quando o prof nos obrigava a ficar lá dentro a fazer a aula.
Faltávamos às aulas para ir jogar snooker, ver os jogos de futebol inter-escolas ou mesmo porque não nos apetecíamos ir.

Tudo coisas típicas da juventude.

Mas apesar de tudo, quero acreditar que tínhamos limites. Podíamos chamar nomes na cara de um prof ( uma vez uma prof disse que eu parecia uma vaca a mastigar devido a estar de pastilha elástica na boca ao que eu respondi que vaca era ela), mas bater-lhe como acontece hoje em dia?
Podíamos gritar alhos e bugalhos em plenos pulmões mas jamais fazíamos isso em plena rua publica, cheia de adultos.

Penso que o pouco respeito que existia antigamente, está praticamente extinto nos jovens de hoje e pessoalmente acho isso muito mau.

Há as patifarias típicas da juventude, que até são saudáveis para o seu crescimento, mas depois há o total desrespeito pelas coisas mais básicas que é o mínimo de respeito pelo outro.

Este é um dos nosso problemas, desculpamos os jovens pelas suas patifarias pois nós fazíamos o mesmo.

O meu filho roubou? E depois, eu na idade dele também fazia o mesmo.
Sim, é realmente uma óptima maneira de educar um filho.

Estou-me a lembrar o que um amigo meu me contou. Ele pertence à força policial de Almada e apanharam um jovem a roubar numa loja.
Foi levado para a esquadra e contactaram o pai dele.
Sabem o que disse o pai quando chegou à esquadra? "Vocês não têm mais nada para fazer do que andarem a prenderem o meu filho, não?"
Bons negocios,
arnie
 
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por Elias » 19/3/2011 23:25

Epá ó Mares fizeste-me lembrar outra porreira que eu fazia: aí em 1977 (ai eu e os meus nove anos), já em Julho, eu ia com os outros putos da escola passar o dia nas praias da Caparica. O meu passatempo predilecto era ir até à linha do comboio "Transpraia" e pôr areia por cima dos carris, depois escondia-me nas dunas para ver o comboio calcar areia e "fazer farinha", como eu dizia - basicamente porque a areia esmagada pelas rodas ficava transformada num pó branco, que parecia farinha. Claro que como todos os putos, não demorou muito até eu começar a abusar da sorte. Um belo dia pus uma pilha de areia sobre os carris e escondo-me à espera do comboio. Este apareceu mas em vez de avançar parou antes da areia, o maquinista saiu da locomotiva e foi atrás da duna buscar-me e obrigou-me a tirar a areia toda. Lá se acabou o meu passatempo :lol:

Isto para já não falar de outro divertimento que era o de atirar da janela sacos de água para os carros ou peões que passavam e depois ficar a "cortir" a cena.

arnie, quando te vejo dizer que os putos de hoje são terroristas, eu só consigo pensar: "terroristas o caraças! terrorista era eu" :P
 
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por Mares » 19/3/2011 23:07

Elias Escreveu:arnie, acho que estás a exagerar um bom bocado...

arnie Escreveu:Eu moro à frente de uma escola preparatória e fico assustado com o que vejo. A maioria dos pais deste país não faz a menor ideia dos filhos que têm.
Por cada 1 bem comportado existem uns 20 que são autênticos terroristas.


Não sei em que te baseias para chegar a estes números - 95% são mal comportados?

E já agora, qual era a percentagem de mal comportados na geração anterior?

arnie Escreveu:Pelo menos fora das paredes de casa e fora do recinto escolar.


Olha eu quando era puto (final da década de 70 e início da de 80) dificilmente seria considerado bem comportado. Estava sempre a inventar novas partidas para fazer. E lembro-me que tinha muitos colegas bem piores que eu. E isto não foi ontem: foi há mais de 30 anos (eu tenho 42).

arnie Escreveu:Tudo o que é paredes, alumínios, caixotes do lixo está tudo escrito. Nas traseiras dos prédios é só papeis, latas de sumos, beatas de cigarros.


Há 30 anos atrás, Lisboa era uma cidade imunda. E não eram só os putos que deitavam lixo para o chão: era novos, velhos, homens e mulheres. Ainda me lembro de ver lixeiras a céu aberto em plena cidade de Lisboa - ou seja, sítios onde não havia contentores de lixo e o pessoal deitava o seu lixo para um monte de sacos que ficava ali a feder até o carro do lixo o recolher. Alguns iam simplesmente despejar o balde. Lembro-me de haver greve dos homens que recolhiam o lixo... o cheiro era de tal ordem que era necessário regar o lixo com gasolina e deitar-lhe fogo para acabar com o cheiro. Era a imundície total. Isto foi em Lisboa, não muito longe do centro e não me contaram: fui eu que vi.

Onde hoje vês graffitis nas paredes, há 30 anos vias grandes pinturas murais a apelar ao voto no MRPP ou a dizer mal do Mário Soares ou do Sá Carneiro. As mensagens de teor político eram escritas em qualquer lado e muitas ficavam lá durante anos (aliás, algumas perduram até hoje).

Via e continuo a ver pessoas de todas as gerações a deitarem porcarias para o chão: papéis, beatas, maços vazios de tabaco, plásticos... o que for.

Aqui há uns anos percorri a pé um caminho que ia paralelo à linha do Norte na zona do Ribatejo (perto de Santarém). Era impressionante o número de latas, embalagens e garrafas que havia ao longo da linha, certamente atirados pela janela. E certamente não eram só putos que os arremessavam. Eu próprio já vi adultos a lançar latas da janela do comboio, em diversas ocasiões.

Pode parecer mais fácil atirar as culpas da imundície para cima dos mais jovens, mas infelizmente os mais velhos não são muito diferentes nesta matéria.

arnie Escreveu:Pessoas idosas a passar na rua, crianças menores a passar com os país e não há o menor cuidado no falatório, é gritar em plenos pulmões alhos e bugalhos.


Vivi 30 anos em Lisboa e sempre ouvi barulho na rua: gritos, buzinas, vendedores ambulantes, miúdos aos berros; peixeiras e vendedeiras de fruta a vender clandestinamente no meio da rua fazendo um grande estardalhaço e que destavam a fugir rua acima quando vinha a polícia, o que acontecia quase diariamente; adultos a gritar palavrões bem alto; uma velha que gritava "miiiiiiilho" a plenos pulmões para chamar os pombos... não me parece que o hábito de falar alto na rua seja de agora e muito menos exclusivo dos mais novos. Acima de tudo é uma questão cultural no nosso país.

arnie Escreveu:Repito, a maioria destes pais não sabe o filho que tem, ou pelo menos finge não saber.


Não tenho qualquer base para afirmar se sabem ou não. Mas eu pergunto: e há 30 anos, sabiam?

arnie Escreveu:Eu gostava de ver os pais passarem um dia inteiro a olhar para escola, para o que se passa fora das paredes da escola e ver o que os nossos jovens, o futuro deste país, fazem.


O eterno conflito de gerações. Sempre existiu e sempre existirá. Sobretudo porque muitos pais ficam parados no tempo, esquecendo-se que eles próprios quando novos já não faziam as coisas à maneira da geração anterior.

arnie Escreveu:Ainda à 2 anos houve um grupo que entrou no meu prédio e passou a tarde a passear no elevador, para cima e para baixo, tocando às campainhas, até que uma vizinha pegou numa frigideira e espetou-a na cabeça de um deles.


Há 34 anos, mais ou menos (ou seja em 1977, se a memória não me falha), eu lembro-me de vir da escola com alguns colegas e haver um deles que tocava às campaínhas todas e fugia. Isto foi em Lisboa, há 34 anos. Não me digas que pensavas que a malta da minha geração não gostava de fazer brincadeiras dessas? Ainda por cima, não havia computadores nem Internet, a malta tinha de se divertir com qualquer coisa :lol:

arnie Escreveu:Veio a policia, o INEM, veio o pai que quase engolia a minha vizinha, houve queixa da policia, até que... aquele pai veio finalmente a saber quem era o filho. Para encurtar a historia, o pai retirou a queixa e veio pedir desculpa à minha vizinha pelos transtornos que o filho lhe causou.


Em meados da década de 1970, eu era um puto endiabrado e barulhento. A vizinha de baixo de vez em quando passava-se e chegou a chamar a polícia por causa do barulho.

Mais uma vez, o que vejo é o conflito de gerações. Os mais velhos não têm pachorra para aturar as brincadeiras dos mais novos. Eu hoje também não acho muita piada às brincadeiras parvas dos putos que andam na rua, mas não consigo esquecer-me que também já fui assim - um diabrete que gostava de pregar partidas. E, como já referi acima, tive colegas que eram bem piores que eu.

As brincadeiras de hoje são as mesmas - mudam apenas os protagonistas.

arnie Escreveu:Isto são dois exemplos do que acontece todos os dias, em todo o país, em todas as escolas, em todos os bairros que circundam as escolas.


Na minha rua as coisas que aconteciam diariamente eram do tipo: bombas de carnaval a explodir (por vezes fora da época própria), grupinhos de putos desocupados que vinham das barracas e andavam à coca a ver se conseguiam gamar os cromos que eu ia comprar à papelaria (e uma vez até conseguiram); putos a jogar à bola no meio da rua, por vezes de forma muito ruidosa; mães a arrastar os filhos para a escola primária pela mão e os putos num berreiro porque não queriam ir à escola. Tudo coisas que ainda se pode observar nos dias de hoje em muitos locais - nalguns casos as barracas deram lugar a bairros sociais.

arnie Escreveu:A nossa juventude está doente e se os pais, os professores, a sociedade em si não parar e pensar seriamente no que está acontecer... vamos continuar a ter gerações à rasca por muitos, muitos anos.


A sério, eu gostava de perceber em que é que esta juventude se diferencia na anterior nos seus comportamentos e nas suas brincadeiras. É que eu vejo críticas a comportamentos que há 30 ou 35 anos eu já via abundantemente.



Arnie,

além do que o Elias contou, tem mais... :P

Quando se ía tocar às campaínhas.... era do prédio inteiro!!! Não escapava um!!

Àhhh... roubar os morangos... esses tinham de ser os do padre!!!

Uma vez subímos à torre da igreja para... tocar os sinos da igreja :P .... Pior da estória é que foi o padre que nos apanhou a descer da torre... Castigo foi írmos nos confessar... :P Bem, cada um mentiu como pôde...

Se o Elias fala das bombinhas de carnaval ... claro que tinham de ser das mais potentes... e normalmente eram deitadas nas fontes de água públicas ...

Outra brincadeira eram os carros de rolamentos... Na rua havia uma velha que se passava... chegou a chamar a polícia... Não desistímos e acabou-se por se organizar uma verdadeira corrida de rolamentos... Que grande dia!!!

Tanta coisa "errada" que fazíamos... mas ainda bem que fizemos!!!

Abraço,

Mares.
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por Elias » 19/3/2011 21:14

arnie, acho que estás a exagerar um bom bocado...

arnie Escreveu:Eu moro à frente de uma escola preparatória e fico assustado com o que vejo. A maioria dos pais deste país não faz a menor ideia dos filhos que têm.
Por cada 1 bem comportado existem uns 20 que são autênticos terroristas.


Não sei em que te baseias para chegar a estes números - 95% são mal comportados?

E já agora, qual era a percentagem de mal comportados na geração anterior?

arnie Escreveu:Pelo menos fora das paredes de casa e fora do recinto escolar.


Olha eu quando era puto (final da década de 70 e início da de 80) dificilmente seria considerado bem comportado. Estava sempre a inventar novas partidas para fazer. E lembro-me que tinha muitos colegas bem piores que eu. E isto não foi ontem: foi há mais de 30 anos (eu tenho 42).

arnie Escreveu:Tudo o que é paredes, alumínios, caixotes do lixo está tudo escrito. Nas traseiras dos prédios é só papeis, latas de sumos, beatas de cigarros.


Há 30 anos atrás, Lisboa era uma cidade imunda. E não eram só os putos que deitavam lixo para o chão: era novos, velhos, homens e mulheres. Ainda me lembro de ver lixeiras a céu aberto em plena cidade de Lisboa - ou seja, sítios onde não havia contentores de lixo e o pessoal deitava o seu lixo para um monte de sacos que ficava ali a feder até o carro do lixo o recolher. Alguns iam simplesmente despejar o balde. Lembro-me de haver greve dos homens que recolhiam o lixo... o cheiro era de tal ordem que era necessário regar o lixo com gasolina e deitar-lhe fogo para acabar com o cheiro. Era a imundície total. Isto foi em Lisboa, não muito longe do centro e não me contaram: fui eu que vi.

Onde hoje vês graffitis nas paredes, há 30 anos vias grandes pinturas murais a apelar ao voto no MRPP ou a dizer mal do Mário Soares ou do Sá Carneiro. As mensagens de teor político eram escritas em qualquer lado e muitas ficavam lá durante anos (aliás, algumas perduram até hoje).

Via e continuo a ver pessoas de todas as gerações a deitarem porcarias para o chão: papéis, beatas, maços vazios de tabaco, plásticos... o que for.

Aqui há uns anos percorri a pé um caminho que ia paralelo à linha do Norte na zona do Ribatejo (perto de Santarém). Era impressionante o número de latas, embalagens e garrafas que havia ao longo da linha, certamente atirados pela janela. E certamente não eram só putos que os arremessavam. Eu próprio já vi adultos a lançar latas da janela do comboio, em diversas ocasiões.

Pode parecer mais fácil atirar as culpas da imundície para cima dos mais jovens, mas infelizmente os mais velhos não são muito diferentes nesta matéria.

arnie Escreveu:Pessoas idosas a passar na rua, crianças menores a passar com os país e não há o menor cuidado no falatório, é gritar em plenos pulmões alhos e bugalhos.


Vivi 30 anos em Lisboa e sempre ouvi barulho na rua: gritos, buzinas, vendedores ambulantes, miúdos aos berros; peixeiras e vendedeiras de fruta a vender clandestinamente no meio da rua fazendo um grande estardalhaço e que destavam a fugir rua acima quando vinha a polícia, o que acontecia quase diariamente; adultos a gritar palavrões bem alto; uma velha que gritava "miiiiiiilho" a plenos pulmões para chamar os pombos... não me parece que o hábito de falar alto na rua seja de agora e muito menos exclusivo dos mais novos. Acima de tudo é uma questão cultural no nosso país.

arnie Escreveu:Repito, a maioria destes pais não sabe o filho que tem, ou pelo menos finge não saber.


Não tenho qualquer base para afirmar se sabem ou não. Mas eu pergunto: e há 30 anos, sabiam?

arnie Escreveu:Eu gostava de ver os pais passarem um dia inteiro a olhar para escola, para o que se passa fora das paredes da escola e ver o que os nossos jovens, o futuro deste país, fazem.


O eterno conflito de gerações. Sempre existiu e sempre existirá. Sobretudo porque muitos pais ficam parados no tempo, esquecendo-se que eles próprios quando novos já não faziam as coisas à maneira da geração anterior.

arnie Escreveu:Ainda à 2 anos houve um grupo que entrou no meu prédio e passou a tarde a passear no elevador, para cima e para baixo, tocando às campainhas, até que uma vizinha pegou numa frigideira e espetou-a na cabeça de um deles.


Há 34 anos, mais ou menos (ou seja em 1977, se a memória não me falha), eu lembro-me de vir da escola com alguns colegas e haver um deles que tocava às campaínhas todas e fugia. Isto foi em Lisboa, há 34 anos. Não me digas que pensavas que a malta da minha geração não gostava de fazer brincadeiras dessas? Ainda por cima, não havia computadores nem Internet, a malta tinha de se divertir com qualquer coisa :lol:

arnie Escreveu:Veio a policia, o INEM, veio o pai que quase engolia a minha vizinha, houve queixa da policia, até que... aquele pai veio finalmente a saber quem era o filho. Para encurtar a historia, o pai retirou a queixa e veio pedir desculpa à minha vizinha pelos transtornos que o filho lhe causou.


Em meados da década de 1970, eu era um puto endiabrado e barulhento. A vizinha de baixo de vez em quando passava-se e chegou a chamar a polícia por causa do barulho.

Mais uma vez, o que vejo é o conflito de gerações. Os mais velhos não têm pachorra para aturar as brincadeiras dos mais novos. Eu hoje também não acho muita piada às brincadeiras parvas dos putos que andam na rua, mas não consigo esquecer-me que também já fui assim - um diabrete que gostava de pregar partidas. E, como já referi acima, tive colegas que eram bem piores que eu.

As brincadeiras de hoje são as mesmas - mudam apenas os protagonistas.

arnie Escreveu:Isto são dois exemplos do que acontece todos os dias, em todo o país, em todas as escolas, em todos os bairros que circundam as escolas.


Na minha rua as coisas que aconteciam diariamente eram do tipo: bombas de carnaval a explodir (por vezes fora da época própria), grupinhos de putos desocupados que vinham das barracas e andavam à coca a ver se conseguiam gamar os cromos que eu ia comprar à papelaria (e uma vez até conseguiram); putos a jogar à bola no meio da rua, por vezes de forma muito ruidosa; mães a arrastar os filhos para a escola primária pela mão e os putos num berreiro porque não queriam ir à escola. Tudo coisas que ainda se pode observar nos dias de hoje em muitos locais - nalguns casos as barracas deram lugar a bairros sociais.

arnie Escreveu:A nossa juventude está doente e se os pais, os professores, a sociedade em si não parar e pensar seriamente no que está acontecer... vamos continuar a ter gerações à rasca por muitos, muitos anos.


A sério, eu gostava de perceber em que é que esta juventude se diferencia na anterior nos seus comportamentos e nas suas brincadeiras. É que eu vejo críticas a comportamentos que há 30 ou 35 anos eu já via abundantemente.
 
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por Lion_Heart » 19/3/2011 21:09

Portugal hoje em dia é um País de pessoas na sua maioria sem educação , e o porque para mim é simples.

Saltamos de uma ditadura de direita para uma constituição de esquerda.

Antes não tinhamos direitos , hoje parece que temos direitos a mais.

E quando se parece que tem direitos a mais cada um faz o que quer.


Educação, etiqueta e boas maneiras. O que faz falta em Portugal.

Se não respeitamos ninguém, não podemos exigir que este País va para a frente.
" Richard's prowess and courage in battle earned him the nickname Coeur De Lion ("heart of the lion")"

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por AndreEsteves » 19/3/2011 20:23

rjmsilva Escreveu:Isto leva-me a outro ponto, que foi o fim do serviço militar obrigatório, considerado inútil por muitos, era uma boa forma de incutir alguns valores na juventude, era o único local em que os jovens eram tratados de igual forma, independentemente das origens ou estratos sociais e aprendiam o valor do sacrifício e do espírito de corpo e camaradagem. O individuo era anulado em prol do colectivo. Não havia roupas de marca ou penteados betinhos, era carecada e farda ranhosa para todos.


Por acaso é algo que tenho pensado no últimos tempos e seria bastante proveitoso para a nossa sociedade voltar-se a implementar o Serviço Militar Obrigatório. Tenho pena de não ter passado por isso e apenas ter ido ao miserável Dia da Defesa Nacional.
"Os homens mudam pouco e então os portugueses quase nada"
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por bolo » 19/3/2011 18:13

rjmsilva Escreveu:
e-finance Escreveu:Todos nós aspiramos ter o nível de vida europeu, tivemos por momentos a ilusão disso, queriam que as pessoas tratassem os filhos a pão e água, para eles saberem o que custa a vida?
Muitos de nos da anterior geração a "rasca" éramos assim tão maus? Fomos tão criticados e agora também já mandamos as nossas pedradas aos outros.
É o típico discurso, os tipos da geração mais nova são uns incompetentes, nunca vão ser nada só porque não fazem as coisas como nós. O mundo evolui as pessoas evoluem.
Acho especial piada à vitimização, criou-se o monstro e agora até se passa fome para ele ir aos concertos. São tão consumistas os pais como os filhos, aliás foi com os pais que os filhos aprenderam.

Cumps.


Mas não é isso mesmo que o texto critica? O facto desta geração ser/estar assim é devido à geração anterior a ter criado para ser assim.


Do facto do texto se centrar nos aspectos supostamente negativos não se pode concluir que ele defenda que não há actualmente aspectos positivos a apontar ou que antes era tudo bom e agora é tudo mau.
No entanto, como o texto não é providente em fazer essa salvaguarda pode ser interpretado como exercício de vitimização.
Acabei de me auto-promover a Principiante!
Aaahhgrrr,... os meus dedos não estalam!!!
TAMBÉM QUERO SER RICO! Por onde começo? Estou disposto a deixar de trabalhar!
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