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Caldeirão da Bolsa

Carlos Melo Ribeiro, administrador da Siemens - Portugal

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Seaman » 21/2/2011 16:52

Sim. Concordo que deve ser o principio do fim do reinado socialista.

Tanto que quando há exposições deste nível podem já significar demarcações do actual poder e tomadas de posições empresariais que podem vir a ser úteis num futuro de mudança de governo a curto prazo.
 
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por iurp » 21/2/2011 16:25

Felizmente, as pessoas com algum peso no mundo empresarial e minimamente sérias, estão a começar a perder o medo de dizer as verdades.É mesmo o princípio do fim de Sócrates.

Alexandre Soares e agora de uma forma explícita esta entrevista.

Realmente chega de "truques" e mentiras.
 
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por pdcarrico » 21/2/2011 14:50

Só li o que está aqui no caldeirão, mas achei interessante o que li. Identifica sectores de potencial exportação com valor acrescentado, fala da realidade de uma multinacional onde as subsidiárias são concorrentes (tal como a auto-europa).

E sobre a economia tem um discurso lúcido e mostra a sua posição sobre o que pode mudar.

Gostei!
Pedro Carriço
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por Seaman » 21/2/2011 14:38

Viva!

Também lia a entrevista.

Não é habitual um gestor de uma multinacional tecer comentários tão ácidos sobre a situação económica do país onde opera.

Atenção que não estou a afirmar que concorde ou não com as ideias que passou na entrevista (a ideia da Flórida da Europa é algo que tenho falado há anos entre amigos) só acho que são ideias fortes passadas por um quadro técnico de uma multinacional.

Temo reprecussões para ele na sequência desta entrevista...
 
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por urukai » 21/2/2011 11:59

gostei da ideia do golfe e cuidados geriátricos.

Quanto ao TGV, não é a Siemmens que constroi as carruagens? :roll:
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Carlos Melo Ribeiro, administrador da Siemens - Portugal

por mais_um » 21/2/2011 11:55



Exportar mais serviços e trazer para Portugal centros de serviços partilhados da casa-mãe são as medidas que a subsidiária da Siemens Portugal está a pôr em prática para compensar a desaceleração do mercado interno e o adiamento dos investimentos em infraestruturas. “Estamos a fazer uma viragem fortíssima para África e para o Brasil e a contactar os nossos colegas da Índia, Rússia e Médio Oriente para identificar oportunidades”, afirma Carlos Melo Ribeiro. “Se não nos virarmos para fora, perdemos dimensão, acabamos por ser integrados numa estrutura regional e perdemos o acesso aos centros de decisão da empresa”, acrescenta o administrador-delegado da Siemens Portugal, referindo que os €500 milhões de faturação de 2010 são o valor mínimo para que a subsidiária faça ouvir a sua voz na sede em Munique.

Aumentar o número de colaboradores, atualmente nos 2 mil, também faz parte dos planos. Para este número contribuiu a deslocalização para Portugal de centros de serviços partilhados que dão emprego a 400 pessoas. Este ano, poderão vir a ser 500. “Asseguramos as operações internas de contabilidade, gestão financeira e recursos humanos para o Sudoeste europeu (inclui a Grécia, Suíça, França, Bélgica, Luxemburgo, Espanha e Portugal)”, explica Melo Ribeiro. Entretanto, o elevado grau de satisfação do centro fez com que também a região Noroeste (Grã-Bretanha e países escandinavos) ficasse interessada em deslocalizar para Portugal as mesmas áreas. “Se os pilotos correrem bem, o número de empregos nos centros de serviços poderá chegar a 1000”, admite.


A especialização na área dos terminais temporários de aeroportos é outra aposta ganha, tendo contribuído no ano passado com €40 milhões para o negócio. Uma competência que a Siemens Portugal adquiriu com a realização do Euro 2004 (aumento da capacidade do Aeroporto de Lisboa) e já tem referências no Brasil, África do Sul, Angola, Moçambique, México, Ucrânia e França.


A saúde (software de gestão de hospitais) é outra área com potencial nas exportações. A grande aposta no golfe “Com o nosso clima, podíamos ser a Florida da Europa, ser especialistas em saúde para a terceira idade, congressos e golfe”, defende Melo Ribeiro. E acha até que o golfe pode ajudar a resolver os problemas do país. “Com 75 campos já exportamos tanto como a Autoeuropa, porque não termos 300 campos se a Irlanda já tem 400? É só fazer contas: valeria quatro Autoeuropas”.


A grande alavanca do crescimento da Siemens em Portugal para os próximos anos é a área de energia. Além de estar presente nos sistemas de transporte e de produção, a multinacional alemã está a posicionar-se nas redes elétricas inteligentes, energias renováveis e é um dos parceiros do projeto de carro elétrico português (Mobi.E), estando a colaborar no carregamento dos veículos em casa e sua utilização como armazenadores de energia. “Portugal tem a vantagem de ser o primeiro país no mundo a ter primeira rede integrada de mobilidade elétrica. Além de uma legislação avançada, tem a vantagem adicional de ter a Via Verde e o Multibanco, que permite criar produtos amigáveis que ninguém mais tem: integração de diferentes produtos e de operadores”, diz Melo Ribeiro. “É uma grande oportunidade para internacionalizar as empresas portuguesas”, acrescenta.


Um mundo a ‘bombar’ À parte os bons exemplos do Mobi.E e das energias renováveis, em que diz que houve “visão estratégica”, o responsável máximo da Siemens em Portugal critica a atual situação da economia portuguesa. Considera, nomeadamente, um erro não avançar com o novo aeroporto e o comboio de alta velocidade. “O país só é viável se se virar para fora. Isto implica transportes modernos”, defende. “Devemos travar a fundo nos gastos supérfluos e investir nos sítios certos que garantem futuro.

Os ratings portugueses estão em queda porque não oferecemos perspetivas de crescimento”. Defende, por outro lado, que os portugueses deveriam olhar para fora e não ficar com depressões a ver os telejornais. “O mundo está a ‘bombar’ e ninguém quer saber da nossa choradeira”.

Uma outra forma de preparar o futuro é canalizar as energias do país para uma educação de qualidade. “Atualmente faltam na Alemanha 50 mil engenheiros, dos quais quase metade são de tecnologias de informação. Só a Siemens tem entre 3 mil e 5 mil postos em aberto. E nos próximos dez anos deverão faltar 200 mil, porque os que estão no ativo têm idades muito avançadas. Isto abre uma oportunidade ao nosso país”, defende, referindo que, como primeiro passo, está a ser preparada uma parceria entre o Instituto Superior Técnico e a Corporate University da Siemens.


Melo Ribeiro não estranha a posição dura que os políticos alemães têm atualmente. “Se existisse seriedade coletiva e profissional, o país não estaria a passar por estes dramas”. Agora, diz ser “normal que os alemães, que fizeram o seu trabalho de casa (reduziram salários, reorganizaram-se, tiraram gorduras), olhem com desconfiança para os países do Sul que se comportaram como cigarras”.

O administrador-delegado da Siemens vai mais longe ao dizer que Portugal pediu dinheiro emprestado, que foi usado “não para criar riqueza, mas para dar aos amigos”. E é da opinião que “a vinda do FMI não seria uma tragédia”, e “teria a vantagem de nos obrigar a cortar onde deveríamos cortar. E que “o limite ao endividamento devia fazer parte da Constituição para não se hipotecar as gerações futuras”.

De montra é o Hospital da Luz que Melo Ribeiro diz ser “uma referência a nível internacional”. Defende que as áreas da saúde, biomédica e do bem-estar têm grande potencial em Portugal, o que levou a multinacional a estabelecer acordos com a Gulbenkian e com a Fundação Champalimaud.

Fonte: Expresso/economia

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