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Caldeirão da Bolsa

No futuro todos seremos Agricultores - Revolução alimentar

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por bolo » 8/5/2011 21:30

Elias, desculpa, mas estou decepcionado com esta reportagem. Em vez de um programa sério, está a ser uma programa de humor! irra, que não aguento com tanta palhaçada!
Acabei de me auto-promover a Principiante!
Aaahhgrrr,... os meus dedos não estalam!!!
TAMBÉM QUERO SER RICO! Por onde começo? Estou disposto a deixar de trabalhar!
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por bolo » 8/5/2011 21:16

Elias Escreveu:Hoje na SIC uma reportagem sobre este tema.


Grande Reportagem SIC
SIC
Início: 21:00 - Duração: 35min


Até aqui muito bom para conhecer melhor o estado da agricultura maior em Portugal.
Acabei de me auto-promover a Principiante!
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por Elias » 8/5/2011 20:19

Hoje na SIC uma reportagem sobre este tema.


Grande Reportagem SIC
SIC
Início: 21:00 - Duração: 35min

'Quem Semeia Vento': Portugal importa alhos da China, maçãs de Espanha, França e Itália, laranjas de África, carne do Brasil, Açúcar de Cuba. Importa 75% dos cereais que consome. Que caminhos trouxeram o país a este grau de dependência? De onde vêm os alimentos que consumimos? Qual é o poder do consumidor? De Miriam Alves.
 
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Re: No futuro todos seremos Agricultores - Revolução aliment

por Quimporta » 3/5/2011 12:19

bolo Escreveu:Quim,
achas que as questões ligadas à "sustentabilidade gastronómica", como lhe chamas, quer sejam as ligadas à economia quer as ligadas à saúde vão trazer de volta a prática do minifúndio?


Caro Bolo,

Se o minifúndio a que te referes corresponde à "agricultura de sobrevivência", a questão da concorrência não se coloca - o valor da sobrevivência não está cotada em mercado algum... A escala das soluções pode ser individual, local, comunitária, não sei, mas a nível global temos pela frente um problema...

Se tivesse que alinhar os argumentos por ordem decrescente de importância teria era dificuldade em saber por onde começar! Repara na dimensão destes factores, que ocorrem quase em simultâneo:

* Exaustão do planeta em vários recursos naturais essenciais- solos aráveis, peixe, florestas...
* Aumento quase-exponencial da população, e correspondente consumo per-capita
* Debilidades ambientais em níveis críticos: clima, camada de ozono, acidez dos oceanos...
* "Peak-Oil" - fim da economia do petróleo. Com energia abundante e barata tudo se resolvia, mas qual?!
* Dificuldades financeiras dos Estados para investir em reformas

A Ciência encontrará soluções, mas o meu especial interesse por este assunto resulta de que começam a surgir dúvidas fundamentadas de que haverá um período de adaptação forçada. As soluções globais não chegarão a tempo de o evitar.

Que fazer então?!

Deixo aqui um vídeo do Mike Burry, investidor que depois de se tornar famoso por sido o primeiro a shortar as famosas "sub prime bonds" e ficado multimilionário em 2008, escolheu como novo objecto do seu incrível faro para "value investment": a àgua...
A sua história está contada no livro "The big short", e aos 35 anos já dá um bom romance.

Abraço,

<iframe width="425" height="349" src="http://www.youtube.com/embed/2sWhvOaavTQ" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>

http://youtu.be/2sWhvOaavTQ
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Re: No futuro todos seremos Agricultores - Revolução aliment

por bolo » 26/4/2011 13:08

QuimPorta Escreveu:
Já há tópicos para discutir todas estas coisas, e felizmente que já muita gente do Caldeirão pensa no assunto, mas achei oportuno criar um tópico para acompanhar a previsível futura crise das matérias-primas alimentares, e recolher as fantásticas ideias que há por aí sobre como enfrentar o problema da nossa sustentabilidade gastronómica.

E enquanto não se implementarem soluções à escala global vamos ter ir sobrevivendo de alguma maneira, pelo que, e por muito que custe admitir, resta começar a pensar em comprar uma leira de terra e construir um galinheiro com chapas.

Por mim comecei por recuperar uma velha máquina de fazer furos no cinto. Já é um passo…


Quim,
achas que as questões ligadas à "sustentabilidade gastronómica", como lhe chamas, quer sejam as ligadas à economia quer as ligadas à saúde vão trazer de volta a prática do minifúndio?

faço esta pergunta porque entendo que a tendência maior será comprarmos tudo feito, incluindo os alimentos. Falo em tendência da sociedade e não de regressos pontuais à cava da terra. se cultivarmos as batatas, temos que comprar o azeite e se estamos a falar de consumo próprio, sem venda, onde vamos buscar o dinheiro para o MEO?
Se falamos em produzir para venda, achas que temos, enquanto produtores individuais, condições para competir com estruturas de produção e de distribuição mais mecanizadas?
montar uma empresa agrícola foge a este conceito de agricultor.
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por richardj » 26/4/2011 11:28

há aqui uma coisa de que ninguém está a falar que se chama AGUA!!

é porque, a população mundial vai subir nos próximos 100 anos inevitavelmente (isto não vai lá nem com politicas de um só filho, porque as pessoas vão simplesmente viver mais tempo e África não vai ficar eternamente com taxas de mortalidade infantil elevadas)

e a questão é que a quantidade de agua que existe no globo é +- constante, pode estar em vários estados físicos, mas é constante. onde é que vais buscar agua para regar os campos? é que não chove onde se quer! tens de se criar então mega-estruturas para reter e transportar aguas de uma zona para outra.

tipo Alqueva. mas nos demoramos 40 anos a discutir o Alqueva enquanto que os espanhóis nesse período construíram 20 barragens para as suas terras naquela zona... mais, mesmo quando estava na cara que o Alqueva ia para a frente esses alentejanos todos não quiseram investir nas terras circundantes!! o que aconteceu foi que os espanhóis vieram cá comprar as terras e agora aquilo está tudo plantado e pronto a produzir... e os alentejanos a ver navios... :(

outro problema tem haver com o tratamento da agua para consumo (e não para rega), que enfrenta muitos desafios...
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por Elias » 22/4/2011 21:05

Promotores da Campanha Sementes Livres entregam petição à Comissão Europeia
Filipa Alves (21-04-11)

O documento reivindica o direito de reproduzir, semear e trocar livremente as sementes de cultivo e a sua entrega em Bruxelas e é o culminar da campanha que está a ser promovida por 50 organizações cívicas europeias.

A Campanha Sementes Livres é uma iniciativa de 50 associações cívicas europeias que reclama o “livre acesso às sementes, o apoio à preservação da diversidade agrícola e a proibição das patentes sobre plantas”.

Neste sentido foi lançada uma petição a nível europeu que é hoje entregue à Comissão dos Direitos Humanos do Parlamento Europeu e à Comissão Europeia em Bruxelas, onde ocorrerá uma concentração.

A petição inclui 6 reivindicações: o “direito a produzir livremente, sem necessidade de licenças, as nossas próprias sementes; a promoção das variedades regionais de sementes; a proibição das tecnologias de modificação genética na agricultura; a proibição de patentes sobre as plantas; uma nova lei para introdução de novas variedades de sementes que exclua as geneticamente modificadas e as que exijam utilização intensiva de químicos; e o fim dos insumos de elevado teor energético na produção agrícola que resultam das monoculturas e do transporte a longa distância.

Em Lisboa será entregue uma cópia da petição à representação portuguesa da Comissão Europeia.

Fonte: Campanha Sementes Livres – CI

http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?m ... 34181&bl=1
 
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por Trisquel » 22/4/2011 20:50

rg7803 Escreveu:Trisquel, mas qual é a justificação que dão para essa nova directiva? O motivo é óbvio...mas gostava de perceber qual a base da argumentação de Bruxelas para essa lei.


Não tenho elementos suficientes para resposta á tua questão, mas como dizes o motivo é obvio quais os argumentos para tal :?: provavelmente o de situações anteriores, controlo de cotas, qualidade :!:

Paises como o nosso nem podem contestar estas medidas, estão mais numa de esmola que ir contra o sistema. 8-)
Cumpts.
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por Lion_Heart » 22/4/2011 19:16

Sinceramente eu não percebo estas leis, aliás percebo percebo , mas acho que só os idiotas é que as cumprem.

Não vi o resto da europa dar cabo dos campos, da pesca, das fabricas (beterraba por ex.) , criar ASAE e regras estupidas como nós fizemos.


La fora eu vejo a mesma quantidade ou ainda mais de tudo isto, mas nós não , andamos sempre a cumprir não sei bem porque, ou se calhar ate s€i
" Richard's prowess and courage in battle earned him the nickname Coeur De Lion ("heart of the lion")"

Lion_Heart
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por rg7803 » 22/4/2011 19:05

Trisquel Escreveu:"Sabem que no dia 18 de Abril é aprovada em Bruxelas uma
directiva sobre as sementes para a agricultura?

Que 75% das sementes lançadas anualmente à terra são sementes guardadas
pelos próprios agricultores e que isso será absolutamente proibido a
partir de então?

Que vão ser certificadas meia dúzia de marcas/empresas para fornecer à
agricultura, acabando com identidades nacionais nessa área?

Que apenas podem chegar ao mercado couves, alfaces e outros produtos
provenientes dessa certificação?

Que, para poder produzir, uma exploração terá de ter um mínimo de 10
hectares?

Que tudo isso se faz exclusivamente com base no interesse de algumas
empresas produtoras de sementes?

Que a maioria dessas empresas beneficiaram de apoios económicos e
financeiros em larga escala, programas oficiais da CE e empréstimos da
banca que hoje são pagos pelos contribuintes, à conta de tornar pública
uma dívida que é privada?

Que iremos ter a ASAE a correr mercados municipais a analisar, apreender e
inutilizar todos os produtos não certificados pelos donos das sementes?

Isto não é a Europa, é mais uma ferramenta mais para os desígnios da luta
global pelo poder."



Podem ler

e assinar a petição aqui:

http://www.no-patents-on-seeds.org/en/r ... s/sign-now



Trisquel, mas qual é a justificação que dão para essa nova directiva? O motivo é óbvio...mas gostava de perceber qual a base da argumentação de Bruxelas para essa lei.
“Buy high, sell higher...”.
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por Trisquel » 22/4/2011 17:32

Para os que defendem que a cultura/politica de consumo de produtos Portugueses é um atentado á escolha do consumidor, que tem a dizer sobre esta imposição, assim é que é bom os estrangeiros é que sabem! 8-)
Cumpts.
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por Trisquel » 22/4/2011 17:30

"Sabem que no dia 18 de Abril é aprovada em Bruxelas uma
directiva sobre as sementes para a agricultura?

Que 75% das sementes lançadas anualmente à terra são sementes guardadas
pelos próprios agricultores e que isso será absolutamente proibido a
partir de então?

Que vão ser certificadas meia dúzia de marcas/empresas para fornecer à
agricultura, acabando com identidades nacionais nessa área?

Que apenas podem chegar ao mercado couves, alfaces e outros produtos
provenientes dessa certificação?

Que, para poder produzir, uma exploração terá de ter um mínimo de 10
hectares?

Que tudo isso se faz exclusivamente com base no interesse de algumas
empresas produtoras de sementes?

Que a maioria dessas empresas beneficiaram de apoios económicos e
financeiros em larga escala, programas oficiais da CE e empréstimos da
banca que hoje são pagos pelos contribuintes, à conta de tornar pública
uma dívida que é privada?

Que iremos ter a ASAE a correr mercados municipais a analisar, apreender e
inutilizar todos os produtos não certificados pelos donos das sementes?

Isto não é a Europa, é mais uma ferramenta mais para os desígnios da luta
global pelo poder."



Podem ler

e assinar a petição aqui:

http://www.no-patents-on-seeds.org/en/r ... s/sign-now
Cumpts.
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por Quimporta » 9/3/2011 11:27

É um assunto que não tem sido muito aprofundado, mas a sucessão de crises políticas nos países do Magrebe teve a causa próxima na revolta pelo preço dos alimentos.

A escalada dos preços dos cereais abrandou nas últimas semanas, mas a tendência crescente está intacta.

Na Europa já sabemos o que são protestos pelos preços dos combustíveis. Como serão pelos preços dos alimentos?

Warning Of 'Food Price Riots In The UK
10:23pm UK, Tuesday March 08, 2011
Peter Hoskins, senior business produce

A senior economist at the worldwide bank HSBC has warned of civil unrest in Britain if food prices continue to soar.

Speaking on Jeff Randall Live, senior global economist Karen Ward cautioned that the UK could experience the kind of food riots seen in other countries.

"Even in the developed world I think we have very, very low wage growth, so people aren't getting more in their pay packet to compensate them for food and energy, and I think we could see social unrest certainly in parts of the developed world and the UK as well."

She went on to highlight the link between high food prices and the escalating cost of crude oil.
"More and more we are seeing that some of these foodstuffs are actually substitutes for energy itself, particularly biofuels. So I think the energy markets are a significant contributor to these food price gains."

The comments come as the United Nations warned the cost of food is now at the highest level for 21 years and set to rise further.

Food costs have gone up for eight months in a row, with the National Farmers Union forecasting the trend will continue for the rest of 2011.

The cost of basic foodstuffs has been caused by increasing demand and extreme weather destroying crops and has been partly to blame for the unrest sweeping the arabic world.

Rising prices contributed to riots across North Africa and the Middle East in the past several months that have toppled leaders in Egypt and Tunisia.

Wheat has nearly doubled in price over the past six months and rising demand has caused the cost of sugar to rise by 14% over the past 12 months.

http://news.sky.com/skynews/Home/Busine ... ue_To_Soar


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por fatimafaria » 27/2/2011 21:09

A solução terá de começar por voltar a fazermos o que os nossos pais faziam, cultivar todo e qualquer pedacinho de terra, comer mais do que a terra nos dá,e quando dá (frutas e verduras da época)
Em vez de ávores tropicais nos nossos jardins, trocá-las por ávores de fruto.
Em vez de relva em todo o jardim, deixar espaço para uma pequena horta.
 
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por Quimporta » 27/2/2011 20:47

Alimentos. vs. agrofuels, a propósito da primeira ameaça de um choque alimentar em 2008.

"Por cada 1% de aumento no custo da comida, 16 milhões de pessoas ficam em risco de fome" [min 5:15]

<iframe src="http://player.vimeo.com/video/17015795" width="400" height="300" frameborder="0"></iframe>
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por Quimporta » 16/2/2011 23:12

Ainda a propósito do "peak food"

O conceito difere ligeiramente do "peak oil". Neste caso trata-se de um planalto na produção. Ou seja, um nivel a partir do qual não é possível aumentar mais a extracção, a ponto de acompanhar o aumento permanente da procura. Daí para a frente ninguém segura o preço (150, 200, 300...) e a "sociedade de consumo imediato" que conhecemos acaba.

Em relação aos cereais não é a produção que estabiliza (fig. 3.5.1), mas a produção/per capita, que até já estabilizou (Fig. 3.5.2).

A boa noticia é que a produtividade tem subido permanentemente. (Fig. 3.5.3)

Em resumo, se não houvesse perturbações nas colheitas (este ano é a La Niña), o panorama por aqui nem era mau.

E ainda há uma parte dos cereais que é desviada para produzir energia. O real impacto disso nos preços é polémico e francamente não consigo formar uma opinião.

Fonte: http://www.ers.usda.gov/publications/ar ... pter3/3.5/
Anexos
Cereral production yeld.jpg
Cereral production yeld.jpg (82.42 KiB) Visualizado 4200 vezes
Cereral production and population.jpg
Cereral production and population.jpg (142.42 KiB) Visualizado 4205 vezes
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por lsilva4 » 16/2/2011 14:09

QuimPorta Escreveu:
lsilva4 Escreveu:Quando for grande gostaria de ver o Alentejo com campos cultivados até perder de vista...Melhor seria saber que toda a energia necessária era produzida por painéis fotovoltaicos anexos às culturas...


lsilva4... Isso não é utopia nenhuma. Não sei se serão painéis ou outra coisa. A conclusão prática do que o Marco disse aqui é que a produção de alimentos tem que se aliviar da componente energética. Não resolverá a parte dos cereais que se desvia para combustível.

No Alentejo já se encontram as maiores fábricas e centrais de produção de energia solar. Se a rentabilidade actual pode ser questionada, ao ritmo que sobe o brent, deixará de o ser daqui a ... bola de cristal não tenho, mas posso arriscar a dizer "meses".

Se nos transportes e na indústria há investimento público para fazer (Sócrates, calma que eu sei que não tens para tocar caixas de música a corda...), na agricultura já tens isso profusamente divulgado. Subsidiado, como diz o Euroverde, mas a uma escala razoável, ou seja, semelhante ao nível de subsidiação habitual em todas as restantes áreas da economia.

Abraço,


Concordo plenamente. Eu é que não fui explícito o suficiente...o que julgo mais difícil acontecer tão cedo é saber porque outrora o Alentejo foi apelidado de "o Celeiro de Portugal"...talvez a manter-se esta tendência de subida dos preços dos cereais tenhamos uma mudança de paradigma. Mesmo que não seja possível termos uma economia de escala, europeia, julgo que seria interessante pelo menos tornarmo-nos auto-suficientes.

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por Quimporta » 16/2/2011 3:08

MarcoAntonio Escreveu:Um artigo discutindo especificamente a relação de preços de energia e cereais (especificamente milho neste caso):

http://www.agmrc.org/renewable_energy/e ... dustry.cfm


Esse site é excelente.
Com a devida vénia da tua parte vou colocar aqui umas coisitas...

Há um gráfico que vale a pena deixar já.
Anexos
oil vs cereals.png
oil vs cereals.png (217.36 KiB) Visualizado 4278 vezes
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por Quimporta » 16/2/2011 2:38

caracinha Escreveu:oh quim eu tenho uma pequena quinta que e o meu hobby tudo o que sai de la custa uma fortuna desde tractor a fertilizantes ,estrumes,etc. nem imaginas. Digo tudo o que tiro da terra daquela terra sabe muito melhor que qualquer outra :lol:
Mas experimenta cultivar algo ou criar um porco ou ovelha e depois diz-me algo


Caracinha... não tinha reparado no teu post.
Se sei o que é produzir batata a mais de 5 €/kg?! Sei pois... Tenho na família quem tenha feito isso durante anos...

Vês aqui a quanto se vende... http://www.continente.pt/ProductDetailM ... ageIndex=1

Vai custar... E alguém disse que resolver o problema da fome no mundo era coisa fácil? :)
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por Quimporta » 16/2/2011 2:29

Marco,

não só temos terra para semear (abandonada, ou mal aproveitada...), como também temos níveis históricos de desemprego...
Nem preciso de dizer muito mais para se perceber a variedade de oportunidades que se abrem em Portugal num cenário de pré "peak Oil" e eventual "Peak food". (ainda não "comprei" essa :wink:)

A ruralização das economias será uma das megatendências das próximas décadas. Pela primeira vez desde o fim do Império Romano.

Será isso é mau?
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por Quimporta » 16/2/2011 2:21

lsilva4 Escreveu:Quando for grande gostaria de ver o Alentejo com campos cultivados até perder de vista...Melhor seria saber que toda a energia necessária era produzida por painéis fotovoltaicos anexos às culturas...


lsilva4... Isso não é utopia nenhuma. Não sei se serão painéis ou outra coisa. A conclusão prática do que o Marco disse aqui é que a produção de alimentos tem que se aliviar da componente energética. Não resolverá a parte dos cereais que se desvia para combustível.

No Alentejo já se encontram as maiores fábricas e centrais de produção de energia solar. Se a rentabilidade actual pode ser questionada, ao ritmo que sobe o brent, deixará de o ser daqui a ... bola de cristal não tenho, mas posso arriscar a dizer "meses".

Se nos transportes e na indústria há investimento público para fazer (Sócrates, calma que eu sei que não tens para tocar caixas de música a corda...), na agricultura já tens isso profusamente divulgado. Subsidiado, como diz o Euroverde, mas a uma escala razoável, ou seja, semelhante ao nível de subsidiação habitual em todas as restantes áreas da economia.

Abraço,
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por MarcoAntonio » 16/2/2011 2:06

QuimPorta Escreveu:Marco,

O resumo do livro "What is Peak Food" é precisamente o ponto que me levou a abrir o tópico:


Eu sei que sim...

Eu só estou a assinalar e a estabelecer a relação íntima entre a produção e preços de energia e produção e preços de alimentos, com particular e mais directa incidência nos cereais.
Imagem

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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por lsilva4 » 16/2/2011 2:04

Viva
Parabéns um excelente tópico este

Dificilmente voltará uma existir uma geração parecida com a que falava ainda que hoje ainda existam alguns "sortudos" que só agora conquistam essa consciência...aquela coisa chamada Humanidade tem que se lhe diga...tem cá uma mania de levar tudo e todos à frente...

Parte da solução da energia está inventada: -Energias Renováveis. É verdade que esta área ainda apresenta muitas lacunas, mas em relativamente pouco tempo conseguiu-se inventar e optimizar inúmeros mecanismos...Olhando para Portugal podemos considerarmo-nos uns previlegiados porque temos muitas alternativas potencialmente viáveis...

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por Quimporta » 16/2/2011 2:02

Marco,

O resumo do livro "What is Peak Food" é precisamente o ponto que me levou a abrir o tópico:

But worse is to come as food production goes into serious and sudden decline for the following reasons:

*climate change
*oil and gas shortages
*cropland losses
*crops used for ethanol and biodiesel
*competition for water
*falling fish stocks
*population increases with millions in Asia eating more meat so needing more land per person when there is less.

Two of these factors – climate change and oil and gas shortages – could independently cause catastrophic reductions in world food supplies. But if they were to happen at the same time there could be world-wide famine.

http://peakfood.co.uk/what%E2%80%99s-peak-food/


A ideia que tenho do que tenho lido é que tratando-se de uma das 3 pernas da maior ameaça que a humanidade já enfrentou (energia, clima, comida... quase ao mesmo tempo...), a componente comida é a aquela em que mais facilmente se antecipam caminhos: agricultura, biotecnologia, sustentabilidade, já está tudo inventado, e não há que gastar rios de massa porque trata-se de continuar a linha de investimentos em tecnologia que sempre foi rentável.

Um exemplo a que já me referi: a sustentabilidade energética da agricultura consiste em pouco mais que actualizar técnicas centenárias. Os moinhos de vento nasceram precisamente para isso. Já há muitas explorações 100% sustentáveis do ponto de vista energético. Em Portugal também.
Editado pela última vez por Quimporta em 16/2/2011 2:04, num total de 1 vez.
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por MarcoAntonio » 16/2/2011 1:56

Já agora, um paper sobre o mesmo tema:

http://innovative-science.com/observer/ ... ood-prices

The growth of corn-based ethanol production and soybean-based bio-diesel production following the increase in the oil prices have significantly affect the world agricultural grain productions and its prices. The main purpose of this paper is to investigate the relationships between the crude oil price and the global grain prices for corn, soybean, and wheat. The empirical results show that the change in each grain price is significantly influenced by the changes in the crude oil price and other grain prices during the period extending from the 3rd week in 2005 to the 20th week in 2008 which implies that grain commodities are competing with the derived demand for bio-fuels by using soybean or corn to produce ethanol or bio-diesel during the period of higher crude oil prices in these recent years. The subsidy policies in relation to the bio-fuel industries in some nations engaging in bio-fuel production should be considered to avoid the consequences resulting from high oil prices.


(nota: do paper só li o abstract, trata-se essencialmente de uma notícia fazendo referência às conclusões dos investigadores naquele paper)
Imagem

FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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