Quantos dias para entrar o FMI?
AutoMech Escreveu:artista Escreveu:
LTCM, não sei se percebi bem o porquê de teres colocado essa tabela?!
Penso que foi pela tua referencia ao Sócrates. Os desequilíbrios orçamentais (sem crescimento da economia) são um problema há anos, muito antes do Sócrates.
Não é bem assim, eu não tenho dados concretos mas tenho quase a certeza de que há algumas diferenças muito importantes:
1. Até 2000 os crescimentos da economia portuguesa foram bem maiores do que os registados depois disso.
2. A Dívida externa de Portugal é maior do que na maioria dos países referidos. Há países que têm dívida maior (penso que a Itália é um deles) mas grande parte da dívida está em "casa"... aqui háuma culpa repartida, por um lado os portugueses poupam pouco (embora isso também se explique por ganharem menos que os outros) por outro lado o corte nos incentivos à poupança também ajudaram e muito!
3. O maior problema dos últimos anos de Portugal tem sido a incapacidade do governo em cumprir metas importantes que ele próprio estabelece, nomeadamente no controle do défice...
... ou seja, o problema Português tem a ver com um conjunto de dados e não apenas um! De qualquer forma estou longe de me considerar um entendido na matéria, a minha opinião é formada pelo que vou vendo e ouvindo nos Média!
O problema é de todos, sem dúvida, eu só tenho pena que se tenha deixado chegar isto tão longe, aqui dificilmente alguém me conseguirá convencer que o governo não é o principal responsável...
E espero que o governo não cometa agora o erro de não recorrer a algum tipo de apoio (até pode ser da UE) apenas por teimosia, apenas para não assumirem que não conseguem resolver o problema... é que em teimosia estes já deram provas de grande mestria!
abraços
artista
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Desculpem a minha acutilancia, mas será sem querer ser maldoso ou desrespeitador, será antes um grito de desespero.
"CALEM-SE POVO MISERÁVEL, DEIXAS-TE ROUBAR ENGANAR E MATAR OS TEUS FILHOS à FOME"
Exemplos ?
-BPN (mas nada tem haver com o Cavaco, mas sim o buraco que aconteceu e continua)
-BPP
-Combustiveis
-Saúde
"CALEM-SE POVO MISERÁVEL, DEIXAS-TE ROUBAR ENGANAR E MATAR OS TEUS FILHOS à FOME"
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Lion_Heart Escreveu:Der Spiegel diz que Alemanha e França vão obrigar Portugal a capitular.
Deutsch-französischer Plan
Krisen-Portugiesen sollen unter Rettungsschirm flüchten
O El Mundo cita isso:
Alemania y Francia quieren que Portugal acepte un rescate
Actualizado sábado 08/01/2011 15:29
Berlín.- Alemania y Francia desean que Portugal acepte un rescate internacional lo más pronto posible para evitar que la crisis de deuda de la zona euro se expanda a otros países, como, por ejemplo, España.
Así lo ha asegurado la revista alemana 'Der Spiegel', que no menciona sus fuentes.
La revista afirma que a expertos del Gobierno de ambas potencias europeas les preocupa que Lisboa no pueda financiar su deuda a ritmos razonables después de que sus costes de crédito se elevaran desde finales del año pasado. Esta semana, el país pagó por colocar sus bonos seis veces más que hace un año.
Berlín y París también quieren que los países de la zona euro se comprometan públicamente a hacer lo que sea necesario para proteger al bloque de la moneda única, incluyendo el uso total del fondo de rescate de 750.000 millones de dólares aprobado el pasado mes de mayo.
Portugal es visto por muchos economistas como el país de la periferia de la zona euro que tiene más posibilidades de seguir a Irlanda y Grecia en la petición de ayuda financiera internacional mientras lucha por pagar sus deudas y controlar sus crecientes costes de crédito.
El país realizará su primera venta de bonos del año la semana próxima.
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A vantagem do FMI pode realmente ser essa, forçar até certo ponto os 2 partidos se juntarem para aprovar medidas ainda mais severas que as actuais para contermos a hemorragia que são as nossas contas publicas.
Mas a grande desvantagem do FMI, e é aqui que está o problema, são os tais 40 mil milhões que vão ser injectados cá. Como se não bastasse a divida que já temos e a qual não temos capacidade de a pagar, vai ser aumentada em mais 40 mil milhões.
Já não seremos apenas nós a paga-la. Serão também os nossos filhos e os nossos netos.
Isto é tal e qual como aquelas pessoas que para pagar os cartões de crédito vão pedir um emprestimo bancário.
Estamos sem sombra de duvidas a viver acima das nossas possibilidade, à muitos anos.
A nossa incapacidade de fazer poupança bate em varios pontos.
- A facilidade de obter crédito a preços reduzidos.
- A febre do consumismo.
- A inveja do vizinho do lado.
- A falta de educação que temos em questões económicas básicas.
Depois temos a questão dos ordenados baixos que reinam no nosso país.
Uma familia de 3 ou 4 pessoas onde entre apenas 1000 euros por mês, é realmente dificil fazer uma poupança.
De onde essa poupança poderia vir seria dos 2 subsdidios que temos, o de férias e o 13º, mas estes, como sabemos, ou vão para abater parte da divida dos cartões de crédito ou vão para as férias.
Mas a grande desvantagem do FMI, e é aqui que está o problema, são os tais 40 mil milhões que vão ser injectados cá. Como se não bastasse a divida que já temos e a qual não temos capacidade de a pagar, vai ser aumentada em mais 40 mil milhões.
Já não seremos apenas nós a paga-la. Serão também os nossos filhos e os nossos netos.
Isto é tal e qual como aquelas pessoas que para pagar os cartões de crédito vão pedir um emprestimo bancário.
Estamos sem sombra de duvidas a viver acima das nossas possibilidade, à muitos anos.
A nossa incapacidade de fazer poupança bate em varios pontos.
- A facilidade de obter crédito a preços reduzidos.
- A febre do consumismo.
- A inveja do vizinho do lado.
- A falta de educação que temos em questões económicas básicas.
Depois temos a questão dos ordenados baixos que reinam no nosso país.
Uma familia de 3 ou 4 pessoas onde entre apenas 1000 euros por mês, é realmente dificil fazer uma poupança.
De onde essa poupança poderia vir seria dos 2 subsdidios que temos, o de férias e o 13º, mas estes, como sabemos, ou vão para abater parte da divida dos cartões de crédito ou vão para as férias.
Bons negocios,
arnie
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arnie Escreveu:Sim, é verdade, são dois problemas diferentes, o endividamento das familias e o endividamento do estado, mas no seu "core", são dois problemas com a mesma origem, a incapacidade que temos em nos precaver para o que o futuro nos reserva.
Eu diria que o problema em ambos os casos (Estado e famílias) é andar a viver acima das possibilidades.
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Mais - um , a prova de fogo, é quarta-feira, mas vamos ver se os teus "amigos" iluminados , tem a o bom senso de de pedir ajuda, pelo menos a taxa é de 5%.
Mais uma vez , tem de ser os estrangeiros , a comandar o destino e impor condições a esta geração falhada do 25A.
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arnie, concordo com tudo o que escreveste, aliás isso não contraria nada do que escrevi, mas, se me permites, há pelo menos uma pessoa que não podes incluir nesse "Todos", eu!
Felizmente aprendo com os erros, passei uma vez por um período de aperto (2002/2004, mais coisa menos coisa) e disse para mim mesmo que nunca mais voltaria a ficar numa situação dessas... também acho estranho que muitas pessoas não façam uma pequena poupança que seja, é "chapa batida, chapa gasta"!
A mentalidade tem de mudar mas eu pergunto-me se não devemos exigir aos governantes um pouco mais que ao cumum cidadão?! Depois fica a questão de quem é que incentiva quem? Se o exemplo deverá vir de cima, ou se os de cima são apenas o reflexo dos de baixo, os que os elegem?!
Mas voltando ao tema... bom não volto, pelo menos para já, tenho de sair, vou jogar futsal com uns amigos, à tarde escrevo mais algumas coisas (umas larachas!)
LTCM, não sei se percebi bem o porquê de teres colocado essa tabela?!
abraços
artista

Felizmente aprendo com os erros, passei uma vez por um período de aperto (2002/2004, mais coisa menos coisa) e disse para mim mesmo que nunca mais voltaria a ficar numa situação dessas... também acho estranho que muitas pessoas não façam uma pequena poupança que seja, é "chapa batida, chapa gasta"!
A mentalidade tem de mudar mas eu pergunto-me se não devemos exigir aos governantes um pouco mais que ao cumum cidadão?! Depois fica a questão de quem é que incentiva quem? Se o exemplo deverá vir de cima, ou se os de cima são apenas o reflexo dos de baixo, os que os elegem?!
Mas voltando ao tema... bom não volto, pelo menos para já, tenho de sair, vou jogar futsal com uns amigos, à tarde escrevo mais algumas coisas (umas larachas!)

LTCM, não sei se percebi bem o porquê de teres colocado essa tabela?!
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arnie Escreveu:Alguém me pode dizer quem é que vai aprovar no parlamento as politicas do FMI que serão muito mais severas do que aquelas impostas?
O FMI não vem governar o país, vem apresentar propostas que terão que ser aprovadas pelo nosso parlamento.
Alguém me sabe dizer onde é que está a maioria parlamentar para aprovar leis mais recessivas que as actuais?
Arnie, a 'vantagem' do FMI é que obriga a que os partidos (PSD e PS) se entendam e aprovem leis (ou no limite até que alterem a constituição, se necessário).
Quando as coisas se tornam a preto e branco (leia-se ou fazem isto ou não há dinheiro do Fundo) torna-se tudo mais fácil, com a grande vantagem dos partidos poderem sempre dizer que foram 'forçados' a aprovar isto e aquilo porque os bandidos do FMI assim o exigiram.
No final fazem o que é preciso (e que toda a gente sabe o que é porque neste país não faltam os diagnósticos) mas não ficam com o ónus da culpa, pelo menos tão evidente, aos olhos dos cidadãos.
É triste mas é assim. O resto é retórica.
artista Escreveu:Era preciso termos chegado aqui? Não, se os governantes (e aqui o Sócrates tem obrigatoriamente que assumir as principais responsabilidades) têm acordado em tempo certo para os problemas...

Remember the Golden Rule: Those who have the gold make the rules.
***
"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir."
***
"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir."
Re: Quantos dias para entrar o FMI?
Lion_Heart Escreveu: Como em tudo na vida adiar o inevitavél nunca é coisa boa.
Até pode ser...mas, o subsídio de Natal não é uma coisa boa?
Lion_Heart Escreveu:Desde o inicio que a entrada do FMI era inevitavel (após bailout da Grécia) e a completa incapacidade do nosso Governo de controlar a despesa publica.
A tentação de terem uns "patacos" a mais na conta é muito maior... Incapacidade? Tudo continua perfeito...
Lion_Heart Escreveu:Andamos meses e meses a adiar o inevitavel com os custos que dai advém.
Custos para quem? Quem mais tiver, mais bem preparado estará...
Lion_Heart Escreveu:E vamos continuar.
Enquanto for possível... Pode ser que ainda se chegue ao subsídio de Férias....
Lion_Heart Escreveu:Os mercado ja nos deram a setença muito tempo atras , só não percebe quem não quer ver.
Tem muitos que não querem vêr... Isso não interessa...
Lion_Heart Escreveu:Para a semana voltamos aos mercado e pelo aspecto vamos pagar bem acima de 7% nas OT a 10 anos.
"Todos" vão pagar... Mas quem mais recebe agora, menos custa-lhe pagar depois...
Lion_Heart Escreveu:Alguém sabe o que implica pagar 7% de juro nas contas do País? Deve ser qq coisa a volta de 3,5% a 4% do PIB.
Portugal cresce a quanto? Não é a 4% de certeza.
As contas bancárias deles crescem a um ritmo mais rápido...
Lion_Heart Escreveu:Portanto quem pede e paga 7% não esta a ajudar o País, esta a enterrar o País.
Pedir não custa... E nem todos são enterrados ao mesmo tempo...
Lion_Heart Escreveu:Mas os nosso governates não entendem assim pois não serão eles a pagar a conta.
Também pagam... mas eles nunca viveram acima das suas possibilidades... (pelo menos sempre garantiram receber acima do que querem gastar).
Lion_Heart Escreveu:Uma familia ja não teria crédito, o Estado ainda tem pois da como garantia 11.000.000 de cidadãos.
O Estado também não tem crédito...
Lion_Heart Escreveu:Nota-se ainda o "sacar" enquanto FMI não chega. Anda tudo a "sacar" o máximo qual cliente entalado de um banco enquanto não é descoberto para depois desaparecer.
É cultural... por isso estamos nesta crise...
Lion_Heart Escreveu:Vimos hoje o Governo todo sorridente a dizer que a despesa do Estado desceu? a colecta subiu e cumpriu o deficit estimado.
Eles a pensarem... será que vamos chegar ao Natal?
Lion_Heart Escreveu:Ora então com a entrada dos fundos da PT e da Banca , o nosso deficit esta nos 5% ou então eu não percebi muito bem o que ele disse.
Ajuda o défice por enquanto e desbarateia a PT para sempre....
Editado pela última vez por Mares em 8/1/2011 12:18, num total de 1 vez.
Só para recordar a mensagem do Ferreira algures lá atrás neste tópico.
Por favor , leiam e quem tiver informação, partilhe. Cada um faria a sua análise depois, partilhando-a também.
Não quero desincentivar as participações "políticas" e outras, mas sendo este um Forum de Bolsa faz todo o sentido que tudo aquilo que vem sendo dito neste tópico deva ser considerado como pressupostos para o objectivo final, que o Ferreira tão bem definiu.
Só para lembrar, como foi nas Bolsas da Grécia e Irlanda ?
Por favor , leiam e quem tiver informação, partilhe. Cada um faria a sua análise depois, partilhando-a também.
Não quero desincentivar as participações "políticas" e outras, mas sendo este um Forum de Bolsa faz todo o sentido que tudo aquilo que vem sendo dito neste tópico deva ser considerado como pressupostos para o objectivo final, que o Ferreira tão bem definiu.
Só para lembrar, como foi nas Bolsas da Grécia e Irlanda ?
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Sim artista, all true...
Os problemas vêm de anos atrás, agravaram nos ultimos meses devido à situação no exterior, but in the end, vamos chegar exactamente ao mesmo sitio...
...it's pay back time.
Claro que há medidas que foram tomadas às cegas, é claro que são os mais fracos os maiores prejudicados, aqueles que devido aos seus baixos rendimentos irão sentir na pele como ninguém a palavra crise.
Tenho conhecimento de alguns casos, um até muito proximo, pais divorciados, 2 filhas menores, o rendimento dele mal dá para pagar a renda da casa dele, ela não tem emprego, vive de biscates, tb com renda de casa para pagar (chamaria aquilo mais de barraca e não casa), recebia 250 euros de rendimento minimo que no 1º corte que vizeram à uns meses tiraram-lhe 40 euros, agora neste corte não sei se lhe tiraram mais alguma coisa.
Como é que é possivel um estado não prestar o devido apoio a esta familia e a milhares de familias como estas?
Agora permitem-me olhar para o outro lado.
Esta mesma familia, antes do divorcio, tinham os 2 trabalho. Moravam num apartamento bom, boas roupas, saiam todos os fins de semana para passear, levavam uma vida de classe media, sem um unico problema.
Vieram os cartões de crédito, a compra da vivenda, os problemas matrimoniais, os problemas no trabalho e no final... foi-se tudo. Ficaram sem nada.
Sim, é verdade, são dois problemas diferentes, o endividamento das familias e o endividamento do estado, mas no seu "core", são dois problemas com a mesma origem, a incapacidade que temos em nos precaver para o que o futuro nos reserva.
Como se costuma dizer, o futuro a Deus pertence. Nós não sabemos o que vai acontecer amanhã, não podemos viver hoje e amanhã logo se vê.
Há muita gente que vive assim mesmo com tudo o que tem estado a acontecer.
Vemos os gastos que as familias fizeram neste Natal, voltaram-se a bater recordes de pagamentos por multibanco.
Vemos o nosso estado a manter os projectos megalomanos que de momento não fazem o menor sentido.
Temos um pais à beira da falencia e todos, e digo TODOS, continuamos a gastar dinheiro como se não houvesse amanhã.
Nós precisamos é de uma mudança de mentalidade e não de um FMI.
Se não mudamos de mentalidade a bem então vamos ter que a mudar a mal. Mas este "mal", enquanto cá dentro, podemos mais rapidamente nos adaptarmos a ela, enquanto se vier de fora, FMI, então vai ser a carga dos trabalhos para sair dela pois como já referi, se as contas estiverem correcta, vão ser 40 mil milhões de trabalho que teremos que resolver, ie. de pagar.
Os problemas vêm de anos atrás, agravaram nos ultimos meses devido à situação no exterior, but in the end, vamos chegar exactamente ao mesmo sitio...
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Claro que há medidas que foram tomadas às cegas, é claro que são os mais fracos os maiores prejudicados, aqueles que devido aos seus baixos rendimentos irão sentir na pele como ninguém a palavra crise.
Tenho conhecimento de alguns casos, um até muito proximo, pais divorciados, 2 filhas menores, o rendimento dele mal dá para pagar a renda da casa dele, ela não tem emprego, vive de biscates, tb com renda de casa para pagar (chamaria aquilo mais de barraca e não casa), recebia 250 euros de rendimento minimo que no 1º corte que vizeram à uns meses tiraram-lhe 40 euros, agora neste corte não sei se lhe tiraram mais alguma coisa.
Como é que é possivel um estado não prestar o devido apoio a esta familia e a milhares de familias como estas?
Agora permitem-me olhar para o outro lado.
Esta mesma familia, antes do divorcio, tinham os 2 trabalho. Moravam num apartamento bom, boas roupas, saiam todos os fins de semana para passear, levavam uma vida de classe media, sem um unico problema.
Vieram os cartões de crédito, a compra da vivenda, os problemas matrimoniais, os problemas no trabalho e no final... foi-se tudo. Ficaram sem nada.
Sim, é verdade, são dois problemas diferentes, o endividamento das familias e o endividamento do estado, mas no seu "core", são dois problemas com a mesma origem, a incapacidade que temos em nos precaver para o que o futuro nos reserva.
Como se costuma dizer, o futuro a Deus pertence. Nós não sabemos o que vai acontecer amanhã, não podemos viver hoje e amanhã logo se vê.
Há muita gente que vive assim mesmo com tudo o que tem estado a acontecer.
Vemos os gastos que as familias fizeram neste Natal, voltaram-se a bater recordes de pagamentos por multibanco.
Vemos o nosso estado a manter os projectos megalomanos que de momento não fazem o menor sentido.
Temos um pais à beira da falencia e todos, e digo TODOS, continuamos a gastar dinheiro como se não houvesse amanhã.
Nós precisamos é de uma mudança de mentalidade e não de um FMI.
Se não mudamos de mentalidade a bem então vamos ter que a mudar a mal. Mas este "mal", enquanto cá dentro, podemos mais rapidamente nos adaptarmos a ela, enquanto se vier de fora, FMI, então vai ser a carga dos trabalhos para sair dela pois como já referi, se as contas estiverem correcta, vão ser 40 mil milhões de trabalho que teremos que resolver, ie. de pagar.
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arnie
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penso que o FMI nunca vai entrar ,o que se passa e um ataque indirecto a Espanha esses sim estao em maus lençois e lançam panico no nosso mercado ,pois angolanos e afins nao fugiram do nosso mercado continuam de pedra e (petroleo),isto e apenas fogo de vista de fundos e especuladores para lucrar com a miseria que e o psi
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artista Escreveu:Eu já disse noutro tópico, dia 30 de Janeiro!!!
abraço
artista
Só, mas eles estão à espera de quê?
(pergunta retórica, obviamente!)
disclaimer: isto é a minha opinião, se não gosta ponha na beira do prato. Se gosta e agir baseado nela, quero deixar claro que o está a fazer por sua única e exclusiva conta e risco.
"When it comes to money, the level of integrity is the least." - Parag Parikh
* Fight club sem nódoas negras: http://artista1939.mybrute.com
"When it comes to money, the level of integrity is the least." - Parag Parikh
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Olá arnie, há duas coisas distintas, uma coisa é o endividamento das famílias outra é a do estado... eu não sou perito na matéria mas penso que a segunda é que é neste momento a que está a ser colocada em causa, ou seja, é a dívida do estado que já ninguém acredita que sejamos capazes de pagar!
E isso tem tudo a ver com o que disseste, os custos com a saúde, educação, etc... o grande problema é que há anos que muitos vinham alertando para isto, e o que dizia o Sócrates?! Mais coisa menos coisa era sempre o mesmo "estamos bem, não precisamos de nada". Tanto que em 2008, antes das eleições (pequeno pormenor acredito que sem a mínima importância), anunciou um aumento de 2,9% para os funcionários públicos! Diz-me lá, nessa altura o endividamento de Portugal não era já dificil de sustentar?... E depois disso? mais do mesmo, otimismo e mais otimismo que levou a esta situação (ainda hoje o vi na assembleia e só conseguia ver aspectos positivos na economia e finanças portuguesas, é um "permaotimista")...
Parece que esses problemas de financiamento que bem enunciaste, saúde, educação, etc, só apareceram há uns meses, parece que não estavam já todos a ver que a situação era insustentável???!!
E depois ainda aparecem uns milhões que eles dizem que não estavam a contar (submarinos, Estradas de Portugal, etc). Como é que eles querem que alguém acredite no que quer que seja que eles dizem?! Como é possível alguém acreditar que desta vez eles vão conseguir controlar o défice?! Ninguém acredita, e os mercados são implacáveis quando não acreditam... e tu sabes bem isso!
Estamos a chegar a uma situação em que é insustentável pagar os juros que nos estão a pedir, porque nós precisamos frequentemente de muito dinheiro emprestado para manter a máquina do estado a funcionar... daí que provavelmente estejamos a chegar a uma situação em que é melhor vir alguém injetar uns milhões que nos darão tempo para corrigir as coisas...
O problema maior é que por chegarmos ao ponto onde chegámos estão-se a fazer cortes cegos, prejudiciais à economia Portuguesa e sobretudo ao bem estar dos portugueses... o abono de família retirado a um agregado familiar que ganha 1200 euros, as taxas moderadoras pagas por quem ganha 500 euros mensais, e em muitos casos chega-se ao ridiculo, de que este é apenas um exemplo:
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/inter ... id=1680620
Era preciso termos chegado aqui? Não, se os governantes (e aqui o Sócrates tem obrigatoriamente que assumir as principais responsabilidades) têm acordado em tempo certo para os problemas...
abraço
artista
PS:Já agora, eu não vejo grandes cortes nas mordomias dos políticos, são uma classe à parte...
E isso tem tudo a ver com o que disseste, os custos com a saúde, educação, etc... o grande problema é que há anos que muitos vinham alertando para isto, e o que dizia o Sócrates?! Mais coisa menos coisa era sempre o mesmo "estamos bem, não precisamos de nada". Tanto que em 2008, antes das eleições (pequeno pormenor acredito que sem a mínima importância), anunciou um aumento de 2,9% para os funcionários públicos! Diz-me lá, nessa altura o endividamento de Portugal não era já dificil de sustentar?... E depois disso? mais do mesmo, otimismo e mais otimismo que levou a esta situação (ainda hoje o vi na assembleia e só conseguia ver aspectos positivos na economia e finanças portuguesas, é um "permaotimista")...
Parece que esses problemas de financiamento que bem enunciaste, saúde, educação, etc, só apareceram há uns meses, parece que não estavam já todos a ver que a situação era insustentável???!!
E depois ainda aparecem uns milhões que eles dizem que não estavam a contar (submarinos, Estradas de Portugal, etc). Como é que eles querem que alguém acredite no que quer que seja que eles dizem?! Como é possível alguém acreditar que desta vez eles vão conseguir controlar o défice?! Ninguém acredita, e os mercados são implacáveis quando não acreditam... e tu sabes bem isso!
Estamos a chegar a uma situação em que é insustentável pagar os juros que nos estão a pedir, porque nós precisamos frequentemente de muito dinheiro emprestado para manter a máquina do estado a funcionar... daí que provavelmente estejamos a chegar a uma situação em que é melhor vir alguém injetar uns milhões que nos darão tempo para corrigir as coisas...
O problema maior é que por chegarmos ao ponto onde chegámos estão-se a fazer cortes cegos, prejudiciais à economia Portuguesa e sobretudo ao bem estar dos portugueses... o abono de família retirado a um agregado familiar que ganha 1200 euros, as taxas moderadoras pagas por quem ganha 500 euros mensais, e em muitos casos chega-se ao ridiculo, de que este é apenas um exemplo:
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/inter ... id=1680620
Era preciso termos chegado aqui? Não, se os governantes (e aqui o Sócrates tem obrigatoriamente que assumir as principais responsabilidades) têm acordado em tempo certo para os problemas...
abraço
artista
PS:Já agora, eu não vejo grandes cortes nas mordomias dos políticos, são uma classe à parte...
Sugestões de trading, análises técnicas, estratégias e ideias http://sobe-e-desce.blogspot.com/
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artista Escreveu:Já agora arnie, achas que as medidas recessivas vão ficar por aqui? com ou sem FMI os cortes vão continuar... só na Educação provavelmente mandarão uns 20 mil professores para o desemprego no próximo ano lectivo, e neste já se está a cortar em tudo e mais alguma coisa! Com toda a certeza que em outras áreas (Saúde, justiça, policias, etc) acontecerá algo similar!
abraço
artista
Grande artista.
Xi, se eu acho que as medidas vão ficar por aqui? Tough call!
O problema é apenas um, nós e o mundo andamos à anos a viver do crédito.
Foi-nos vendido a ideia do compre agora e pague depois.
Vamos ser francos, sem crédito era impossivel obtermos o nivel de vida em que a grande maioria da população mundial hoje vive.
Era impensável termos os serviços que temos hoje em dia ao nosso dispor se não tivesse havido investimento, investimento esse proveniente do crédito.
Mas existe algo melhor que chegarmos ao banco, pedirmos dinheiro, a senhora carrega num botão e puff... milhares de euros são criados do nada?
Ora bem, isto tudo é muito bonito até que um dia chega a conta para pagar. E ai meus amigos...
Pois bem, a conta finalmente chegou.
Novamente, vamos ser francos, quem é que no seu perfeito juizo fica contente quando ouve que lhe vão tirar dinheiro do seu ordenado e que todas as suas despezas vão ter um aumento no minimo de 2%?
Ninguém certo?
Mas vamos ser sinceros, vamos ver a realidade como ela é.
É impossivel continuarmos a viver como estamos a viver. Não há estado que aguente o nivel de vida em que nós vivemos, nivel esse, que é bom que também se diga, apoiado pelo proprio estado até muito recentemente, já tarde, claro está.
Quem sustenta o estado? O povo e as empresas com os impostos pagos por estes.
O que é que temos neste momento?
A maioria da população vive neste momento à custa do estado. Não há dinheiro para pagar isto. As pessoas têm que se mentalizarem que simplesmente não há dinheiro para sustentar este tipo de despesa.
Há muita coisa que me complica com os nervos e uma delas são os serviços publicos, mais exactamente, a saude, a educação e a justiça, os 3 pilares da sociedade.
Vejamos os hospitais. Medicos e enfermeiros levam para casa de ordenado mensal entre os 1000 e os 3000 euros. Se as barbaridades que já se leram nos jornais sobre o custo de um medico na urgencia for verdade, bem, onde vão esses 3000 euros, enfim, adiante.
Digam-me, um doente que paga 1, 2, 3 euros de consulta (não faço a minima de quanto custa uma consulta), quantos doentes têm que atender os medicos
por dia só para pagarem o seu ordenado? E os enfermeiros, pessoal de limpeza, secretaria, maquinaria, luz, agua. Qual o custo mensal de um hospital ao estado?
Vejamos a educação. Um professor leva quanto para caso ao final do mês, entre 1000 a 2000 euros? Os universitários ainda mais. Quanto custa uma escola primaria, secundaria e universitaria por mês ao estado?
Justiça. Juizes a ganharem mais de 3000 euros por mês. Milhares de GNR, PSP, militares a receberem todos os meses entre 1000 a 1500 euros mês.
Quanto custa sustentar toda a frota de carros do estado por ano? (e não me venham com a historia dos topos de gama que apesar de fazer moça no orçamento não deixa de ser uma gota no oceano da despesa).
E agora o bonito, tudo isto teria que ser pago com os nosso impostos, impostos pagos por uma cada vez mais pequena percentagem de população activa.
É impossivel. Era obvio que mais cedo ou mais tarde alguém ou alguma coisa teria que começar a ceder.
OK, agora irão dizer que tudo o que escrevi é muito bonito mas, e as soluções, quais?
Bem, a de sermos ajudados pelos nosso parceiros apesar de ser bem vinda, guess what, se o FMI ou lá quem seja nos emprestar 40 mil milhões quem é que vai pagar a factura?
Se nós estamos enterrados agora, pior vamos ficar com mais 40 mil milhões em cima.
É impressionante como as pessoas não vêm isto. Aliás, nem precisamos de ir mais longe, os leilões a que fomos e a que vamos, a taxa de juros é sempre a subir. Quem é que vai pagar?
NÓS
Com FMI ou sem FMI, somos NÓS que iremos pagar os NOSSOS gastos.
Somos NÓS que temos que pagar os nossos hospitais, a nossa educação, a nossa justiça. A divida é NOSSA e somos NÓS que a vamos pagar.
Outra coisa que eu acho fascinante é a debandada dos ultimos anos dos funcionarios publicos. Perdoem-me mas sendo o vosso ordenado pago pelos nossos impostos é incontornavel estarmos a bater à vossa porta.
Basta o governo alterar a lei da reforma o que acontece, uma corrida do pessoal a ir pedir a reforma antes da nova lei entrar em vigor. Lindo não é? Lembram-se da educação que damos aos nosso filhos que falei em cima? Que ensinamento tiram as nossas crianças disto? Não admira que vemos as candidaturas para a GNR, PSP, Marinha e restantes sempre cheias. O estado está ao nosso serviço para o explorarmos até podermos. OOOPS, eu disse estado, peço desculpa, queria dizer os labregos que pagam os seus impostos para estes senhores terem o seu ordenado ao final do mês.
Quantas centenas de médicos pediram reforma o ano passado? Quantos juizes? Uma autêntica vergonha.
Toda a gente quer ter um bom ordenado, boas regalias, mas quando são chamadas para ajudarem o seu país e os seus conterrâneos é ve-los a saltar fora.
Mas se fossem so os funcionarios publicos até estavamos bem. Isto é um mal que ataca todos os niveis da sociedade.
Mas para finalizar que isto vai longo e se forem como eu que quando vejo textos longos, vejo-os de raspão), vejo apenas uma solução, aguentar o barco como está, se necessário aumentar as medidas draconianas já implementadas.
Sim, vai-nos sair do coiro, vamos penar durante uns tempos, mas vamos lá.
Se me pedirem para escolher entre o FMI e o default, acho que preferia a 2ª opção, o default.
Começar do zero, limpar a casa de cima abaixo. Naturalmente que para um default ser bem sucedido no longo prazo teriamos que ter um politico de pulso firme, com tudo o que de mau que isso pudesse representar, coisa, que sinceramente, não vejo.
Bons negocios,
arnie
arnie
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- Localização: Viras à esq, segues em frente, viras à dir, segues em frente e viras novamente à dir. CHEGASTE
Penso que será inevitável a intervenção do FMI até ao final do primeiro semestre , a colocação de divida acima dos 7% está a determinar essa intervenção.
Após as eleições presidenciais vai comecar a desenhar-se essa intervenção.
Temos os nossos vizinhos bastantes preocupados
"Corrupção tornou País mais pobre"
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/notic ... mais-pobre
Após as eleições presidenciais vai comecar a desenhar-se essa intervenção.
Temos os nossos vizinhos bastantes preocupados

Imprensa espanhola sublinha impacto de Portugal na dívida espanhola
De António Sampaio (LUSA) – Há 5 horas
Madrid, 7 jan (Lusa) -- As pressões sobre a dívida espanhola aumentaram nos últimos dois dias, atingindo os 265 pontos base, num movimento que vários analistas citados pela imprensa espanhola dizem ser um reflexo da situação económica portuguesa.
Os principais diários generalistas e económicos espanhóis destacam o tema nas primeiras páginas das suas edições online, com o jornal Expansion a citar notícias de agências internacionais que se referem à situação portuguesa e ao seu impacto na dívida espanhola.
Além da situação em Portugal o Expansion refere-se ainda ao aumento do risco da dívida da Bélgica, outro dos países que tem estado na mira dos investidores.
sexta-feira, 7 de Janeiro de 2011 | 13:29 Imprimir Enviar por Email
Portugal agrava dívida pública espanhola, escreve El País
Portugal está a agravar a dívida pública espanhola por causa da situação das contas do Estado, que, por efeito de contágio, colocam pressão sobre a dívida soberana de Espanha, escreve hoje o diário espanhol El País.
«As dúvidas sobre Portugal e as especulações de que [o país] vai acabar por ter de recorrer ao apoio dos seus parceiros do euro para solucionar os problemas de financiamento [da economia portuguesa] está a aumentar a pressão sobre a sua dívida, estendendo-se a Espanha», lê-se na manchete da edição online do jornal espanhol.
Por esta razão, «os prémios de risco de ambos os países, devido aos respetivos défices excessivos, conduziram às subidas [dos juros da dívida soberana portuguesa ] de quinta-feira (...) numa altura em que Portugal é apontado como a próxima vítima da crise após a queda da Grécia, em maio, e da Irlanda, em novembro».
O El País escreve ainda que a actual situação económica em Portugal está a provocar o aumento dos credit-default swaps (CDS), os seguros que os investidores fazem contra o eventual incumprimento financeiro de Portugal.


Correio da Manhã – Concorda com a petição lançada pelo ‘CM’?
Maria José Morgado – Concordo. Corresponde às recomendações da Convenção da ONU e, além disso, responde à exigência de maior rigor no controlo da riqueza dos titulares de cargos políticos e no controlo das contas públicas.
– A ausência da criminalização do enriquecimento ilícito prejudica o combate ao fenómeno?
– Ninguém pode dar respostas a isso. O que temos de definir é se queremos ter maior capacidade de ataque à corrupção, ou se queremos um combate mais fraco. Aí escolhemos ter institutos com menor força.
– Nesse caso será importante combater o enriquecimento.
– É muito importante o confisco dos bens ilegitimamente adquiridos, mas também criar mecanismos que facilitem a prova de aquisição por interposta pessoa, tendo em conta a camuflagem que é oferecida pela quantidade de off-shores que existem.
– A proliferação de off-shores acabou por ser o maior entrave no combate ao fenómeno?
– É um muro em que batemos se não soubermos obter a cooperação internacional. E é preciso ter atenção que muitas vezes os off-shores estão no nosso País. São meras caixas postais, em Lisboa ou arredores.
– A distinção entre corrupção para acto ilícito e para acto lícito na sua opinião faz sentido?
– Não se justifica, mas a questão volta a ser o que queremos de política criminal. Se queremos a política tradicional mantemos, se não teremos de alterar.
– Na sua opinião, a corrupção tem minado o País?
– A corrupção enfraqueceu-nos nos últimos 25 anos. Tornou o País mais pobre, aumentou os custos dos serviços públicos, enfraqueceu o Estado. Toda a criminalidade usa a corrupção. A fraude, o terrorismo, o crime organizado andam de mãos dadas com a corrupção.
– Ainda é possível mudar este estado de coisas?
– A justiça penal não faz tudo. Esta é uma guerra prolongada, se não desistirmos melhoramos.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/notic ... mais-pobre
A directora do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, Maria José Morgado, falou ao DN sobre a posição de Portugal no 'ranking' mundial da corrupção.
Portugal passou do 23.º lugar para o 35.º no ranking mundial da corrupção. Em sua opinião, a que se deve esta derrapagem negativa?
Deve-se ao melhor conhecimento por parte da opinião pública dos mecanismos da corrupção, das suas causas e consequências nefastas para as pessoas, ao baixar das águas da respeitabilidade, ficando o lodo à luz do dia. Isso foi acontecendo gradualmente nos últimos cinco anos, pelo menos. Assim, más práticas que eram invisíveis e sem rosto ganharam contornos e histórias verdadeiras.
Portugal continua sem ter indivíduos presos por corrupção?
O sistema penal é a ultima ratio, mas admito que há défice de resultados. Acontece que as instituições da administração pública e do Estado central e local continuam muito vulneráveis, que a prevenção ainda não produziu os frutos necessários, que não há auditorias no Estado sobre práticas corruptivas, que não há uma política criminal de prioridade no combate e prevenção da corrupção. O resultado é o desfasamento da justiça penal em relação à realidade. Não podemos combater um inimigo que desconhecemos e sem ferramentas legais. Não temos um sistema informático do inquérito, não temos bases de dados, não temos meios periciais adequados, mas há quem ache que temos meios de mais. Temos gente dedicada e disposta a nunca desistir. Talvez seja esse o problema.
Como pôr termo à corrupção em Portugal?
A Convenção da ONU contra a Corrupção tem a receita. Precisamos de gente honesta em instituições honestas e disposta o travar o combate. Esta é uma guerra prolongada e que nunca termina. A corrupção tornou-nos um país ainda mais pobre, com serviços mais caros, com saúde, educação, auto-estradas por exemplo, mais caras. São essas as consequências não quantificáveis das práticas corruptivas no Estado. Quando as empresas têm que pagar comissões (luvas), os serviços ficam mais caros. Quando as empresas são escolhidas não pela competência mas por critérios obscuros, temos serviços maus e mais caros. Toda a gente já percebeu isso.
O sistema de justiça tem meios para combater a corrupção?
Tem gente disposta a trabalhar com dedicação, na polícia, no Ministério Público e nos Juízes. Os meios são ridiculamente escassos, se considerarmos as recomendações do Grupo de Estados contra a Corrupção. Chamo a atenção para uma recomendação da Assembleia da República ao Governo, de 10 de Agosto de 2010, da qual constam todas as insuficiências de meios periciais, informáticos, recursos humanos e técnicos, bases de dados, etc. Quem ler essa recomendação perceberá perfeitamente.
Cumpt
só existe um lado do mercado, nem é o da subida nem o da descida, é o lado certo
só existe um lado do mercado, nem é o da subida nem o da descida, é o lado certo