Outros sites Medialivre
Caldeirão da Bolsa

Off topic - 1 de Dezembro - Restauração da independência

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Elias » 1/12/2010 12:25

Para Duarte Pio, República tem sido "uma perda de tempo"
publicado 18:39 30 Novembro '10

Inácio Rosa, Lusa

O chefe da Casa Real, Duarte de Bragança, foi entrevistado pela agência Lusa por ocasião do aniversário da restauração da independência e afirmou que os cem anos de República, recentemente comemorados, têm sido "uma grande perda de tempo", visto que todas as realizações da república estavam igualmente ao alcance da monarquia e podiam ter sido obra desta.

Um dos balanços da República - na opinião de Duarte Pio o de falir o país - era coisa que, também segundo o entrevistado, já tinha sido alcançada no começo da dita República: "Depois de 100 anos de República, nós voltamos à situação dramática em que nos encontrávamos no começo da República, que estava também num regime praticamente falido".

O chefe da corrente monárquica coloca além disso na entrevista um sinal de igual entre três movimentos militares que marcaram o século XX português: "Cada um desses golpes militares - 1910, 1926 e 1974 - provocou grandes perturbações, grandes atrasos na nossa economia, até situações de perseguição e perturbações políticas gravíssimas".

Daí que o pretendente à chefia do Estado em caso de restauração monárquica veja na abundância de convulsões "a prova de que os cem anos de República foram uma grande perda de tempo. Perdemos cem anos, no fundo, a brincar às revoluções. Chegou a altura de percebermos que as revoluções trazem mais problemas do que vantagens".

Passando da agitação anti-republicana a uma linguagem mais acomodada às medidas do OE 2011, Duarte de Bragança preconiza que o país se adapte "às novas circunstâncias em que vive hoje o mundo. Os privilégios de sermos europeus e de termos um nível de vida muito mais elevado do que os outros povos, trabalhando menos do que os outros, não podem ser mantidos. Temos que produzir para poder ter os privilégios de um Estado social e de uma situação melhor".

Por outro lado, o chefe da Casa Real defendeu na entrevista uma confederação dos países lusófonos inspirada no modelo da Commonwealth. Quase no mesmo fôlego, demarcou-se das "fantasias iberistas, que seriam inconvenientes para Portugal" e que, além do mais, criariam um quadro estatal unificado e com um trono já preenchido. A isto acrescentou que, "se perguntar aos bascos e aos catalães o bom que é ser governado pelos castelhanos, vai perceber o problema que têm os espanhóis, que é [que] os castelhanos querem mandar em todos".

O chefe da Casa de Bragança puxou ainda a brasa à sardinha da restauração monárquica, afirmando que "um rei facilitaria a unidade dos países lusófonos porque não se punha tanto o problema de quem seria a chefia de Estado dessa união". Concedeu no entanto que "pode-se perfeitamente levar o projeto [de confedceração lusófona] para a frente com repúblicas".
 
Mensagens: 35428
Registado: 5/11/2002 12:21
Localização: Barlavento

por mais_um » 1/12/2010 0:59

A ultima...

Batalha de Montes Claros


Filipe IV de Espanha não se conformava contudo com a revolta empreendida por Portugal, e vivia determinado a recuperar a Coroa Portuguesa. Tinha agora terminado a guerra que os espanhóis mantinham com os franceses em diversas frentes. Podiam assim concentrar-se em Portugal, reunir forças e material para uma ofensiva de grande envergadura, que de vez decidisse a guerra a seu favor.


O desenrolar da Batalha:

Para comandar o exército invasor, Filipe IV mandou vir da Flandres o experiente e afamado Marquês de Caracena.

Devido à disponibilidade de meios espanhóis nas diversas áreas anteriormente referidas, foram reunidas tropas que a Espanha mantinha na Europa continental, e que eram experimentadas nos vários cenários de guerra, como era o caso da Flandres, dos Estados Italianos, da Alemanha, da Suiça, e de tropas que haviam combatido as forças franceses.

Era a elite e a fina-flor dos experientes e afamados tércios espanhóis. No total o exército espanhol atingia cerca de 22,000 homens, dos quais 15,000 infantes e 7,000 cavaleiros, a grande maioria dos quais com grande experiência de combate. Este exército dispunha ainda de catorze peças de artilharia.

A 1 de Junho de 1665, o Marquês de Caracena, à frente de um poderoso exército, partiu de Badajoz, passando o Caia no dia 7. No dia 9 de Junho, Borba caía em seu poder. Investiu de seguida sobre Vila Viçosa, que cercou e tentou, sem sucesso, tomar de assalto.

O exército português reunido em Estremoz, com 20,500 soldados de infantaria e de cavalaria, pôr-se em marcha no dia 17 de Junho. Tinha como objectivo socorrer a heróica guarnição da praça sitiada, antes que esta soçobrasse ao peso dos números do inimigo, mas também de provocar uma batalha contra o exército espanhol.

No dia 17 de Junho, os espanhóis ao saberem da aproximação do exército português deixaram uma pequena força a cercar Vila Viçosa, e partiram ao encontro dos portugueses. Os dois exércitos encontraram-se então na planície situada entre as serras da Vigária e da Ossa., a partir das nove horas da manhã.

Caracena pretendeu atacar o exército português ainda em marcha, com o objectivo de criar uma confusão. O Marquês de Marialva percebeu este intento, e ordenou que o seu exército parasse em Montes Claros e dispondo-o em ordem de batalha. Schomberg executou esta missão com rapidez e com a sua hábil ciência militar.

O exército do Marquês de Caracena iniciou a marcha em massa contra as forças portuguesas, através de dois corpos, um de cavalaria e outro de infantaria, tendo-se os primeiros combates verificado junto ao Convento de Nossa Senhora da Luz.

Caracena, que colocou o seu posto de comando na Serra da Vigária, pretendia surpreender a cavalaria portuguesa que estava dividida em duas alas, carregando a cavalaria espanhola sobre o centro e a ala direita portuguesa, procurando isolá-las da ala esquerda.

O Conde de Schomberg prevendo essa intenção espanhola, fez deslocar a cavalaria portuguesa do flanco esquerdo (vinhas) para o flanco direito (contrafortes da Serra de Ossa), o que se revelou uma medida extremamente acertada.

Iniciado o ataque da cavalaria espanhola no flanco direito português, os terços e a cavalaria portuguesa da primeira linha sofreram uma forte pressão, salvando-se apenas dessa situação crítica pelo referido reforço da cavalaria portuguesa e pela intervenção decidida da artilharia chefiada por D. Luís de Meneses, que abriu fogo à queima-roupa contra as linhas inimigas.

Ao mesmo tempo a infantaria espanhola avançou, apesar das dificuldades do terreno composto por vinhas, sobre a infantaria portuguesa situada na ala esquerda.

Perante esse avanço espanhol, um regimento inglês efectuou uma retirada precipitada, dois regimentos franceses foram rechaçados e um terço de auxiliares de Évora que ia em seu auxílio sofreu um revês.

O Conde de Schomberg que com grande diligência acudia aos mais difíceis confrontos, chamou três terços portugueses e introduziu-os nesse local a combater. Esta iniciativa obrigou os castelhanos a perder o terreno que haviam ganho.

Mais tarde e depois de recomposta, a cavalaria espanhola procurou romper a segunda linha da ala direita portuguesa. Perante a situação crítica que se criou, destacou-se o Marquês de Marialva ao organizar uma forte resistência com piques e artilharia, bem como o Conde da Ericeira, D. Luís de Meneses que comandava a artilharia portuguesa, conseguindo-se dessa forma evitar o recuo do exército português.

Deram-se em seguida choques muito duros e violentíssimos entre os esquadrões dos dois exércitos, com avanços e recuos entre as duas cavalarias. Nesse momento o Marquês de Marialva temendo que a infantaria espanhola acabasse por romper o flanco esquerdo português, situado como se referiu num terreno com vinhas, o que comprometeria a defesa brilhante que a segunda linha portuguesa do centro e da direita estava a efectuar, desguarneceu a ala direita portuguesa, e deslocou alguns terços para a ala esquerda. Este movimento, efectuado com rapidez, permitiu restabelecer o equilíbrio do combate a favor das forças portuguesas, evitando-se assim o rompimento das linhas portuguesas.

A Batalha foi de uma dureza extrema, estando durante muito tempo indecisa, ou parecendo mesmo pender para o lado espanhol. Ás três da tarde, depois de sete horas de duros combates, foi possível suster a agressividade dos ataques do exército espanhol, em face da tenaz e bem organizada resistência portuguesa.

As forças portuguesas, depois de recompostas das primeiras brechas e sob a protecção da sua artilharia que colocada nos contrafortes da Serra d´Ossa sempre se revelou extremamente eficaz, conseguiram fazer recuar o inimigo.

Verificando não conseguir romper as forças portuguesas, a cavalaria castelhana parou as suas cargas e a artilharia suspendeu os disparos.

O exército espanhol pretendeu então retirar disfarçadamente, tendo D. Diniz de Melo, general de cavalaria, sido avisado dessa intenção, decidindo então carregar decididamente sobre os castelhanos. A investida foi tão enérgica que transformou a retirada em debandada desordenada.

O Marquês de Marialva ao ver a cavalaria espanhola em fuga em direcção a Borba, tirou o máximo partido da situação cortando-lhe a retirada.

Este facto agravou ainda mais a desordem da retirada, deixando então o exército espanhol na posse dos portugueses milhares de prisioneiros. Escaparam apenas quatro terços que se tinham concentrado na Serra da Vigária, junto ao Marquês de Caracena.

Nesse momento, a guarnição de Vila Viçosa ao verificar a evolução da batalha, investiu corajosamente, rompendo o cerco que 1,800 espanhóis lhe faziam. Foi apresada a artilharia espanhola que se encontrava em volta de Vila Viçosa, sendo também feitos muitos prisioneiros. Os restantes sitiantes espanhóis debandaram.

A Batalha de Montes Claros terminou assim com uma pesada derrota espanhola, depois de nove horas de combates.

O exército português sofreu cerca de 700 mortos. O exército espanhol sofreu contudo 4,000 mortos e 6,000 prisioneiros, tendo ainda perdido 3,500 cavalos, que foram posteriormente distribuídos pelas várias companhias do Reino. Foram também capturadas ao exército castelhano 14 peças de artilharia, inúmeras balas, todo o tipo de armas de infantaria, oitenta bandeiras de infantaria e dezoito de cavalaria.

Mais um grande general espanhol era imolado na fogueira da guerra da restauração. Mais um perigoso plano de invasão fora batido e a independência do reino consolidada.


Consequências da Batalha de Montes Claros:
O resultado desta Batalha teve importante significado e consequências para os dois
lados. Para Portugal, a Batalha dos Montes Claros foi a vitória militar da Restauração
que abriu definitivamente o caminho para o tratado de paz com a Espanha, o que
permitiria terminar com os enormes sacrifícios humanos, financeiros e materiais
associados a esta guerra. Para Espanha, esta Batalha contribuiu decisivamente para a
convicção, tanto da Corte como da nobreza espanhola, de que seria impossível a
submissão de Portugal pelas armas, e que portanto seria inútil o prosseguimento da luta.
Bastará para este efeito referir que quando Filipe IV recebeu em Madrid a carta do
Marquês de Caracena, referindo ter o seu exército sido desbaratado, mas que o pretendia
reorganizar de forma a retomar os combates contra Portugal, o monarca espanhol, ao ler
que o seu exército havia sido desbaratado, não leu mais nada, e deixou cair a carta
exclamando: “Parece que o quer Deus”.

http://www.fundacao-aljubarrota.pt/arch ... Claros.pdf
No plano internacional, a vitória portuguesa em Montes Claros acentuou o propósito da França e da Inglaterra em promoverem o estabelecimento de um tratado de paz entre Portugal e Espanha.

Para a França, a independência de Portugal relativamente a Espanha, contribuiria para assegurar a hegemonia europeia que a Guerra dos Trinta Anos lhe concedera. Desta forma, a França chegou mesmo a assinar com Portugal em 31 de Março de 1667, uma aliança ofensiva e defensiva, por 10 anos, contra Carlos II de Espanha.

Para a Inglaterra, a divisão entre Portugal e Espanha, favoreceria o aumento do seu poderio naval e facilitaria a sua expansão ultramarina. Por isso o embaixador inglês em Madrid trabalhou em 1666 e 1667 num tratado anglo-espanhol em que se previa uma trégua de 45 anos com Portugal.

Este quadro político levou assim à assinatura do Tratado de Paz em Madrid a 5 de Janeiro de 1668, e ratificado em Lisboa a 13 de Fevereiro. Este tratado previa uma paz perpétua entre os dois Países.

http://www.fundacao-aljubarrota.pt/?idc=29

"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8133
Registado: 14/11/2008 0:48
Localização: Lisboa

Francamente...

por bboniek33 » 30/11/2010 18:58

eu, que nem sou Portugues (nativo) julgo essencial que o orgulho nacional seja enaltecido e que os cidadaos tenham esse sentimento. O Patriotismo nao ee um valor anoodino.

Sejamos Portugueses inteiros !
Imagem
 
Mensagens: 2713
Registado: 22/4/2003 23:12

por mais_um » 30/11/2010 0:43

Batalha do Ameixial


Em 15 de Novembro de 1656 fez-se o juramento do novo rei, D. Afonso VI, então com apenas 13 anos.

Com a morte de D. João IV, com a recuperação da Catalunha em 1652 e com a amenização militar noutras frentes, nomeadamente com o fim da “Guerra dos Trinta Anos” em 1648, Madrid resolveu concentrar as suas forças na recuperação de Portugal.

Em Janeiro de 1659 dá-se a Batalha das Linhas de Elvas, onde o exército português obtém nova vitória retumbante.

A regência de D. Luísa de Gusmão manteve-se até 23 de Junho de 1662, data em que D. Afonso VI, então com 19 anos, assume o poder em Portugal.

Em Abril de 1663 concentra-se o exército espanhol em Badajoz, comandado por D. João de Áustria, filho de Filipe IV, pronto para invadir Portugal. O exército espanhol era composto por 15,000 infantes, 6,500 cavaleiros, 5,000 carros com munições e mantimentos e 20 peças de artilharia. Tratava-se do maior exército que Espanha tinha reunido para invadir Portugal.


O desenrolar da Batalha:

O exército invasor seguiu para Évora, que tomou a 22 de Maio. Perante esta situação, o exército português, comandado por D. Sancho Manuel, dirigiu-se para Évora, a fim de provocar o combate.

O exército espanhol não aceitou contudo o desafio, decide evacuar Évora e opta por recuar em direcção à fronteira, para depois atingir Badajoz.

D. João de Áustria percebeu que dificilmente conseguiria deixar de dar batalha. Desta forma, o exército espanhol julgou ver no Ameixial uma posição que lhe seria favorável. Estava a 5 km de Estremoz.

D. João de Áustria toma então a decisão de colocar o seu exército em posição de batalha, colocando nomeadamente parte da sua artilharia em três montes aí existentes (Monte dos Ruivinos, Serra Murada e Serra da Granja).

O exército português, que avançava pela estrada vinda de Estremoz, deparou ao romper do dia com o exército espanhol instalado nestas posições defensivas. A Batalha do Ameixial, iniciou-se assim no início do dia 8 de Junho de 1663, com o ataque português ás posições espanholas.

O Conde de Vila Flor destacou Manuel Freire de Andrade com quinhentos homens de cavalaria e dois regimentos de infantaria, com o objectivo de desalojar os castelhanos do Monte dos Ruivinos, pois esta era das três colinas a primeira que se encontrava na sua frente.

Este ataque foi conduzido com grande valentia, o que obrigou os espanhóis a abandonarem uma posição que consideravam inexpugnável e a retirarem pelo outro lado da encosta, em direcção à Serra da Granja e à Serra Murada (Outeiro dos Ataques).

Nesse momento o exército português ocupava a Serra dos Ruivinos e a Serra da Caldeirinha. O Conde de Schomberg ordenou então que no alto de cada uma dessas duas colinas fossem colocadas cinco peças de artilharia, para protegerem as nossas forças.

O exército espanhol, composto por cerca de quatro mil carros manchegos, cada um com aproximadamente seis metros, puxados por mulas ou por bois, ocupava um gigantesco cortejo.

Este exército avançava a uma velocidade reduzida, pela “estrada estreita e profunda” vinda de Évora em direcção a Arronches, numa coluna de carros que se estendia por mais de 3 Km.

Para proteger esta coluna de carros e carruagens, D. João de Áustria mandou colocar a infantaria nos vértices da Serra da Granja e da Serra Murada, bem como quatro peças de artilharia em cada uma dessas colinas.

O grande objectivo de D. João de Áustria era contudo o de assegurar a retirada do seu exército para Arronches, pois entendia que aí o poderia reforçar significativamente.

Cerca das três da tarde, D. Luís de Meneses, Conde da Ericeira, que estava a dirigir o fogo de artilharia do Monte dos Ruivinos, notou que das oito peças de artilharia castelhana situadas nas Serras da Granja e da Murada, apenas quatro continuavam a disparar. Significava isto que o exército espanhol se ia retirando.

Em face desta situação, o exército português decide atacar, a meio da tarde, a Serra Murada (Outeiro dos Ataques), onde se entrincheirara D. João de Áustria, que considerava estar numa posição inexpugnável.

Esta Serra era defendida essencialmente pela infantaria espanhola. No ataque participaram quatro terços de infantaria portuguesa: Tristão da Cunha comandava o terço que atacou a Serra pelo lado direito; pela frente atacaram dois terços, comandados respectivamente por João Furtado e Francisco da Silva; pelo lado esquerdo Tomaz Hut, tenente–coronel inglês comandava outro terço, composto essencialmente por ingleses.

Os soldados portugueses tinham ordens de D. Luís de Meneses para não dispararem enquanto não atingissem o alto da Serra, pois o tiro dos inimigos sendo disparado do alto da Serra, perderia força e seria pouco certeiro.

Os três terços portugueses chegaram ao mesmo tempo ao cimo desta Serra, tendo então todas as suas armas disparado simultaneamente, o que muito surpreendeu e perturbou os castelhanos. Perante isto e apesar da valentia de D. João de Áustria, a infantaria espanhola acabou por abandonar a colina, deixando aí as quatro peças de artilharia.

Estas peças de artilharia foram de imediato utilizadas por D. Luís de Meneses, contra as posições espanholas. A infantaria espanhola em fuga reagrupou-se durante algum tempo na Serra da Espargueira, contiguidade da Serra Murada. Contudo, durou pouco tempo esta resistência, em face do continuado ataque dos terços portugueses vindos da Serra Murada. D. João de Áustria montou então a cavalo e retirou-se para Arronches.

As nossas forças tinham contudo ainda de conquistar as posições castelhanas da Serra da Granja, onde se encontrava infantaria e artilharia inimiga, bem como a coluna de carruagens e de cavalaria espanhola que atravessava o Vale dos Perdigais em direcção a Arronches.

Ocorreu então um choque violentíssimo entre os dois exércitos, com provas de coragem extrema de ambos os lados. Os portugueses desenvolveram em todos os seus ataques uma táctica oportuna e de grande bravura. Tendo durado várias horas, este ataque saldou-se mais uma vez pela retirada das forças castelhanas.

No Vale dos Perdigais a cavalaria e os restos da infantaria espanhola passaram a estar debaixo de um fogo intenso e continuado da artilharia portuguesa, então já posicionada nas encostas da Serra da Espargueira, da Serra Murada, Tejos e Monte Pelado, tornando praticamente impossível o escoamento da coluna de carros e carruagens espanholas para fora do campo de batalha, pela referida “estrada estreita e profunda”, sobretudo no apertado desfiladeiro entre o Montinho e o Monte Pelado, em direcção a Arronches.

Os espanhóis ficaram assim como que “engarrafados” no Vale dos Perdigais, com a agravante de que os 4,000 prisioneiros portugueses que seguiam na vanguarda desta coluna, ao verem esboçar-se a vitória a favor dos seus compatriotas a evolução da batalha, voltaram-se contra os espanhóis, retirando-lhes as armas que puderam e começando a combater contra eles.

A multidão de soldados e acompanhantes que vinham na retaguarda da coluna espanhola, e que pretendiam pôr-se a salvo, esbarravam com os que vinham da vanguarda, atropelando-se mutuamente.

Até descer a escuridão dessa noite, batalhou-se arduamente, tendo-se mais uma vez provado a valentia da infantaria e cavalaria portuguesa.

Com efeito, a cavalaria e a infantaria portuguesas atacaram ao longo dessa área a extensa coluna de carros e carruagens espanholas, que se movimentavam escoltadas por infantaria, mas sobretudo pela cavalaria espanhola.

Apenas com o raiar do sol do dia seguinte, foi possível ver toda a extensão deixada no terreno pela Batalha, tanto nos vales, como nos diferentes montes e colinas.

A vitória portuguesa foi esmagadora, tendo os espanhóis sido completamente desbaratados, deixando no campo 4,000 mortos, 2,500 feridos e 6,000 prisioneiros.

Foram apreendidos ao exército espanhol nomeadamente 18 canhões, 2,811 cavalos, 5,000 carruagens muitas delas com ouro e prata, 6,000 bois, 8,000 mulas, 6,000 granadas, 3,000 balas de artilharia, 2 coches de Príncipe e 25 coches particulares.

O exército português sofreu aproximadamente 1,000 mortos entre os portugueses, trezentos mortos entre os franceses e cinquenta mortos entre os ingleses.


Consequências da Batalha:

A Batalha do Ameixial foi fundamental para que Portugal se mantivesse como Portugal e tivesse chegado ao séc. XXI, como País independente. Com efeito, esta Batalha insere-se numa forte ofensiva espanhola, no sentido de conseguir retomar o País perdido.

O resultado desta Batalha teve importante significado e consequências para os dois lados. Para Portugal, a Batalha do Ameixial foi a mais importante vitória militar da Restauração, pois ela resolveu possivelmente a mais perigosa situação que Portugal enfrentou durante o período de 1640 a 1668.

A Batalha do Ameixial passou à história como uma das mais violentas e esforçadas, mas também das mais gloriosas nas Guerras da Restauração.

Para Espanha, esta Batalha contribuiu para que crescentemente alastrasse a convicção, nomeadamente na Corte e na nobreza espanhola, de que seria praticamente impossível a submissão de Portugal pelas armas, e que portanto seria inútil o prosseguimento da luta.

No plano internacional, a vitória portuguesa no Ameixial convenceu cada vez mais a França e a Inglaterra de que seria desejável o estabelecimento de um tratado de paz entre Portugal e Espanha.

É assim possível afirmar que com a inequívoca vitória portuguesa na Batalha do Ameixial, terminou uma das maiores ameaças à restauração da independência portuguesa e se abriu o caminho à existência de um País livre

http://www.fundacao-aljubarrota.pt/?idc=28

"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8133
Registado: 14/11/2008 0:48
Localização: Lisboa

por mais_um » 29/11/2010 0:29

Elias Escreveu:
Tridion Escreveu:E pensar que muitos portugueses prefeririam ser espanhóis... :roll: :roll:


Sim, é verdade, mas não podemos esquecer que essa preferência é marcadamente conjuntural...


SIm, é tudo uma questão de interesses.... :mrgreen: :mrgreen: Já o era em 1641...

Uma parte da nobreza e alguns prelados se mostraram hostis, e em Madrid assim que a «rebelião» do duque de Bragança foi conhecida, foi considerado traidor, versão que a diplomacia filipina espalhou nas capitais europeias. Os que viviam em Madrid recusaram a oferta de regresso e de perdão do monarca, «na inveja senhorial que mantinham pela casa de Bragança», segundo Veríssimo Serrão. Houve assim grave cisão no corpo da nobreza, que se confirma pelas tensas e lembranças concedidas desde 1641, e «a limpeza no tecido social alterou em muitas famílias o quadro da sucessão patrimonial, havendo muitos nobres que pagaram com o definitivo exílio o seu desamor ou falta de confiança na Restauração». Houve mesmo tentativa de assassinar D. João IV e no «Rossio, a 29 de Agosto de 1641, pagaram os riscos da conspiração o marquês de Vila Real, o duque de Caminha, o conde de Armamar e D. Agostinho Manuel, assim como o doutor Belchior da Fonseca, Cristóvão Cogominho, guarda-mor da Torre do Tombo, Pedro de Baeça», alguns mercadores, e outros mais. «A sentença puniu os crimes de lesa-pátria e lesa-majestade, pelo que o silêncio foi tido por encobrimento.»

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_IV_de_Portugal

"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8133
Registado: 14/11/2008 0:48
Localização: Lisboa

por Elias » 27/11/2010 21:33

Tridion Escreveu:E pensar que muitos portugueses prefeririam ser espanhóis... :roll: :roll:


Sim, é verdade, mas não podemos esquecer que essa preferência é marcadamente conjuntural...
 
Mensagens: 35428
Registado: 5/11/2002 12:21
Localização: Barlavento

por Tridion » 27/11/2010 21:23

E pensar que muitos portugueses prefeririam ser espanhóis... :roll: :roll:
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 1352
Registado: 13/5/2010 17:53
Localização: Lx

Off topic - 1 de Dezembro - Restauração da independência

por mais_um » 27/11/2010 21:18

Na próxima 4ª feira, dia 1 de Dezembro, comemoramos a restauração da independência, penso que a maior parte dos portugueses deve saber o que se comemora, mas não me enganarei muito se afirmar que a maior parte da população portuguesa desconhece os feitos dos portugueses desse tempo, os sacrifícios que fizeram e a capacidade demonstrada para superar as dificuldades, conseguindo ao fim de 28 anos que Espanha reconhecesse formalmente Portugal livre e independente (tecnicamente Portugal sempre foi independente, tínhamos era um Rei comum com Espanha, tanto que em Portugal era Filipe I, que assinava os documentos oficiais referentes a Portugal como Rei de Portugal e dos Algarves, etc....) .

Considerando os tempos difíceis que temos pela frente e o desânimo patente em muitas conversas que tenho tido e em muitos comentários que vou lendo no Caldeirão, penso que é importante relembrar um pouco da nossa história, relembrar que já superamos dificuldades maiores e que temos condições para ultrapassar as actuais dificuldades, (como eu costumo dizer, só a morte é que não tem solução... :wink: )

Continuando na História, só através da força das armas é que conseguimos impor aos espanhóis a separação das coroas, assim vou colocar ao longo dos proximos dias descrição resumida das principais batalhas da restauração da independência, que como devem calcular foram ganhas por nós. :mrgreen:

Batalha das Linhas de Elvas:
Em Outubro de 1658, depois de ter obrigado os portugueses a terminarem o ataque a Badajoz, o exército espanhol, comandado por D. Luís de Haro, perseguiu o exército português, tendo atravessado a fronteira na Ribeira do Caia, dando início ao cerco que levaria à Batalha das Linhas de Elvas.

O exército espanhol era composto por aproximadamente 14,500 homens, dos quais 11,000 infantes e 3,500 cavaleiros. O exército português era composto por duas partes.

A primeira, que se encontrava no interior do forte de Elvas, incluía 5,000 infantes provenientes do Exército do Alentejo, que havia retirado de Badajoz, e 6,000 infantes, incluindo milícias e ordenanças, como guarnição da praça.

A segunda parte consistia no exército de socorro proveniente de Estremoz, que atingia 11,000 homens, compostos por 2,500 soldados pagos, 5,500 auxiliares e ordenanças e 3,000 cavaleiros.

Tendo partido de Estremoz em 11 de Janeiro de 1659, o exército de socorro português chegou á Serra do Bispo, de onde avista Elvas, em 13 de Janeiro.

Apresentou-se face aos Murtais, entre o forte de Nossa Senhora da Graça e o forte de São Francisco, como que dando a entender que pretendiam atacar noutro local. Este estratagema surtiu efeito, pois D. Luís de Haro optou por manter a guarnição espanhola disseminada pelas linhas de cerco, e portanto a enfraquecer essas forças.

O assalto português começou ao amanhecer cerca das sete horas, tendo apenas atingido as linhas espanholas pelas nove horas da manhã. A tropa espanhola apenas avistou os militares portugueses pelas oito horas, tendo assim ainda algum tempo para os defensores se organizarem.

A linha de ruptura escolhida pelos portugueses teria cerca de 1,000 metros de largo e nela haveria cinco fortins, estando os portugueses organizados para atacar ao longo de toda esta extensão.

Apesar das descargas do fogo espanhol, que produziram seguramente baixas visíveis na tropa portuguesa, a dianteira da vanguarda portuguesa conseguiram subir e forçar a linha espanhola, não obstante a solidez da posição defensiva.

A primeira ruptura ter-se-á verificado à esquerda da linha, ou seja, mais próximo do Forte de Nossa Senhora da Graça, por aí existirem menos efectivos espanhóis susceptíveis de auxiliar a defesa.

Quebrada a linha de defesa, os portugueses começaram a penetrar pelas linhas adentro, isolando os fortins e iniciando o assalto a estes. A cavalaria espanhola posicionada na encosta do Forte de Nossa Senhora da Graça, com cerca de 700 cavaleiros, terá então investido sobre os portugueses, mas foi logo apanhada de flanco por uma força de cavalaria portuguesa saída da guarnição de Elvas, que embora menos numerosa, lhe causou alguma desorganização Neste combate entrou também nesta altura uma força de cavalaria espanhola proveniente do quartel da Vergada, que carregando sobre a cavalaria portuguesa esteve a ponto de a liquidar.

Felizmente, contudo, a cavalaria da vanguarda portuguesa, que havia entretanto já penetrado nas linhas espanholas, veio em seu auxílio, de tal forma que, em conjunto com a cavalaria portuguesa da guarnição de Elvas, conseguiram ao fim de pouco tempo pôr em fuga toda a cavalaria espanhola para o Forte de Nossa Senhora da Graça e mesmo em direcção a terrenos distantes do campo de batalha. Por este motivo, a maior parte da cavalaria espanhola não se voltou a envolver nesta batalha.

Pelas 10 da manhã, o conjunto da força portuguesa havia já penetrado nas linhas espanholas. Iniciou-se então o ataque português aos diversos fortes e fortins existentes ao longo da linha de contravalação e de circunvalação, o que em todos os casos implicou lutas renhidas e extremamente difíceis.

Por volta das 15 horas, D. Luís de Haro, que observara a batalha do Forte de Nossa Senhora da Graça, sem ter um papel activo, retirou para Badajoz, levando consigo praticamente toda a cavalaria sobrevivente.

No final do dia 14 de Janeiro, estavam ainda em mãos dos espanhóis o Forte de Nossa Senhora da Graça e o quartel da Corte, onde se resguardaram as melhores tropas espanholas. O forte da Vergada fora entretanto abandonado pelos militares espanhóis, que o queimaram na sua retirada.

No total, as forças espanholas tiveram cerca de 2,500 mortos, 4,000 prisioneiros, bem como 15,000 armas e 20 bocas de fogo capturadas, para além de outro material militar. As forças portuguesas tiveram cerca de 200 mortos, 600 feridos, ao que se deverá juntar cerca de 5,000 mortos provenientes do cerco de Elvas, nomeadamente pela peste.


Consequências da Batalha das Linhas de Elvas:

Em primeiro lugar a Batalha de Linhas de Elvas teve como consequência quebrar a intenção de Filipe IV de avançar militarmente para Lisboa e voltar portanto a conquistar Portugal. Ficou bem claro em 1659 que os portugueses estavam organizados militarmente, tinham a determinação de lutarem pela sua independência, pelo que a tarefa da conquista de Portugal iria no mínimo ser mais difícil e mais custosa em termos humanos e materiais, do que inicialmente se tinha previsto em Espanha.

Em segundo lugar, a Batalha das Linhas de Elvas aumentou significativamente o prestígio de Portugal e a sua causa de independência na Europa. Este facto trouxe-lhe apoios externos valiosos, que reforçaram militar e diplomaticamente a sua capacidade defensiva.

A Batalha das Linhas de Elvas foi, depois da Batalha do Montijo em 1644, o segundo grande sucesso militar da Restauração portuguesa. Foi a implementação e a concretização no terreno, de um estado de espírito e de um desejo de independência que estava já generalizado na maioria esmagadora da população portuguesa

http://www.fundacao-aljubarrota.pt/?idc=27&idi=4469
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8133
Registado: 14/11/2008 0:48
Localização: Lisboa


Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: aaugustobb_69, acintra, caganixo7, Ferreiratrade, Google [Bot], Google Feedfetcher, IX Hispana, malakas, nunorpsilva, OCTAMA, Olhar Leonino, rg7803, Shimazaki_2, trilhos2006 e 177 visitantes