"Alemanha devia sair do euro" - Soros
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A sustentável leveza da Senhora Merkel
12 Novembro2010
Pedro Santos Guerreiro
Espanha começou ontem a dizer aos mercados que não é Portugal.
É o que há seis meses dizemos da Grécia. Habitue-se à ideia: estamos hoje mais próximos de precisar do FMI do que de evitá-lo. Ricardo Salgado admitiu-o ontem pela primeira vez: "Já esteve mais longe." Muito mais longe.
Portugal é hoje a terceira peça do dominó que começou a tombar na Grécia. É o dominó GIPSI (foneticamente semelhante a "gipsy", ou cigano), acrónimo que estabelece a ordem da queda: primeiro a Grécia, depois a Irlanda, Portugal, Espanha ("Spain") e em último a Itália. Eis-nos emparedados entre o provável pedido de ajuda da Irlanda e o impossível SOS da Espanha.
Espanha é um país "too big too fail", grande de mais para cair sem levar a moeda única atrás. Esse pode ser, curiosamente, o nosso amuleto: servirmos como escudo de protecção à Espanha.
Passámos a depender dos outros. A intervenção externa em Portugal resulta hoje de um jogo de palavras e expectativas: a Alemanha e a França fecharam as escotilhas, deixando os outros países de fora do seu compartimento estanque.
A medida que a Alemanha prenuncia fará até sentido: que, depois de 2013, os credores passem também a perder quando os países colapsam. Mas dizê-lo nesta fase é como trocar a corda bamba em que caminhamos e a rede que está sob ela por uma lâmina afiada sobre uma piscina de álcool etílico. É revoltante, pois pensávamos que o euro era uma zona desmilitarizada. É incongruente, pois a mesma senhora Merkel já veio pedir que lhe dêem o desconto, assumindo que as suas frases têm intenções de popularidade doméstica. Mas é também irrelevante. Porque a Alemanha pode o que Portugal não pode. Ao contrário do ser do livro de Kundera, a leveza da senhora Merkel é bastante sustentável. A nossa economia é que não.
Em Portugal, começa a parecer que os partidos não estão sequer empenhados em evitar o FMI. Depois de demorarem meses a acordar e semanas a aprovar um Orçamento, continuam basbaques. O PS e o PSD anunciam agora que vão retomar as negociações na segunda-feira. Mas andaram a fazer o quê nas últimas duas semanas?! A descansar de uma semaninha mal dormida para o acordo entre Teixeira dos Santos e Eduardo Catroga?
As ínfimas hipóteses de que dispomos exigem uma execução orçamental milimétrica, sem concessões e controlada ao minuto. Mas os partidos continuam empenhados em sair vencedores de uma crise política. Depois do inaceitável estado de negação do Governo durante meses, veio uma inaceitável derrapagem no PEC 2, a que seguiu um inaceitável calculismo em torno do Orçamento. Mas, nas últimas semanas, o PSD juntou-se ao PS neste pânico paralisante de testar em tempo real o impacto das suas acções e inacções. Portam-se como os alcoólicos anónimos, vivendo um dia de cada vez. Só que ao contrário: não em recuperação, mas em condenação. Cada dia a mais sem fazer nada é um dia a menos para evitar o degredo.
O Orçamento para 2011 poderia ser suficiente se não tivéssemos deitado a credibilidade pela retrete com o PEC 2. Fixados no estado crítico, ficámos vulneráveis às perfídias de Merkel e Sarkozy.
Mesmo com o FMI, todas as medidas têm de ser aprovadas pelo Parlamento, que passará a ser - como na Grécia - um tabelião que carimba as ordens dos "homens de fato preto e óculos escuros". Mas nem para isso há acordo político. Os nossos estadistas de há trinta anos eram tão falidos como os de hoje mas eram de outra cepa. Esta geração ignorante dos ex-jotas não merece o poder que lhe foi delegado. E por isso o perderá.
destaco um ponto que parece um lugar comum, um cliché. Só nos falta saber como resolvê-lo!
Esta geração ignorante dos ex-jotas não merece o poder que lhe foi delegado. E por isso o perderá.
não "o perderá" para ninguém pois o nosso sistema político alimenta-se no viveiro das jotas!
ainda não queremos no governo pessoas com as ideias de medina carreira, do henrique neto e outros porque eles são realistas demais e não dão aquela esperança que precisamos. precisamos de pessoas que nos dêem esperança, nem que seja vã, de que vamos todos ser felizes. enquantos os políticos se revezam eficazmente nessa função, estes senhores não passam de uns agoirentos que há anos que andam a dizer que as medidas do governo, os compromissos assumidos, os orçamentos de estado, as contas públicos, os encargos financeiros,caminham numa direcção insustentável.
eu quando os ouvia, há anos, pensava: ou estes gajos são uma nulidade, tem vista curta, e só sabem cavar na própria campa, ou então a terem razão, quando isto bater na parede vai ser lindo.
agora toda a gente correr para todo o lado a ver se o céu não lhe cai em cima.
mas dias de esperança virão novamente.
Editado pela última vez por bolo em 12/11/2010 16:57, num total de 1 vez.
Acabei de me auto-promover a Principiante!
Aaahhgrrr,... os meus dedos não estalam!!!
TAMBÉM QUERO SER RICO! Por onde começo? Estou disposto a deixar de trabalhar!
Aaahhgrrr,... os meus dedos não estalam!!!
TAMBÉM QUERO SER RICO! Por onde começo? Estou disposto a deixar de trabalhar!
"Alemanha devia sair do euro" - Soros
Soros ataca o euro...??
George Soros
"Alemanha devia sair do euro"
A troca de argumentos prossegue. Depois de ontem ter acusado a Alemanha de ser um "perigo" para a Europa, George Soros elevou a parada e de forma deliberadamente provocatória aconselhou hoje o Governo alemão a sair do euro. Grécia e Espanha agradeceriam. E a Alemanha saberia finalmente o quão difícil é viver com uma moeda sobrevalorizada, escreve.
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Eva Gaspar
egaspar@negocios.pt
A troca de argumentos prossegue. Depois de ontem ter acusado a Alemanha de ser um “perigo” para a Europa, George Soros elevou a parada e de forma deliberadamente provocatória aconselhou hoje o Governo alemão a sair do euro. Grécia e Espanha agradeceriam. E a Alemanha saberia finalmente o quão difícil é viver com uma moeda sobrevalorizada, escreve.
Num artigo de opinião publicado esta manhã no site do “Financial Times”, o multimilionário acusa a Alemanha de se ter esquecido das lições da Grande Depressão dos anos 30, ao impor uma dieta orçamental à Europa numa fase muito prematura da retoma, que arrisca a condenar o Continente a um “longo período de estagnação, senão pior”. “No pior cenário, a UE pode ficar paralisada e ser destruída pela emergência dos extremismos xenófobos e nacionalistas”.
No artigo, intitulado “A Alemanha deve reflectir sobre o impensável”, Soros escreve que é a Alemanha, como maior exportador europeu, que mais tem a ganhar com a política deflacionista que quer impor ao conjunto dos países do euro, mas que para os periféricos isso significará “empurrá-los para a depressão” e para um contexto em que continuarão a assistir ao “acumular das suas dívidas”.
O mega-investidor diz não ter ilusões sobre a disponibilidade de a Alemanha inverter a trajectória de austeridade – que impôs aos demais, e si própria – porque a “deflação fará com que a Alemanha fique mais competitiva nos mercados internacionais”. Por isso solta a provocação – “saiam do euro” – na expectativa de que, pondo-se na pele de outros, a Alemanha venha ainda a arrepiar caminho.
Se isso acontecesse, antecipa, “o marco subiria, o euro cairia. O resto da Europa ficaria mais competitivo e poderia resolver as suas dificuldades, mas a Alemanha descobriria o quão doloroso pode ser uma moeda sobrevalorizada”.
Merkel garante que fez mais do que os outros para combater a recessão
A troca de argumentos surge depois de, também num artigo publicado na edição escrita do “Financial Times” de hoje, o ministro alemão das Finanças ter assegurado que a Alemanha “sabe que tem uma responsabilidade na promoção do crescimento na Europa e no mundo”.
Em vésperas da cimeira do G20, que se reúne neste fim-de-semana em Toronto, Wolfgang Schäuble, sublinha porém que a Alemanha entende que esse papel de promotor do crescimento deve ser cumprido “não através de mais endividamento público, mas cumprindo a nossa tradição de âncoras de estabilidade”.
Já hoje, antes de partir para o Canadá – onde ouvirá de Barack Obama e de outros líderes mundiais reparos na linha do de Soros – Angela Merkel insistiu que o plano de poupança de 80 mil milhões de euros é para levar até ao fim e que a ideia de eventualmente baixar impostos (como defendem os Liberais, parceiros da coligação governamental) é prematura.
"Vamos aplicar as medidas de poupança que aprovámos, acho que não podemos abrandar", disse Merkel à televisão pública ARD, citada pela agência Lusa.
O ministro da Economia, Rainer Bruederle, foi um dos que relançou a ideia, logo após o Ministério das Finanças alemão ter anunciado que a melhoria da receitas do Estado permitirá reduzir o endividamento em 20 mil milhões de euros em 2010, e em 15 mil milhões de euros em 2011.
Merkel sublinhou ainda ter respondido a Barack Obama – que lhe pediu para não por “travão demasiado cedo” – que a Alemanha "fez mais do que a média dos outros países" para reanimar a conjuntura mundial.
A discussão promete prosseguir este fim-de-semana e dificultar a fixação de orientações comuns entre os líderes do G20 sobre qual deve ser afinal a prioridade: cortar défices ou, ainda que sem exageros, tentar revitalizar a economia.
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