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Caldeirão da Bolsa

O Renascimento de Gordon Gekko

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Al Pacino, Eva Green and Susan Sarandon.

por LTCM » 4/11/2010 22:36

Hedge Funds Get Star Treatment In Planned Pacino Movie

Nov 4 2010 | 7:58am ET

The hedge fund industry was bumped from a starring role—albeit a villainous one—in this year’s sequel to “Wall Street” but will make it to the silver screen next year in the form of Al Pacino.

The Academy Award-winner will star in “Arbitrage” as a hedge fund manager desperate to sell his firm to a major bank before his fraud can be uncovered, according to Variety. But things go wrong in “unexpected, bloody” ways, the Hollywood paper of record reports, forcing Pacino’s character to seek help from an unlikely source.

Starring opposite Pacino will be Eva Green and Susan Sarandon.

Filming of the movie, which is written and directed by Nicholas Jarecki, will begin in New York in the spring. It will be Jarecki’s first full-length non-documentary film.

A hedge fund manager was set to play a key role in “Wall Street: Money Never Sleeps” as the evil boss of the legendary Gordon Gekko’s would-be son-in-law. But the role, played by Josh Brolin, was changed by director Oliver stone at the urging of Kynikos Associates head James Chanos and economist Nouriel Roubini.


http://www.finalternatives.com/node/14399
Remember the Golden Rule: Those who have the gold make the rules.
***
"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir."
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por MNFV » 6/10/2010 10:14

Eu fui ver o filme.

Para já o Oliver Stone filma muito bem, e é sempre um prazer ver planos bem filmados, coisa que, com os indies, filmes mosaico e efeitos especiais, cada vez é mais raro.

É como ver um quadro bem pintado de um assunto da treta.

Acho que o genro é um erro de casting. Um bonzinho naquele meio?

Depois aprendi: gostei de ver os bastidores do colapso do Bear Stearns mascarados, das reuniões entres os banqueiros américas e o secretário do tesouro, como as decisões são tomadas. O peso da responsabilidade daquelas decisões todas. O peso das relações pessoais em decisões que afectam milhões. O moral hazard, ou risco moral na tradução (errada?)portuguesa de salvar bancos podendo criar um clima de impunidade.

O fim é banal, mas também, who cares, o Geko ficar bom ou mau, o casal ficar junto ou separado. É só um filme, 2 minutos finais do mesmo.

Abraços a todos
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por Arte-Sacra » 6/10/2010 10:08

O Filme roda à volta da Moral Hazzard.
Um tema mais negro que a Greed no primeiro filme.

Infelizmente, as semelhanças com a realidade, não são pura coincidência.

Pareceu-me que, para o Oliver Stone, foi uma forma de mostrar ao Público o maior roubo da história civilizacional (Wall Street goes Pubic).

Em poucos anos, perderam-se/ganharam-se Triliões que o contribuinte terá de pagar em várias gerações.

No filme, à Goldman Sachs, só lhes faltou chamar pelo nome. À Bear Sterns e Lehman Brothers também.

Um filme a ver. Mas preparem-se para um murro no estômago, pois o que vos apresentam como ficção, na verdade sucedeu. Os mesmos personagens com diferentes nomes.
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por Ulrich » 6/10/2010 10:05

Viva,
como já foi dito um filme é essencialmente um produto de consumo destinado a maximizar os lucros.
Esta é a mentalidade de Hollywood,que o cinema Europeu teima em não seguir como premissa básica, tornando-se subsidio-dependente e justificando-o com fabuloso epíteto -Cinema de Autor-.

O filme está bem feito, tem bons diálogos e o retrato da Golman S. é muito bem apanhado.

Em relação à situação dos "aficionados do mercado" que acham que foi um filme da "Barbie e Ken", é a mesma coisa que perguntar a um soldado que acabou de servir seis meses no Afeganistão o que ele achou do Rambo III.

Abraços
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por pvg80713 » 6/10/2010 9:18

eu achei que foram 2 horas que não valeram a pena.
até a Carey me parece uma miuda banal... mas tambem ja dizia isso da miuda dos filmes de vampiros e parece que se esta a safar. mas continuo a achar que são banais...

o Gordon Gekko.......... envelheceu. ficou ternurento como se percebe no fim... ou seja... morreu para mim ! talvez o truque neste filme seja o de o Gordon lançar o genro... tipo a saga de O Padrinho...
 
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por canguru » 6/10/2010 2:19

Garfield Escreveu:Agora que já estreou em Portugal, qual é vossa opinião/reacção acerca do filme?

A questão é para aqueles que o foram ver obviamente :)

BN
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só fui porque não tinha planos para essa noite 8-)
hollywoodesco demais para o meu gosto.

2 horas que honestamente só valeram a pena pela carinha engraçada da carey mulligan
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por Fenicio » 6/10/2010 1:05

Garfield Escreveu:Agora que já estreou em Portugal, qual é vossa opinião/reacção acerca do filme?

A questão é para aqueles que o foram ver obviamente :)

BN
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Não fui ver o filme à espera de receber uma lição sobre o que se passou no auge da crise financeira em Wall Street, mas o Oliver Stone até que consegue transmitir uma visão bem realista (apesar de bastante romantizada) daqueles acontecimentos.

O que posso dizer é que foram 2 horitas bem passadas no cinema... e mais nada. :)
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por Garfield » 6/10/2010 1:02

Agora que já estreou em Portugal, qual é vossa opinião/reacção acerca do filme?

A questão é para aqueles que o foram ver obviamente :)

BN
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por bolo » 22/9/2010 12:24

Atomez Escreveu:Convém perceber uma coisa muito simples -- as 3 principais razões porque se fazem filmes em Hollywood são:

1 - ganhar dinheiro
2 - ganhar mais dinheiro
3 - ganhar ainda mais dinheiro

Como se consegue isso? Uma das maneiras é contar às pessoas a história que elas querem ouvir.


bruxo!
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por atomez » 22/9/2010 2:31

Bem... o Warren Buffett foi à estreia!

Se calhar foi aprender alguma coisa... NOT!
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As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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por MarcoAntonio » 22/9/2010 1:11

Dito de outra forma: o Oliver Stone durante anos considerou a hipótese de uma sequela para o seu sucesso Wall Street...

A crise financeira dos últimos 2 ~ 3 anos foram a oportunidade perfeita para o Oliver Stone lançar a sequela junto de um público mais receptivo ao tema.

Não é que o Oliver Stone tenha alguma mensagem particularmente pertinente a transmitir sobre os mercados...
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por atomez » 22/9/2010 1:05

Convém perceber uma coisa muito simples -- as 3 principais razões porque se fazem filmes em Hollywood são:

1 - ganhar dinheiro
2 - ganhar mais dinheiro
3 - ganhar ainda mais dinheiro

E como é que se ganha dinheiro com filmes? Atraindo audiências pagantes. O que é preciso é convencer a maior quantidade possível de gente a separar-se de uns quantos dollars ou euros ou o que for que usem no sítio. E que depois aluguem os videos, comprem DVDs e mais umas t-shirts e bonés e bonecos.

Como se consegue isso? Uma das maneiras é contar às pessoas a história que elas querem ouvir.

Os filmes não retratam realidade nenhuma, retratam a ideia que a maior parte das pessoas tem do que realidade é ou gostavam que fosse.
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por canguru » 21/9/2010 21:51

não tou com muita pica para filmes hollywoodescos mas 5ª ou 6ª à noite devo passar pelo monumental para me distrair, com umas beers como entrada.
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O Renascimento de Gordon Gekko

por Lion_Heart » 21/9/2010 19:19

O Renascimento de Gordon Gekko
21 Setembro2010 | 11:56
Nouriel Roubini - © Project Syndicate, 2008. www.project-syndicate.org


No filme Wall Street, de 1987, a personagem Gordon Gekko disse a famosa frase: "A ganância é boa".
O seu ditado tornou-se o ethos de uma década marcada por excessos no sector financeiro e empresarial. Assim foram os anos 80, que culminaram com o colapso do mercado das obrigações de categoria junk [lixo] e com a crise das Savings & Loan [instituições de poupança especializadas em crédito imobiliário]. No filme, o próprio Gekko foi parar à prisão.

Uma geração mais tarde, a sequela Wall Street 2 mostra Gekko a sair da prisão e a regressar ao mundo das finanças. O reaparecimento acontece exactamente no momento em que a bolha de crédito alimentada pelo boom das hipotecas sub-prime [recurso a empréstimos hipotecários de alto risco] está prestes a rebentar, desencadeando a pior crise económica e financeira desde a Grande Depressão.

A mentalidade ao estilo de "a ganância é boa" é um aspecto que acompanha regularmente as crises financeiras. Mas seriam os operadores e os banqueiros da crise do sub-prime mais gananciosos, mais arrogantes e mais imorais do que os Gekkos dos anos 80? Nem por isso, já que a ganância e a imoralidade nos mercados financeiros têm estado presentes ao longo dos séculos.

Ensinar os princípios e os valores morais em faculdades de Economia e Gestão não vai acabar com este comportamento, mas tal pode ser feito com a alteração dos incentivos que beneficiam os lucros a curto prazo e que levam os banqueiros e os operadores a tomarem riscos excessivos. Aliás, estes intervenientes da última crise financeira responderam de forma racional aos sistemas de bonificação, pois estes permitiram-lhes assumir uma enorme quantidade de dívida e assegurar amplos bónus. No entanto, isso quase levou um grande número de instituições financeiras à bancarrota.

Para evitar estes excessos, não é suficiente confiar em melhores regulações e supervisões, devido a três razões:
• Os banqueiros e operadores astutos e gananciosos vão sempre encontrar formas de contornar as novas regras;
• Os CEO e os conselhos de administração das empresas financeiras (sem mencionar os reguladores e os supervisores) não conseguem monitorizar eficazmente os riscos e os comportamentos de milhares dos vários focos de lucros e prejuízos numa firma, tendo em conta que os operadores e os banqueiros são eles próprios centros individuais de ganhos e perdas com o seu próprio capital em risco;
• Os CEO e os conselhos de administração estão eles próprios sujeitos a maiores conflitos de interesse, visto que não representam o verdadeiro desejo dos principais accionistas da empresa.

Como resultado dessa situação, qualquer reforma na regulação e na supervisão vai falhar no controlo de bolhas e de excessos a não ser que sejam alterados muitos outros aspectos fundamentais do sistema financeiro.

Em primeiro lugar, os sistemas de atribuição de bónus têm de ser radicalmente modificados através da regulação, já que os bancos não o vão conseguir fazer sozinhos por medo de perderem elementos talentosos para a concorrência. De modo particular, os bónus baseados nos resultados a médio prazo dos negócios e investimentos mais arriscados têm de substituir os baseados no curto prazo.

Em segundo lugar, a revogação da lei que separou a banca de investimento da banca comercial, a Glass-Steagall Act, foi um erro. O antigo modelo das parcerias privadas, onde os "sócios" tinham um estímulo para supervisionar cada um dos outros de forma a evitarem investimentos negligentes, foi substituído pela concorrência agressiva entre as empresas públicas e entre estas e os bancos comerciais para alcançarem uma rentabilidade crescente, algo que é conseguido apenas com níveis imprudentes de endividamento.

Da mesma maneira, a passagem do modelo de empréstimo de "cria e mantém" para um modelo de "cria e distribui", com alicerces na titularização, levou a uma forte transferência de risco. Só o último elemento da cadeia de titularização estava exposto ao risco final ligado ao crédito. Os outros apenas cobravam altas recompensas e comissões.

O terceiro ponto está relacionado com o facto de os mercados e as empresas financeiras se terem tornado o centro de conflitos de interesse que precisam de ser eliminados. Estes conflitos são internos porque as companhias que operam nos segmentos da banca comercial, da banca de investimento, de operações de proprietary trading [investimento próprio das empresas em acções], da criação e negociação de mercado, dos seguros, da gestão de activos, do private-equity [capital de risco], das actividades dos hedge-funds [fundos de cobertura de risco], e ainda outros serviços, estão em todas as vertentes de cada negócio (e o recente caso do Goldman Sachs é apenas a ponta do iceberg).

Também existem problemas de representatividade no sistema financeiro, já que os investidores - como é o caso dos accionistas - não podem fiscalizar correctamente as acções dos mandatários (CEO, gestores, operadores, banqueiros), já que eles têm os seus próprios interesses. Além do mais, o problema não está apenas no facto de os accionistas de longo prazo serem enganados pelos investidores sedentos de capital a curto prazo, porque há problemas de representatividade mesmo entre os accionistas. Se as instituições financeiras não tiverem capital suficiente e os accionistas não tiverem grande parte da sua pele em jogo, vão levar os CEO e os banqueiros a assumirem riscos e endividamento, pela simples razão de que os seus rendimentos líquidos não estão em causa.

Contudo, há um duplo problema de representatividade duplo tendo em conta que os accionistas minoritários - os accionistas a título individual - não controlam directamente os conselhos de administração nem os CEO. São representados por investidores institucionais (fundos de pensão, etc.) cujos interesses, agendas e relacionamentos por vezes os alinham mais com os CEO e com os gestores das empresas. Em consequência, as repetidas crises financeiras são também o resultado de um sistema fracassado de governação empresarial.

Em quarto lugar, a ganância não pode ser controlada por nenhum apelo à moralidade e aos valores. Ela tem de ser controlada pelo medo da perda, que advém da percepção de que não haverá resgate para os agentes e para as instituições que arrisquem demasiado. Embora os sistemáticos resgates da última crise tenham sido necessários para evitar um colapso global, a verdade é que eles agravaram o problema do risco moral. Não só as instituições financeiras "too big to fail" foram salvas, como também se agravou a distorção devido ao facto de estas instituições se terem tornado - através da consolidação do sector financeiro - ainda maiores. Mas se uma instituição é grande demais para falir, então é porque é muito grande e precisa de ser fragmentada.

A não ser que façamos estas reformas radicais, novos Gordon Gekkos e Charles Ponzis irão aparecer. Para cada um dos Gekkos punidos e posteriormente renascidos (como acontece com a personagem no novo filme Wall Street) irão nascer centenas de outros ainda mais vis e gananciosos.


Nouriel Roubini é professor de Economia na Stern School of Business, Universidade de Nova Iorque, é "chairman" da consultora global de macroeconomia Roubini Global Economics (www.roubini.com) e é co-autor do livro intitulado Crisis Economics: A Crash Course in the Future of Finance


© Project Syndicate, 2010.
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Tradução: Diogo Cavaleiro

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