Três meias verdades
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Três meias verdades
Na sequência do que tinha aqui : http://caldeiraodebolsa.jornaldenegocios.pt/viewtopic.php?t=73809&start=41
dito sobre a importância de ler nas entrelinhas , e pensar para alem daquilo que é sistematicamente "bombardeado" pela comunicação social , recomendo agora este artigo de Ricardo Reis . Não concordo com tudo o que é dito no último parágrafo , parece-me sobretudo que está "curtito" e muito mais haveria a dizer, no entanto no geral parece-me um artigo muito bom :
http://www.ionline.pt/conteudo/80139-tres-meias-verdades
dito sobre a importância de ler nas entrelinhas , e pensar para alem daquilo que é sistematicamente "bombardeado" pela comunicação social , recomendo agora este artigo de Ricardo Reis . Não concordo com tudo o que é dito no último parágrafo , parece-me sobretudo que está "curtito" e muito mais haveria a dizer, no entanto no geral parece-me um artigo muito bom :
http://www.ionline.pt/conteudo/80139-tres-meias-verdades
Três meias verdades
por Ricardo Reis, Publicado em 25 de Setembro de 2010
Se pudéssemos recuar no tempo e saber o que sabemos hoje não teria havido erros e os políticos não necessitariam das meias verdades
O perigo das meias verdades é que revelam tanto como escondem. Por um lado, constituem informação útil e apontam caminhos. Por outro lado, uma meia verdade não resolve um problema e pode mesmo inebriar quem a descobre e passa a achar que tudo é simples. Existem pelo menos três meias verdades acerca da crise económica actual em Portugal.
A primeira diz que a crise começou com os problemas nos mercados financeiros internacionais em 2008. É verdade que nos últimos dois anos o desemprego tem subido de forma imparável e o aumento nas taxas de juro tem sido asfixiante para toda a política económica. Mas a crise portuguesa já vem de trás. Entre 2000 e 2009, o PIB per capita cresceu apenas 1%. É toda uma década perdida. Entre 1960 e 2000, o crescimento médio num intervalo de 9 anos foi 41%; o pior período tinha sido 1974-83, em que crescemos só 14%, mas construímos uma democracia. Em breve, este período da história portuguesa vai começar a ser referido como a grande depressão do início do século xxi.
A depressão agravou-se nos últimos dois anos porque Portugal deve ao exterior cerca de 2,3 vezes aquilo que produzimos num ano inteiro. Logo, quando os fundos para o crédito secaram, e as taxas de juro subiram, o endividado Portugal sofreu um enorme choque.
Uma segunda meia verdade diz que não teríamos este problema se não tivéssemos pedido tanto dinheiro emprestado na última década. No entanto, quase todas as depressões no mundo no último século levaram ao endividamento. Quando Portugal deixou de crescer, os portugueses pediram emprestado para sustentar o seu nível de vida na esperança de que a estagnação fosse temporária. É fácil dizer em 2010 que, porque não crescemos há uma década, não devíamos ter pedido tantos empréstimos. Mas em 2002, ou mesmo em 2005, não era assim tão claro que Portugal não ia começar a crescer em breve.
A terceira meia verdade diz que basta pôr as contas públicas em ordem para resolver o problema. Provavelmente, cortar a despesa pública, e com isso reduzir os juros que pagamos no exterior, levaria ao crescimento económico. Também provavelmente uma reforma fiscal que penalizasse o consumo e premiasse a poupança daria o seu contributo. E, já agora, combater os grupos de interesses e forçar maior concorrência nos sectores não transaccionáveis. Ou também talvez continuar a promover as novas tecnologias e as energias renováveis, assim como a reduzir os custos de transporte com a Europa. A verdade é que não há certezas no que diz respeito ao crescimento económico. Podemos discordar em relação ao que constitui o melhor caminho, e para confrontar pontos de vista temos espaços de debate e, em último caso, as eleições. Mas mal se use a palavra "basta" para resolver a grande depressão portuguesa está-se a dizer uma meia verdade.
"In my whole life, I have known no wise people over a broad subject matter area who didn't read all the time - none, zero" - Charlie Munger
"Entre os seres humanos, existe uma espécie de interacção que assenta não nos conhecimentos, nem sequer na falta de conhecimentos, mas no facto de não se saber quanto não se sabe ..." - John Kenneth Galbraith
"Entre os seres humanos, existe uma espécie de interacção que assenta não nos conhecimentos, nem sequer na falta de conhecimentos, mas no facto de não se saber quanto não se sabe ..." - John Kenneth Galbraith
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