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Caldeirão da Bolsa

Alemanha: Portugal não está fazer suficiente para evitar ...

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Marco Martins » 15/9/2010 22:06

O mercado já não dá o benefício da dúvida a Portugal Escreveu:15 Setembro 2010 | 08:52
Jornal de Negócios Online - negocios@negocios.pt

O presidente da Comissão Executiva do BPI, Fernando Ulrich, quer que "o Governo, o Banco de Portugal, os principais bancos e eventualmente as grandes empresas nacionais se articulem" para baixar significativamente o peso do financiamento externo na economia portuguesa.
O apelo de Ulrich - proferido na passada segunda-feira numa intervenção na Câmara Municipal de Paredes - surge na sequência do fim das medidas extraordinárias de apoio ao sistema financeiro que o BCE já tem calendarizado, e que pode tornar o financiamento externo da economia portuguesa ainda mais difícil, noticiou o Diário Económico.

(...)
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=443527



Juros da dívida portuguesa a 10 anos sobem cinco pontos base Escreveu:15 Setembro 2010 | 15:11
Sara Antunes - saraantunes@negocios.pt

Investidores estão hoje a cobrar mais a Portugal para comprarem dívida pública. Esta é aliás uma tendência que se espalha por toda a Europa, numa semana marcada pela venda de dívida de vários países da Zona Euro.
A “yield” das obrigações a 10 anos de Portugal está hoje a subir 4,9 pontos base para 5,764%, o que corresponde à primeira subida em três sessões, num dia em que o IGCP realizou um leilão de Bilhetes do Tesouro com uma maturidade de um ano.

O juro cobrado pelos investidores para comprarem dívida a cinco anos está a subir 6,4 pontos para 4,557%, e a taxa de retorno exigida para a compra de obrigações a dois anos está a crescer 1,6 pontos para 3,568%.

Esta subida surge numa altura em que os receios relativos às contas públicas regressam ao mercado, numa semana marcada pela venda de dívida por parte de muitos países da Zona Euro. Durante esta semana deverão ser colocados no mercado cerca de 27 mil milhões de euros em dívida por parte de países da região.

Hoje foi a vez de Portugal, e ainda que o IGCP tenha conseguido colocar no mercado os 750 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro a um ano, tal como o estimado, a verdade é que só o fez mediante o pagamento de uma taxa de juro de 3,369%, o que compara com os 2,756% pagos na última emissão de dívida a um ano – realizada no início deste mês.

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=443629



Lembram-se da última vez que o Ulrich pediu para se falar a verdade aos portugueses??? Foram duas semanas muito complicadas!!!

De 2.76 para 3.37 só é uma diferença de 22% superior à última emissão...

Bom, isto é grave... muito grave!
Editado pela última vez por Marco Martins em 15/9/2010 23:25, num total de 1 vez.
 
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por MarcoAntonio » 15/9/2010 22:02

Tridion Escreveu:Agora fico à espera das ideias de quem não tem esperança no País, só para ver se ainda fazem mais sentido!


Eu não sei se estás à espera de uma reposta minha, mas como insistes muito em mais respostas aqui fica o esclarecimento: eu não me enquadro no grupo de pessoas a quem tens feito a pergunta, conforme tens feito a pergunta.
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por Tridion » 15/9/2010 21:57

:clap: :clap: Algumas das coisas já faço, outras nem por isso mas são ideias boas e construtivas, que provavelmente irei por em prática a curto prazo.

Agora fico à espera das ideias de quem não tem esperança no País, só para ver se ainda fazem mais sentido!
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por Elias » 15/9/2010 21:39

Tridion Escreveu:E perante isto vi que aquilo que tento fazer como indíviduo segundo alguns não serve para nada, nem para mim nem para o País, e como gosto de aprender quero saber como devo agir perante as dificuldades, segundo o prisma que Portugal está completamente arruinado e sem esperança.

Emigrar não quero, gosto de Portugal e quero que a minha vida activa seja em prol do País.


Tridion, vou dar-te a minha opinião sobre a questão que levantas: se queres fazer algo em prol do país então começa tu próprio a fazer coisas pelo país. Não estou a falar de trabalho, mas sim de açcões GRATUITAS (isto é, sem qualquer tipo de retribuição financeira). Estou a falar de voluntariado no seu sentido mais vasto possível, ou seja, todas as acções que fazes sem expectativa de retorno que não seja a tua satisfação pessoal.

Por exemplo: vês uma coisa qualquer que está mal (um sinal vandalizado, uma passadeira, um ecoponto cheio de lixo que não é esvaziado, um semáforo estragado, um serviço público que não funciona, um painel informativo que está desactualizado... então envias uma carta ou um e-mail à entidade responsável a comunicar a situação e com um pedido / sugestão de rectificação (ou uma reclamação, se preferires). Estou a falar, por exemplo, de coisas que são da responsabilidade das autarquias, das instituições públicas ou até de empresas privadas. Ao enviares essa carta a única expectativa que tens é a de que esse problema seja corrigido. Antes que penses que isto é um disparate pegado, posso dizer-te que já fiz isto mais de mil vezes (sim, leste bem: mais de MIL vezes), para diferentes entidades públicas e privadas - com resultados nem sempre satisfatórios, mas aqueles em que o resultado foi positivo dá-me vontade de continuar a agir.

Outro exemplo: adere a uma organização sem fins lucrativos que tenha um propósito qualquer em prol da sociedade, seja ela de limpeza de praias ou seja de promoção de determinadas actividades (desportivas, culturais, ambientais, recreativas...). Com isto ajudarás a fomentar o interesse das pessoas pelos outros e pela sua própria comunidade. Pela minha parte posso dizer-te que sou membro de diversas organizações sem fins lucrativos e que já dediquei muitas centenas de horas a contribuir de forma gratuita para ajudar essas organizações, em diversos
projectos e actividades.

Ainda um terceiro exemplo: desenvolve um site na Internet a divulgar algo de que gostes e que achas que tem valor para o país: a tua terra, a tua comunidade, os valores culturais da tua região, um monumento... se possível convida outras pessoas para fazer esse projecto contigo e observa as reacções delas (umas irão querer contribuir e outras não - e também aqui falo por experiência própria).

Quarto exemplo: inscreve-te na Wikipedia (caso não sejas já membro registado) e contribui com tudo o que puderes e souberes para melhorar a informação que lá se encontra em português. Estarás a dar o teu contributo para tornar a língua e a cultura portuguesa mais forte (também aqui posso referir que sou membro registado há vários anos na Wikipedia lusófona e tenho mais de duas mil contribuições nessa enciclopédia online - tudo feito gratuitamente, claro).

Poderia dar-te outros exemplos mas penso que já deixei clara a minha ideia. Acredito que os maiores contributos que podemos dar são aqueles que não têm outra expectativa de retorno a não ser o de dar uma contribuição positiva para a sociedade. Quanto o dinheiro entra na equação, fica tudo estragado.

A mudança de comportamentos e de mentalidades começa em cada um de nós.

Poderás responder-me "está bem isso é tudo muito bonito mas em que é que isso resolve a situação económica do país". Pois, a bem dizer, a situação económica não resolve, mas do meu ponto de vista o maior problema de Portugal não é sequer a situação económica, mas sim a mentalidade individualista do nosso povo, em que cada um está mais voltado para si próprio do que para a sociedade que o rodeia; acredito que o país só evoluirá realmente quando a mentalidade mudar e acredito que com acções como as que descrevi (e outras desta natureza) estaremos a dar passos na direcção certa.

Espero ter ajudado. :wink:
 
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por MarcoAntonio » 15/9/2010 21:31

migluso Escreveu:A generalidade das pessoas não quer (directamente) o mal do país. A generalidade das pessoas apenas quer simplesmente o seu bem estar. E o seu bem estar - ou a forma como o concebe - representa, salvo raras excepções, o bem do país...

Na minha opinião faz mais sentido assim.


Na minha opinião, faz menos (no contexto português).

Isso será mais o que se passa em países onde a qualidade de vida, perante recursos naturais semelhantes, é bem melhor do que a nossa. Dos exemplos e evidências de que o comportamento dos portugueses não é coerente com a promoção do bem estar comum já dei uma amostra...

Tu apenas apresentaste uma visão redutora do produto final de cada um (referiste-te e baseaste apenas no trabalho como medida absoluta, descurando tudo o resto, até a medida relativa desse trabalho no contexto socio-económico; do ponto de vista ideológico assentas na "bondade" generalizada que achas existir no ser-humano, o que para mim é igualmente insuficiente para aferir o que quer que seja). O que é relevante é como as pessoas agem como um todo e no seu conjunto e não aquilo que cada um pensa fazer (por exemplo, se acha que é suficiente). E se o interesse pessoal colide com o interesse geral ou mesmo o interesse individual quando tomado com base numa decisão colectiva ou colectivamente informada, é uma questão complexa, explorada por exemplo em teoria dos jogos com paradoxos como o paradoxo do prisioneiro, paradoxo do viajante, tragédia dos comuns, etc. São problemas conhecidos e não é líquido de todo que quando um individuo toma uma decisão individual que visa o seu benefício, está a contribuir para o benefício geral e em última instância para o seu próprio benefício individual.

E bem estar é aqui tido, como já sublinhei, como uma medida relativa...
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por Marco Martins » 15/9/2010 21:20

migluso Escreveu:
MarcoAntonio Escreveu:A generalidade das pessoas não quer (directamente) o mal do país. A generalidade das pessoas apenas quer simplesmente o seu bem estar. E o seu bem estar - ou a forma como o concebe - representa frequentemente o mal do país...


A generalidade das pessoas não quer (directamente) o mal do país. A generalidade das pessoas apenas quer simplesmente o seu bem estar. E o seu bem estar - ou a forma como o concebe - representa, salvo raras excepções, o bem do país...

Na minha opinião faz mais sentido assim.

Abraço


Nesse sentido até acredito que os políticos até tenham a melhor das intenções... mas isto é como qualquer administrador ou treinador....

Se vemos a empresa ou o clube a afundar-se em derrotas só temos de fazer uma coisa... mudar!!!!
 
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por migluso » 15/9/2010 21:16

MarcoAntonio Escreveu:A generalidade das pessoas não quer (directamente) o mal do país. A generalidade das pessoas apenas quer simplesmente o seu bem estar. E o seu bem estar - ou a forma como o concebe - representa frequentemente o mal do país...


A generalidade das pessoas não quer (directamente) o mal do país. A generalidade das pessoas apenas quer simplesmente o seu bem estar. E o seu bem estar - ou a forma como o concebe - representa, salvo raras excepções, o bem do país...

Na minha opinião faz mais sentido assim.

Abraço
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por Tridion » 15/9/2010 21:10

radiohead Escreveu:
Tridion Escreveu:Individualmente teremos que fazer o nosso trabalho, comprar mais produtos portugueses, evitar importações, pagar os nosso impostos e não nos servirmos do sistema (...)



Isto é música para os ouvidos da classe dirigente (política e empresários que parasitam o Estado) corrupta e amoral que tem pilhado o país nos últimos 20 anos.

"O tuga que se comporte bem, pague os impostozinhos, não faça muitas ondas, enquanto sou ministro hoje assino um contrato ruinoso com a empresa X, amanhã vai um ajuste directo para o primo, depois de amanhã quando sair do poder vou para empresa X com salário milionário. Ai já não há guito? Aumente-se os impostos, o tuga paga".

Enfim só engole este discurso quem quer, o que me espanta é como é que ainda à gente que acredita na boa-fé desta gente.



E perante isto vi que aquilo que tento fazer como indíviduo segundo alguns não serve para nada, nem para mim nem para o País, e como gosto de aprender quero saber como devo agir perante as dificuldades, segundo o prisma que Portugal está completamente arruinado e sem esperança.

Emigrar não quero, gosto de Portugal e quero que a minha vida activa seja em prol do País.
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por Elias » 15/9/2010 20:57

Tridion Escreveu:
tridion Escreveu:Para além de emigrar que outras soluções propõem as pessoas que acham que Portugal está ou vai estar brevemente no fundo, incontrolável, no caos social, sem retorno ou esperança?

Gostava de saber a opinião das pessoas que têm uma leitura negra e sombria da realidade, e a seu ver correcta, para não irmos contra a parede.

Rezar não conta como resposta!


Continuo à espera de respostas das pessoas que acham que o futuro está irremediavelmente perdido...O que estão a fazer para melhorar a sua situação, estão só à espera de se finarem, compraram um arma, sobrevivem de esquemas, pilham galinhas?

Quero argumentos para que possa mudar de opinião!


Tridion, como deves ter lido nos posts recentes, melhorar a sua (de cada um) situação é uma coisa e melhorar a situação do país é outra.

Em qual das duas estás a pensar?
 
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por Tridion » 15/9/2010 20:53

tridion Escreveu:Para além de emigrar que outras soluções propõem as pessoas que acham que Portugal está ou vai estar brevemente no fundo, incontrolável, no caos social, sem retorno ou esperança?

Gostava de saber a opinião das pessoas que têm uma leitura negra e sombria da realidade, e a seu ver correcta, para não irmos contra a parede.

Rezar não conta como resposta!


Continuo à espera de respostas das pessoas que acham que o futuro está irremediavelmente perdido...O que estão a fazer para melhorar a sua situação, estão só à espera de se finarem, compraram um arma, sobrevivem de esquemas, pilham galinhas?

Quero argumentos para que possa mudar de opinião!
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por MarcoAntonio » 15/9/2010 20:26

migluso Escreveu:Não entendi muito bem onde querias chegar com a produtividade do tijolo e a eleição de um governo incompetente por uma maioria, mas adiante.


Curiosamente eles são para mim tão auto-evidentes que não requerem mais explicações...


migluso Escreveu:No entanto, a maior parte dos casos que apresentaste negam o teu pensamento, aquele que despoletou este debate.

É que o individuo (no caso do lixo)...


Herr, eu não sugeri que o local seria o meio da sua sala de estar...

migluso Escreveu: ou os 100% que que consomem mais do que aquilo que produzem não estão a contribuir para o bem-estar individual.


Consumir mais do que se produz, para além de outras coisas, é movido por interesse de bem estar imediato (é querer ter agora o carro e o modelo de telemóvel que só se poderia ter daqui a anos ou eventualmente nunca ter, por exemplo; ou ainda, trabalhar o mínimo possível para receber um vencimento que vê como que pré-estabelecido e parcialmente garantido).

Mas em última instância e a prazo, não (porque vai reflectir-se nas condições económicas gerais e prejudicar a todos com um todo e em média). Se é a isso que queres chegar, então começas a concordar comigo. Só discordares se negares que praticamente nenhum português o faz (que era efectiva e essencialmente o teu ponto, o de carácter de excepção, até há pouco).





Cobrindo então, para além deste, todos os exemplos que dei: destruir capital pode ocorrer perfeitamente no decorrente de uma tentativa de benefício pessoal imediato (mera ganância); a colocação do lixo em local inadequado poderá resultar de uma solução de conforto individualista (benefício pessoal imediato); a eleição de um governo pode decorrer de um conjunto de intenções de benefício pessoal imediato (por exemplo, achar que aquele governo não lhe irá cortar o salário e eventualmente outro vai, a título de exemplo).








E para que não caias na tentação de alegar que eu estou a alterar o meu discurso:

MarcoAntonio Escreveu:A generalidade das pessoas não quer (directamente) o mal do país. A generalidade das pessoas apenas quer simplesmente o seu bem estar. E o seu bem estar - ou a forma como o concebe - representa frequentemente o mal do país...


MarcoAntonio Escreveu:Contudo, não me identifico com a visão mediterrânica do bem estar, pensado de forma local, imediata e pessoal. Prefiro a visão do centro e norte da europa onde essa visão é mais global e menos imediatista...
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
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por Elias » 15/9/2010 20:14

MarcoAntonio Escreveu:Ter em conta que bem estar e mal estar não são medidas absolutas nem medidas intemporais, mas medidas iminentemente subjectivas e de carácter dinâmico. Tu como que estás a considerar que um individuo produziu um tijolo e já contribui para o bem estar geral...

Mas basta o tipo do lado estar a produzir 10 tijolos no mesmo período de tempo que a equação sai toda alterada. Ou pensar ainda que o tijolo produzido ontem, hoje pode já não chegar e ser insuficiente para permitir o mesmo nível de bem estar (conforme ele é percepcionado num contexto socio-económico específico próprio do seu tempo).


Essencialmente isso acontece porque o ser humano funciona muito na base da comparação. O bem-estar é maior ou menor consoante a posição relativa dos pares (vizinhos, amigos, colegas e familiares).

Houve um estudo muito interessante feito nos EUA que dizia mais ou menos isto: "imagine que tinha de escolher entre as seguintes duas situações:
1 - voce ganhava 50 mil USD por ano e os seus pares ganhavam todos 25 mil;
2 - voce ganhava 100 mil USD por ano e os seus pares ganhavam todos 250 mil"

A maioria dos participantes do estudo escolheu a primeira opção. Daqui se conclui que as pessoas preferem estar pior em termos absolutos mas estar melhor em termos relativos.

Ora quem escolhe a opção 1 valoriza mais o bem-estar individual (estar numa posição relativa superior mas em que todos recebem menos) do que o bem-estar comum (uma situação em que todos recebem mais, ainda que penalizando a situação individual).

Estudos como este reforçam a minha convicção de que uma grande parte da sociedade valoriza mais o bem-estar individual.
 
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por migluso » 15/9/2010 20:05

Marco,

Não entendi muito bem onde querias chegar com a produtividade do tijolo e a eleição de um governo incompetente por uma maioria, mas adiante.

No entanto, a maior parte dos casos que apresentaste negam o teu pensamento, aquele que despoletou este debate.

É que o individuo (no caso do lixo) ou os 100% que que consomem mais do que aquilo que produzem não estão a contribuir para o bem-estar individual. Daqui a negação do teu pensamento.
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por MarcoAntonio » 15/9/2010 18:53

migluso Escreveu:O Elias e eu, durante o nosso dia de trabalho hoje, estivemos a contribuir para o nosso bem estar e o da sociedade.


Tu podes ter 100% da população a trabalhar e a produzir e contudo estarem a contribuir, com o seu comportamento, como um todo, para uma situação de mal estar generalizado.

Se, por exemplo, esses 100% da população produzem menos do que consomem e/ou produzem menos que os dos países vizinhos com os quais o seu relaciona, estão - não obstante estarem todos a trabalhar/produzir, estarem todos a julgar que contribuem para o bem estar geral - efectivamente a contribuir para um mal estar.

Ter em conta que bem estar e mal estar não são medidas absolutas nem medidas intemporais, mas medidas iminentemente subjectivas e de carácter dinâmico. Tu como que estás a considerar que um individuo produziu um tijolo e já contribui para o bem estar geral...

Mas basta o tipo do lado estar a produzir 10 tijolos no mesmo período de tempo que a equação sai toda alterada. Ou pensar ainda que o tijolo produzido ontem, hoje pode já não chegar e ser insuficiente para permitir o mesmo nível de bem estar (conforme ele é percepcionado num contexto socio-económico específico próprio do seu tempo).

migluso Escreveu:Os casos isolados são aqueles que transgridem este princípio.


Esse princípio é elementar e redutor demais para representar uma realidade complexa como é a vida em sociedade. Então, o trabalho desenvolvido (e supostamente medido em termos absolutos) é a única medida de contributo para o bem estar?

Não existem outras componentes?

E se o tipo (juntamente com outros) vota num partido incompetente contribuindo para eleger um governo incompetente? E se o tipo depois do seu horário de trabalho vai despejar o lixo onde não deve? E se o tipo com o fruto do seu trabalho aplica o capital de forma incorrecta, destruindo valor? Etc, etc, etc, etc, etc...

Tu podes contribuir positivamente com umas atitudes e contribuir negativamente com outras. Mesmo até no plano ideológico: basta tu estares a trabalhar e a produzir mas ao mesmo tempo estares a promover e apoiar ideologias que não promovem o bem estar geral no contexto social exacto em que te encontras que uma coisa pode estar a anular a outra!
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
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3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por migluso » 15/9/2010 18:30

Elias Escreveu:
Sem dúvida, tal como a Madre Teresa em tempos mais recentes.
Mas são casos isolados (tão isolados que até consegues enumerá-los).


Não, são casos excepcionais, porque a sua contribuição para o bem estar global foi imensuravelmente maior que a do comum dos mortais.

O Elias e eu, durante o nosso dia de trabalho hoje, estivemos a contribuir para o nosso bem estar e o da sociedade.

Os casos isolados são aqueles que transgridem este princípio.
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por Elias » 15/9/2010 18:08

migluso Escreveu:Sim, é verdade. Mas de que outra forma, a não ser pela diferenciação (mais riqueza, um nobel, um óscar, um prémio, uma condecoração, etc...) valorizas a meritocracia?


A forma como eu valorizo é pouco relevante para a evolução da sociedade. O que conta é a forma como a sociedade no seu conjunto valoriza a meritocracia (e infelizmente parece que valoriza pouco).

migluso Escreveu:Se queres dizer que a nossa sociedade é demasiado materialista, concordo contigo. E, infelizmente, hoje mais do que nunca, valorizam-se as pessoas pelo património que têm e não tanto pelo seu saber, as suas ideias, a sua arte, a sua caridade, etc...


Não sei se é mais do que nunca.
Não tenho qualquer elemento concreto que me permita afirmar que no passado foi diferente daquilo que observamos hoje.

migluso Escreveu:Thomas Edison diferenciou-se de todos os outros na sua época. Einstein também. Bill Gates também. Ghandi também.


Sem dúvida, tal como a Madre Teresa em tempos mais recentes.
Mas são casos isolados (tão isolados que até consegues enumerá-los).
 
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por migluso » 15/9/2010 18:01

Elias Escreveu:migluso, algumas questões...

Interessante esta perspectiva. Mas já pensaste que diferenciação positiva de uns acarreta a diferenciação negativa de outros? Isto é, para uns terem mais, os outros vão forçosamente ter menos?


Sim, é verdade. Mas de que outra forma, a não ser pela diferenciação (mais riqueza, um nobel, um óscar, um prémio, uma condecoração, etc...) valorizas a meritocracia?

Elias Escreveu:Sim, é verdade, há outras formas de diferenciação.

Acontece que quando alguém se quer diferenciar face aos seus pares vai tentar fazê-lo de modo a impressionar os seus pares (é esse um dos objectivos da diferenciação). E vai fazê-lo da forma que os seus pares valorizam, que é através do património - ou, se preferires, através dos sinais de riqueza.


Se queres dizer que a nossa sociedade é demasiado materialista, concordo contigo. E, infelizmente, hoje mais do que nunca, valorizam-se as pessoas pelo património que têm e não tanto pelo seu saber, as suas ideias, a sua arte, a sua caridade, etc...

Elias Escreveu:Espra lá, agora baralhaste-me. Em que medida é que a diferenciação de alguns contribui para o bem-estar comum?


Thomas Edison diferenciou-se de todos os outros na sua época. Einstein também. Bill Gates também. Ghandi também.


Elias Escreveu:Nós temos leis, até demais. Acontece que a fiscalização é fraca.


Temos leis a mais porque, na génese da nossa democracia, está subjacente o pensamento que o Marco António expressou e que eu discordei. Neste ponto, não posso estar mais de acordo contigo.
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por rmachado » 15/9/2010 17:47

Elias Escreveu:
migluso Escreveu:É para evitar e julgar conflitos de interesses, como aquele que mencionas no último parágrafo, que devem existir leis e autoridade.


Nós temos leis, até demais. Acontece que a fiscalização é fraca.


Frase chave.

Temos das leis mais evoluidas da Europa em vários dominios, somos até citados como exemplo neste aspecto, mas depois aplicação prática, fiscalização, possibilidade de recurso aos tribunais... é tudo uma "treta".
 
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por Elias » 15/9/2010 17:44

migluso, algumas questões...

migluso Escreveu:Na minha opinião, ainda bem que existe diferenciação. É, provavelmente, a maior riqueza das sociedades ocidentais.


Interessante esta perspectiva. Mas já pensaste que diferenciação positiva de uns acarreta a diferenciação negativa de outros? Isto é, para uns terem mais, os outros vão forçosamente ter menos?

migluso Escreveu:O que não quer dizer que a diferenciação seja possível apenas com aumento do património, como tu dizes.


Sim, é verdade, há outras formas de diferenciação.

Acontece que quando alguém se quer diferenciar face aos seus pares vai tentar fazê-lo de modo a impressionar os seus pares (é esse um dos objectivos da diferenciação). E vai fazê-lo da forma que os seus pares valorizam, que é através do património - ou, se preferires, através dos sinais de riqueza.

migluso Escreveu:Mas mesmo esta é positiva para a sociedade. É sinónimo de mudança constante e, na maior parte dos casos, de progresso económico e de bem estar.


Espra lá, agora baralhaste-me. Em que medida é que a diferenciação de alguns contribui para o bem-estar comum?

migluso Escreveu:É para evitar e julgar conflitos de interesses, como aquele que mencionas no último parágrafo, que devem existir leis e autoridade.


Nós temos leis, até demais. Acontece que a fiscalização é fraca.
 
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por migluso » 15/9/2010 17:33

Elias Escreveu:
migluso Escreveu:Visão deficiente do mundo, na minha opinião, tens tu.
Se o teu objectivo é o maior bem-estar possível para o maior número de pessoas possível, então sim, o n/ objectivo é comum.


migluso a nossa sociedade promove a diferenciação, há um grande número de pessoas que procura, de alguma forma, diferenciar-se dos seus pares (seja através do carro que compra, da casa onde habita, das roupas que veste, das viagens que faz, dos restaurantes que frequenta, etc.). Para muitas pessoas, o facto de se diferenciarem constitui uma fonte de bem-estar.

Acontece que a diferenciação (face aos pares) só se torna possível quando uma pessoa atinge uma acumulação de património superior à dos pares. Isto leva a que muitas pessoas invistam no aumento dos seus rendimentos com vista a aumentar o seu património, pois isso vai permitir-lhes diferenciar-se.

É esta a visão que a nossa sociedade promove e é esta a postura de muitas pessoas (de todos os níveis sócio-económicos).

Acontece que investir na diferenciação (muitas vezes procurando viver a um nível superior às próprias possibilidades) não significa necessariamente um aumento do bem-estar comum.

Não é que as pessoas desejem o mal do país ou da sociedade, simplesmente o bem-estar individual e o bem-estar comum não são necessariamente convergentes.


Boa tarde Elias,

Na minha opinião, ainda bem que existe diferenciação. É, provavelmente, a maior riqueza das sociedades ocidentais.

O que não quer dizer que a diferenciação seja possível apenas com aumento do património, como tu dizes.

Mas mesmo esta é positiva para a sociedade. É sinónimo de mudança constante e, na maior parte dos casos, de progresso económico e de bem estar.

É para evitar e julgar conflitos de interesses, como aquele que mencionas no último parágrafo, que devem existir leis e autoridade.

cumps
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por rmachado » 15/9/2010 17:08

Elias Escreveu:
rmachado Escreveu:Eu orgulho-me de ser Português.

Não me orgulho nada das nossas elites dirigentes...


O problema é: quem é que punhas lá?


Boa questão...

O problema no meu entender não é necessariamente uma questão de "pessoas" mas é o clientelismo que as máquinas partidárias transportam, ou seja, pior que ser o Socrátes a governar (para mim) é todo o séquito que o PS transporta para todo o que é estatal, muitos deles sem competência para dirigir o que estão a dirigir. É aqui que eu digo que não me orgulho das elites dirigentes.

Tenho alguma experiência politica como independente num partido que até não sou fã, mas tenho a certeza de uma coisa, as pessoas que estavam comigo tinham verdadeira vocação de serviço público e apontaram várias "coisas esquisitas" na gestão camarária... mas sabes quem ganhou... os mesmos...

Isto é que me dana.. enquanto não limparem os organismos públicos da nomeação politica (salvo raras excepções onde devem ser feitas) a coisa não melhora.

Enquanto se fizerem leis "boas para advogado" e para alguns a coisa não muda..

E embora admire os Alemães pela sua capacidade organizativa, tenho a certeza que tb lá existem inúmeros problemas e falcatrueiros e tb têm culpas neste estado de coisas... (é só lembrar que falhou a primeira meta do défice...)
 
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por Elias » 15/9/2010 17:04

migluso Escreveu:Se o caldeirão de bolsa fosse frequentado por homens e mulheres do centro e norte da Europa, desconfio que não seria a minha voz, isolada, a discordar do que disseste, mas sim a grande maioria.


...ou não!

Sabias que a economia paralela no norte da Europa tem uma dimensão semelhante à que se verifica em Portugal?
 
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por MarcoAntonio » 15/9/2010 17:04

migluso Escreveu:Se o caldeirão de bolsa fosse frequentado por homens e mulheres do centro e norte da Europa, desconfio que não seria a minha voz, isolada, a discordar do que disseste, mas sim a grande maioria.


É bem possível que não fosse. Afinal, não estariam rodeados pelos mesmos indivíduos que nos rodeiam a nós...

Podemos ir até mais longe e alegar que provavelmente o tópico nem existia (ou se existia, teria traços e moldes distintos).
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
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por migluso » 15/9/2010 17:01

MarcoAntonio Escreveu: Contudo, não me identifico com a visão mediterrânica do bem estar, pensado de forma local, imediata e pessoal. Prefiro a visão do centro e norte da europa onde essa visão é mais global e menos imediatista...


Se o caldeirão de bolsa fosse frequentado por homens e mulheres do centro e norte da Europa, desconfio que não seria a minha voz, isolada, a discordar do que disseste, mas sim a grande maioria.
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por Elias » 15/9/2010 16:57

migluso Escreveu:Visão deficiente do mundo, na minha opinião, tens tu.
Se o teu objectivo é o maior bem-estar possível para o maior número de pessoas possível, então sim, o n/ objectivo é comum.


migluso a nossa sociedade promove a diferenciação, há um grande número de pessoas que procura, de alguma forma, diferenciar-se dos seus pares (seja através do carro que compra, da casa onde habita, das roupas que veste, das viagens que faz, dos restaurantes que frequenta, etc.). Para muitas pessoas, o facto de se diferenciarem constitui uma fonte de bem-estar.

Acontece que a diferenciação (face aos pares) só se torna possível quando uma pessoa atinge uma acumulação de património superior à dos pares. Isto leva a que muitas pessoas invistam no aumento dos seus rendimentos com vista a aumentar o seu património, pois isso vai permitir-lhes diferenciar-se.

É esta a visão que a nossa sociedade promove e é esta a postura de muitas pessoas (de todos os níveis sócio-económicos).

Acontece que investir na diferenciação (muitas vezes procurando viver a um nível superior às próprias possibilidades) não significa necessariamente um aumento do bem-estar comum.

Não é que as pessoas desejem o mal do país ou da sociedade, simplesmente o bem-estar individual e o bem-estar comum não são necessariamente convergentes.
 
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