Entrevista ao Marco António - CB
Sendo o Marco um bom analista, a entrevista ficou, a meu ver, aquém do esperado. Muito aquém mesmo. Esperava algo mais ao estilo "Market Wizards" (e.g., achei desinteressante a parte dedicada ao Caldeirão e à sua actividade como moderador, saber o que ele pensa das agências de rating ou se ele é reservado ou excêntrico).
Eu quero (felizmente sei alguma coisa, via MP) é saber como o Marco evoluiu nos mercados, como ele negoceia hoje em dia, em que ranges temporais, como ele aceita e respeita o risco, explorar aqueles conceitos que ele usa (o momentum), etc, etc...
Ainda assim a minha sugestão é continuar com esta iniciativa. Nesse sentido pela minha parte teria todo o gosto de ver entrevistas a alguns ilustres personagens desta praça como o Dwer, o rsacramento ("a jovem promessa") ou a visão de alguém rendido a estratégias de HF (Pata, LTCM).
Eu quero (felizmente sei alguma coisa, via MP) é saber como o Marco evoluiu nos mercados, como ele negoceia hoje em dia, em que ranges temporais, como ele aceita e respeita o risco, explorar aqueles conceitos que ele usa (o momentum), etc, etc...
Ainda assim a minha sugestão é continuar com esta iniciativa. Nesse sentido pela minha parte teria todo o gosto de ver entrevistas a alguns ilustres personagens desta praça como o Dwer, o rsacramento ("a jovem promessa") ou a visão de alguém rendido a estratégias de HF (Pata, LTCM).
Aproveitando o assunto do tópico, e como a pessoa em causa continua a dever-me 100,00 euros.
Venho mais uma vez, e de uma forma descarada solicitar o pagamento em causa
Não venhas dizer que é mentira Marco, pq tenho aqui uma foto do carro de bois na tua quinta em Sandim
Vendo CARRO DE BOIS, COM PALCO MOVEL, IDEAL PARA DUO MUSICAL.... – Arrabães
Preço: € 100,00
A menina do inquérito é um amor.
um beijinho para ela.
Eu sei que estou em divida contigo de um cachecol :-(
Venho mais uma vez, e de uma forma descarada solicitar o pagamento em causa
Não venhas dizer que é mentira Marco, pq tenho aqui uma foto do carro de bois na tua quinta em Sandim
Vendo CARRO DE BOIS, COM PALCO MOVEL, IDEAL PARA DUO MUSICAL.... – Arrabães
Preço: € 100,00
A menina do inquérito é um amor.
um beijinho para ela.
Eu sei que estou em divida contigo de um cachecol :-(
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Ulisses Pereira Escreveu:Aposto que a Marta ficou derretida e enternecida como, aliás, é seu hábito.
Naturalmente que sim!
Só gente de má lingua é que diz que ela tem mau feitio.
Tem o feitio que todos nós temos... há dias que acordamos do lado errado da cama e não temos paciência para aturar certas m*****.
Bons negocios,
arnie
arnie
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- Localização: Viras à esq, segues em frente, viras à dir, segues em frente e viras novamente à dir. CHEGASTE
Pata-Hari Escreveu:E cavalheiro! esqueceram-se do cavalheiro. A alusão que me fez foi demonstrativa, não achaste, Arnie??

De um cavalheirismo arrepiante, confesso. Até fiquei com "pele de galinha"

Bons negocios,
arnie
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Re: Entrevista ao Marco António - CB
M.A. – Qual almoço?



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Entrevista ao Marco António - CB
.
Não está ao alcance de todos o privilégio de entrevistar este Homem do Norte. Marco António
Analista de Bolsa, um dos Administradores do Caldeirão de Bolsa onde já colaborou com mais de 20 000 posts, acedeu pela primeira vez a uma entrevista original e exclusiva, feita por membros do fórum.
ENTREVISTA:
Olá Marco. Obrigado por te deixares “esmiuçar” para os membros do Caldeirão.
O Caldeirão
Caldeirão de Bolsa - O Caldeirão é sem dúvida um caso singular entre os fóruns em Portugal. Tens identificada a fórmula do sucesso?
Marco António – A moderação, a exigência de padrões mínimos de qualidade e a abrangência temática.
C.B. - O fórum fez já sete anos, e conta com mais de 130 000 membros registados, muitos deles recentes. Dá -te prazer manter ordem entre tanta gente? Não te bastavam 2 filhos pequenos!?
M.A. - Prazer não dá. Na verdade, sempre vi a moderação como uma tarefa ingrata mas necessária. A minha percepção é que de uma forma geral a comunidade aceita bastante bem a moderação mas individualmente é mais complicado:"ninguém" gosta de ser "moderado".
C.B. - Curiosamente o Caldeirão nunca necessitou de se renovar e mantém praticamente o mesmo formato de sempre… É estratégia, porreirismo, superstição?
M.A. – Durante algum tempo, sim, poderá dizer-se que foi estratégia manter a casa o menos alterada possível. Entretanto o formato foi ficando ultrapassado e manifestamente precisa de uma remodelação/actualização.
C.B. - Se pudesses mudar o caldeirão à tua vontade única o que é que mudavas?
M.A. – A plataforma, precisamente. Mas é algo que já está planeado, na realidade.
C.B. - Algo que se nota é um menor envolvimento do segmento feminino … Vês alguma razão para a menor participação de mulheres que de homens no Caldeirão? Ou será que se disfarçam?!
M.A. – O "core business" do Caldeirão é apesar de tudo os Mercados Financeiros e esse será um tema onde o público feminino tende a estar em menor número. Creio que é essa a razão principal e que, de certa forma, continua a funcionar como um obstáculo para um público feminino mais alargado. Mas temos algumas participantes de peso que valem por muitas...
C.B. - Nota-se no Caldeirão um certo encanto por Avatares de Banda desenhada… Há alguma lógica nos vossos Avatares? Já agora levaste a mal o Ulisses não ter tirado o dele das “Aventuras do Tio Patinhas”??
M.A. – Estou certo que as escolhas foram independentes. O Panoramix já estava associado ao Ulisses de outros foruns passados e provavelmente também achou que combinava bem com o "caldeirão". A Marta procurou por certo um avatar que reflectisse o seu bom feitio. O meu é uma "inside joke" que na verdade tem pouco que ver comigo, pelo menos num sentido alargado. Tal como a primeira assinatura que nunca pretendeu ser uma afirmação na primeira pessoa, antes um trocadilho com o primeiro avatar e a minha costela cinéfila.
C.B. - Um dos aspectos que enriquece o Caldeirão é a variedade de off-topics. Da Astronomia à Política tudo se discute. E há temas mal-vindos?… Quando é que decides usar o “ferrolho”?
M.A. – Há de facto alguns temas menos bem-vindos, problemáticos, sendo o melhor exemplo de todos o Futebol. O ferrolho actua quando a discussão se torna demasiado supérflua, despropositada ou conflituosa.
Os Mercados
C.B. - Já se discutiu no Caldeirão o novo estatuto para as pessoas que fazem análises de mercado, e pode afectar muita gente no Caldeirão. Por exemplo, não achaste estranho esse estatuto não nos proibir de recorrer à adopção?!
M.A. – A minha interpretação é a de que as regras se aplicam a entidades e analistas profissionais que emitem mais do que meras opiniões, aconselhando ou gerindo os investimentos de terceiros. E sinceramente, creio que faz sentido existir regulamentação. Não creio que a intenção seja a de controlar opiniões pessoais que não são nem pretendem ser aconselhamento financeiro.
C.B. - Achas justo impor regras assim a quem dá opiniões de forma não remunerada? Por outro lado não há tanta pressa em regular a actividade das agências de rating…
M.A. – Acharia injusto e prejudicial impor regras a quem partilha opiniões pessoais sem prestar um serviço de aconselhamento ao investimento ou gestão do património de terceiros.
C.B. – Os pequenos investidores na Bolsa são particularmente afectados pelas bolhas e ondas entusiasmos. Não achas que incluir no ensino básico uma disciplina de Personal Financial Planning que ajudasse as pessoas a gerir as suas finanças pessoais era uma forma de prevenir? Que tópicos seriam pertinente incluir num curriculum escolar desta matéria?
M.A. – Uma enorme lacuna do sistema de ensino actual e que esta última crise financeira colocou particularmente a nu. Basta notar o vocabulário político-económico a que somos submetidos diariamente nos média pela classe política e pelos "opinion-makers", sobre o qual a generalidade das pessoas não foi instruída. Noções básicas de poupança e do funcionamento do sistema financeiro seriam também muito bem vindas para não dizer elementarmente necessárias.
C.B. – Os mercados parecem estar muito reactivos às ameaças de retirada das medidas de apoio às economias por parte dos bancos centrais. Achas que as cotações actuais reflectem a economia ou as ajudas extraordinárias?
M.A. – Então isto é uma entrevista ou uma análise encapotada?
C.B. – Como investidor dizes que “mais vale perder um ganho que ganhar uma perda” (as famosas regras de ouro FLOP). É legítimo concluir que és conservador nos trades, Marco?
M.A. – Mais do que legítimo é como me descrevo com alguma frequência. Uma das minhas máximas e preocupações primeiras é proteger o capital. Talvez porque não disponha de muito...
C.B. – Já te definiste por investir com base na análise técnica. Suportes, resistências, volumes, etc… Não arranjas espaço nenhum para elementos da análise fundamental?
M.A. – Assenta essencialmente em Análise Técnica, mas AT é uma disciplina informal, com fronteiras indefinidas onde eu incluo e incorporo activamente, por exemplo, a análise de sentimento de mercado. Quanto à Análise Fundamental, não me sinto com grande vocação e deixo para quem tem melhores condições para a realizar.
C.B. - Qual foi até o teu pior dia ou o teu pior negócio em Bolsa, que te lembres, e porquê?
M.A. – O pior... creio que foi precisamente o primeiro. Ocorreu num papel que, por sinal, me farto de elogiar ao longo dos últimos anos: a Jerónimo Martins. Porquê? Inexperiência. Total inexperiência. A Jerónimo entrou em Bear Market no final da década de 90 mas bem antes dos mercados em geral que só o fizeram em meados de 2000. Ignorante, ali por 98 e 99 eu julgava-a "barata" e não me desfiz do título. Bem pelo contrário, até reforcei. Estúpido!
C.B. - Quais foram os ensinamentos mais preciosos que tiveste no teu percurso como investidor e como analista?
M.A. – Que eu, como investidor individual, não existo para o Mercado. O Mercado está a borrifar-se para o que eu penso, para o que eu detenho e a que valor eu comprei.
C.B. – Também pareces à vontade no Poker… Essa estranha afinidade entre os investidores da bolsa e o Poker vem de algum fundo comum ou tem só a ver com o ganhar dinheiro sem ter que trabalhar, como dizem as más-línguas?!
M.A. – Não é estranha. Existe uma enorme afinidade entre as duas a vários níveis. Quanto à segunda questão, depende do conceito de trabalho, não é?
O Homem
C.B. - Como é que te defines como pessoa?
M.A. – Reservado, introspectivo, ponderado, analítico, observador... e persistente (que é uma descrição mais simpática para teimoso).
C.B. - Já disseste que não vens da área da Economia nem da Gestão. És autodidacta?
M.A. – Sou. Os mercados financeiros estão de resto pululados de auto-didactas. Não sou de modo algum uma excepção...
C.B. - Nota-se no fórum que tens gostos variados. Disseste uma vez que adoras cinema. Entre os teus filmes favoritos citaste o “Psico”, “Setes pecados mortais”, “O Silêncio dos Inocentes”, “O Sexto Sentido”…. Custa-te a adormecer, é?!
M.A. – Os meus gostos são bastante diversificados mesmo no que diz respeito ao cinema e desde que elaborei a lista já vi (literalmente) umas largas centenas de filmes pelo que podia ser profundamente revista e aumentada. Mas admito um gostinho especial por thrillers psicológicos (acho que começou quando era ainda meio miúdo e vi na altura um filme a horas que não devia... mais do que assustado fiquei fascinado). Tenho um sono muito pesado se querem saber!
C.B. - Também mostras alguma queda para as Ciências Naturais, ou é só impressão?
M.A. – É outra das minhas costelas. Afinal temos 24 e eu tento aproveita-las bem aproveitadas. Notavelmente não tenho uma costela para a Medicina. Tenho uma para a Psicologia, mas não sei bem se conta...
C.B. - Tens uma disciplina de crónicas semanais no Negócios. … Pressiona-te o “dead line”?
M.A. – Pressiona realmente. Não gosto nada de "ter de escrever". Acabo por fazer um esforço redobrado pois tenho de escrever quer esteja com vontade quer não esteja. Além disso tenho de ter a preocupação de estar a escrever para um público diferente, mais generalista e de fazê-lo de uma forma menos informal que a habitual. As limitações e gestão do espaço são outra preocupação. É uma coisa que se lê em menos de 5 minutos e que no entanto leva umas duas horas a preparar.
C.B. - Tem-se falado muito da sedução do poder pelos media. Há disso no Caldeirão? Corre o boato que mudaste de telemóvel recentemente, Marco…
M.A. – A tua questão pode ter várias interpretações. Nunca me senti pressionado e as minhas opiniões são tão independentes quanto sempre foram, se é a isso que estás a aludir.
C.B. - Como é que consegues conciliar todas as tuas actividades: gestor, administrador do fórum, analista, investidor, cronista, pai de família…. Etc…. Fala-nos das tuas multi-funções.
M.A. – Não consigo...
E esqueceste-te de entrevistado, para o que - como já devem ter percebido - não tenho jeito nenhum.
C.B. – Antes do fim, queremos saber… se um trade ou uma mão de Poker te tornassem obscenamente milionário… O que mudava na tua vida?
M.A. – O meu perfil de risco torna o cenário algo improvável. Em todo o caso sou teimoso demais para modificar algo de muito profundo. Passeava mais talvez: gosto de conhecer lugares, culturas, monumentos e paisagens e não tenho tido grandes oportunidades para fazê-lo.
C.B. - Por fim uma pergunta não menos importante mas que tem que ser feita. Tu que és um notório organizador de grandes eventos, nomeadamente de almoços do Caldeirão com grande sucesso, quando e onde é que tencionas organizar o almoço que nos estás a dever há 2 anos?
M.A. – Qual almoço?
C.B. - Obrigado Marco António pela tua disponibilidade e paciência.
Entrevista montada e editada pelos caldeireiros QuimPorta e Razão Pura e que contou com a generosa contribuição de alguns membros do caldeirão que enviaram questões para enriquecer o guião.
Publicada no Caldeirão de Bolsa em 24/03/2010.
Não está ao alcance de todos o privilégio de entrevistar este Homem do Norte. Marco António
Analista de Bolsa, um dos Administradores do Caldeirão de Bolsa onde já colaborou com mais de 20 000 posts, acedeu pela primeira vez a uma entrevista original e exclusiva, feita por membros do fórum.
ENTREVISTA:
Olá Marco. Obrigado por te deixares “esmiuçar” para os membros do Caldeirão.
O Caldeirão
Caldeirão de Bolsa - O Caldeirão é sem dúvida um caso singular entre os fóruns em Portugal. Tens identificada a fórmula do sucesso?
Marco António – A moderação, a exigência de padrões mínimos de qualidade e a abrangência temática.
C.B. - O fórum fez já sete anos, e conta com mais de 130 000 membros registados, muitos deles recentes. Dá -te prazer manter ordem entre tanta gente? Não te bastavam 2 filhos pequenos!?
M.A. - Prazer não dá. Na verdade, sempre vi a moderação como uma tarefa ingrata mas necessária. A minha percepção é que de uma forma geral a comunidade aceita bastante bem a moderação mas individualmente é mais complicado:"ninguém" gosta de ser "moderado".
C.B. - Curiosamente o Caldeirão nunca necessitou de se renovar e mantém praticamente o mesmo formato de sempre… É estratégia, porreirismo, superstição?
M.A. – Durante algum tempo, sim, poderá dizer-se que foi estratégia manter a casa o menos alterada possível. Entretanto o formato foi ficando ultrapassado e manifestamente precisa de uma remodelação/actualização.
C.B. - Se pudesses mudar o caldeirão à tua vontade única o que é que mudavas?
M.A. – A plataforma, precisamente. Mas é algo que já está planeado, na realidade.
C.B. - Algo que se nota é um menor envolvimento do segmento feminino … Vês alguma razão para a menor participação de mulheres que de homens no Caldeirão? Ou será que se disfarçam?!
M.A. – O "core business" do Caldeirão é apesar de tudo os Mercados Financeiros e esse será um tema onde o público feminino tende a estar em menor número. Creio que é essa a razão principal e que, de certa forma, continua a funcionar como um obstáculo para um público feminino mais alargado. Mas temos algumas participantes de peso que valem por muitas...
C.B. - Nota-se no Caldeirão um certo encanto por Avatares de Banda desenhada… Há alguma lógica nos vossos Avatares? Já agora levaste a mal o Ulisses não ter tirado o dele das “Aventuras do Tio Patinhas”??
M.A. – Estou certo que as escolhas foram independentes. O Panoramix já estava associado ao Ulisses de outros foruns passados e provavelmente também achou que combinava bem com o "caldeirão". A Marta procurou por certo um avatar que reflectisse o seu bom feitio. O meu é uma "inside joke" que na verdade tem pouco que ver comigo, pelo menos num sentido alargado. Tal como a primeira assinatura que nunca pretendeu ser uma afirmação na primeira pessoa, antes um trocadilho com o primeiro avatar e a minha costela cinéfila.
C.B. - Um dos aspectos que enriquece o Caldeirão é a variedade de off-topics. Da Astronomia à Política tudo se discute. E há temas mal-vindos?… Quando é que decides usar o “ferrolho”?
M.A. – Há de facto alguns temas menos bem-vindos, problemáticos, sendo o melhor exemplo de todos o Futebol. O ferrolho actua quando a discussão se torna demasiado supérflua, despropositada ou conflituosa.
Os Mercados
C.B. - Já se discutiu no Caldeirão o novo estatuto para as pessoas que fazem análises de mercado, e pode afectar muita gente no Caldeirão. Por exemplo, não achaste estranho esse estatuto não nos proibir de recorrer à adopção?!
M.A. – A minha interpretação é a de que as regras se aplicam a entidades e analistas profissionais que emitem mais do que meras opiniões, aconselhando ou gerindo os investimentos de terceiros. E sinceramente, creio que faz sentido existir regulamentação. Não creio que a intenção seja a de controlar opiniões pessoais que não são nem pretendem ser aconselhamento financeiro.
C.B. - Achas justo impor regras assim a quem dá opiniões de forma não remunerada? Por outro lado não há tanta pressa em regular a actividade das agências de rating…
M.A. – Acharia injusto e prejudicial impor regras a quem partilha opiniões pessoais sem prestar um serviço de aconselhamento ao investimento ou gestão do património de terceiros.
C.B. – Os pequenos investidores na Bolsa são particularmente afectados pelas bolhas e ondas entusiasmos. Não achas que incluir no ensino básico uma disciplina de Personal Financial Planning que ajudasse as pessoas a gerir as suas finanças pessoais era uma forma de prevenir? Que tópicos seriam pertinente incluir num curriculum escolar desta matéria?
M.A. – Uma enorme lacuna do sistema de ensino actual e que esta última crise financeira colocou particularmente a nu. Basta notar o vocabulário político-económico a que somos submetidos diariamente nos média pela classe política e pelos "opinion-makers", sobre o qual a generalidade das pessoas não foi instruída. Noções básicas de poupança e do funcionamento do sistema financeiro seriam também muito bem vindas para não dizer elementarmente necessárias.
C.B. – Os mercados parecem estar muito reactivos às ameaças de retirada das medidas de apoio às economias por parte dos bancos centrais. Achas que as cotações actuais reflectem a economia ou as ajudas extraordinárias?
M.A. – Então isto é uma entrevista ou uma análise encapotada?
C.B. – Como investidor dizes que “mais vale perder um ganho que ganhar uma perda” (as famosas regras de ouro FLOP). É legítimo concluir que és conservador nos trades, Marco?
M.A. – Mais do que legítimo é como me descrevo com alguma frequência. Uma das minhas máximas e preocupações primeiras é proteger o capital. Talvez porque não disponha de muito...
C.B. – Já te definiste por investir com base na análise técnica. Suportes, resistências, volumes, etc… Não arranjas espaço nenhum para elementos da análise fundamental?
M.A. – Assenta essencialmente em Análise Técnica, mas AT é uma disciplina informal, com fronteiras indefinidas onde eu incluo e incorporo activamente, por exemplo, a análise de sentimento de mercado. Quanto à Análise Fundamental, não me sinto com grande vocação e deixo para quem tem melhores condições para a realizar.
C.B. - Qual foi até o teu pior dia ou o teu pior negócio em Bolsa, que te lembres, e porquê?
M.A. – O pior... creio que foi precisamente o primeiro. Ocorreu num papel que, por sinal, me farto de elogiar ao longo dos últimos anos: a Jerónimo Martins. Porquê? Inexperiência. Total inexperiência. A Jerónimo entrou em Bear Market no final da década de 90 mas bem antes dos mercados em geral que só o fizeram em meados de 2000. Ignorante, ali por 98 e 99 eu julgava-a "barata" e não me desfiz do título. Bem pelo contrário, até reforcei. Estúpido!
C.B. - Quais foram os ensinamentos mais preciosos que tiveste no teu percurso como investidor e como analista?
M.A. – Que eu, como investidor individual, não existo para o Mercado. O Mercado está a borrifar-se para o que eu penso, para o que eu detenho e a que valor eu comprei.
C.B. – Também pareces à vontade no Poker… Essa estranha afinidade entre os investidores da bolsa e o Poker vem de algum fundo comum ou tem só a ver com o ganhar dinheiro sem ter que trabalhar, como dizem as más-línguas?!
M.A. – Não é estranha. Existe uma enorme afinidade entre as duas a vários níveis. Quanto à segunda questão, depende do conceito de trabalho, não é?
O Homem
C.B. - Como é que te defines como pessoa?
M.A. – Reservado, introspectivo, ponderado, analítico, observador... e persistente (que é uma descrição mais simpática para teimoso).
C.B. - Já disseste que não vens da área da Economia nem da Gestão. És autodidacta?
M.A. – Sou. Os mercados financeiros estão de resto pululados de auto-didactas. Não sou de modo algum uma excepção...
C.B. - Nota-se no fórum que tens gostos variados. Disseste uma vez que adoras cinema. Entre os teus filmes favoritos citaste o “Psico”, “Setes pecados mortais”, “O Silêncio dos Inocentes”, “O Sexto Sentido”…. Custa-te a adormecer, é?!
M.A. – Os meus gostos são bastante diversificados mesmo no que diz respeito ao cinema e desde que elaborei a lista já vi (literalmente) umas largas centenas de filmes pelo que podia ser profundamente revista e aumentada. Mas admito um gostinho especial por thrillers psicológicos (acho que começou quando era ainda meio miúdo e vi na altura um filme a horas que não devia... mais do que assustado fiquei fascinado). Tenho um sono muito pesado se querem saber!
C.B. - Também mostras alguma queda para as Ciências Naturais, ou é só impressão?
M.A. – É outra das minhas costelas. Afinal temos 24 e eu tento aproveita-las bem aproveitadas. Notavelmente não tenho uma costela para a Medicina. Tenho uma para a Psicologia, mas não sei bem se conta...
C.B. - Tens uma disciplina de crónicas semanais no Negócios. … Pressiona-te o “dead line”?
M.A. – Pressiona realmente. Não gosto nada de "ter de escrever". Acabo por fazer um esforço redobrado pois tenho de escrever quer esteja com vontade quer não esteja. Além disso tenho de ter a preocupação de estar a escrever para um público diferente, mais generalista e de fazê-lo de uma forma menos informal que a habitual. As limitações e gestão do espaço são outra preocupação. É uma coisa que se lê em menos de 5 minutos e que no entanto leva umas duas horas a preparar.
C.B. - Tem-se falado muito da sedução do poder pelos media. Há disso no Caldeirão? Corre o boato que mudaste de telemóvel recentemente, Marco…
M.A. – A tua questão pode ter várias interpretações. Nunca me senti pressionado e as minhas opiniões são tão independentes quanto sempre foram, se é a isso que estás a aludir.
C.B. - Como é que consegues conciliar todas as tuas actividades: gestor, administrador do fórum, analista, investidor, cronista, pai de família…. Etc…. Fala-nos das tuas multi-funções.
M.A. – Não consigo...
E esqueceste-te de entrevistado, para o que - como já devem ter percebido - não tenho jeito nenhum.
C.B. – Antes do fim, queremos saber… se um trade ou uma mão de Poker te tornassem obscenamente milionário… O que mudava na tua vida?
M.A. – O meu perfil de risco torna o cenário algo improvável. Em todo o caso sou teimoso demais para modificar algo de muito profundo. Passeava mais talvez: gosto de conhecer lugares, culturas, monumentos e paisagens e não tenho tido grandes oportunidades para fazê-lo.
C.B. - Por fim uma pergunta não menos importante mas que tem que ser feita. Tu que és um notório organizador de grandes eventos, nomeadamente de almoços do Caldeirão com grande sucesso, quando e onde é que tencionas organizar o almoço que nos estás a dever há 2 anos?
M.A. – Qual almoço?
C.B. - Obrigado Marco António pela tua disponibilidade e paciência.
Entrevista montada e editada pelos caldeireiros QuimPorta e Razão Pura e que contou com a generosa contribuição de alguns membros do caldeirão que enviaram questões para enriquecer o guião.
Publicada no Caldeirão de Bolsa em 24/03/2010.
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