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Caldeirão da Bolsa

Off topic Trabalho: Porquê investir nos mercados financeiros

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por RiscoCalculado » 19/11/2009 1:44



Em que têm investido os portugueses?

Em 2009, os portugueses têm aumentado de forma significativa o seu esforço de poupança, manifestando a intenção de se protegerem dos efeitos de uma conjuntura económica adversa.

Depois de ter atingido no 3º trimestre de 2008 o seu mínimo histórico nos 5,5%, a taxa de poupança nacional subiu no 2º trimestre para 8,6% do rendimento disponível e estima-se que possa chegar aos 11% no próximo ano.

Esta semana, vamos analisar as escolhas de poupança e investimento dos portugueses, bem como o impacto que as baixas taxas de juro têm tido nos produtos seleccionados nos últimos meses.


Os portugueses investem de forma conservadora

De acordo com um estudo* recente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) sobre o perfil do investidor particular português, apenas 26,5% das famílias entrevistadas têm pelo menos um activo financeiro, de entre as seguintes opções:

* Depósitos a Prazo
* Certificados de Aforro
* Obrigações do Tesouro
* Acções
* Planos ou Fundos de Poupança Reforma (PPR)
* Obrigações
* Unidades de Participação em Fundos de Investimento
* Títulos de Participação
* Produtos Estruturados
* Outros Derivados

Das famílias que têm pelo menos um activo financeiro, 65,3% investem exclusivamente em Depósitos a Prazo e/ou Certificados de Aforro, um peso que é atribuído pela CMVM ao facto de se tratarem de «activos tradicionais, com menor risco, e que não exigem elevados conhecimentos por parte dos investidores, sendo geralmente subscritos por agregados nos escalões etários mais elevados e com menores habilitações académicas».

Desta forma, apenas 9,2% de todas as famílias entrevistadas pela CMVM são investidoras na verdadeira acepção da palavra, ou seja, estão dispostas a correr os riscos inerentes ao investimento no mercado de valores mobiliários. A CMVM conclui ainda que a propensão a investir nos mercados de valores mobiliários é tanto maior quanto mais elevados forem os níveis de rendimento do agregado familiar, bem como o nível de escolaridade e a qualificação profissional.

Estas conclusões são confirmadas se consultarmos as estatísticas oficiais de valores aplicados em algumas das soluções mais populares. Como podemos verificar na tabela em anexo, os depósitos a prazo e, em menor grau, os certificados de aforro, reúnem a esmagadora maioria dos valores investidos em Portugal. Se somarmos os valores disponíveis em depósitos à ordem (cerca de 30 mil milhões de euros), a liderança dos depósitos bancários é ainda mais notória.
Produto

Valor investido
(mil milhões de euros)

Data de referência
(valor mais recente)

Depósitos a prazo
(particulares)
83,995
Agosto de 2009



Certificados de Aforro
16,987
Outubro de 2009


PPR
18,282
Dezembro de 2008



Fundos de investimento mobiliário
16,214
Dezembro de 2008

Fontes*: Banco de Portugal; Instituto de Gestão do Crédito Público; Instituto de Seguros de Portugal; Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP)
Nota: a tabela não inclui todas as soluções de investimento disponíveis em Portugal, mas apenas uma selecção das mais representativas


Das soluções representadas na tabela anterior, as três primeiras têm capital e/ou remuneração garantidos. E mesmo no que diz respeito aos fundos de investimento mobiliário, apenas 9,2% dos mesmos investem em acções (ou predominantemente em acções), o que caracteriza bem o pendor conservador dos aforradores e investidores no nosso país.



Comparação com outros países

As famílias portuguesas estão entre as mais conservadoras do mundo no que diz respeito a investimentos.

De acordo com um estudo* da Federation of European Securities Exchanges (FESE) relativo a 2007, citado também pela CMVM, os particulares e famílias detinham apenas 9,9% do valor de mercado das empresas portuguesas (face a 15% no início da actual década), valor claramente inferior registado em Espanha (20,1%), na Itália (26,6%) e mesmo na Grécia (19,4%), países em que o sector bancário desempenha um papel igualmente importante no financiamento da economia.



(...)


Em conclusão ...

Os hábitos de poupança dos portugueses alteraram-se ao longo dos últimos meses. Desde logo, por alocarem uma maior fatia do seu rendimento disponível à poupança, como forma de precaução numa altura de crise económica, em que se registam as maiores taxas de desemprego das últimas décadas. Mas também por privilegiarem aplicações com um horizonte temporal mais longo e outras soluções para além dos tradicionais depósitos, em busca de remunerações mais interessantes.

Já no que diz respeito ao grau de exposição directa ou indirecta dos particulares aos mercados de valores mobiliários, existe um longo caminho a percorrer face ao que acontece noutros países, nos quais os mercados de capitais têm um maior peso no financiamento da economia, ajudando a promover o investimento.

*Fontes utilizadas neste artigo:
Estudos CMVM nº3 2009 - «O perfil do investidor particular português», Outubro 2009
Federation of European Securities Exchanges - «Share Ownership Structure in Europe», Dezembro 2008
Banco de Portugal - Boletim Estatístico Outubro 2009 – Tabela “Saldo de depósitos com prazo acordado de residentes na área do euro em instituições financeiras monetárias (particulares)”
Instituto Gestão Crédito Público – Boletim Mensal Novembro 2009
Associação Portuguesa de Seguradores – Produção de Seguro Directo Setembro 2009
Instituto de Seguros de Portugal – Estatísticas de Seguros 2008
APFIPP - Nota Informativa sobre Evolução dos F.I.M. Setembro 2009



Fonte: Newsletter ActivoBank7
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por vset » 7/11/2009 15:58

Acho que esse conservadorismo existe em gerações anteriores, nascidos antes dos anos 60.

Agora domina a chapa ganha chapa gasta, como os americans
 
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por Pata-Hari » 7/11/2009 10:55

Mas isso dependerá provavelmente da taxa de poupança e nós sabemos que a taxa de poupança americana é inexistente ou negativa. Só se é suposto investir em acções se se tiver poupanças (as alavancagens podem distorcer os números mas devem ser irrelevantes nos números globais - pergunto-me como é que os hedge funds afectam os números globais). E a regra de gestão de património americana tende a ser que a percentagem a deter de acções são os tais 100% menos a idade de cada um. Os Europeus e, sobretudo, os Portugueses, tendem a ser muito mais conservadores.
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por RiscoCalculado » 7/11/2009 2:14

É interessante que mesmo nos EUA, onde a aversão ao risco é menor que na Europa, a
percentagem de acções no portfolio de activos financeiros é relativamente baixa.


A percentagem de familias que detêm acções depende da idade e nunca ultrapassa muito os 60%

Considerando o universo total de familias (tanto os que detêm como os que não detêm acções) a percentagem de acções no portfolio de activos financeiros varia com a idade mas nunca ultrapassa muito os 20%

Considerando apenas o universo de famílias que detêm acções a percentagem de acções no portfolio de activos financeiro varia entre 20 e tal % e 60 e picos % (dependendo da idade).
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por RiscoCalculado » 7/11/2009 1:39

Não sei se é exactamente o que pretendes mas talvez este link te dê algum jeito:
http://www.chicagofed.org/publications/economicperspectives/ep_3qtr2009_part1_benzoni_chyruk.pdf

Tem dados sobre percentagem de famílias que detêm acções nos seus portfolios e
o peso dessa classe de activos no portfolio total.
Os dados são dos States.
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por tugatuga11 » 7/11/2009 1:26

vset Escreveu:O fórum permite fazer essa contagem estatística.

Posso antever a conclusão com 90% a perder no médio/longo prazo.


Tenho mais a perspectiva que 90% ganharia (e ganha mesmo) no médio e longo prazo, aliás essa foi uma regra que aprendi há uns 15 anos atrás. O problema é que a maioria não guarda os titulos por mais que uns dias...
Bom fim de semana.
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por vset » 7/11/2009 0:55

O fórum permite fazer essa contagem estatística.

Posso antever a conclusão com 90% a perder no médio/longo prazo.
 
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Re: Off topic Trabalho: Porquê investir nos mercados finance

por LTCM » 6/11/2009 23:55

BlackEagle Escreveu:Boa noite, tenho uma apresentação para fazer em inglês de um tema por mim escolhido, ora como gosto do que por aqui leio gostava de falar sobre o que leva uma pessoa a investir nos mercados e porque o deve fazer, para tal dava-me jeito alguma estatistica, não sabem onde posso aranjar alguma? estou a falar de coisas do tipo quantas pessoas desistem ao fim de seis meses quantas perdem a totalidade do capital pelo menos uma vez, os lucros dos mercados de acções VS rendas fixas e obrigações.

UM abraço


Mesmo sendo da opinião que a estatística que pretendes é muito genérica, arrisco a dizer que existem vários estudos académicos sobre esses assuntos.

Podes começar por aqui:

http://papers.ssrn.com/sol3/DisplayAbstractSearch.cfm

Ou então usar o google
Remember the Golden Rule: Those who have the gold make the rules.
***
"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir."
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Off topic Trabalho: Porquê investir nos mercados financeiros

por BlackEagle » 6/11/2009 20:37

Boa noite, tenho uma apresentação para fazer em inglês de um tema por mim escolhido, ora como gosto do que por aqui leio gostava de falar sobre o que leva uma pessoa a investir nos mercados e porque o deve fazer, para tal dava-me jeito alguma estatistica, não sabem onde posso aranjar alguma? estou a falar de coisas do tipo quantas pessoas desistem ao fim de seis meses quantas perdem a totalidade do capital pelo menos uma vez, os lucros dos mercados de acções VS rendas fixas e obrigações.

UM abraço
 
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