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Caldeirão da Bolsa

BA pede a funcionários para trabalhar sem remuneração

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por habanero04 » 18/6/2009 16:15

Isso do sim tem muito que se lhe diga, imagina que és uma pessoa que não ganha muito, não tem poupanças nem outros rendimentos, e para fazer face às despesas do mês necessita mesmo de receber o ordenado. Achas que a empresa deve pedir esse sacrificio a esse trabalhador? Cá em Portugal casos destes é o que não falta.
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por djovarius » 18/6/2009 16:04

Ora muito bem !!

Eis um debate que não resvalou para a "bruteza" que se vê em tantos tópicos, especialmente sobre futebol e política.

Quem diria: a visão que mais se aproxima do bom senso é a do Mec. O nosso grande comediante afinal tem uma faceta de seriedade e ponderação para quem disso duvidasse...

Daqui, chegamos a algumas conclusões:
O princípio de pedir a alguém para abdicar do seu salário mensal é pernicioso pela simples razão de que quem trabalhou, tem de ganhar. Ponto final.
Há países (que nem são exemplo dos maiores avanços laborais) onde, por exemplo, o conceito de salário em atraso é uma aberração e está associado à quase imediata falência da empresa.

Dito isto, a regra pode ter exceções, desde que estas não se tornem regra.

Parece-me que nem todos os casos são de considerar, mas este da British Airways é um caso de uma empresa viável, global, que tem passado por reestruturações e que sofre apenas por um problema de liquidez imediata. Não sendo certo que a poupança de um mês de vencimentos possa ser a única solução, também é verdade que pode ser determinante para a estabilidade de curto prazo da mesma.
É bonito falarmos no longo prazo, mas sem passarmos incólumes pelo curto prazo, nem sequer vamos assistir ao longo prazo. E é esta a mensagem clara do caso British.
Podem ter um historial de lucros, mas numa Airline desta dimensão, a fronteira entre passar de lucros brutais para igual dose de perdas é muito ténue. Seguramente, um mês de salários numa empresa de 30 mil trabalhadores pode permitir poupança e manter liquidez necessária para outros fatores de produção.

Mas, só no fim, é que alguns participantes entenderam bem o "truque" da questão da sondagem.

Perder um mês de salário de 3 em 3 anos equivale a uma redução salarial de 2,4% considerando Natal e férias, como vários participantes notaram.

Parecendo que não, essa poupança, num só mês, pode fazer a diferença em termos de tesouraria positiva (uma empresa pode ter um alto passivo, mas ainda assim ter uma boa situação de tesouraria, mais uma vez, é um problema de liquidez).

E, tratar-se-ia, não de jure, mas de facto, de uma pequena redução salarial, o que poderia levar a uma melhoria da competitividade, embora aqui estejamos já a entrar noutra problemática.

Em resumo: o não, pode ter cabimento se atendermos apenas à ética laboral, o sim, pode também ser praticável se salvarmos a empresa e a nossa posição na mesma, pelo que a resposta mais racional da minha parte seria o talvez, que, como vimos nada tem a ver com "nim". No caso British, tudo leva a crer que a minha resposta seria "sim".

Abraço

djovarius
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por StRuTcH » 18/6/2009 15:57

Acho piada que nunca vi nenhuma destas mega-empresas darem um ordenado extra aos trabalhadores quando as coisas vão de vento em popa!!!

Excepto aos srs. administradores...

----- // -----

Quanto à pergunta do Djovarius penso que está formulada num pressuposto irreal!

Pois, uma empresa que peça aos trabalhadores para que estes não recebam um mês é uma empresa que tem vindo a acumular dividas ao longo dos tempos. Portanto, essa medida apenas iria ser um balão de oxigénio a 1.000 metros de profundidade! Quando esgotar o seu efeito fazem o quê? Voltam à carga?!?!

-------- // -----

Eu infelismente já tenho no meu Curriculo uns meses de trabalho apenas pra ajudar ao aquecimento global!!! E posso-vos dizer que quando as coisas entortam não é com esse tipo de atitudes que se endireitam. Ou bem que se traçam planos de recuperação reais ou então fechem as portas!

Estas empresas que já deviam estar fechadas há muito tempo são autenticos CANCROS!! Contaminam as outras que até estão bem com dividas incobráveis, deixam os trabalhadores com salários em atraso e a sua produção, dadas as circunstancias, torna-se ridicula!

DEIXEM FALIR QUEM NÃO MERECE VIVER!!! AJUDAR ESTAS EMPRESAS QUE NÃO ACOMPANHAM O MERCADO É DIFICULTAR AS QUE ACOMPANHAM E IMPEDIR O CRESCIMENTO DE NOVAS EMPRESAS COM NOVAS IDEIAS (LEIA-SE PROGRESSO)!!!
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por habanero04 » 18/6/2009 14:28

Acho que por vezes , há a falta de um entendimento do que é o colectivo de uma empresa . Falta um quê de Cultura Niponica , de sentimento de pertença a algo maior que o individual e respeito de parte a parte . O Patrão tem de entender que sem os trabalhadores, não é nada e não produz nada, pelo que deve mantê-los satisfeitos e responder aos seus anseios ( e isso é muito mais que a relação de troca justa de remuneração por força de trabalho ) ; mas o Trabalhador tambem deve entender que , em tempos dificeis, pode ou deve ser tambem ele , como uma das maiores fontes de custos da empresa , a sacrificar-se dentro do possivel ( estamos a falar nestes casos extremos ).


Isto é verdade, cá não somos japoneses e não temos a cultura deles, mas também não me parece que os patrões se preocupem muito com a motivação dos trabalhadores, e a avaliar por inúmeros casos que conheço de pessoal que dava tudo pela empresa, estava lá se fosse necessário às 5 da manhã e se fosse preciso até às tantas da noite, e nem por isso foram respeitados e recompensados por isso. Onde está a motivação para dar tudo pela empresa? Acredita que neste momento no nosso Portugal o descontentamento e desmotivação é enorme e isto vai agravar-se.
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por Elgenedy » 18/6/2009 12:38

Branc0 Escreveu:elgenedy,

Os teus argumentos seriam válidos se não fosse o primeiro raciocinio a fazer questionar a solvebilidade da empresa em questão. Afinal se estivesse bem financeiramente não precisaria de tomar estas medidas.


Oi Branco,

Por isso dei um exemplo de uma empresa bastante conhecida no mercado nacional e com bastante sucesso. Penso que o problema de que referia foi 2000 e 2002 (vá-se lá saber o porquê destas datas :P)


Branc0 Escreveu:Ou seja, estás a trocar 500 euros certos por 0 imediatos e 1000 eventuais no futuro. Pode ser visto como uma questão de investimento e é só atribuires as probabilidades que tu achas correcto para cada cenário para determinares qual será a opção racional (claro que a avaliação de probabilidades é individual para cada ser humano).


Desta forma já concordo contigo, ou seja, depende. Cada caso é um caso, e todas as questões futuras, nunca as conseguimos saber antes. Temos sempre de prever/adivinhar o que vai acontecer à empresa.

Existem é n cenários que podem fazer com que a decisão de passar a receber o subsídio não seja a melhor ;)


Abraço,

./elgenedy
 
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por The Mechanic » 18/6/2009 12:31

Sim .Eu abdicaria até de um salario todos os anos,pra salvar a empresa .

Eu acho que há muito em Portugal uma visão reductora de " há Patrões e há empregados " . E depois, é cada um a ver quem saca mais ao outro !

Eu como tenho trabalhado em posições de Direcção, entendo os dois lados : o do Patrão que montou uma empresa para ganhar dinheiro e que muitas vezes é todos os dias confrontado com a necessidade de "inventar capital" ( e não estou a falar dos "tempos de vacas gordas", que aí, parece que ninguem tem problemas...)para manter a empresa e o Trabalhador, que está ali é pra ganhar dinheiro, vendendo o seu trabalho .

Acho que por vezes , há a falta de um entendimento do que é o colectivo de uma empresa . Falta um quê de Cultura Niponica , de sentimento de pertença a algo maior que o individual e respeito de parte a parte . O Patrão tem de entender que sem os trabalhadores, não é nada e não produz nada, pelo que deve mantê-los satisfeitos e responder aos seus anseios ( e isso é muito mais que a relação de troca justa de remuneração por força de trabalho ) ; mas o Trabalhador tambem deve entender que , em tempos dificeis, pode ou deve ser tambem ele , como uma das maiores fontes de custos da empresa , a sacrificar-se dentro do possivel ( estamos a falar nestes casos extremos ).

Quando a empresa está numa boa fase e dá muito lucro, o trabalhador fica contente por receber prémios , aumentos e outras formas de distribuição da riqueza por ela gerada.
Porque será então tão dificil entender que se a empresa está em sérias dificuldades e descapitalizada, tambem passa pelo trabalhador fazer alguma coisa !?
Ou só há sentimento de pertença quando há prémios e aumentos ?!

No Japão , os gajos passam mais tempo na empresa do que com a familia ( e se calhar , por cá tambem...) e tratam a empresa como se fosse familia ! Aquilo " é deles" ! Porque é aquilo que lhes permite " manter a outra parte" da sua vida . E se for preciso fazer um sacrificio para salvar esta familia...eles fazem-no sem pestanejar!

Nós aqui, se não somos aumentados um ano quando a empresa está à rasca, é logo : " ****** ! ...mas pra comprar o Mercedes novo no ano passado, já teve dinheiro ! A mim não me papam ! Ele que baixe o salário dele ..! "

Depois a empresa vái à falencia e passam à fase seguinte : " A culpa é do Governo !! ...porque não deram mais subsidios à empresa !?!? ...é só pros outros e prá Agricultura..!" .

Ninguem se interessa até lhes entrar pela porta adentro e assentar arraiais .

O resto depois, é Fado...


Um abraço ,

The Mechanic
" Os que hesitam , são atropelados pela retaguarda" - Stendhal
"É óptimo não se exercer qualquer profissão, pois um homem livre não deve viver para servir outro "
- Aristoteles

http://theflyingmechanic.blogspot.com/
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por Elgenedy » 18/6/2009 12:31

habanero04 Escreveu:
elgenedy Escreveu:- Entrando no campos dos ses (embora com base num caso real - Novabase). A empresa tem dificuldades temporárias. Propõe uma solução no momento prejudicial ao trabalhador. Os que aceitaram e ficaram, quando a empresa recuperou (e a Novabase recuperou bem, como se conhece), premiou estes funcionários com um prémio de produtividade bastante superior ao habitual. Continua a ser irracional?


Se no futuro isso acontecer e os trabalhadores forem recompensados pelo esforço, tudo bem! O problema está em ter a certeza de que isso irá acontecer no futuro. Cá em Portugal, pelo que tenho visto, a ideia é cortar a torto e a direito com desculpas esfarrapadas. Não há garantias de no futuro haver recompensas ou melhorias, e normalmente perder um direito adquirido significa não mais o recuperar.


Claro que quando acontece o problema, nunca se sabe o futuro, e por isso não se pode decidir com base nisso. Se soubéssemos prever o futuro, estávamos todos ricos ;)

A minha questão aqui era precisamente mostrar que uma decisão de uns trocos hoje, não são necessariamente a decisão economicamente mais racional.

Penso que se vê demasiadas vezes o recurso ao subsídio. Claro que é um direito que temos, mas acredito que é daqueles direitos de último recurso e não só porque é mais rentável em determinado instante no tempo. Há imensas outras implicações que, no limite, também são dinheiro. E penso que o é garantido, deve ficar salvaguardado.

Tu se deres um prato de comida a alguns animais, eles não lhes tocam enquanto estás perto. Em vez disso vão "choramingar" e pedir-te mais comida. A que está no "prato" já é deles e já está garantida... tudo o que venha a mais é lucro ;)

E eles são apenas animais :)

Abraço,

./elgenedy
 
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por SMALL1969 » 18/6/2009 12:29

Respondo sim.
Entre falência da minha empresa, e a redução de 2% no rendimento...escolho o rendimento. Mas obrigava o accionista a assinar um acordo para que no futuro fosse reflectida o meu esforço num bónus a distribuir assim que se voltassem a aumentos de lucros acima de X.

Eu acho que o mais complicado em relação ao pedido é a 1ª parte da frase.....A referência a trabalhar é que espantou o pessoal.

Em relação à 2ª parte, não terem aumento ou terem uma redução de rendimentos, nesta fase de inflacção inexistente, ainda é melhor do que ter aumentos de 2%, e a inflacção ser 3%, que era muito perto do que andava a acontecer em muitas empresas nos últimos anos.
 
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por Branc0 » 18/6/2009 12:26

elgenedy,

Os teus argumentos seriam válidos se não fosse o primeiro raciocinio a fazer questionar a solvebilidade da empresa em questão. Afinal se estivesse bem financeiramente não precisaria de tomar estas medidas.

Não é só avaliar a pespectiva de emprego futura, obviamente nem ele vai ser vitalicio porque não há garantias que a empresa resista à crise corrente ou qualquer outra futura.

Ou seja, estás a trocar 500 euros certos por 0 imediatos e 1000 eventuais no futuro. Pode ser visto como uma questão de investimento e é só atribuires as probabilidades que tu achas correcto para cada cenário para determinares qual será a opção racional (claro que a avaliação de probabilidades é individual para cada ser humano).

Sair e ir para o subsidio também te permite mais tempo para ir procurar um novo emprego já que os teus ex-colegas terão ocupados a trabalhar nos meses seguintes se o plano funcionar.

Mas acho que estamos a entrar em demasiados pormenores e não era por aí que o DJ queria entrar ;)
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por Jooaaoo » 18/6/2009 12:13

Partindo de pressuposto que a questão do DJ era bastante objectiva .... (Se fizer isto acontece aquilo) ... Continuo a achar que devia prescindir de 2.4% do meu rendimendo de um triénio em detrimento de uma garantia vitalicia de emprego....
A sério que não me importava...
A realidade de um desempregado, vai muito além de um simples "andar a ma_mar à custa do estado"...Acreditem...

Neste momento Emprego significa qualidade de vida (não tão à letra é claro), daí que, abdicar de "apenas" 2.4% dos meus rendimentos (em 3 anos) em troca dessa qualidade de vida, eu aceito.... Aponta aí DJ...Sim :wink:

Devem exitir muito poucas empresas que não necessitam de despedir alguém para conter custos...devido a inúmeras razões...Pelo que se o facto de abdicar de um salário a cada 3 anos, evitando assim o despedimento de vários funcionários, estou a garantir não só o meu futuro como o dos outros...

A tua opinião DJ?!


Abraços


Edit: o Tradutor do Caldeirão pregou-me uma Partida :wink:
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por habanero04 » 18/6/2009 11:58

Razão Pura Escreveu:Quando a crise estala, se é legítimo que os empregados e até os administradores abdiquem de parte da sua remuneração para poder aguentar o barco, o que é que será legítimo esperar dos restantes stakeholders, accionistas, sócios, os decisores, os estrategas das organizações, etc...?


Não concordo. Os trabalhadores normalmente não são donos da empresa, prestam um serviço e devem ser pagos por isso.
Editado pela última vez por habanero04 em 18/6/2009 12:18, num total de 1 vez.
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por Razao_Pura » 18/6/2009 11:55

Djovarius,

Respondo que sim, com duas ressalvas:
1ª - Esse teu plano parece-me pouco risível, abdicar de um salário a cada 3 anos porquê? Porquê a repetição em 3 anos?
De resto, não em choca abdicar de um dia de trabaho por semana, remuneração e trabalho efectivo, durante um período fixado, em virtude de faltar trabalho, encomendas, etc... (sim) Trocar trabalho por formação com remuneração reduzida para requalificação enquanto a empresa vira a agulha para fugir à crise? (sim) etc.. etc.. etc..

2ª Outro aspecto que ainda ninguem falou é o seguinte: No tempo das vacas gordas, as organizações dão lucros chorudos, o nº de empregos aumenta, os empregados são aumentados, os prémios chovem ao fim do ano, os Administradores recebem que nem lordes, e os prémios deles também chovem, frequentemente várias vezes por ano. Muitos são até objecto de "tranferências" milionárias" à laia do desporto rei com valores de fazer chorar as pedras da calçada. E os accionistas recebem a parte de leão na distribuição de resultados. Já nem vou falar na aplicação de parte dos resultados em reinvestimento.
Quando a crise estala, se é legítimo que os empregados e até os administradores abdiquem de parte da sua remuneração para poder aguentar o barco, o que é que será legítimo esperar dos restantes stakeholders, accionistas, sócios, os decisores, os estrategas das organizações, etc...?

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por habanero04 » 18/6/2009 11:55

elgenedy Escreveu:- Entrando no campos dos ses (embora com base num caso real - Novabase). A empresa tem dificuldades temporárias. Propõe uma solução no momento prejudicial ao trabalhador. Os que aceitaram e ficaram, quando a empresa recuperou (e a Novabase recuperou bem, como se conhece), premiou estes funcionários com um prémio de produtividade bastante superior ao habitual. Continua a ser irracional?


Se no futuro isso acontecer e os trabalhadores forem recompensados pelo esforço, tudo bem! O problema está em ter a certeza de que isso irá acontecer no futuro. Cá em Portugal, pelo que tenho visto, a ideia é cortar a torto e a direito com desculpas esfarrapadas. Não há garantias de no futuro haver recompensas ou melhorias, e normalmente perder um direito adquirido significa não mais o recuperar.
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por djovarius » 18/6/2009 11:34

Bom dia,

O debate está interessante, mas gostaria que mais pessoas votassem: Sim, não ou talvez...

Vamos dar até às 15 horas !! :P

dj
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por Elgenedy » 18/6/2009 11:21

Branc0 Escreveu:(...) mas se me pagam 500 euros para tar em casa e o patrão me dá 0€ para ficar de férias... bom, é irracional eu prescindir dos 500€ não?


Aí penso que depende de muitos outros factores:

- O patrão dá-me 0 durante 1 mês e 1000 nos seguintes. O estado dá 500 todos os meses. Escolher a primeira é irracional?

- A pessoa até vai para o desemprego, às cuscas do subsídio. Em alturas dificeis de encontrar emprego, nunca me parece uma boa solução. Até porque, quanto mais tempo parado, mais dificil é de alguem contratar (e sim, já passei por essa situação pessoalmente). Continua a ser irracional não ir para o desemprego?

- A pessoa vai para o desemprego e a receber subsídio. Este subsídio implica que se aceitem propostas do IEFP, existindo um limite (pequeno) de recusas aceites antes de retirar o subsídio. Isto implica que a oferta pode ser bem pior do que o que se tinha. Continua a ser irracional?

- Entrando no campos dos ses (embora com base num caso real - Novabase). A empresa tem dificuldades temporárias. Propõe uma solução no momento prejudicial ao trabalhador. Os que aceitaram e ficaram, quando a empresa recuperou (e a Novabase recuperou bem, como se conhece), premiou estes funcionários com um prémio de produtividade bastante superior ao habitual. Continua a ser irracional?

E isto são apenas alguns exemplos, e apenas com base em decisões economicamente racionais.

Branc0 Escreveu: Qual é o sentido de serem os trabalhadores a salvarem uma gestão que não sabe negociar ordenados quando contrata pessoal? Ou querem roubar o "melhor talento" nas vacas gordas e quando chegam à conclusão que não têm situação financeira que o suporte vão os "operários" salvar a empresa?


Aqui concordo plenamente contigo. Mas por isso, para mim, uma medida deste género tem de ser para todos, ou seja as chefias têm de dar o exemplo, o que no caso da BA, e pelo que foi noticiado, foi precisamente o que aconteceu. Claro que uma empresa que faça essa proposta, mas as chefias continuem com o seu sálario astronómico, bem podem esperar sentados...

Abraço,

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Foi uma alegria !

por bboniek33 » 18/6/2009 10:23

Quero dizer, quando o Muro de Berlim veio a baixo. Finalmente o modelo "ocidental" de Mercado Livre ia ser implementado por todo o Mundo. Que magnifico proposito !

Ora, desde aii, o tal modelo "ocidental" desatou a resvalar para o vale-tudo (aquilo a que alguns chamam neo-liberalismo e outros de roubalheira), foi ver banqueiros e investidores a meter a mao ao saco, enquanto iam dando rebucados e biscoitos a uma classe-media decadente, gastadora, demitida das suas responsabilidades sociais. Aquilo ee que foram quase 20 anitos de galhofa pura: uns encheram os bolsos e os outros iam enchendo os avioes e partiam para as Bermudas e Jamaicas ou para destinos "aventura" (armados em Indiana Jones), foi gastar-gastar, e toca-a-andar que amanha nao ha. E foi o que aconteceu: o modelo estoirou. E estoirou na cara dos gatunos mas tambem dos gananciosos e alienados (alheamento do sentido de Solidariedade, alienacao pura).

Andam para aii a apanhar os cacos e dizem que a seguir nada seraa como dantes. A ver vamos...

Nao querem Socialismo, escavacaram a Social-Democracia, o Liberalismo norte-americano, desregulado propositadamente, faliu (bastou a China comecar a explosao economica que se adivinhava desde ha decadas), e agora... andam os burocratas dos Ges a coser a manta esgacada de tanto puxar, uns querem por remendos e outros propoem serzir, mas a manta ficou curta de tanto esticar.

Aa dita roubalheira e ao "novo-modelo" chamam, pomposamente, Paradigma. Isto em Frances, Ingles, Castelhano, Eslovaco, etc. Tal e qual, chamam-lhe Paradigma. E dizem "Isto tem que mudar !"

Que bom que ee ter meios economicos solidos nestes tempos, meios angariados com trabalho (ou nao !) e solidamente aplicados enquanto se viveu a Vida com equilibrio, sem gastos sumptuarios e manias das grandezas. Que bom ee ser Remediado neste Mundo a dar gemidos de agonia enquanto a classe-media se arrasta sob o peso das dividas de vinte anos de alienacao.

Sim, ee tempo de pagar o que se consumiu em excesso.
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por MarcoAntonio » 18/6/2009 9:41

Eu também acho que, em resposta à questão do Djovarius, faz mais sentido uma renegociação de salários e/ou despedimentos em determinados postos.

O que um cenário desses revela é uma má estrutura de custos e de pessoal, em princípio. Portanto, o que a Empresa terá de fazer é tornar-se mais eficiente.

Abdicar de vencimentos não é muito transparente. Embora eu consiga tb entendê-lo num cenário de falta de liquidez ou num determinado cenário conjuntural/pontual (tipo, num determinado momento em que o aumento de desemprego seja particularmente problemático e em que as causas do problema sejam passageiras). Não estrutural, portanto...

Se for estrutural, então a empresa tem de se reestruturar.
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por Branc0 » 18/6/2009 9:05

Pata-Hari Escreveu:Eu, francamente, espantam-me os argumentos. Fico com a ideia que todos acham que encontrar trabalho noutro lugar ou receber subsídios é um dado adquirido e um direito.


Mas é que são mesmo um dado adquirido e um dos direitos da classe trabalhadora, a culpa não é minha que nem sabia escrever quando elaboraram a constituição mas se me pagam 500 euros para tar em casa e o patrão me dá 0€ para ficar de férias... bom, é irracional eu prescindir dos 500€ não?

Djovarius Escreveu:Você renunciaria definitivamente a um mês de salário a cada 3 anos, se soubesse que a sua empresa seria salva bem como o seu posto de trabalho ???


Qual é o sentido de serem os trabalhadores a salvarem uma gestão que não sabe negociar ordenados quando contrata pessoal? Ou querem roubar o "melhor talento" nas vacas gordas e quando chegam à conclusão que não têm situação financeira que o suporte vão os "operários" salvar a empresa? Não é só as empresas que investiram balurdios em imobiliário que serão castigadas, houve também muitos maus investimentos em recursos humanos (nem falando nos recursos humanos que foram contratados para levar certas empresas à falência :P ).

Nessa optica seria muito mais aceitável a empresa renegociar salários. Mais depressa aceito um corte no ordenado que artimanhas dessas (mesmo o custo sendo o mesmo para a minha carteira). É mais honesto, é uma solução mais duradoura no tempo e é também mais fácil de avaliar directamente o nível de salários no mercado.
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por Pata-Hari » 18/6/2009 6:59

Pikas, não são tostões o que ganham as pessoas e os subsídios de desemprego não são infinitos e de reprodução solitária e automática como a tua afirmação parece fazer querer além de que não são particularmente bem distribuídos e a fraude é enorme e parece infinita agravando o problema seriamente. Aliás, isso traz à baila a velha questão de parecer que o dinheiro do estado não é o nosso e parecer ser infinito. E sim, as empresas falem porque não conseguem assumir os encargos que têm e o pessoal é sempre um que não é irrelevante como apontas e que é cada vez mais significativo.
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por PIKAS » 17/6/2009 21:56

Fico com a ideia que todos acham que encontrar trabalho noutro lugar ou receber subsídios é um dado adquirido e um direito


O subsídio de desemprego é um direito.
Convém não confundir as coisas.
Então para que é que eu desconto para a segurança social ( sim, segurança social, tal como as palavras o dizem ) um balúrdio mensalmente? É para pagar o rendimento social de inserção dos meninos da Bela vista??? A segurança social é para eles ou para mim, que desconto, para me prover em caso de desemprego, doença ou no final a merecida reforma???
Aquilo que se designa por SS, a mim, não me dá nada. Desconto há muitos anos e importâncias avultadas, até hoje nada usufrui, mas se de hoje para amanhã precisar ( Deus queira que não ) tenho o direito a usufruir.
Espero, contudo, vir só a usufruir de uma descansada reforma.
Se os nossos estimados governantes gastaram a massa que eu lá pus a recuperar menores problemáticos, ou a ajudar mães solteiras o problema não é meu. Descontei, logo tenho o direito.
Relativamente ao encontrar trabalho noutro lugar, não é um direito. É, isso sim, uma opcção de vida.
Pessoalmente, em 30 anos de carreira profissional, estive apenas cerca de 1 ano num sítio onde já não gostava de estar, detestava e era um dos bons empregos deste País, e só não saí quando comecei a detestar porque o borucracia não me deixava saír.
Quando obtive a liberdade vim ganhar menos, com piores condições, com a reforma mais longe, mas incomparávelmente mais feliz.
Adaptei-me, passei a gastar menos, mas a dormir muito melhor. Hoje, felizmente, já posso gastar muitissimo mais que o que nessa altura gastava.

A falência de uma empresa é uma consequência irreversível e grave


Pata: Por favor, explique-me e quantifique os casos em que as falências das empresas são motivadas pelos tostões a mais que os trabalhadores ganharam? Não conheço um só caso ( esclareço que não tenho nada de vermelho, excepto o benfiquismo )


Cumprimentos,
 
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por MozHawk » 17/6/2009 21:03

Caro djo,

Sem makas desde que tal fizesse sentido. Até porque, tal como a pata, não me importaria mesmo nada de ter mais algum tempo de férias não remuneradas.

Mas tudo isto é algo complicado. Face à actual conjuntura, também por cá, o impacto está a ser terrível. Pela primeira vez em 6 anos, tive um aumento salarial de 0% e com o qual concordei. Com a forte redução da actividade, não tinha argumentos para contrariar essa postura. Por outro lado, fui contemplado com o maior bónus anual de sempre dos meus 15 anos de carreira. Caso a situação agudize, não sei se para o ano ainda estarei aqui. É inacreditável como a actividade "desapareceu". Ou nem por isso...

Confronto-me agora com um dilema. A situação cómoda de ir trabalhando, num perfeito 9 to 5 se assim o quiser, com tempo para tudo e mais alguma coisa, a ser muito bem pago, apesar de dar a ganhar exponencialmente mais do que o que recebo, mas com inúmeros projectos em stand-by à espera de uma inversão da tendência... ou dar por encerrada a página Angola e meter-me novamente a caminho em projectos pessoais, de muito maior risco, mas onde me sinta mais vivo. É dos diabos.

Um abraço,
MozHawk
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por Pata-Hari » 17/6/2009 20:18

enquanto produzirmos o mesmo que os indianos e os chineses, sim, só equilibra quando ganharmos o mesmo.
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por dvck » 17/6/2009 20:10

Arte-Sacra Escreveu:Prescindir de um salário mensal?!
Não chega!

Isto só equilibra, quando começarmos a ganhar o mesmo que os Chineses e Indianos.
Ou dito de outra forma:
Quando nos Países da Produção Industrial, os colaboradores terem o mesmo poder aquisitivo que nos Países dos Serviços.

Até lá, temos Balança de Pagamentos em desequilíbrio e a tendência vai ser de continua descida no poder de compra.

É para apertar os cintos, meus amigos.

Abraço


Reflexão interessante. :wink:
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por Arte-Sacra » 17/6/2009 20:03

Prescindir de um salário mensal?!
Não chega!

Isto só equilibra, quando começarmos a ganhar o mesmo que os Chineses e Indianos.
Ou dito de outra forma:
Quando nos Países da Produção Industrial, os colaboradores terem o mesmo poder aquisitivo que nos Países dos Serviços.

Até lá, temos Balança de Pagamentos em desequilíbrio e a tendência vai ser de continua descida no poder de compra.

É para apertar os cintos, meus amigos.

Abraço
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por Pata-Hari » 17/6/2009 19:39

Já agora, para ser franca, eu ficaria contente de ter mais uns dias de férias não pagas....
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