Renfe tem bilhetes a metade do preço da CP
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Renfe tem bilhetes a metade do preço da CP
Renfe tem bilhetes a metade do preço da CP para a mesma viagem entre Lisboa e Madrid
05.06.2009 - 07h18
Por Carlos Cipriano
Imagine que quer ir a Madrid no Talgo Lusitânia Hotel dentro de um mês. Vai ao site da CP e vê que um compartimento single em classe preferente (com cama, casa de banho e duche privativo) custa 151,60 euros. Por esse preço, talvez opte pelo avião, que tem preços em conta, mas em jeito de curiosidade decide espreitar o site da Renfe (operadora ferroviária espanhola).
Aí descobre com grande surpresa que pode comprar logo por via electrónica (coisa que o site da CP não permite) um bilhete para a mesma viagem por apenas 60,20 euros, ou seja, menos de metade do preço.
Esta tarifa não admite alterações de datas, mas há outra a 90 euros, que também pode ser comprada na Internet e que permite trocas e reembolsos.
Será isto o mercado a funcionar? Concorrência pura entre a CP e a Renfe?
Não. O Lusitânia Comboio Hotel é um produto explorado em conjunto pela CP e pela Renfe "numa repartição de 50 por cento, quer em custos, quer em receitas, existindo regularmente reuniões entre as duas companhias para aferição de políticas comerciais e acertos de gestão", explicou ao PÚBLICO fonte oficial da transportadora portuguesa. Ou seja, CP e Renfe são sócias neste comboio.
A mesma fonte diz ainda que "os valores em vigor no site da Renfe estão em linha com uma política de yield management [flexibilidade comercial de descontos] que está a ser aplicada e apenas disponível nas vendas efectuadas pela Internet". Ora como a CP não tem venda on-line no serviço internacional, não pode prestar aos seus clientes os mesmos descontos que a sua sócia Renfe.
A impossibilidade de vender bilhetes pela Internet aplica-se também ao comboio Sud Expresso, que liga diariamente Lisboa à fronteira francesa de Hendaya, dando ligação ao TGV para Paris. Em toda a Europa a maioria dos sites das empresas ferroviárias funcionam em rede e é fácil comprar bilhetes para os comboios internacionais.
Mas quem quiser ir, por exemplo, para Salamanca, San Sebastian, Bordéus, ou Paris, nem sequer consegue saber no site e no call center da CP das disponibilidades de reserva. E menos ainda adquirir o bilhete, coisa que também não é possível fazer de forma imediata numa agência de viagens. Para tal, só mesmo em algumas das estações principais da CP.
No ano passado, Nuno Moreira, administrador da empresa, garantia ao PÚBLICO (3/3/2008) que ainda nesse ano a CP iria aderir à rede Hermes (uma gigantesca base de dados europeia com horários de comboios e tarifas), mas entretanto nada mudou.
Dificuldades técnicas por parte da Fujitsu-Sadamel, fornecedor da CP que também está a equipar as estações de Sintra e de Cascais com equipamento automático, estarão na origem desta incapacidade.
No entanto, a mesma fonte oficial diz que a disponibilização de uma aplicação informática para o serviço internacional, quer na rede de bilheteiras da CP, quer no seu site, "continua a ser um dos aspectos prioritários para a nossa rede de vendas".
Houve um tempo em que, mesmo nas mais recônditas estações da CP, o funcionário, à luz do candeeiro a petróleo, passava bilhetes de qualquer origem para qualquer destino, calculando à mão o número de quilómetros da viagem, os transbordos e a categoria dos comboios para chegar ao tarifário certo.
Hoje, apesar dos modernos sistemas informáticos substituírem o papel químico, não é possível em Cascais comprar um bilhete para o Porto. E no Rossio não se pode comprar um bilhete para Torres Vedras. E em Braga é preciso ir a duas bilheteiras que estão lado a lado para se comprar uma viagem para Santarém.
Os exemplos são inúmeros e devem-se à opção, durante o consulado de Crisóstomo Teixeira à frente dos destinos da CP, em partir a empresas em unidades de negócio que deveriam ficar "a um passo da escritura" na expectativa de uma futura privatização. Deste modo, criaram-se várias mini-CP que passaram a actuar de costas voltadas sem ter em conta as vantagens do funcionamento em rede do sistema ferroviário.
O actual presidente, Cardoso dos Reis (na foto), reconhece que foi um erro e quer fazer o caminho inverso, regressando às "bilheteiras universais". Mas este tem-se revelado difícil, quer pelas incompatibilidades técnicas do sistema anterior que foi longe de mais, quer pela fraca prioridade dada à nova estratégia.
Fonte: publico.pt
05.06.2009 - 07h18
Por Carlos Cipriano
Imagine que quer ir a Madrid no Talgo Lusitânia Hotel dentro de um mês. Vai ao site da CP e vê que um compartimento single em classe preferente (com cama, casa de banho e duche privativo) custa 151,60 euros. Por esse preço, talvez opte pelo avião, que tem preços em conta, mas em jeito de curiosidade decide espreitar o site da Renfe (operadora ferroviária espanhola).
Aí descobre com grande surpresa que pode comprar logo por via electrónica (coisa que o site da CP não permite) um bilhete para a mesma viagem por apenas 60,20 euros, ou seja, menos de metade do preço.
Esta tarifa não admite alterações de datas, mas há outra a 90 euros, que também pode ser comprada na Internet e que permite trocas e reembolsos.
Será isto o mercado a funcionar? Concorrência pura entre a CP e a Renfe?
Não. O Lusitânia Comboio Hotel é um produto explorado em conjunto pela CP e pela Renfe "numa repartição de 50 por cento, quer em custos, quer em receitas, existindo regularmente reuniões entre as duas companhias para aferição de políticas comerciais e acertos de gestão", explicou ao PÚBLICO fonte oficial da transportadora portuguesa. Ou seja, CP e Renfe são sócias neste comboio.
A mesma fonte diz ainda que "os valores em vigor no site da Renfe estão em linha com uma política de yield management [flexibilidade comercial de descontos] que está a ser aplicada e apenas disponível nas vendas efectuadas pela Internet". Ora como a CP não tem venda on-line no serviço internacional, não pode prestar aos seus clientes os mesmos descontos que a sua sócia Renfe.
A impossibilidade de vender bilhetes pela Internet aplica-se também ao comboio Sud Expresso, que liga diariamente Lisboa à fronteira francesa de Hendaya, dando ligação ao TGV para Paris. Em toda a Europa a maioria dos sites das empresas ferroviárias funcionam em rede e é fácil comprar bilhetes para os comboios internacionais.
Mas quem quiser ir, por exemplo, para Salamanca, San Sebastian, Bordéus, ou Paris, nem sequer consegue saber no site e no call center da CP das disponibilidades de reserva. E menos ainda adquirir o bilhete, coisa que também não é possível fazer de forma imediata numa agência de viagens. Para tal, só mesmo em algumas das estações principais da CP.
No ano passado, Nuno Moreira, administrador da empresa, garantia ao PÚBLICO (3/3/2008) que ainda nesse ano a CP iria aderir à rede Hermes (uma gigantesca base de dados europeia com horários de comboios e tarifas), mas entretanto nada mudou.
Dificuldades técnicas por parte da Fujitsu-Sadamel, fornecedor da CP que também está a equipar as estações de Sintra e de Cascais com equipamento automático, estarão na origem desta incapacidade.
No entanto, a mesma fonte oficial diz que a disponibilização de uma aplicação informática para o serviço internacional, quer na rede de bilheteiras da CP, quer no seu site, "continua a ser um dos aspectos prioritários para a nossa rede de vendas".
Houve um tempo em que, mesmo nas mais recônditas estações da CP, o funcionário, à luz do candeeiro a petróleo, passava bilhetes de qualquer origem para qualquer destino, calculando à mão o número de quilómetros da viagem, os transbordos e a categoria dos comboios para chegar ao tarifário certo.
Hoje, apesar dos modernos sistemas informáticos substituírem o papel químico, não é possível em Cascais comprar um bilhete para o Porto. E no Rossio não se pode comprar um bilhete para Torres Vedras. E em Braga é preciso ir a duas bilheteiras que estão lado a lado para se comprar uma viagem para Santarém.
Os exemplos são inúmeros e devem-se à opção, durante o consulado de Crisóstomo Teixeira à frente dos destinos da CP, em partir a empresas em unidades de negócio que deveriam ficar "a um passo da escritura" na expectativa de uma futura privatização. Deste modo, criaram-se várias mini-CP que passaram a actuar de costas voltadas sem ter em conta as vantagens do funcionamento em rede do sistema ferroviário.
O actual presidente, Cardoso dos Reis (na foto), reconhece que foi um erro e quer fazer o caminho inverso, regressando às "bilheteiras universais". Mas este tem-se revelado difícil, quer pelas incompatibilidades técnicas do sistema anterior que foi longe de mais, quer pela fraca prioridade dada à nova estratégia.
Fonte: publico.pt
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