Off Topic - Gritos e gemidos que anunciam uma campeã
Re: Ai ee ???
bboniek00 Escreveu:Entao, a minha vizinha de baixo vai ser (ou jaa ee...) campea de qualquer coisa. Chamem caa o NYT e tragam um decibelimetro.
Envio-te um exemplo de uma carta que deverás colocar na caixa de correio da tua vizinha.

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Off Topic - Gritos e gemidos que anunciam uma campeã
Gritos e gemidos que anunciam uma campeã
por Ferreira FernandesHojeComentar
Ontem, a portuguesa Michele Brito, de 16 anos, foi considerada pelo New York Times como "a mais recente estrela precoce do ténis." O jornal chamou-a para a primeira página e dedicou-lhe um longo artigo nas páginas desportivas. É preciso também dizer que o que levou a esse interesse inusitado não foi a qualidade do jogo de raqueta de Michele, que é muita - chegada ao torneio de Roland-Garros no 132.º lugar mundial, ela garantiu entrar, qualificando-se e ganhando os dois primeiros jogos, no top 100 do próximo ranking. Mas o que chamou a atenção do jornal foram as cordas vocais da portuguesa.
Se o New York Times escrevesse em português poderia fazer um trocadilho no título: "Michele Grito". No terceiro jogo, com a francesa Aravane Rezai, a portuguesa deu um festival de gritos e gemidos, tantos que a adversária se queixou. "Por favor, há um limite, chega!", disse a francesa ao árbitro. Este aconselhou Michele a moderar a sua expressividade sonora, mas ela continuou com "ahmmms" que incomodavam pela agudeza mas, sobretudo, pela duração. "Ah..." começava no rebate da bola na sua raqueta, e continuava, "mmmm...", quando a bola chegava ao fundo da quadra da adversária.
Enquanto Rezai ganhava, não houve queixas. Mas quando a portuguesa começou a assentar jogo, a francesa queixou-se. Pura manobra oportunista para desconcentrar a demasiado jovem Michele. Surtiu efeito, esta atirou a raqueta ao chão depois de cometer uma dupla falta e acabou por perder. No final, Michele saiu em lágrimas e sob as vaias do público francês.
Foi com os olhos vermelhos que falou para os jornais: "Também vão mandar calar a Maria [Sharapova]?" Pergunta justa porque, horas depois, a célebre russa (que já foi n.º 1 mundial e recupera depois de uma operação há dez meses) passou aos oitavos à custa de gritos bem soados na conquista de cada ponto bem suado - e, de facto, ninguém protestou. Sharapova é das pioneiras do grito, técnica que a campeoníssima Monica Seles introduziu nos courts. Gritar vale o mesmo que as passadas largas de Cristiano Ronaldo para trás, quando se prepara para marcar um livre, vale o mesmo que a dança de combate dos neozelandeses do râguebi, All Blacks - impressionar o adversário. É jogo legítimo por mais que custe aos empertigados do ténis. McEnroe também era vaiado quando atirava a raqueta ao chão e, depois, o mundo do ténis teve de se submeter ao seu génio.
"Se não gritar sinto que o meu jogo perde qualquer coisa", disse Michele Brito no fim da famigerada partida com Rezai. Então, faz bem em gritar - o que já lhe deu a atenção do New York Times. Esta semana, ela não errou no grito longo, errou foi em ter perdido. O grito até é um bom prenúncio: Michele Brito não pede desculpa por estar onde está, ela anuncia-se. Oiço, aí, uma campeã.
http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interi ... o=Ferreira Fernandes&tag=Opini%E3o - Em Foco
por Ferreira FernandesHojeComentar
Ontem, a portuguesa Michele Brito, de 16 anos, foi considerada pelo New York Times como "a mais recente estrela precoce do ténis." O jornal chamou-a para a primeira página e dedicou-lhe um longo artigo nas páginas desportivas. É preciso também dizer que o que levou a esse interesse inusitado não foi a qualidade do jogo de raqueta de Michele, que é muita - chegada ao torneio de Roland-Garros no 132.º lugar mundial, ela garantiu entrar, qualificando-se e ganhando os dois primeiros jogos, no top 100 do próximo ranking. Mas o que chamou a atenção do jornal foram as cordas vocais da portuguesa.
Se o New York Times escrevesse em português poderia fazer um trocadilho no título: "Michele Grito". No terceiro jogo, com a francesa Aravane Rezai, a portuguesa deu um festival de gritos e gemidos, tantos que a adversária se queixou. "Por favor, há um limite, chega!", disse a francesa ao árbitro. Este aconselhou Michele a moderar a sua expressividade sonora, mas ela continuou com "ahmmms" que incomodavam pela agudeza mas, sobretudo, pela duração. "Ah..." começava no rebate da bola na sua raqueta, e continuava, "mmmm...", quando a bola chegava ao fundo da quadra da adversária.
Enquanto Rezai ganhava, não houve queixas. Mas quando a portuguesa começou a assentar jogo, a francesa queixou-se. Pura manobra oportunista para desconcentrar a demasiado jovem Michele. Surtiu efeito, esta atirou a raqueta ao chão depois de cometer uma dupla falta e acabou por perder. No final, Michele saiu em lágrimas e sob as vaias do público francês.
Foi com os olhos vermelhos que falou para os jornais: "Também vão mandar calar a Maria [Sharapova]?" Pergunta justa porque, horas depois, a célebre russa (que já foi n.º 1 mundial e recupera depois de uma operação há dez meses) passou aos oitavos à custa de gritos bem soados na conquista de cada ponto bem suado - e, de facto, ninguém protestou. Sharapova é das pioneiras do grito, técnica que a campeoníssima Monica Seles introduziu nos courts. Gritar vale o mesmo que as passadas largas de Cristiano Ronaldo para trás, quando se prepara para marcar um livre, vale o mesmo que a dança de combate dos neozelandeses do râguebi, All Blacks - impressionar o adversário. É jogo legítimo por mais que custe aos empertigados do ténis. McEnroe também era vaiado quando atirava a raqueta ao chão e, depois, o mundo do ténis teve de se submeter ao seu génio.
"Se não gritar sinto que o meu jogo perde qualquer coisa", disse Michele Brito no fim da famigerada partida com Rezai. Então, faz bem em gritar - o que já lhe deu a atenção do New York Times. Esta semana, ela não errou no grito longo, errou foi em ter perdido. O grito até é um bom prenúncio: Michele Brito não pede desculpa por estar onde está, ela anuncia-se. Oiço, aí, uma campeã.
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