CP deixa de ser empresa pública e passa a E.P.E.
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Muito bom documento onde se mostra a tendência actual no Reino Unido.
http://www.logistik-inside.de/fm/3576/S ... aSalle.pdf
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Atomez Escreveu:EALM Escreveu:Atomez,
Mas mais baratas para quem? Olha que esta questão não é assim de tão fácil avaliação. Se adicionares todos os custos directos e indirectos, vais ver que o transporte ferroviário é o mais eficiente dos transportes terrestres, genericamente falando.
Não, não é.
Será o mais eficiente entre as estações em que pára. Fora disso não é.
O transporte ferroviário é extremamente rígido no espaço e no tempo.
As pessoas e mercadorias querem é deslocar-se entre os pontos A e B sem restrições nem transbordos e a qualquer hora que queiram. O custo total disso é que conta.
Pois é, tens razão, e esse custo é muito mais elevado no modo rodoviário do que podes pensar.
http://www.greencarcongress.com/2008/09 ... arl-1.html
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/Lex ... FIN:EN:PDF
A resposta à tua questão da flexibilidade responde-se numa palavra: Logística.
Editado pela última vez por EALM em 17/4/2009 15:39, num total de 1 vez.
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EALM Escreveu:Atomez,
Mas mais baratas para quem? Olha que esta questão não é assim de tão fácil avaliação. Se adicionares todos os custos directos e indirectos, vais ver que o transporte ferroviário é o mais eficiente dos transportes terrestres, genericamente falando.
Não, não é.
Será o mais eficiente entre as estações em que pára. Fora disso não é.
O transporte ferroviário é extremamente rígido no espaço e no tempo. Nos tempos que correm a flexibilidade e just in time são o mais importante.
As pessoas e mercadorias querem é deslocar-se entre os pontos A e B sem restrições nem transbordos e a qualquer hora que queiram. O custo total disso é que conta.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
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Incrível,se uma empresa que presta serviços públicos(que não tem necessariamente que dar lucro) tem algum problema, a solução passa sempre ou por fechar ou privatizar...a privatização não é uma panaceia...alguns anos atrás ao contrário do resto da Europa abdicamos dos caminhos de ferro como alternativa ao carro,autocarro, temos milhões de Km de autoestrada e quantos de linha férrea?o que nos deixa muito dependentes dos camionistas, como se viu algum tempo atrás....temos que pensar medidas(fora aqueles que referi em cima) de forma a solucionar este problema...
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Atomez,
Mas mais baratas para quem? Olha que esta questão não é assim de tão fácil avaliação. Se adicionares todos os custos directos e indirectos, vais ver que o transporte ferroviário é o mais eficiente dos transportes terrestres, genericamente falando. Se o não é cá, existem certamente razões para isso.
E a tendncia mundial é para continuar a ganhar terreno em detrimento do transporte rodoviário, mormente para as mercadorias. Em breve o modo rodoviário (de mercadorias) irá ser fortemente taxado em função dos enormes custos indirectos que acarreta. Lá está: é mais barato para os transportadores, mas o custo do desgaste da estrada, do tempo perdido em filas, da poluição, da ineficiência energética, etc etc, acaba por ser suportado por todos nós. Estes custos são inferiores no modo ferroviário.
Mas mais baratas para quem? Olha que esta questão não é assim de tão fácil avaliação. Se adicionares todos os custos directos e indirectos, vais ver que o transporte ferroviário é o mais eficiente dos transportes terrestres, genericamente falando. Se o não é cá, existem certamente razões para isso.
E a tendncia mundial é para continuar a ganhar terreno em detrimento do transporte rodoviário, mormente para as mercadorias. Em breve o modo rodoviário (de mercadorias) irá ser fortemente taxado em função dos enormes custos indirectos que acarreta. Lá está: é mais barato para os transportadores, mas o custo do desgaste da estrada, do tempo perdido em filas, da poluição, da ineficiência energética, etc etc, acaba por ser suportado por todos nós. Estes custos são inferiores no modo ferroviário.
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Na minha opinião, o problema do serviço público (no caso dos transportes e não só) é funcionar ao sabor da política e não ao sabor do mercado.
Quero dizer com isto o seguinte: se por hipótese a CP fosse privada, os preços cobrados aos clientes seriam certamente outros (naturalmente mais caros) e a estrutura de custos seria certamente outra (dispensando-se serviços desnecessários). Não haveria cá lugar a aumentos de preços indexados à inflação. O mercado se encarregaria de definir a oferta e a procura, com as consequentes implicações na viabilidade da empresa.
Como é um serviço público, e como os aumentos são fixados anualmente por portaria com base na inflação e não nos custos (estes até podem triplicar, que vai dar ao mesmo), os prejuízos vão-se acumulando.
Por isso, não me parece que seja apenas um problema de gestão (também é, claro, mas não é só), é acima de tudo um problema político.
Voltamos à velha questão da interferência do Estado no mercado...
Quero dizer com isto o seguinte: se por hipótese a CP fosse privada, os preços cobrados aos clientes seriam certamente outros (naturalmente mais caros) e a estrutura de custos seria certamente outra (dispensando-se serviços desnecessários). Não haveria cá lugar a aumentos de preços indexados à inflação. O mercado se encarregaria de definir a oferta e a procura, com as consequentes implicações na viabilidade da empresa.
Como é um serviço público, e como os aumentos são fixados anualmente por portaria com base na inflação e não nos custos (estes até podem triplicar, que vai dar ao mesmo), os prejuízos vão-se acumulando.
Por isso, não me parece que seja apenas um problema de gestão (também é, claro, mas não é só), é acima de tudo um problema político.
Voltamos à velha questão da interferência do Estado no mercado...
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Elias Escreveu:Mas falando um pouco mais a sério, acho que a questão que deve ser respondida é esta: "devem os serviços públicos (incluindo empresas públicas) ser obrigatoriamente rentáveis / auto-sustentáveis?"
Não, neste caso a questão não é essa.
A questão é -- deve o transporte ferroviário ser um serviço público?
Acho que não porque só uma pequena minoria do público o usa e mesmo para esses há alternativas mais baratas.
EALM Escreveu:Tenho escrito no tópico da "insanidade mental" sobre o transporte ferroviário de alta velocidade e como a Espanha tem um plano bem elaborado. Consegue ter rentabilidade em árias linhas, etc, tal como noutros países da Europa.
Esse argumento que "temos que ter porque os outros também têm" é completamente idiota!
É sabido que o TGV é rentável para ligações entre grandes centros urbanos com 500 a 1000 km entre si.
Isso é o que acontece em Espanha, em especial para Madrid, e no centro da Europa. Até na California vai ser feito um TGV entre San Francisco e Los Angeles, que estão dentro da definição acima.
Mas cá dentro de Portugal não encaixa. Ponto.
A única ligação viável dentro daqueles parâmetros é Lisboa-Madrid, mais nada.
Editado pela última vez por atomez em 17/4/2009 13:57, num total de 1 vez.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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Elias,
Sim, essa é uma boa pergunta. Penso que a resposta é Não, a longo prazo. Podemos ver a TAP actualmente em dificuldades, mas eu acho que esta empresa - bem gerida - será certamente rentável, como o foi no passado recente. E o mesmo se pode passar com a CP. O problema da CP é obviamente a gestão desde há muitos anos e TAMBEM a politica (ou ausencia dela) dos diversos govrnos no sector ferroviário. Não é só mágestão, é um problema de estratégia nacional (ou mais uma vez ausencia dela) para este sector dos transportes.
Tenho escrito no tópico da "insanidade mental" sobre o transporte ferroviário de alta velocidade e como a Espanha tem um plano bem elaborado. Consegue ter rentabilidade em árias linhas, etc, tal como noutros países da Europa. Há que mudar algo, mas acabar com a CP é como o suicídio ser a solução para a depressão. Realmente acaba com o problema, criando outro maior - para os que cá ficam.
Sim, essa é uma boa pergunta. Penso que a resposta é Não, a longo prazo. Podemos ver a TAP actualmente em dificuldades, mas eu acho que esta empresa - bem gerida - será certamente rentável, como o foi no passado recente. E o mesmo se pode passar com a CP. O problema da CP é obviamente a gestão desde há muitos anos e TAMBEM a politica (ou ausencia dela) dos diversos govrnos no sector ferroviário. Não é só mágestão, é um problema de estratégia nacional (ou mais uma vez ausencia dela) para este sector dos transportes.
Tenho escrito no tópico da "insanidade mental" sobre o transporte ferroviário de alta velocidade e como a Espanha tem um plano bem elaborado. Consegue ter rentabilidade em árias linhas, etc, tal como noutros países da Europa. Há que mudar algo, mas acabar com a CP é como o suicídio ser a solução para a depressão. Realmente acaba com o problema, criando outro maior - para os que cá ficam.
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Como é que o Bar dos IC ou Alfas não há-de dar prejuizo ???
Pagamos € 0.75
apenas por uma cervejinha da marca que patrocina a Liga de Futebol. Pelo menos no IC Lisboa - Faro era assim há uns meses.
Preço de tasca do monte. Depois cobram caro por aquilo que o pessoal quer - uma sandes !!
Má gestão é um mal nacional, pelos vistos... e além disso porque o pessoal andará, por exemplo, no comboio Lisboa - Lagos, se é mais caro (mesmo 2ª classe) que qualquer linha de bus ?? E ainda leva mais tempo devido à mudança em Tunes !!!!
dj
Pagamos € 0.75

Preço de tasca do monte. Depois cobram caro por aquilo que o pessoal quer - uma sandes !!
Má gestão é um mal nacional, pelos vistos... e além disso porque o pessoal andará, por exemplo, no comboio Lisboa - Lagos, se é mais caro (mesmo 2ª classe) que qualquer linha de bus ?? E ainda leva mais tempo devido à mudança em Tunes !!!!
dj
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Gosto de ver a forma como todos ironizam sobre o assunto.
Mas falando um pouco mais a sério, acho que a questão que deve ser respondida é esta: "devem os serviços públicos (incluindo empresas públicas) ser obrigatoriamente rentáveis / auto-sustentáveis?"
1 abraço,
Elias

Mas falando um pouco mais a sério, acho que a questão que deve ser respondida é esta: "devem os serviços públicos (incluindo empresas públicas) ser obrigatoriamente rentáveis / auto-sustentáveis?"
1 abraço,
Elias
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Atomez Escreveu:Acabem mas é de vez com ela.
Os comboios são um meio de transporte caríssimo, um luxo que não podemos suportar.
A CP + REFER têm um prejuízo anual de mais de 400 milhões de euros. São mais de 1 milhão de euros por dia, todos os dias que estamos todos a pagar dos nossos bolsos!
Privatizem-se as linhas rentáveis -- suburbanas de Lisboa e Porto e linha do Norte -- e o resto mande-se para um museu. Ou para a sucata.

Fechem também os hospitais porque só dão prejuízo.
The answer to 1984 is 1776
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Por essa ordem de ideias será que deveriamos entregar o interior do País a Espanha, (ficamos só com os 80km a partir da costa), porque dá prejuizo?
A CP e a REFER dão prejuizo porque sucessivos governos e administrações as tornaram deficitários.
Se há paises europeus que estão a modernizar as suas linhas é porque é possivel ser rentavel.
ALexandre Santos


A CP e a REFER dão prejuizo porque sucessivos governos e administrações as tornaram deficitários.
Se há paises europeus que estão a modernizar as suas linhas é porque é possivel ser rentavel.
ALexandre Santos
Atomez,
Bem geridos os comboios devem ser é o meio mais barato.
No norte da europa desenvolvido o comboio domina as deslocações de curta e média distância.
Bem geridos os comboios devem ser é o meio mais barato.
No norte da europa desenvolvido o comboio domina as deslocações de curta e média distância.
Atomez Escreveu:Acabem mas é de vez com ela.
Os comboios são um meio de transporte caríssimo, um luxo que não podemos suportar.
Privatizem-se as linhas rentáveis -- suburbanas de Lisboa e Porto e linha do Norte -- e o resto mande-se para um museu. Ou para a sucata.
Atomez, concordo contigo.
Eu tb acho que se devia acabar com a CP em vez de andar a fechar uma linha aqui outra acoli.
Mas na cabeça de muitos é impensável o país deixar de ter comboios.
Aqui há uns meses houve uma notícia que dava conta do encerramento do serviço de bar nos intercidades para Beja e Évora, pelo facto de serem deficitários. Na mesma notícia referia-se que os bares dos alfas também davam prejuízo mas que não se podiam tirar porque "é suposto os alfas terem bar" (as palavras não seriam exactamente estas mas a ideia que passava era esta)
Eu tb acho que se devia acabar com a CP em vez de andar a fechar uma linha aqui outra acoli.
Mas na cabeça de muitos é impensável o país deixar de ter comboios.
Aqui há uns meses houve uma notícia que dava conta do encerramento do serviço de bar nos intercidades para Beja e Évora, pelo facto de serem deficitários. Na mesma notícia referia-se que os bares dos alfas também davam prejuízo mas que não se podiam tirar porque "é suposto os alfas terem bar" (as palavras não seriam exactamente estas mas a ideia que passava era esta)
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Acabem mas é de vez com ela.
Os comboios são um meio de transporte caríssimo, um luxo que não podemos suportar.
A CP + REFER têm um prejuízo anual de mais de 400 milhões de euros. São mais de 1 milhão de euros por dia, todos os dias que estamos todos a pagar dos nossos bolsos!
Privatizem-se as linhas rentáveis -- suburbanas de Lisboa e Porto e linha do Norte -- e o resto mande-se para um museu. Ou para a sucata.
Os comboios são um meio de transporte caríssimo, um luxo que não podemos suportar.
A CP + REFER têm um prejuízo anual de mais de 400 milhões de euros. São mais de 1 milhão de euros por dia, todos os dias que estamos todos a pagar dos nossos bolsos!
Privatizem-se as linhas rentáveis -- suburbanas de Lisboa e Porto e linha do Norte -- e o resto mande-se para um museu. Ou para a sucata.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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CP deixa de ser empresa pública e passa a E.P.E.
CP deixa de ser empresa pública e passa a Entidade Pública Empresarial
16.04.2009 - 07h30
Por Carlos Cipriano
Luís Ramos (arquivo)
A CP vai adaptar-se ao novo estatuto do Sector Empresarial do Estado e dos gestores públicos
A “CP – Caminhos de Ferro Portugueses, EP” morreu. Viva a “CP – Comboios de Portugal, EPE”. Se a proposta passar hoje no Conselho de Ministros (já foi aprovada em Conselho de Secretários de Estado), a transportadora ferroviária passará a ser uma Entidade Pública Empresarial, podendo a sua gestão ser (teoricamente) entregue a terceiros, tal como acontece nos hospitais públicos que têm o mesmo estatuto.
Em declarações ao PÚBLICO, Ana Paula Vitorino, secretária de Estado dos Transportes, diz que esta decisão se prende com a necessidade de adaptar a CP ao novo estatuto do Sector Empresarial do Estado e dos gestores públicos. A Refer já o fez e o Metro de Lisboa deverá ser a próxima a deixar de ser empresa pública.
“A CP tinha uma só concessão que era todo o serviço ferroviário nacional, e agora poderá ter as concessões divididas pelas unidades de negócio”, disse Ana Paula Vitorino. Desta forma, explicou, será mais fácil avançar com a prometida contratualização do serviço público com a operadora.
Esta promessa tem sido repetida por várias governos e o seu cumprimento desejado por todas as administrações da CP a quem o Estado, em cada ano, oferece uns trocos em jeito de indemnizações compensatórias que logo se diluem nos seus elevados prejuízos.
A governante assume que já não vai a tempo de se comprometer com a CP para esta legislatura, mas garante que ficará tudo preparado para que, pelo menos o serviço de suburbanos de Lisboa e do Porto possam ser contratualizados depois das eleições.
No sector ferroviário, só a Fertagus possui um contrato deste tipo com o Estado.
Nos novos estatutos, a unidade de negócios CP Carga vai ficar autonomizada e aberta à entrada de capitais privados, como resposta à liberalização do transporte ferroviário de mercadorias.
Este é um dos pontos que a Comissão de Trabalhadores da empresa discorda porque vai permitir a sua privatização. “A CP deixa de ter o transporte de mercadorias à sua responsabilidade, o que é uma componente importante que sai da alçada da empresa” disse ao PÚBLICO José Reisinho, daquela comissão.
O mesmo responsável disse ainda que o novo estatuto da CP retira a participação democrática dos trabalhadores, visto que desaparece o representante destes na Comissão de Fiscalização da empresa, passando esta a ser integralmente nomeada pelo governo.
Tratando-se de uma empresa fortemente e continuadamente endividada, José Reisinho alerta que a CP passará a pagar imposto de selo sempre que recorrer e empréstimos, coisa que não acontecia quando era empresa pública.
Mas as maiores criticas vão para a possibilidade de partes do serviço ferroviário de passageiros poderem ser operados em parceria com autarquias e privados. “O que vai acontecer é que a parte que dá lucro será concessionada a privados e o que der prejuízo fica para as autarquias”, disse. Por outro lado, fica o caminho mais aberto para os despedimentos, pois, ao concessionarem-se serviços, os ferroviários serão transferidos para outras entidades empregadoras ou arriscam-se a ficar sem trabalho.
A Comissão de Trabalhadores lamenta ainda que ao fim de 153 anos desapareça a expressão “caminhos-de-ferro portugueses”, substituída por “Comboios de Portugal”, associando tal facto à perda de identidade, de História e de cultura da empresa. “Está tudo preparado para desmantelar e entregar o sector ferroviário”, conclui.
Em 2006 e 2007 os prejuízos da CP foram de 192,9 e 183,9 milhões de euros, respectivamente. O seu passivo é superior 3.300 milhões de euros.
Fonte: publico.pt
16.04.2009 - 07h30
Por Carlos Cipriano
Luís Ramos (arquivo)
A CP vai adaptar-se ao novo estatuto do Sector Empresarial do Estado e dos gestores públicos
A “CP – Caminhos de Ferro Portugueses, EP” morreu. Viva a “CP – Comboios de Portugal, EPE”. Se a proposta passar hoje no Conselho de Ministros (já foi aprovada em Conselho de Secretários de Estado), a transportadora ferroviária passará a ser uma Entidade Pública Empresarial, podendo a sua gestão ser (teoricamente) entregue a terceiros, tal como acontece nos hospitais públicos que têm o mesmo estatuto.
Em declarações ao PÚBLICO, Ana Paula Vitorino, secretária de Estado dos Transportes, diz que esta decisão se prende com a necessidade de adaptar a CP ao novo estatuto do Sector Empresarial do Estado e dos gestores públicos. A Refer já o fez e o Metro de Lisboa deverá ser a próxima a deixar de ser empresa pública.
“A CP tinha uma só concessão que era todo o serviço ferroviário nacional, e agora poderá ter as concessões divididas pelas unidades de negócio”, disse Ana Paula Vitorino. Desta forma, explicou, será mais fácil avançar com a prometida contratualização do serviço público com a operadora.
Esta promessa tem sido repetida por várias governos e o seu cumprimento desejado por todas as administrações da CP a quem o Estado, em cada ano, oferece uns trocos em jeito de indemnizações compensatórias que logo se diluem nos seus elevados prejuízos.
A governante assume que já não vai a tempo de se comprometer com a CP para esta legislatura, mas garante que ficará tudo preparado para que, pelo menos o serviço de suburbanos de Lisboa e do Porto possam ser contratualizados depois das eleições.
No sector ferroviário, só a Fertagus possui um contrato deste tipo com o Estado.
Nos novos estatutos, a unidade de negócios CP Carga vai ficar autonomizada e aberta à entrada de capitais privados, como resposta à liberalização do transporte ferroviário de mercadorias.
Este é um dos pontos que a Comissão de Trabalhadores da empresa discorda porque vai permitir a sua privatização. “A CP deixa de ter o transporte de mercadorias à sua responsabilidade, o que é uma componente importante que sai da alçada da empresa” disse ao PÚBLICO José Reisinho, daquela comissão.
O mesmo responsável disse ainda que o novo estatuto da CP retira a participação democrática dos trabalhadores, visto que desaparece o representante destes na Comissão de Fiscalização da empresa, passando esta a ser integralmente nomeada pelo governo.
Tratando-se de uma empresa fortemente e continuadamente endividada, José Reisinho alerta que a CP passará a pagar imposto de selo sempre que recorrer e empréstimos, coisa que não acontecia quando era empresa pública.
Mas as maiores criticas vão para a possibilidade de partes do serviço ferroviário de passageiros poderem ser operados em parceria com autarquias e privados. “O que vai acontecer é que a parte que dá lucro será concessionada a privados e o que der prejuízo fica para as autarquias”, disse. Por outro lado, fica o caminho mais aberto para os despedimentos, pois, ao concessionarem-se serviços, os ferroviários serão transferidos para outras entidades empregadoras ou arriscam-se a ficar sem trabalho.
A Comissão de Trabalhadores lamenta ainda que ao fim de 153 anos desapareça a expressão “caminhos-de-ferro portugueses”, substituída por “Comboios de Portugal”, associando tal facto à perda de identidade, de História e de cultura da empresa. “Está tudo preparado para desmantelar e entregar o sector ferroviário”, conclui.
Em 2006 e 2007 os prejuízos da CP foram de 192,9 e 183,9 milhões de euros, respectivamente. O seu passivo é superior 3.300 milhões de euros.
Fonte: publico.pt
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