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Caldeirão da Bolsa

Joe Berardo Claro Que Estou Perder Dinheiro.....

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por ClyssaN » 27/3/2009 14:02

Açor3 Escreveu:“vejo uma luz ao fundo do túnel. Mas é o farol do comboio na direcção contrária”.


Esta já valeu o dia :)
 
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por Açor3 » 27/3/2009 13:35

Berardo foi ao leilão de Yves Saint Laurent e "não conseguiu comprar nada"


27/03/2009


Joe Berardo contou à revista brasileira Valor que foi ao leilão da colecção de Yves Saint Laurent em Paris e “não conseguiu comprar nada porque os preços estavam muito altos. O empresário, que viu a fortuna cair para metade por causa da crise nos mercados financeiros, diz que “ninguém mais é rico” e prevê um longo período de recessão.

A crise nos mercados financeiros afectou fortemente Joe Berardo que viu a sua fortuna perder metade do valor, de acordo com os valores avançados pela revista Forbes, de cuja lista quase saiu este ano.

O conhecido coleccionador de arte contou à revista Visão que foi ao leilão da colecção de YSL em Paris e “não consegui comprar nada porque os preços estavam muito altos”.

Para Joe Berardo, actualmente “ninguém mais é rico” e estar na lista de milionários da Forbes “não significa nada “ além de gerar uma interminável lista de pedidos de dinheiro”.

O empresário prevê um longo período de recessão mundial. Questionado sobre quando sairemos da crise, pela Valor, respondeu “vejo uma luz ao fundo do túnel. Mas é o farol do comboio na direcção contrária”.




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por Açor3 » 27/3/2009 13:29

Berardo diz que paraísos fiscais são o "cancro do século"


27/03/2009


Joe Berardo considera que os paraísos fiscais são o “cancro do século” e que só não acabam porque isso “não interessa aos políticos”.

O empresário que nasceu na Madeira diz que os “off-shores” são o “cancro do século” porque incentivam a lavagem de dinheiro.

Berardo, em entrevista publicada pela Valor, a um grupo de jornalistas brasileiros numa visita à Quinta dos Loridos, refere que os paraísos fiscais deviam acabar mas “o problema é que isso não interessa aos políticos”.

Falando sobre a actual crise financeira, o empresário português diz que o mercado se transformou num casino sem regras só que “num casino real pelo menos a banca tira o jogador da mesa quando as suas perdas são altas demais”.




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por Açor3 » 12/3/2009 9:14

Colecções de arte arriscam desvalorizações superiores a 50%
O valor de obras de arte moderna e de arte contemporânea entraram em queda livre no último ano. Com o implosão de uma bolha que se vinha a criar desde 2002, estes activos estão a perder valor a um ritmo quase tão rápido como o das acções.

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O valor de obras de arte moderna e de arte contemporânea entraram em queda livre no último ano. Com o implosão de uma bolha que se vinha a criar desde 2002, estes activos estão a perder valor a um ritmo quase tão rápido como o das acções.

Esta evolução implica riscos elevados para bancos como a CGD, o BES, ou o BCP, que aceitaram de Joe Berardo e do Banco Privado Português direitos sobre obras de arte como garantia de empréstimos. No rescaldo da última bolha no mercado de arte, nos anos 90, contabilizaram-se desvalorizações superiores os 50%.

Até há um ano era comum ouvir-se que a arte representava um investimento seguro e bom para diversificar risco. A evolução do mercado dos últimos 15 anos sustentava a tese. Após a bolha de 1990, os preços caíram até 1994, estabilizaram depois, e a partir de 2002 foi mesmo possível obter ganhos significativos. Apenas em 2007 registaram-se ganhos superiores a 40% em certos segmentos. Em 2008 tudo mudou e o fantasma de 1991 passou a pairar.


JN
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por Açor3 » 12/3/2009 9:10

Estado apoiou renegociação das dívidas de Berardo
O Estado Português teve de consentir na alteração de estatutos da Fundação dona da colecção de arte criada por Joe Berardo, de modo a que o empresário pudesse entregar a sua participação como garantia junto dos bancos a quem deve dinheiro. O acordo data de fim de 2008 mas os novos estatutos não foram ainda publicados em Diário da República.

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O Estado Português teve de consentir na alteração de estatutos da Fundação dona da colecção de arte criada por Joe Berardo, de modo a que o empresário pudesse entregar a sua participação como garantia junto dos bancos a quem deve dinheiro. O acordo data de fim de 2008 mas os novos estatutos não foram ainda publicados em Diário da República.

Em causa está o nível de endividamento contraído por Joe Berardo para comprar acções que entretanto se desvalorizaram. Essas acções eram a própria garantia do empresário junto dos bancos e deixaram de valer em Bolsa o suficiente exigido pelos credores, o que exigiria uma de duas situações: ou a execução das garantias, em que os bancos passariam a ficar donos das acções (com prejuízo); ou uma renegociação com reforço das garantias. Foi o que Joe Berardo fez: deu toda a sua participação na Fundação (embora apenas 75% dos direitos de voto) como garantia à Caixa Geral de Depósitos, ao Millennium BCP e ao Banco Espírito Santo.


JN
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por artista_ » 23/1/2009 14:55

Pelo menos não é dos que diz que "só perde quando vende"!! :)

Menos espalhafatoso mas o conteúdo continua a rondar o mediocre!

abraços

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por Ulisses Pereira » 23/1/2009 13:31

açor3, peço-te que coloques sempre as fontes do que transcreves. É um imperiativo legal.

Quanto a Joe Berardo, confesso que mantenho a minha estupefacção pela forma como diz as coisas. Ninguém que quer comprar uma empresa (retirando-o da Bolsa) diz que o deve fazer. Ninguém que quer entrar numa empresa diz que o vai fazer, tal como fez no passado.

Deviam retirar a Zon da Bolsa, diz Berardo. Mas devia quem? Os actuais accionistas? Sinceramente, só compreendo estas declarações pelo facto dele deter acções da Zon, porque, de outra forma, não as entendo. Até parece que há alguém superior ao mercado que deve retirar as empresas da Bolsa quando estão cotadas abaixo do seu valor (segundo Berardo).

Um abraço,
Ulisses
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por Bocciardi » 23/1/2009 11:35

Tem sido noticiado que investidores angolanos ligados a Isabel dos Santos estão em negociações para entrar na Zon. Já recebeu alguma proposta de compra da sua posição na operadora?

A mim ninguém me contactou para vender ou comprar. E para comprar tem que "cantar" muito dinheirinho.


Alguém o abordou?

Há tanta gente que pergunta: queres vender a posição na Zon? E eu pergunto: quem és tu? E ele diz quem é. Mas isso não significa nada para mim. É necessário que digam de quem parte a proposta. E que o façam por escrito.


Admito que, com este começo, pensei que a entrevista ia ser a risota total, mas não.

Continua a achar que esta expontaneadade do Berardo leva-me a admirá-lo muito, admirar a sua coragem e a forma como faz negócio e ganha (e perde) dinheiro...

Acho que a entrevista levantou (uma vez mais) muitas questões e mostrou que afinal o Berardo não é um troloró qualquer que fala do que não sabe. Mostrou mesmo um conhecimento de mercado e cultura económica bastante grandes, admitindo até que também erra:

Ela não queria dizer isto. Foi infeliz, como eu às vezes sou.


Mostrou uma clareza e objectividade de ideias muito coerente durante toda a entrevista, mostrando-se (entre-linhas) com muitas preocupações face ao futuro (dele, dos outros, do país e do mundo...)

Boa entrevista.

Um abraço
Bocci
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por Rockerduck » 23/1/2009 11:33

O filme da Jane Fonda de 1981 de que o Berardo fala é este: Rollover
http://en.wikipedia.org/wiki/Rollover_(film)
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por The Mechanic » 23/1/2009 11:15

Muito interessante a entrevista ( e bem conduzida ).
Ele fala de aspectos muito importantes, sem o "espalhafato" e demagogia habitual e de uma maneira aberta ( dentro do possivel e razoável ). Acho que foi a primeira vez que gostei de uma intervenção sua.

Um abraço ,

The Mechanic
" Os que hesitam , são atropelados pela retaguarda" - Stendhal
"É óptimo não se exercer qualquer profissão, pois um homem livre não deve viver para servir outro "
- Aristoteles

http://theflyingmechanic.blogspot.com/
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Joe Berardo Claro Que Estou Perder Dinheiro.....

por Açor3 » 23/1/2009 10:39

Entrevista ao empresário madeirense
Joe Berardo: "Claro que estou a perder dinheiro. Nunca vi uma crise igual"
23.01.2009 - 08h22
Por Cristina Ferreira
Tem na calha uma acção contra os administradores do BCP, mas preferia chegar a acordo com eles. Está disposto a viabilizar a entrada de investidores angolanos na Zon, mas acha que o momento é de retirar a empresa de bolsa.

E olha com preocupação para o estado da economia, porque a crise social pode estar mesmo ao virar da esquina. Joe Berardo diz que o mercado de capitais não vai melhorar e que é altura do capitalismo dar lugar a uma "nova ordem mundial".

Tem sido noticiado que investidores angolanos ligados a Isabel dos Santos estão em negociações para entrar na Zon. Já recebeu alguma proposta de compra da sua posição na operadora?

A mim ninguém me contactou para vender ou comprar. E para comprar tem que "cantar" muito dinheirinho.

Dinheiro parece que não falta a Isabel dos Santos.

Isso não sei. Ela está a comprar muita coisa.

Alguém o abordou?

Há tanta gente que pergunta: queres vender a posição na Zon? E eu pergunto: quem és tu? E ele diz quem é. Mas isso não significa nada para mim. É necessário que digam de quem parte a proposta. E que o façam por escrito.

Mas já houve manifestações de interesse por parte de advogados ou representantes de investidores?

Não sinto que as iniciativas sejam suficientemente firmes e credíveis para sequer tomar nota.

Confirma as notícias que dão Isabel dos Santos como estando negociar a entrada na Zon?

É possível. Mas directamente não. E se ela, ou qualquer outra pessoa, passar uma carta de representação a terceiros com autorização para falar, aí já é outra coisa. Mas anda para aí muita gente à procura de negócios para tirar comissões. Eu não ligo a isso. Agora a Zon é sócia da companhia da filha do Presidente [José Eduardo dos Santos] lá em Angola...

Isso ainda não estava esclarecido. Já há uma parceria certa entre a Zon e a Unitel, onde a PT [concorrente da Zon em Portugal] tem 25 por cento do capital?

Há negociações e as negociações levam tempo. Acho que Portugal deve criar condições para que quem queira investir em Portugal, e são poucas as pessoas que o possam fazer. Mas desde que esteja tudo justificado e legal.

O que nos está a dizer é que tendo em conta as negociações que existem entre Isabel dos Santos e a Zon em Angola, faz sentido que ela tome uma posição na operadora portuguesa?

Como accionista da Zon entendo que essa iniciativa tem interesse.

Também há conversas entre a Zon e a Sonaecom? Há condições para a Sonae poder aparecer envolvida na negociação com Isabel dos Santos?

Não sei, é algo a definir. Acho que a Sonae não tem muitos negócios em Angola. Para mim, nós, portugueses, necessitamos de fazer investimentos em Angola e os angolanos cá. É um equilíbrio que pode ser benéfico para as duas partes.

Mas houve contactos entre a Sonaecom e a Zon com vista à consolidação?

Todos sabem que eles andam a falar há mais de um ano. Eu já tive reuniões com o Paulo [Azevedo] em que ele me questionou se eu tinha alguma coisa contra a entrada da Sonaecom na Zon.

O que lhe respondeu?

Disse-lhe que eu não era o único accionista. Mas "the bigger, the best". A dimensão é muito importante. E se a decisão estivesse dependente de mim eu analisá-la-ia muito seriamente. Só que há accionistas que não pensam da mesma maneira e não estão a favor.

Quem são? O BES?

Não posso dizer. Mas se a negociação for para a frente, e que se defina um modelo lógico entre ambas as partes, não vejo problema.

Quando é que se reuniu a última vez com o CEO do grupo Sonae?

Almoçámos em Novembro.

Dentro da administração da Zon qual é a sensibilidade?

Não sei como é que um administrador pode dar a sua opinião se não há uma base de consenso. Os administradores estão lá para defender os interesses, não de um ou de outro, mas de todos. Qualquer pessoa que diz que representa uma entidade especifica no conselho de administração deve demitir-se.

Para os pequenos investidores da Zon há interesse nesta fusão?

Seja para o grande ou para o pequeno os administradores tem que defender todos, seja o pequeno, seja o grande.

A administração da Zon não está a fazer bem o trabalho?

Não digo que não. Só que até hoje o conselho de administração ainda não me contactou. E talvez até haja negociações mais a fundo do que aquilo que eu saiba. Não sei. Quando foi da PT Multimédia tive uma divergência com o Paulo [Azevedo], e já lhe disse que se ele tivesse oferecido mais um euro por acção a empresa era dele. Mas as coisas são como são. Acho que a ilusão que os accionistas da Zon têm é que a Sonae entra e mata.

Os analistas dizem que tem excesso de endividamento. É por causa disso?

Não, é por causa da cultura da companhia. Eles entram e bem ou mal mandam. Isto já vem de há muitos anos. E não estou a dizer que não estejam certos.

Já revelou essa sua preocupação a Paulo Azevedo?

O que vos digo, foi o que lhe disse a ele: vocês já estão num grupo tão grande que têm que passar uma mensagem de maior flexibilidade de opinião. As coisas estão difíceis e sabe-se bem que ele sabe o que quer.

Quanto é que tem na Sonae?

Isso é que não vou dizer. O que eu tenho é meu. E não quero dizer pois eu compro e vendo. Vêm aí mais momentos difíceis e o que eu quero é que nos unamos pois, isto aqui em Portugal, goste-se ou não, é pequeno. A Zon está bem posicionada, tem um "cash-flow" fenomenal, mesmo nesta conjuntura, e é por isso é que a Sonae está interessada. Não é pelos olhos bonitos do Rodrigo [Costa]. O que me preocupa na Zon é que o valor de mercado das acções está abaixo do valor nominal da companhia. E quando isto acontece é tempo de as tirar da bolsa.

Na sua opinião é tempo de tirar a Zon da Bolsa?

Sim. Ela estar cotada é uma desvalorização para os accionistas. Mas esta é a minha opinião como investidor. E quando o mercado melhorar, regressam à bolsa.

Daria o mesmo conselho à administração do BCP, onde possui capital?

Não, estou a falar da Zon. Um banco tem outras características, tem "rating", vai-se financiar lá fora. Há empresas que podem fazer o que proponho e outras não. A Zon teve autorização para comprar mais acções próprias. Na minha opinião não se compravam mais acções próprias. Se eu fosse um cão de fila que estivesse a dirigir a Zon, pedia para tirar vantagem das oportunidades a nível mundial. E embora a Zon tenha crédito e o crédito esteja mais barato, se fosse a administração da Zon aumentava o capital, para permitir a entrada dos novos accionistas. E em vez de gastar dinheiro a comprar acções e a prejudicar os accionistas que estão a vender as acções mais baratas, fazia ao contrário.

Resumindo: retirava a Zon da bolsa e propunha ao conselho de administração que equacionasse uma integração da Zona e da Sonaecom e entrada de investidores angolanos?

Vou dizer como isto deve ser feito: devia haver um aumento de capital para entrada dos novos investidores, a Sonae e os angolanos. Mas isto tinha que ter uma gestão independente.

Propunha a saída de Rodrigo Costa? Acha que ele é um homem independente?

Eu acho que sim. Propus a ida dele para a Zon, como accionista. Ele é um homem relacionado com pessoas de nível internacional. Já tem o "know how" e a teia de ligações internacionais. E não é fácil de encontrar uma pessoa assim. O que é negócio? O negócio para mim é a pessoa.

Como vê o facto de se dizer que o BES não está contente com Rodrigo Costa?

Eu não acredito nisso. Quando o accionista não gosta, convoca a assembleia geral e muda a gestão. Rumores valem o que vale. Já me propuseram lugares na gestão e eu recusei, pois se aceitasse não podia falar. E eu gosto de falar.

Para defender os seus interesses?

As pessoas pensam que quando falo é só para benefício pessoal. Mas não é. Há anos que ando a batalhar para que estas coisas mudem. Quando em 1999 o anúncio que fiz sobre o BPP foi para alertar para estes problemas.

Mas está vendedor da sua posição na Zon?

Não. Eu estou a aconselhar as pessoas a não venderem agora, porque o valor das acções está muito baixo. Para conseguir o justo valor é retirar da bolsa. E eu não vejo que a bolsa vá melhorar.

Acha que Paulo Azevedo tem que ser mais flexível em relação à tal cultura de mandar da Sonae?

Não é ele, é o grupo. Por isso é que eu acho que eles não deviam estar na administração, para acabar com aquele cheiro de "quero, posso e mando".

Nas conversas que ele teve consigo transmitiu-lhe alguma abertura nesse sentido?

Ele diz que quer transmitir.

Nunca ficou claro quem ficava ali a mandar?

Não. Nós nunca chegámos a esse ponto, não posso entrar nisso. Eu só estou a falar em termos gerais.

Esse é um problema que se tem que ultrapassar para sair dali alguma coisa?

Eu acho que sim. Eu acho também que tem que haver uma instituição livre dos dois para tentar fazer um deal. Mas não pode ser o BES, nem a CGD, nem o BPI.

A Ongoing quer a consolidação na ZON?

Eu não tive sequer a explorar essa situação porque eu acho que isso depende do Paulo [Azevedo] e do Rodrigo [Costa].

E de Isabel dos Santos?

Isso já é outra coisa posterior. Eles deviam-se juntar e dizer assim: "Eu para convencer o meu pai preciso disto". E o outro: "Para convencer os accionistas, preciso disto". Não é basicamente disso que se trata?!

Tem acções da PT?

Tenho.

Quantas?

Não vou dizer.

Como é que observa a estratégia da PT?

Querem fazer tudo... querem ir para a televisão... não há publicidade. As televisões queixam-se. Não percebo.

Como é que comenta o facto de se dizer que está tecnicamente falido?

Nunca ouvi dizer isso. Também há tanta gente que se diz que está falida...

Fez muitos investimentos relevantes em empresas cotadas e a preços muito acima da actual cotação e com recurso a divida.

Ter dívida não significa que esteja falido. Se estivesse não me renovavam os créditos. Estou com menos valor do que tinha? Claro que estou a perder dinheiro.

Está a perder quanto na bolsa?

Isso não digo e vocês não sabem a quanto é que eu comprei. Eu comprei e vendi, fiz lucros e fiz milhares de vendas. Isto é o jogo da formiga: armazenar no Verão que o Inverno vem aí. E quem anda na bolsa sabe que isto é assim.

Renovou os seus empréstimos com o BES, com a CGD e com o BCP....

Não podem dizer isso porque vos fica mal. Pois há sigilo. Se eu abdico do sigilo bancário eu tenho um problema. E vocês também têm, porque o sigilo é para todos.

O único dever do jornalista é para com os seus leitores...Sente-se confortável com a actual exposição aos mercados?

Não faço comentários.

Confirma ter dado em reforço das garantias que sustentam os financiamentos obtidos junto da banca a colecção de quadros?

Só digo o seguinte: foram renegociadas as garantias de forma a manter os rácios de cobertura contratados com os bancos. Quanto aos bens dados em garantia não é matéria relevante.

Como é que os investidores como o senhor estão neste momento a capitalizar-se?

A única maneira é ir buscar às reservas pessoais.

Mas vai vender activos, quadros?

Por enquanto não.

E se a crise continuar?

Bom, não vou especular...

Há um limite a partir do qual a capacidade de resistência dos investidores e accionistas termina.

Nunca vi uma crise igual. Primeiro foi o colapso do "subprime". Na Alemanha, esta semana, soube-se que o Deutsche Bank perdeu imenso dinheiro pois estava a financiar a população de uma cidade norte-americana, Cleveland, só com "subprime". Os alemães estão já a ajudar directamente as companhias. Mas perderam a cabeça? Quem vai dirigir aquilo? São os políticos?

Há uma ideia de que a crise não pára. Vai continuar a investir na bolsa?

Não sei. É nisto que eu estou banzado. Tudo aquilo que eu aprendi até agora, que era analisar as potencialidades, os endividamentos, os dividendos, foi tudo por água abaixo e eu tenho que voltar a aprender de novo. Tem que haver um novo sistema. Agora é o Governo que vai emprestar dinheiro às empresas... Isto nunca me passou pela cabeça.

Estamos a caminhar para um mundo mais vigiado, mais regulado?

Para um mundo com mais ditadura. Não há outra forma.

Manuel Ferreira Leite tinha razão?

Ela não queria dizer isto. Foi infeliz, como eu às vezes sou. Agora eu acho que isto está a ficar desregulado. Antes o Governo para pôr no mercado 100 ou 200 milhões de euros tinha que ir ao Parlamento. Agora nacionaliza...

Antes foi-se longe de mais na forma como os mercados toleraram o risco, agora está-se a ir longe de mais na forma como as autoridades estão a actuar na economia?

Não existe muita alternativa aos políticos. Mas eu pergunto: de onde vem o dinheiro? Não sei quem vai pagar. Tem que haver uma nova ordem mundial. Uma nova moeda mundial. Em 1981 houve um filme da Jane Fonda sobre o colapso do dólar e estamos a caminhar para aí. Não há maneira de se continuar como até aqui.

Vamos entrar num novo ciclo do capitalismo?

Não há dúvida de que o capitalismo trouxe prosperidade ao mundo. Não se melhorou tudo, mas melhorámos o nível de vida e agora vamos pagar por isso. Mas tudo vai ser diferente a partir de agora. Toda a gente está à espera da varinha de condão do Obama e eu acho que ele é um fantástico "show man". E considero que ele é um bom dirigente pois associou-se a gente muito competente no passado.

Estará a altura dos desafios?

Não sei. A tabuada que eu aprendi e que usei até ao ano passado tenho que a apagar.

Acha que o tempo dos especuladores acabou?

Já disse há uns anos, e todos se riram, que o Soros levou a libra abaixo e impediu o Banco de Inglaterra de aderir ao euro. O Soros ganhou 1,1 mil milhões de libras. É uma loucura! E não houve uma única instituição financeira que adoptasse medidas de controlo a estas situações. Um homem que leva um banco com milhares de pessoas à bancarrota. Não está certo! E como é possível que um homem [Madoff] esteja há 30 anos a roubar pessoas na América?

Defende que os governos devem fazer nacionalizações?

Temos que estar disponível para adoptar essas medidas. Não temos alternativa. Eles devem nacionalizar para garantir o emprego e dar aos accionistas acções que podem ser mobilizadas daí a 10 anos.

Portanto defende que os governos devem intervir de forma consistente e global em todas as empresas, indemnizando com títulos a longo termo os accionistas?

Como já fizeram em Inglaterra. Um título que só vai ser pago daqui a 10 ou 15 anos. É importante para manter os trabalhos, o desenvolvimento. Dar uma ajuda global, porque não podemos só falar dos ricos. Essa deve ser a prioridade. Senão o que é que vai acontecer? os pobres vão matar os ricos. Onde é que eles vão buscar dinheiro para comer?

Dava esse conselho ao Governo português? Intervir em larga escala nas empresas para garantir empregos?

Já estão a intervir... Mas eu não estou a falar de bancos, nem de empresas como a EDP.

Qual seria o critério da intervenção?

A intervenção era um por todos e todos por um.

Mas qual critério? E sectores?

Em tudo o que fosse necessário para continuar a manter empregos. Não se pode ter pessoas a ganhar milhões com lucros que não existiram, com pessoas que trabalharam, trabalharam, trabalharam e nem têm direito a emprego. O critério são as maiores empregadoras.

Portugal devia já avançar para essa situação?

A minha visão, a maneira como eu vejo a vida, é que eu fui pobre, mas cuidei de mim. E também cuidei dos outros, é por isso que eu tenho tanta gente amiga em tantos níveis de vida. Às vezes até me dizem: "tu és um comunista". Mas não sou, sou exactamente ao contrário. Não se podem é esquecer as pessoas que ficam desempregadas e que ficam em casa sem fazer nada.

Não teme dar um poder excessivo aos governos?

Mas então diz-me o que está em jogo?

O que está em jogo para si é a necessidade de salvaguardar o emprego das pessoas?

Se for necessário, deve-se intervir. Senão gera-se o caos. Mas não digo roubar!

A solução é entregar títulos que serão pagos a longo prazo aos accionistas?

Temos que manter os trabalhos. Eu não estou a falar de rentabilidade, estou a falar de viabilidade. Como é que se vai gerar essa viabilidade? É cortando ordenados de grandes... eu por exemplo, não tenho ordenado. Só tenho numa empresa porque fui obrigado. As pessoas estão "missing the point". Os políticos não estão a perceber, estão a dar aquele ar de que é possível recuperar, eu acho que fazem bem, mas eu estou é preocupado com a destabilização que se pode criar da noite para o dia, que crie uma crise social muito grande. E depois torna-se incontrolável. Já tivemos um cheirinho em França aqui há uns anos atrás, agora na Grécia. É incontrolável.

Foi uma das pessoas que chamou publicamente atenção para as ilicitudes cometidas no BCP. Está satisfeito com as investigações que estão a decorrer?

Não tenho os documentos do Banco de Portugal, nem da CMVM, que foram mandados para as pessoas. Nem os estou a pedir. Eu suspendi a entrada do meu processo contra os administradores e que deveria ter avançado no final do ano. Depois o Governo anunciou uma lei em que as custas diminuiam. O Governo disse que a lei já tinha sido aprovada e que devia ser publicada em Janeiro. Mas o Orçamento do Estado adiou isto para Abril. Agora estou a pensar o que fazer. O meu advogado diz que os custos vão ser para os outros. Mas seja o dinheiro meu ou dos outros, e se eu posso poupar dinheiro, então vou analisar o que fazer.

Mas vai meter o processo contra os gestores do BCP?

Quando for oportuno avançaremos. Mas vamos dar tempo para os ex-gestores do BCP analisarem as acusações do Banco de Portugal e da CMVM.

Mas a todos?

Não só aos que foram acusados. O que gostava era de chegar a acordo com eles. Era preciso que eles chegassem ao pé de mim e dissessem que as remunerações acessórias que recebem e que foram calculadas com base em lucros que não existiam devem ser recalculadas. E deviam entregar o que receberam a mais.Eu não vou pagar por aquilo que não devo. Não tenho dúvidas que ele [Jardim Gonçalves] modernizou o sistema financeiro português. E tenho admiração por ele. Além disso ele é madeirense. E fez muito por Portugal, tal como o Ronaldo também fez. Portanto "good luck to him". O meu advogado vai iniciar negociações. Mas nem devia ser eu a sugerir que eles restituíssem o dinheiro que receberam indevidamente. Deviam ser eles a rectificar e a restituir. E é tudo para o banco, não é nada para mim.

Já apuraram a verba que dizem ter sido apropriada indevidamente?

Infelizmente não. Nem o actual CA sabe. É que eles recebem de muitos modos: seguros, pensões, segurança, carros blindados...Eu não vejo o PR usar carros blindados. Eu ainda posso falar porque não tenho informação nenhuma. Já estou lá há vários meses [na presidência da Comissão de Remunerações do BCP] e não recebi informação nenhuma.

Quer comprar a colecção da Fundação Elipse (BPP)?

Não sei a quem pertence. Aquilo que sei é que é de um fundo chamado Fundação... Agora não sei quais os quadros que pertencem a ele, João Rendeiro, e os que pertencem ao Fundo. Por vezes perguntam-me: o que pensas do Rendeiro? O que eu penso foi publicado nos jornais em 1999 [onde alertou para a existência de grandes riscos no balanço deste banco]. Embora tivéssemos concordado não voltar a falar do assunto, eu falo dele, porque ele se refere a isso no seu livro.
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