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Caldeirão da Bolsa

A racionalidade e os limtes da razão (era: neoliberalismo)

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por bossas » 7/3/2009 18:28

"A verdade completa é que o estado NÂO PERMITE que o individuo procure esses fundamentos, porquanto o estado está na mão dos que adoptaram este código moral que denuncio."


Referia-me ao monopólio estatal sobre a educação. Não apenas a educação pública mas também a privada, pois nenhuma escola pode certificar conhecimentos se não obedecer aos curriculos mínimos. Assim, é o proprio estado que evita e impede o livre conhecimento de qualquer corrente de pensamento.


"A democracia está longe de ser o melhor sistema implantado até a data."

"Não sou democrata porque sou capitalista."


Estas duas estão juntas pq são a mesmíssima coisa. O capitalismo não é um sistema económico mas sim um sistema político alternativo à democracia. Numa democracia (pura e simples) o individuo é considerado não pelas suas ideias mas pelo tamanho do grupo que a elas adere. 51% da população pode - efectivamente - escravizar 49% dependendo das decisões que venha a forçar.

Num sistema politico capitalista a organização tem formas e condicionantes muito específicas.

1. estado é sempre considerado um conjunto de cidadãos (e não uma entidade abstracta e supra individual) que servem os outros e lhes prestam um serviço essencial: a proteção das liberdades individuais, a segurança e a ordem, o combate à fraude (esta fraude não é relativa a LEIS, mas relativa a acordos entre cidadãos livres que têm de ter a certeza que os mesmos são cumpridos. Faltar á palavra é fraude).

2. As regras fundamentais para os serviços enumerados acima são estabelecidas por via de referendo, e será sempre este o instrumento preferencial para a decisão (o país que mais se assemelha e que eu conheça é a Suiça)

3. A constituição - lei fundamental - tem como principal papel a defesa das liberdades individuais, em particular a defesa dos individuos em relação ao poder do estado. As decisões que claramente entrem na esfera da decisão individual não são susceptiveis de ser sequer legisladas.

O (laissez-faire) capitalismo deu ao mundo grandes invenções, produto de homens livres e mentes livres, acontecimentos como a revolução industrial, prosperidade e paz."

"A democracia (um sistema organizacional de nomeação para cargos públicos e nada mais) só nos trouxe a liberdade (ainda assim condicionada por leis eleitorais restritivas) de escolher - de 4 em 4 anos - quem comanda a nossa vida e quem gere a comuna."

"Sim, defendo a não intervenção do estado (sinceramente as maiusculas parecem-me desadequadas) por uma questão de coerência."


Mais um conjunto. Laissez-faire capitalism viveu (muito brevemente) no sec XIX e nos EUA. Na europa nunca existiu. è isso que torna Marx correcto quando afirma que o comunismo iria triunfar APÓS o desaire do capitalismo. Foi efectivamente o que aconteceu. Alguns (nem todos) os autores assinalam a morte do capitalismo em 1890, ao tempo das primeiras leis anti-monopolio nos EUA. desde então tivemos economia mista, com o estado a "amparar" os mais fracos e a promover (ou a amenizar as penalizações) da IRRACIONALIDADE.

Sendo o estado visto como um grupo de cidadãos que p+restam serviço aos demais, e não sendo nunca considerado uma entidade supra individual, o "e" maiusculo é dispensável (manias minhas e excentricidades)

O sistema de nomeação para cargos publicos nao deve NUNCA estar baseado em organizações (sejam partidos, colectividades, grémios, ordens, associações) mas sim no individuo e nas suas capacidades. deve também estar acente num contracto (o que acabava com os programas eleitorais) e o simples não cumprimento desse contracto daria bases para remover o titular desse cargo, promovendo uma nova escolha e um novo contracto, etc...

Portanto, não sou democrata, porque prefiro o capitalismo à democracia. Não sou anarca pois defendo o estado (com a descrição acima) a lei e a ordem (ética se quiseres).

"Mortos e feridos é apenas mais da dramatização que sempre foi usada pelo estado e pelos adeptos do sistema neo-colectivista para o justificar."

"Se porventura, o juiz seria o estado, vamos esquecer. Alem de que jamais o estado seria um bom juiz, uma vez que é o principal promotor da irracionalidade desde o inicio do sec. XX."


O estado naõ pode distinguir ou fazer juizos de valor - isso seria descriminatório - sobre a racionalidade dos individuos. E não deve amortecer ou suavizar os custos da irracionalidade. Este suavizar leva, racionalmente através da vontade dos homens e da sua natureza em querer sempre mais - a que se passe da suavização à promoção da IRRACIONALIDADE.

Por isso, o unico juiz natural é a razão. Se quem for irracional paga o preço, através da tentativa e erro irá aprender a defender o seu proprio interesse de forma racional.

Um pouco a pressa e sem grande preparação mas... se achares e quiseres, posso aprofundar alguns aspectos (dentro das minhas limitadas capacidades) e esclarecer qualquer dúvida.
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por tmms » 4/3/2009 10:01

No final do meu texto junto um conjunto de frases que me levou às duas questões anteriores. Eu sei que as frases apresentadas desta forma estão descontextualizadas mas tendem a representar apenas uma hipótese que, agora, se confirma errada.

Como sabes o laissez-faire, que eu também defendo, é um conceito que compreende alguma amplitude que vai da diminuição parcial do papel do estado à, nos casos mais extremos, total eliminação do mesmo.

No texto do Pedro Arroja penso que o Juiz é uma metáfora para representar a Justiça (um pilar do estado, portanto) enquanto “área de intervenção estatal necessária à liberdade” (pegando nas tuas palavras). Como acerca este texto afirmaste que “se porventura, o juiz seria o estado, vamos esquecer” eu fui levado a pensar que defenderias uma sociedade onde o sistema de justiça fosse abolido. Daí a minha dúvida e a razão das minhas questões...

Dito isto, devo dizer que subscrevo inteiramente que “é principal função do estado PROTEGER os indivíduos e as suas liberdades. Defesa, Segurança e Justiça são as áreas de intervenção estatais necessárias à liberdade.“

Infelizmente, como sabemos, o estado desempenha muito mal o seu papel pois é fortemente condicionador da liberdade individual. Uma área onde eu gostaria muito de ver o estado totalmente ausente é a educação. Imagino um sistema de ensino exclusivamente privado onde a competição pela excelência estaria sempre presente.

Um abraço,
Tiago

Bossas Escreveu:"A verdade completa é que o estado NÂO PERMITE que o individuo procure esses fundamentos, porquanto o estado está na mão dos que adoptaram este código moral que denuncio."

"A democracia está longe de ser o melhor sistema implantado até a data."

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"O (laissez-faire) capitalismo deu ao mundo grandes invenções, produto de homens livres e mentes livres, acontecimentos como a revolução industrial, prosperidade e paz."

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"Sim, defendo a não intervenção do estado (sinceramente as maiusculas parecem-me desadequadas) por uma questão de coerência."

"Mortos e feridos é apenas mais da dramatização que sempre foi usada pelo estado e pelos adeptos do sistema neo-colectivista para o justificar."

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por bossas » 3/3/2009 23:43

tmms Escreveu:Mas estas e outras afirmações tuas no passado levam-me às seguintes questões:

:arrow: Defendes a completa eliminação do Estado?
:arrow: Advogas correntes como o anarco-capitalismo?


:shock:

Rico regresso de ferias!!! Se algumas afirmações te fizeram pensar isso, é só dizer quais foram que eu prontamente as desenvolvo para esclarecer.


A minha única preocupação é que essas duas questões são a PEDRA ANGULAR que tem permitido a adulteração sociologica dos nossos tempos.

São essas as questões que estão na base das acusações vergonhosas de que foi o mercado e o capitalismo que nos trouxeram até aqui, bem como o que leva os neo-liberais e neo-capitalistas a advogar politicas sociais e intervencionismo, matando eles próprios o verdadeiro capitalismo e liberalismo que deconhecem.

Sendo o capitalismo um modelo POLÍTICO (e não económico como todos julgam) ele vale acima de tudo pelo HUMANISMO e pelos VALORES e LIBERDADES INDIVIDUAIS.

É principal função do estado PROTEGER os individuos e as suas liberdades.Defesa, Segurança e Justiça são as areas de intervenção estatais necessárias à liberdade.

Mas atenção, nunca o estado deve ser entendido como uma entidade supra humana, mas antes como um conjunto de cidadãos a quem os restantes "pagam" por um serviço essencial à manutenção das suas liberdades. Por outro lado, uma verdadeira e justa CONSTITUIÇÃO deverá assumir o principal papel de PROTEGER os cidadãos do poder e intervencionismo do estado, enquanto este protege as LIBERDADES dos seus cidadãos.

Anarco-capitalismo é simplesmente uma FICÇÂO IRRACIONAL e uma invenção. O próprio termo é uma contradição semântica e moral, sendo completamente irreal.

A base do capitalismo é a liberdade. Liberdade para pensar, agir, criar e guardar a criação ou o seu produto. Para tal, é necessário o conceito de propriedade que, como será fácil entender, não coexiste com o mais infímo vislumbre de anarquia.

Tal como o homem não existe apenas pela sua consciência mas também pelo seu corpo, os direitos não serão possíveis sem a capacidade de materializar esses direitos. A anarquia é tão inimiga do capitalismo quanto o colectivismo.
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por tmms » 23/2/2009 11:03

bossas Escreveu:se porventura, o juiz seria o estado, vamos esquecer.

Alem de que jamais o estado seria um bom juiz, uma vez que é o principal promotor da irracionalidade desde o inicio do sec. XX.

NOTA: Como li na diagonal, posso estar a depreender (erradamente) que o Pedro Arroja (que aprecio bastante) esteja a advogar o estado enquanto Juiz. Eu reafirmo: o unico juiz bom e infalivel será sempre a Razão. Tarda mas não falha :wink:

Sobre o autor dos textos (PA) não tenho qualquer opinião formada pois só muito recentemente tive conhecimento do Portugal Contemporâneo, ao receber uma avalanche de visitas no meu blog proveniente de lá. Portanto, não te sei dizer se o autor está a advogar o Estado enquanto Juiz ou não. O meu entendimento diz-me que sim mas admito que possa estar totalmente errado.

Mas estas e outras afirmações tuas no passado levam-me às seguintes questões:

:arrow: Defendes a completa eliminação do Estado?
:arrow: Advogas correntes como o anarco-capitalismo?

Um abraço,
Tiago
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por bossas » 20/2/2009 17:51

tmms Escreveu:Penso que vais gostar de ler estes textos: Os advogados e O Juiz.



Li na diagonal - estou de saida outra vez, hehe - concordo com a descrição da sala de audiencias e, se porventura, o juiz seria o estado, vamos esquecer.

O juiz terá sempre de ser a razão que, mais tarde ou mais cedo, prevalece sempre. Ou seja, mais tarde ou mais cedo, ate os produtores veriam que estavam a operar num esquema CONTRÁRIO aos seus interesses pessoais. É alias o que está a acontecer aos bancos e que foi permitido pela IRRACIONALIDADE dos accionistas.

Terão de pagar os custos e prejuizos dessas irracionalidades (tal como os compradores) uma vez que os UNICOS RACIONAIS foram os advogados (porque será?).

Eliminar (ou suavizar) os custos e prejuizos da irracionalidade só a promove. Sò havendo uma clara percepção dos custos da irracionalidade é que as pessoas (racionalmente) passarão a usar a razão.

Em suma, é uma opção racional optar pela irracionalidade quando esta nos tráz benefícios.

Alem de que jamais o estado seria um bom juiz, uma vez que é o principal promotor da irracionalidade desde o inicio do sec. XX.

NOTA: Como li na diagonal, posso estar a depreender (erradamente) que o Pedro Arroja (que aprecio bastante) esteja a advogar o estado enquanto Juiz. Eu reafirmo: o unico juiz bom e infalivel será sempre a Razão. Tarda mas não falha :wink:
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por tmms » 20/2/2009 17:19

Penso que vais gostar de ler estes textos: Os advogados e O Juiz.

Duas notas:

:arrow: O acesso à informação (sobretudo a que não é produzida pelo status quo) é um factor importante na equação do que está a acontecer. Mas penso que ainda é muito cedo para termos uma correcta noção do seu peso efectivo. Daqui a uns anos somos capazes de concluir que não foi assim tanto...

:arrow: Escrevi no tópico do imobiliário que "os proprietários tentam vender o imóvel propriamente dito acrescido do crédito ao carro novo e das férias de sonho e, sempre que possível, claro(!) da respectiva valorização do imóvel ao longo do tempo. Refiro-me, naturalmente, às inúmeras situações em que o crédito hipotecário serviu para financiar o automóvel (ou 2ª automóvel), férias de sonho que de oura forma não se tinham, mobiliário para a casa, etc. Em suma, o proprietário abusou e agora ainda pensa que os outros lhe vão pagar os seus excessos?". Para mim é evidente desde há alguns anos que só alimenta isto quem quer ou quem anda muito, mesmo muito, distraído!

Um abraço,
Tiago
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por bossas » 20/2/2009 16:50

Uns possiveis sócios para a empresa de demolições:

A revolta da Razão

Afinal, mais tarde ou mais cedo, todos se perguntarão quem paga as contas e vão ver que são sempre os mesmos e os que são mais mal tratados.
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por tmms » 9/2/2009 18:24

Ok, aqui vão algumas respostas pré-ensaio...

bossas Escreveu:
tmms Escreveu:3. Porque a razão tem limites. E mesmo porque, dentro dos limites da razão, existe lugar a essas filosofias.

Estou certo que o desenvolvimento desta afirmação me ajudará em muito neste renascimento.

Acredito que sim. A mim foi o que me permitiu fechar o circulo. Entender como é que "o menos infinito está ligado ao mais infinito", digamos assim.
É ai que tens a plena percepção dos limites da razão e de como ela, ao mesmo tempo, fica fortalecida por isso.

bossas Escreveu:
tmms Escreveu:6. Claro que poderíamos ter esta conversa um sem o outro.

Sim, mas pelo menos eu ganharia muito menos com ela.

Nunca saberás. Essas suposições não interessam... E se, em vez de estares aqui a debater comigo, estivesses a debater estas ideias com um individuo com mais conhecimentos que eu? Não ganharias muito mais?

bossas Escreveu:
tmms Escreveu:7. O crescimento sem pares só é possível só até determinado patamar (o que chamo fundação da ilha). Depois disso só é possível entre pares (pontes entre ilhas).

Estou em crer que construir uma ponte e muito mais dificil que fundar uma ilha - talvez seja esse a continuação do caminho (processo) de que falas em baixo. Acredito que seja e gostaria de ver.

Não sei, nunca construí nenhuma. Mas também presumo que seja muito mais difícil.
Mas gosto de desafios, quanto mais difíceis melhor.
Estou disposto a tentar... acho que vai valer a pena o esforço. Se for uma ponte para nenhures, paciência. Alguma ilha algum dia há-de ser fundada em nenhures, presumo que assim seja.

bossas Escreveu:
tmms Escreveu:
bossas Escreveu:Porque nos deu Ele o livre-arbitrio, em vez de nos criar naturalmente e obrigatoriamente "bons"? Porque nos deu Ele esta vida na terra, uma vez que outra melhor está prometida?

Bem, como já reconheceu - com extrema elegância, diga-se - que falhou redondamente eu vou fingir que não vi esta parte (e outras).

Não me poupe. A cada um o que merece. Quais são as "outras"?

Nada de especial, só várias questões relacionadas com Deus e os limites da razão (no fundo, estão relacionados). Mas nada de especial pois, basicamente, tu próprio te apercebeste do resvalar. É natural... faz parte do processo. Já resvalei muitos vezes e muitas mais resvalarei. É preciso é levantar-nos e continuarmos.

bossas Escreveu:Parece que o que nos separa será então uma questão de... paciência?!

Pelo que me é dado perceber até agora, basicamente, sim. É o horizonte temporal da análise.
Entre, claro, muitas respostas que eu ainda não tenho relativamente ao laissez-faire e que tu deves ter, presumo.

bossas Escreveu:A democracia do sec.XX é o principal entrave ao lessaiz-faire e ao capitalismo

Discordo. A democracia é um patamar necessário para a humanidade atingir o lessaiz-faire. Lá está a nossa divergência temporal a manifestar-se.

bossas Escreveu:A mudança, ainda que gradual, tem de ser iniciada ou não terá lugar.

Concordo em absoluto. Por isso mesmo entender que chegou o momento de passar ao papel o que me vai na mente há alguns anos. A nossa conversa apenas veio marcar o momento.
Assim, publicado, pode ser alvo da critica e reforçado. Se alguém conseguir derrubar pela razão, eu irei reconstruir.
Claro que terá custos, eu sei. Mas tudo tem o preço. Este é um que estou disposto a pagar.

tmms Escreveu:Aspectos muito interessantes, polémicos e controversos. Não sei se estaremos no mesmo "caminho" ou se serão diferentes, mas sei que em qualquer dos casos valerá a pena conhecer.

Se não estivermos no mesmo processo/caminho (chama-lhe o que quiseres) então é uma ponte para nenhures. Mal não fará. E, no limite, permitirá que outros construam as suas para aqui, certo?

bossas Escreveu:Esta descansado, vou fundar uma empresa de demolições. Apenas as contruções solidas, que ambos admiramos, ficarão de pé.

Epá, agora, de repente, fiquei preocupado. Não queres mudar a sociedade à lei da bomba (pronto, já temos a NSA a ler o tópico), certo? :mrgreen:

Um abraço,
Tiago

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por tmms » 9/2/2009 17:53

bossas Escreveu:Quanto aos amigos, duas cabeças não pensam necessáriamente melhor que uma. Essa é exactamente a premissa da democracia que não partilho.

Era brincadeira. E continuando... depende das cabeças. :mrgreen:

Agora a sério. Genericamente, concordo. Já tive oportunidade de constatar in loco esse facto. O grupo tende a agir emocionalmente e o individuo racionalmente. Há, obviamente, excepções.

bossas Escreveu:Entretanto, editei o tópico acima para correcção ortográfica e também para deixar claro a polémica, controvérsia e o meu desacordo com alguns aspectos anunciados para o ensaio.

Vou reler.

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por bossas » 9/2/2009 17:45

tmms Escreveu:
bossas Escreveu:Parece que o que nos separa será então uma questão de... paciência?!

Não queres esperar pela publicação do meu ensaio? :wink:

Vai responder-te a esta e às outras perguntas... pode é demorar meses, não sei. Fazemos assim, eu vou escrevendo o ensaio e tu preparando o bulldozer. E trás uns amigos também munidos de picaretas e dinamite...

Um abraço,
Tiago


Vou esperar claro. Quanto aos amigos, duas cabeças não pensam necessáriamente melhor que uma. Essa é exactamente a premissa da democracia que não partilho.

Entretanto, editei o tópico acima para correcção ortográfica e também para deixar claro a polémica, controvérsia e o meu desacordo com alguns aspectos anunciados para o ensaio.
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por tmms » 9/2/2009 17:35

bossas Escreveu:Parece que o que nos separa será então uma questão de... paciência?!

Não queres esperar pela publicação do meu ensaio? :wink:

Vai responder-te a esta e às outras perguntas... pode é demorar meses, não sei. Fazemos assim, eu vou escrevendo o ensaio e tu preparando o bulldozer. E trás uns amigos também munidos de picaretas e dinamite...

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por bossas » 9/2/2009 17:15

tmms Escreveu:
bossas Escreveu:A Razão jamais poderá ter limites

Estou em total desacordo. Mais à frente explico a razão.


errr... Bom, acho que sofri um lapso de racionalidade. A expressão (infeliz, diga-se) foi escrita no meio de uma aceleração intelectual e retórica mais própria de um discurso destinado a manipulação e empolgamento de massas do que própriamente de uma conversa racional e serena. Tal afirmação não cabe neste tópico, senão pelo conteudo, certamente pela forma.

Como a minha própria falha revelou, às vezes passam-se os limites. E, como o Tiago realçou, o reconhecimento desses limites (e de que porventura os ultrapassamos) torna-nos mais fortes e clarividentes.


tmms Escreveu:3. Porque a razão tem limites. E mesmo porque, dentro dos limites da razão, existe lugar a essas filosofias.


Estou certo que o desenvolvimento desta afirmação me ajudará em muito neste renascimento.

tmms Escreveu:6. Claro que poderíamos ter esta conversa um sem o outro.


Sim, mas pelo menos eu ganharia muito menos com ela.

tmms Escreveu:7. O crescimento sem pares só é possível só até determinado patamar (o que chamo fundação da ilha). Depois disso só é possível entre pares (pontes entre ilhas).


Estou em crer que construir uma ponte e muito mais dificil que fundar uma ilha - talvez seja esse a continuação do caminho (processo) de que falas em baixo. Acredito que seja e gostaria de ver.

tmms Escreveu:
bossas Escreveu:Porque nos deu Ele o livre-arbitrio, em vez de nos criar naturalmente e obrigatoriamente "bons"? Porque nos deu Ele esta vida na terra, uma vez que outra melhor está prometida?

Bem, como já reconheceu - com extrema elegância, diga-se - que falhou redondamente eu vou fingir que não vi esta parte (e outras).


Não me poupe. A cada um o que merece. Quais são as "outras"?

tmms Escreveu:
bossas Escreveu:Será Ele a Razão? Se o Homem é a Razão e Ele o criou à Sua imagem, valerá a pena fazer esta pergunta?

Vale. Racionalmente todas as perguntas devem ser feitas. Incluindo aquelas que não têm resposta. Só assim conseguiremos chegar ao limite da razão e fechar o ciclo, ligar o menos infinito com o mais infinito.


A pergunta era, obviamente, retórica. Vale sempre a pena qualquer pergunta. QUanto aos limites da Razão... (ver mais abaixo)

bossas Escreveu:O interesse pessoal é a Razão. Não há outro. O bem maior é o quê? É maior porquê? Com que critérios? Definido por quem? O unico bem maior que visualizo é a soma dos maiores interesses pessoais de cada individuo completamente realizados.


tmms Escreveu:O bem comum é o somatório de todos os interesses pessoais realizados exclusivamente por via de comportamentos éticos inquestionáveis a todos os níveis.
Termino aproveitando as suas próprias palavras, quando se socorreu de Adam Smith: "Se assim não for, o sucesso de uns será sempre à custa dos outros".
Compreendo as perguntas mas feito o esclarecimento concordará que já não fazem qualquer sentido.


Todas as perguntas fazem sentido, lembras-te? :wink: E não o perdem só por serem respondidas. Ainda mais quando a resposta encerra precisamente o código que tento difundir.

Concordo em absoluto, daí advogar a racionalidade como forma de atingir esse nível ético.

Não podia estar mais de acordo.

tmms Escreveu:
bossas Escreveu:A democracia está longe de ser o melhor sistema implantado até a data. Já nos habituamos a considerar o capitalismo como um sistema económico, mas é falso. O Capitalismo é um sistema político e não económico. Esse sim, o melhor sistema já implantado pelo Homem.

Sim, tem toda a razão. Mas vamos mais devagar, por favor.
A democracia é o melhor sistema que o ser humano consegui implantar (na prática) até à data. Não quer dizer que seja o melhor, em teoria. Ela é o caminho necessário a percorrer até conseguirmos, enquanto humanidade, chegar ao ambicionado laissez-faire. O tal continente da razão, na minha visão de longo prazo. Mas, para isso, ainda é preciso fundar muitas ilhas e fazer muitas pontes. Vamos com calma... e lá chegaremos.

bossas Escreveu:Eu sou capitalista, não por ter capital, mas porque acredito, advogo e defendo o capitalismo como sistema político.

Não podia estar mais de acordo.

bossas Escreveu:O (laissez-faire) capitalismo deu ao mundo grandes invenções, produto de homens livres e mentes livres, acontecimentos como a revolução industrial, prosperidade e paz.

Novamente de acordo.

bossas Escreveu:A democracia (um sistema organizacional de nomeação para cargos públicos e nada mais) só nos trouxe a liberdade (ainda assim condicionada por leis eleitorais restritivas) de escolher - de 4 em 4 anos - quem comanda a nossa vida e quem gere a comuna.

Muito pior do que isso. A democracia, sendo o melhor que o ser humano consegui implantar até hoje, é uma escolha limitada de entre escolhas previamente condicionadas. Mesmo assim, continua a ser o melhor que conseguimos implantar até à data.


Parece que o que nos separa será então uma questão de... paciência?!

Eu não entendo a democracia como um sistema político. Vejo-a exclusivamente como um sistema de nomeação para cargos com funções de interesse para determinada comunidade.

Nesse campo, acredito que há outros métodos e sistemas bem melhores. Métodos em que APENAS as regras e funções fundamentais (e por isso mesmo comuns) sejam da responsabilidade desses orgãos, e que a legislação que as enquadre seja aprovada sob a forma referendária - ao estilo Suíço.

A democracia do sec.XX é o principal entrave ao lessaiz-faire e ao capitalismo, mas curioso o suficiente, é sempre este ultimo que - mesmo depois de morto - paga as falhas daquela. Enquanto o actual sistema e códigos persistirem, estaremos mais longe do objectivo. A mudança, ainda que gradual, tem de ser iniciada ou não terá lugar.

tmms Escreveu:(...) à excepção do conselho (...)


Não foi um concelho, nem uma profissão de fé... Era a afirmação de uma percepção e de um facto. E pelos vistos estava correcta :lol:

tmms Escreveu:Quando o mesmo estiver concluído, dentro de algumas semanas ou meses, não faço ainda ideia, publicarei aqui para que o possa(m) ler.

Nesse documento irei tentar explicar, através da razão:

- Porque a razão tem limites e quais, ou qual, são;
- Porque razão esse limite a fortalece ao contrário do que defende;
- Porque a razão não pode negar a fé nem a fé a razão;
- Como fechar o circulo (como eu fechei o meu, como ligar menos infinito a mais infinito);
- Porque esse fechar de circulo não encerra o processo de aprendizagem (ou no seu caso de reaprendizagem);
- Porque a humanidade caminha a passos largos para a felicidade absoluta, e o laissez-faire é apenas uma questão de tempo;
- Entre outras questões;


Aspectos muito interessantes, polémicos e controversos. Não sei se estaremos no mesmo "caminho" ou se serão diferentes, mas sei que em qualquer dos casos valerá a pena conhecer.

tmms Escreveu:A publicação de tal documento obriga-me a marcar uma forte posição política a qual tem (ou pode ter), como sabe, implicações pessoais não negligenciáveis.

Contudo, tal como em tudo o que construí na vida até hoje, está claro que chegou o momento de o fazer. Tudo tem o seu tempo e só faz sentido agir no momento certo.

Caro Bossas, vou preparar o documento e faço votos que o tente destruir como fez com o muro. Mas desta vez uma picareta não lhe vai ser suficiente, traga o seu bulldozer, por favor.

Um abraço,
Tiago


Nada é negligenciável e marcar posição é, nos tempos que correm, algo pelo qual se paga invariavelmente um preço significativo. No entanto, tenho a certeza que QUEM o paga o faz com honra, com orgulho e com Razão... E com a certeza que um dia deixará de ser necessário pagar, pois o código será vencido.

Esta descansado, vou fundar uma empresa de demolições. Apenas as contruções solidas, que ambos admiramos, ficarão de pé.
Editado pela última vez por bossas em 9/2/2009 17:39, num total de 1 vez.
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por tmms » 9/2/2009 12:01

bossas Escreveu:Muito se engana. Não sou profissional no sentido em que não faço a apologia da Razão.

Não me enganei, não. Desta vez fui eu que "provoquei" para conhecer.

bossas Escreveu:Devo-lhe uma confissão: eu não interpretei erradamente as suas palavras. Calculei o que o Tiago quereria afirmar com elas e, apesar de estarmos globalmente de acordo, quis "provocar" a falência (ou expôr a falha) da sua admissão quanto aos limites da Razão e à dúvida. Se quiser, peguei numa picareta, e derrubei o muro onde o Tiago depois de o construir todo muito bem, deixou uma racha.

Fez bem em derrubar o muro. Eu só admiro construções sólidas.

bossas Escreveu:A Razão jamais poderá ter limites

Estou em total desacordo. Mais à frente explico a razão.

bossas Escreveu:1. Porque escolhemos um clube e não outro?
2. Porque somos católicos e não budistas?
3. Porque não somos religiosos, mas acabamos por ser fervorosos adeptos de uma filosofia de vida própria?
4. Porque procuramos a felicidade?
5. Porque falamos nós um com o outro?
6. Poderiamos nós dois ter esta discussão um sem o outro?
7. Seria possível crescer em pensamento sem pares?
8. Seria possível crescer mentalmente sem competição?
9. E será possível competir sem partilhar a realidade?

Eu sei que são perguntas retóricas mas vou responder à mesma. Só por graça.
1. Cultura.
2. Cultura.
3. Porque a razão tem limites. E mesmo porque, dentro dos limites da razão, existe lugar a essas filosofias.
4. Porque a procura da felicidade é o objectivo da vida.
5. Porque nos dá um tremendo gozo intelectual e porque ambos sabemos o que vamos ganhar muito com isso. Quanto às questões práticas, foi mero acaso.
6. Claro que poderíamos ter esta conversa um sem o outro.
7. O crescimento sem pares só é possível só até determinado patamar (o que chamo fundação da ilha). Depois disso só é possível entre pares (pontes entre ilhas).
8. Não.
9. Não.

bossas Escreveu:Porque nos deu Ele o livre-arbitrio, em vez de nos criar naturalmente e obrigatoriamente "bons"? Porque nos deu Ele esta vida na terra, uma vez que outra melhor está prometida?

Bem, como já reconheceu - com extrema elegância, diga-se - que falhou redondamente eu vou fingir que não vi esta parte (e outras).

bossas Escreveu:Será Ele a Razão? Se o Homem é a Razão e Ele o criou à Sua imagem, valerá a pena fazer esta pergunta?

Vale. Racionalmente todas as perguntas devem ser feitas. Incluindo aquelas que não têm resposta. Só assim conseguiremos chegar ao limite da razão e fechar o ciclo, ligar o menos infinito com o mais infinito.

bossas Escreveu:O interesse pessoal é a Razão. Não há outro. O bem maior é o quê? É maior porquê? Com que critérios? Definido por quem? O unico bem maior que visualizo é a soma dos maiores interesses pessoais de cada individuo completamente realizados.

O bem comum é o somatório de todos os interesses pessoais realizados exclusivamente por via de comportamentos éticos inquestionáveis a todos os níveis.
Termino aproveitando as suas próprias palavras, quando se socorreu de Adam Smith: "Se assim não for, o sucesso de uns será sempre à custa dos outros".
Compreendo as perguntas mas feito o esclarecimento concordará que já não fazem qualquer sentido.

bossas Escreveu:A democracia está longe de ser o melhor sistema implantado até a data. Já nos habituamos a considerar o capitalismo como um sistema económico, mas é falso. O Capitalismo é um sistema político e não económico. Esse sim, o melhor sistema já implantado pelo Homem.

Sim, tem toda a razão. Mas vamos mais devagar, por favor.
A democracia é o melhor sistema que o ser humano consegui implantar (na prática) até à data. Não quer dizer que seja o melhor, em teoria. Ela é o caminho necessário a percorrer até conseguirmos, enquanto humanidade, chegar ao ambicionado laissez-faire. O tal continente da razão, na minha visão de longo prazo. Mas, para isso, ainda é preciso fundar muitas ilhas e fazer muitas pontes. Vamos com calma... e lá chegaremos.

bossas Escreveu:Eu sou capitalista, não por ter capital, mas porque acredito, advogo e defendo o capitalismo como sistema político.

Não podia estar mais de acordo.

bossas Escreveu:O (laissez-faire) capitalismo deu ao mundo grandes invenções, produto de homens livres e mentes livres, acontecimentos como a revolução industrial, prosperidade e paz.

Novamente de acordo.

bossas Escreveu:A democracia (um sistema organizacional de nomeação para cargos públicos e nada mais) só nos trouxe a liberdade (ainda assim condicionada por leis eleitorais restritivas) de escolher - de 4 em 4 anos - quem comanda a nossa vida e quem gere a comuna.

Muito pior do que isso. A democracia, sendo o melhor que o ser humano consegui implantar até hoje, é uma escolha limitada de entre escolhas previamente condicionadas. Mesmo assim, continua a ser o melhor que conseguimos implantar até à data.

bossas Escreveu:
tmms Escreveu:Antes de terminar, aproveito para deixar a minha opinião em termos gerais. No seguimento do que eu disse anteriormente “não acredito em grandes revoluções e em mudanças radicais. Penso que a mudança se faz todos os dias”. Penso que, pelo menos até a razão me apresentar argumento irrefutável em contrário:
Cada Homem pode e deve fundar, neste gigantesco Oceano de irracionalidade, a sua pequena ilha de racionalidade. Depois de fundar devida e solidamente a sua ilha estabelecer pontes de comunicação com outras ilhas (“... que eu julgo estar a chegar o momento em que a caminhada ao encontro da racionalidade do Homem entrará noutros domínios e jamais poderá ser continuada de uma forma exclusivamente individual”). Das muitas ligações entre muitas pequenas ilhas vão nascendo ilhas maiores. Um dia a racionalidade terá o seu próprio continente. Claro que isto é apenas a visão de um individuo muito paciente e com uma visão da vida de muito longo prazo.

"a caminhada ao encontro da racionalidade do Homem entrará noutros domínios e jamais poderá ser continuada de uma forma exclusivamente solitária" Com esta alteração, subscrevo inteiramente este paragrafo.

Alterando apenas aquela palavra, o paragrafo é um hino ao capitalismo.

Aceito a alteração e está, então, criado o hino ao capitalismo.

bossas Escreveu:E não me agradeça. É que mantive (e manterei) esta reflexão e debate apenas no meu próprio interesse (e o Tiago deverá fazer o mesmo). Não devemos nada um ao outro, e ambos ganhamos com a acção. É a essência do laissez-faire. Quando algum de nós deixar de tirar algum proveito desta discussão, a mesma deverá terminar imediatamente.

Como é lógico eu também só mantenho, e manterei, esta reflexão no estrito interesse próprio. Aliás, à excepção do conselho, subscrevo na integra o parágrafo.

O "agradecimento" é, em bom rigor, uma felicitação porque (o bossas ainda não sabia, não sabe mas vai ficar agora mesmo a saber) esta reflexão vai "obrigar-me" a passar a escrito anos de reflexões que estão apenas registados na minha mente.

Não é nada que me espante ou que eu não soubesse que um dia, inevitavelmente, iria acontecer. Eu só não sabia quando.

É unicamente neste contexto que deve ler o agradecimento. Agradecimento por proporcionar esse momento. Claro que, no limite, só o acelerou porque tudo começou quando eu me cansei de ler as barbaridades da neo-comuna aqui no fórum. Ficaria por ali não fosse a sua resposta.

Posto isto, iniciarei hoje mesmo a produção do ensaio que já estive a alinhavar durante o fim de semana.

Quando o mesmo estiver concluído, dentro de algumas semanas ou meses, não faço ainda ideia, publicarei aqui para que o possa(m) ler.

Nesse documento irei tentar explicar, através da razão:

- Porque a razão tem limites e quais, ou qual, são;
- Porque razão esse limite a fortalece ao contrário do que defende;
- Porque a razão não pode negar a fé nem a fé a razão;
- Como fechar o circulo (como eu fechei o meu, como ligar menos infinito a mais infinito);
- Porque esse fechar de circulo não encerra o processo de aprendizagem (ou no seu caso de reaprendizagem);
- Porque a humanidade caminha a passos largos para a felicidade absoluta, e o laissez-faire é apenas uma questão de tempo;
- Entre outras questões;

A publicação de tal documento obriga-me a marcar uma forte posição política a qual tem (ou pode ter), como sabe, implicações pessoais não negligenciáveis.

Contudo, tal como em tudo o que construí na vida até hoje, está claro que chegou o momento de o fazer. Tudo tem o seu tempo e só faz sentido agir no momento certo.

Caro Bossas, vou preparar o documento e faço votos que o tente destruir como fez com o muro. Mas desta vez uma picareta não lhe vai ser suficiente, traga o seu bulldozer, por favor.

Um abraço,
Tiago
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por bossas » 8/2/2009 1:29

bolo Escreveu:
bossas Escreveu:
Foi de facto a irracionalidade do estado e a sua sede de intervenção que nos colocou na rota que cruzámos. De outra forma, teriamos de ter como natural o sofrimento Homem e as falhas da Razão, coisa que recuso liminarmente.


Pressuponho que com o termo estado te está a referir ao Estado. Entendi bem que defendes a não intervenção do Estado para que haja a total reacção ao que se passou, incluindo mortes e feridos, e reequilibrio do sistema?

Se é isso é totalmente insane! Tem é de haver a coragem total para regular fortemente os comportamentos susceptíveis de criar resultados que atentem contra dos direitos e obrigações de todos os cidadãos! Isso mais me parece regressar aos EUA no tempo pós-Colombo!
O caminho é aprender com os erros e não sofrer com os erros. Foi não intervenção do Estado que defendeste?



Antes mesno do paragrafo que citaste escrevi, a respeito das causas da crise que atravessamos, o seguinte:

a verdade dos factos: a irracionalidade dos estados em tentar inverter o que é produto da Razão e, por isso mesmo, natural.

Portanto, e respondendo á tua pergunta: Sim, defendo a não intervenção do estado (sinceramente as maiusculas parecem-me desadequadas) por uma questão de coerência. Se foi precisamente essa intervenção e o contrariar sistemático do livre funcionamento e aplicação da racionalidade que nos causou o problema, não vejo que a continuação do paradigma vá solucionar o que quer que seja.

Mortos e feridos é apenas mais da dramatização que sempre foi usada pelo estado e pelos adeptos do sistema neo-colectivista para o justificar. Sim, eu reconheço que muitos aind chamam a este sistema, um sistema de economia mista, mas eu sou de opinião que o sistema de economia mista acabou com fim do sistema de Brenton Woods em 1971. Passo a explicar:

Com a morte do capitalismo no inicio do sec.XX, passamos a um sistema (esse sim) de economia mista. Com o fim de Brenton Woods, houve na verdade uma nacionalização da UNICA ferramenta de comércio: o dinheiro, pois esta deixou de ter qualquer relação com qualquer bem real. Isto, para mim, é um neo-colectivismo.

O capitalismo não admite quaiquer mortos ou feridos. Baseia-se essencialmente na liberdade e nos direitos individuais (incluindo o direito de propriedade) e em que o papel do estado se limita à proteção absoluta desses mesmos direitos individuais.

A separação da igreja e do estado promoveu o renascimento e o iluminismo. A separação do estado e da economia voltaria a promover a PAZ e a prosperidade.
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por bossas » 8/2/2009 1:06

bossas Escreveu:(...)
tmms Escreveu:Partindo do pressuposto que admite debater esta questão publicamente, como é que a razão lida com Ele? No seu entender, Ele é a Razão? Como, racionalmente, lida com este assunto? Esta é a questão onde os limites se evidenciam em todo o seu esplendor.

Esta é a questão que encerra o processo de reaprendizagem que assumi após ter descoberto o erro para onde me deixei arrastar (e também a sociedade do sec.XX). Infelizmente não tenho ainda uma resposta sólida - se tivesse, o processo estaria concluido do ponto de vista do pensamento e teria de me limitar à acção - mas tenho alguns pontos de abordagem que fui construindo ao longo deste renascimento.

Abordei pessoalmente esta grande questão em 3 patamares: 1) o instinto; 2) a emoção e 3) a espiritualidade. A Razão exclui apenas a irracionalidade. Não exclui nenhum destes 3 patamares.

1) O instinto é até a própria Razão imediata. Uma reflexão/pensamento instântaneo - um reflexo. A sobrevivência é um bom exemplo de racionalidade.

2) Quanto à emoção, Manuel Damásio ajuda imenso a conciliar a Razão com a emoção. A falácia de que o coração comanda a emoção ou a inexistente mas propalada contradição entre o coração e a mente são facilmente desmontadas e expostas se percebermos que tudo o que o coração faz é a bombear sangue ao cérebro. É neste que as emoções têm lugar e onde tudo se passa.

3) Quanto à espiritualidade é mais complexo e é onde apenas encontro pontos de abordagem de possível exploração mas que ainda não enfrentei verdadeiramente. Existe uma dimensão espiritual no Homem que não nego. Apesar da Razão (e eu próprio) recusar o sobrenatural e o místicismo, não exclui necessária e totalmente a religiosidade, nem a partilha colectiva de crenças. Como se explica que as mais racionais pessoas devotem um fervoroso apoio a um qualquer clube de futebol? E porque é que uns preferem desporto e clubes, e outros dedicam essa mesma força devota a uma igreja ou comunidade? É no processo desta escolha (e não na execução do culto) que radica a Razão. Invariavelmente, o sentimento que leva os individuos a aderir a certas comunidades é racional, na medida em que se destina - ainda que inconscientemente - a promover uma sensação de bem estar com outros individuos. A interacção individual é necessária à sobrevivência e é um dado adquirido racionalmente.

Porque escolhemos um clube e não outro? Porque somos católicos e não budistas? Porque não somos religiosos, mas acabamos por ser fervorosos adeptos de uma filosofia de vida própria? Porque procuramos a felicidade? Porque falamos nós um com o outro? Poderiamos nós dois ter esta discussão um sem o outro? Seria possível crescer em pensamento sem pares? Seria possível crescer mentalmente sem competição? E será possível competir sem partilhar a realidade?

Porque nos deu Ele o livre-arbitrio, em vez de nos criar naturalmente e obrigatoriamente "bons"? Porque nos deu Ele esta vida na terra, uma vez que outra melhor está prometida?

Será Ele a Razão? Se o Homem é a Razão e Ele o criou à Sua imagem, valerá a pena fazer esta pergunta?

Eis uma frase que na resposta encerra todo o segredo do individualismo: "Diz-me porque O escolheste, e saberei um pouco de ti e da tua Razão."
(...)


Não gostei de ler o que eu próprio escrevi!!! Falhei redondamente.

A parte do texto citada em cima foi iniciada com as melhores intenções mas degenerou numa tentativa de justificar as minhas próprias falhas, o que me levou a generaliza-las. Acabou por ficar um texto intelectualmente desonesto que importa reformular e reenquadrar.

Vou retomar as boas intenções que tinha em mente e tentar não resvalar desta vez. Relembro apenas que nesta matéria "(...) não tenho ainda uma resposta sólida (...) mas [apenas] tenho alguns pontos de abordagem que fui construindo (...)" (e talvez por isso mesmo fiquei mais exposto ao erro e à fraqueza)

Basicamente creio que a medida de racionalidade (diferente em cada individuo) reflete a forma como este se relaciona com a sua dimensão institiva, emocional e espiritual. Sinto que devo deixar claro que qualquer aspecto desta três vertentes do Homem tanto pode ser racional, como irracional como até arracional. Isto estaria directamente dependente das razões do acto e não do acto em si mesmo.

1) O instinto (sobrevivência por exemplo) é também próprio dos animais e estes não são racionais. é A RAZÃO QUE NOS SEPARA DELES MESMO. logo, o que escrevi em cima é uma ABSOLUTA ALARVIDADE ainda por cima sem enquadramento ou explicação. EIs uma frase que verdadeiramente me envergonharia e que, se proferida por outrém, me faria levantar em protesto. UMA ENORMIDADE PALAVRA POR PALAVRA.

Importa deixar muito claro a DIFERENÇA: se a nossa casa estiver a arder, o instinto manda-nos fugir, mas a Razão diz-nos como apagar o fogo. Tanto quanto mais racionais formos, mais sangue frio teremos. Provavelmente um homem treinado e com sangue frio (razão) suficiente tenderá a agir racionalmente e a iludir esse instinto. Outro não o fará. Os animais certamente nunca o farão.

2) Por outro lado o amor, sendo claramente uma emoção, é necessáriamente racional. Não se ama indiferentemente. Caso contrario poderiamos amar igualmente Churcill, Hitler, Staline, Fidel Castro ou Salazar. Há uma atitude racional no amor, que revela as qualidades humanas que cada um criteriosa e individualmente considera e beneficia. O amor revela-se quando encontramos esses traços em alguém, que não são mais do que a projecção da ideia que cada individuo tem do Homem bom, da virtude e da ética. Um pouco como o ditado "diz-me com quem andas (ou quem amas), dir-te-ei quem és".

Pelo contrário, não há NADA de racional na atração que se sente quando nos cruzamos com uma mulher atraente sem nunca antes a termos visto - e não é amor que sentimos, obviamente.

3) O mesmo se poderá aplicar na espiritualidade. É por isso que encontramos individuos que vivem a sua religiosodade de forma equilibrada (e mais racional) e outros que usam essa mesma religiosidade como desculpa e pretexto para agir irracionalmente.

Seria curioso fazer a seguinte pergunta, com uma formula de resposta em alternativa fechada:

O que é Deus para si?
a) Uma entidade supra-natural e omnipotente;
b) Um conjunto de valores aplicáveis à vida;
c) Uma fantasia irracional.

Teriamos certamente respostas diferentes, consoante a racionalidade com que cada um vive a sua religiosidade. Curioso seria que muito provavelmente poucos responderiam c) e no entanto muitos responderiam a). No fundo, a) é igual a c).

Einstein acreditava em Deus. Mas o que seria Deus para Einstein? a), b) ou c)? Mesmo o mais racional dos Homens é capaz de atitudes e escolhas irracionais. Einstein poderia responder qualquer coisa, mas certamente que responderia racionalmente ainda que a resposta fosse irracional.

Não quero é que fiquem dúvidas sobre o papel que dou à Razão. A racionalidade está a montante de qualquer outra dimensão humana, pois é ela que condiciona a forma como nos enquadramos na realidade objectiva (e mesmo quando confrontados com a irracionalidade subjectiva). É por isso que mesmo que todos os homens vivessem as mesmas experiências, elas seriam diferentes para em cada individuo.

Convem todavia esclarecer que a Razão exclui QUALQUER acto irracional, qualquer misticismo, sobrenatural, ou mesmo realidades alternativas.

Não significo com isto que o Homem é um ser perfeito: a busca da felicidade (ou a defesa do interesse próprio), a Razão como UNICO meio de conhecimento e interacção com a realidade e a liberdade como padrão de relacionamento inter-individuos, fazem dele um ser heroico.

Eu próprio quis iniciar um raciocício que acabou por se tornar numa autojustificação pessoal que me envergonha. Não porque queira ser perfeito, mas porque se há coisa que mais exijo de mim próprio e PARA MIM PRÓPRIO é honestidade intelectual.

Quem se engana a si próprio é certamente ainda pior do que aqueles de que falávamos em cima, que escondem, desvirtuam e negam a Razão: os não-homens!
Editado pela última vez por bossas em 8/2/2009 15:56, num total de 1 vez.
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por bolo » 7/2/2009 23:36

tmms Escreveu:Penso que a natureza destas opiniões acerca do mundo e da vida em sociedade só poderá estar ancorada numa percepção de muito curto prazo. Só assim se compreende que estas mesmas pessoas, que agora não se ouvem, há poucos meses atrás tenham vindo crucificar na praça pública os especuladores pelos milhões de mortes que ia ocorrer devido ao aumento do preço dos cereais. Entretanto, o sistema vai tendendo para o seu equilíbrio natural e os picos, que só alarmam aqueles que vivem no e do imediatismo, tendem a ser, em termos médios, totalmente insignificantes no longo prazo, tal como eu defendi na altura.


o tempo tudo esquece e nesse longo prazo já não há dores de barriga, especialmente se o gajo estiver morto, não de fome, mas pela fome (ou outra causa).


bossas Escreveu:
Foi de facto a irracionalidade do estado e a sua sede de intervenção que nos colocou na rota que cruzámos. De outra forma, teriamos de ter como natural o sofrimento Homem e as falhas da Razão, coisa que recuso liminarmente.


Pressuponho que com o termo estado te está a referir ao Estado. Entendi bem que defendes a não intervenção do Estado para que haja a total reacção ao que se passou, incluindo mortes e feridos, e reequilibrio do sistema?

Se é isso é totalmente insane! Tem é de haver a coragem total para regular fortemente os comportamentos susceptíveis de criar resultados que atentem contra dos direitos e obrigações de todos os cidadãos! Isso mais me parece regressar aos EUA no tempo pós-Colombo!
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bossas Escreveu:Gostaria também de afirmar que a constatação de que "muitas pessoas têm uma necessidade insaciável de procurar justificações" significa apenas que essas pessoas falham em ver a Razão dos acontecimentos. Quem a conhece não procura justificações ou culpados: apresenta soluções.

Posto isto, queria dizer que apesar de não ser tão assiduo no forum (venho apenas em vagas) já percebi que muitas mentes deveriam "postar" mais em assuntos como este e que, "postando" exclusivamente em topicos de bolsa estão a contribuir para que a Razão continue sem grandes adeptos e que os arautos do sofrimento e da necessidade passem as suas crenças com maior facilidade.

Não por caridade ou por interesse "comum", mas no seu interesse próprio deveriam levantar-se mais vezes e advogar a Razão com mais frequência. A eles é que se envia a factura dos necessitados. São os que pensam, agem, constroem e produzem que carregam os que não o fazem.

Sinceramente gostava de ver mais "posts" como este.


Quanto ao resto destas reflexões, excelentes.
Como sempre, a solução para os nossos piores problemas nem é a educação mas sim a reflexão e aí vocês estão lá!
A reflexão não vem ao jogo muitas vezes e isso pode ser dramático! Vou ler o resto do tópico nos próximos dias.
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por bolo » 7/2/2009 23:15

tmms Escreveu:Posto isto, confesso que me faz alguma confusão verificar que muitas pessoas têm uma necessidade insaciável de procurar justificações para algo que é totalmente natural e, em última análise, desejável. E, como para muitas destas pessoas a busca do injustificável não chega para saciar a sua ira alicerçada nos mais profundos dogmas, torna-se necessário encontrar culpados.


podes mesmo chamar-lhe incapacidade. uma pessoa que faça isso é incapaz de perceber o que está à sua volta.
natural ou não, tudo tem a sua explicação, no entanto, a incapacidade de ver a realidade pode degenerar em teorias complemente surrealista, na medida da imaginação.
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por bossas » 7/2/2009 20:42

tmms Escreveu:
bossas Escreveu:Estou de saida para viagem de fim de semana (e para os anos do meu mais velho), mas assim que possa, prometo analisar o texto que ainda só li na "diagonal".
Mas uma vitória já tenho: "os posts mais regulares".

Bom fim de semana e boas comemorações.

No seguimento do "eu participar exclusivamente em tópicos de bolsa" deixei-te uma pergunta aqui a qual poderás, naturalmente, responder aqui.
:wink:

Um abraço,
Tiago


Ok, fui ver o tópico atentamente - o profeta fica para quando tiver mais tempo. A pergunta é:

"PS - Caro Bossas, está a ver como é que eu "batalho" todos os dias pela racionalidade nos tópicos de bolsa? O que é que acha que é mais eficaz com vista à fundação de novas ilhas de razão? Confrontar directamente a crença com exemplos práticos do dia a dia ou produzir profundas reflexões teóricas que ninguém vai ler?"

AMBAS :lol:

Vamos a ver...

Pensar - Agir - Produzir é o eixo em que se pode definir a demanda do Homem em busca da felicidade.

De que vale saber andar, se não fizermos o caminho?De que vale o pensamento sem aplicação? De que serviria a filosofia sem a vida?

De que vale um caminho que não tem destino? De que vale a acção sem propósito? De que vale a vida sem felicidade?

Já usei este eixo várias vezes neste mesmo tópico. As reflexões profundas serão para quem nelas participa, e para quem delas tira os ensinamentos necessários para as suas acções.

Se quiseres, a um nível mais alargado, a demonstração empírica serve para provar a força da Razão, mas só quem alicerçou o seu conhecimento estará apto a passar as provas de fogo a que estará sujeito nessas demonstrações.

As reflexões profundas são mais restrictas, e as demonstrações práticas mais genéricas, mas so as primeiras formarão Homens capazes de suceder com as segundas e, assim, ligar as ilhas e construir as tuas pontes.
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por Ulrich » 7/2/2009 16:12

Fantástico :P

Surgiram nos últimos dias conversas com elevadíssimo nível (intelectual e cultural), parabéns ao Fórum.

Este momento de acalmia( Bear ),em termos de trading diário, numa altura em que estamos todos mais ou menos em "stand-by", proporciona tempo para a reflexão.
Os Gregos, no período clássico tinham imenso tempo para a reflexão(essencialmente devido ao sistema de escravos)que possibilitou o surgir de conceitos e análises, na sua generalidade e essência, válidas até aos dias de hoje.
Na minha opinião esta crise foi o "emergency brake" necessário para evitar males maiores.A finança mundial era uma imensa montanha russa de emoções baseada no "chuta prá frente" como se veio a ver não sutentado.
Julgo que todos queremos um sistema financeiro mais justo(em igualdade de oportunidades)com vista a valorizar os melhores (em condições verdadeiras).

Abraços
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por tmms » 7/2/2009 15:06

Li. Gostei. Estou globalmente de acordo. Vou pensar (uns dias) e depois respondo.

Abraço,
Tiago
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por bossas » 7/2/2009 1:05

De volta!!!

Depois de casa arrombada, trancas à porta; depois da tempestade, a bonança; depois de um fim de semana alongado, semana de doidos... por isso mesmo esta tão tardia resposta.

tmms Escreveu:Ficou tudo claro agora. Efectivamente houve da sua parte uma interpretação completamente errada das minhas palavras fruto, admito-o, da pouca clareza das mesmas. O erro foi meu que assumi ser demasiado cedo para me alongar na nossa reflexão limitando-me a deixar uma porta entre-aberta que, originou, a má interpretação. Contudo, já ficou claro que é oportuno e até desejável aprofundar o tema. Espero eu, cujos argumentos que aqui defendo se alicerçam exclusivamente na minha visão pessoal e empírica do mundo, estar à altura de tal desafio. Pois, ou muito me engano, ou estamos perante “um profissional” (apologista) da Razão (e agora escrevi razão com letra maiúscula propositadamente).


Muito se engana. Não sou profissional no sentido em que não faço a apologia da Rãzão de forma a que não precise de fazer mais nada. Gostava, mas não tem sido possível, nem será expectável que venha a ser brevemente, porquanto a Razão está muito afastada da sociedade contra-natura do sec. XX.

Nem profissional, nem daqueles pseudo-profissionais. Caso contrário a esta altura do campeonato já lhe teria deixado uma dezena de links para um qualquer livro que tivesse escrito/editado. Nada disso, sou o que sou: um Homem que, a meio da vida (tarde em demasia lamentávelmente) conseguiu assumir que tudo o que havia aprendido, estudado e vivido o tinha sido fito com base num código contra-natura. Muitos passam por esta experiência mas poucos assumem, tão claramente como eu, que a vida não tem de ser como nos querem forçar a que seja; e ainda menos aqueles que decidem recomeçar.

Devo-lhe uma confissão: eu não interpretei erradamente as suas palavras. Calculei o que o Tiago quereria afirmar com elas e, apesar de estarmos globalmente de acordo, quis "provocar" a falência (ou expôr a falha) da sua admissão quanto aos limites da Razão e à dúvida. Se quiser, peguei numa picareta, e derrubei o muro onde o Tiago depois de o construir todo muito bem, deixou uma racha.

tmms Escreveu:Passo a explicar: Ao contrário da sua interpretação, eu considero essa dúvida legitima e até necessária como parte integrante do caminho (“O que classifiquei de perigoso foi o facto de o Tiago sancionar a existência dessa dúvida”). E, já agora, não considero que ter a humildade de a reconhecer enfraqueça de alguma forma a força dos meus argumentos, muito pelo contrário, pois a existência desta dúvida confere aos meus argumentos, precisamente, a força da razão (ao reconhecer os seus limites, como poderá ler a seguir). É óbvio que o sucesso é desejável e até uma virtude desde que, obviamente, seja fruto do mérito individual e vá sendo construído sobre sólidos e inquestionáveis valores éticos. Eu diria mesmo mais: o sucesso é, muito provavelmente, um dos elementos da via para a felicidade.


Eu diria mesmo: o sucesso é a UNICA via para a felicidade. Claro que os Homens não são todos iguais, nem na Razão, nem na capacidade, nem na ambição. Logo, cada um terá patamares de felicidade desejada bem diferentes. É o que leva os mais exigentes a chamar de "conformados" aqueles que não partilham de tão grandes ambições. Os conformados serão na verdade realizados tanto quanto a SUA felicidade esteja ou não alcançada. Os limites e objectivos de felicidade são diferentes para cada um, mas aquele que abdica de atingir a SUA felicidade é, invariavelmente IRRACIONAL.

A Razão jamais poderá ter limites. O seu contrário é a irracionalidade (não a emoção, o instinto ou a espiritualidade). Qualquer argumento racional destroi o irracional, logo seria uma contradição aceitar a existência do que se destroi.

tmms Escreveu:Partindo do pressuposto que admite debater esta questão publicamente, como é que a razão lida com Ele? No seu entender, Ele é a Razão? Como, racionalmente, lida com este assunto? Esta é a questão onde os limites se evidenciam em todo o seu esplendor.


Esta é a questão que encerra o processo de reaprendizagem que assumi após ter descoberto o erro para onde me deixei arrastar (e também a sociedade do sec.XX). Infelizmente não tenho ainda uma resposta sólida - se tivesse, o processo estaria concluido do ponto de vista do pensamento e teria de me limitar à acção - mas tenho alguns pontos de abordagem que fui construindo ao longo deste renascimento.

Abordei pessoalmente esta grande questão em 3 patamares: 1) o instinto; 2) a emoção e 3) a espiritualidade. A Razão exclui apenas a irracionalidade. Não exclui nenhum destes 3 patamares.

1) O instinto é até a própria Razão imediata. Uma reflexão/pensamento instântaneo - um reflexo. A sobrevivência é um bom exemplo de racionalidade.

2) Quanto à emoção, Manuel Damásio ajuda imenso a conciliar a Razão com a emoção. A falácia de que o coração comanda a emoção ou a inexistente mas propalada contradição entre o coração e a mente são facilmente desmontadas e expostas se percebermos que tudo o que o coração faz é a bombear sangue ao cérebro. É neste que as emoções têm lugar e onde tudo se passa.

3) Quanto à espiritualidade é mais complexo e é onde apenas encontro pontos de abordagem de possível exploração mas que ainda não enfrentei verdadeiramente. Existe uma dimensão espiritual no Homem que não nego. Apesar da Razão (e eu próprio) recusar o sobrenatural e o místicismo, não exclui necessária e totalmente a religiosidade, nem a partilha colectiva de crenças. Como se explica que as mais racionais pessoas devotem um fervoroso apoio a um qualquer clube de futebol? E porque é que uns preferem desporto e clubes, e outros dedicam essa mesma força devota a uma igreja ou comunidade? É no processo desta escolha (e não na execução do culto) que radica a Razão. Invariavelmente, o sentimento que leva os individuos a aderir a certas comunidades é racional, na medida em que se destina - ainda que inconscientemente - a promover uma sensação de bem estar com outros individuos. A interacção individual é necessária à sobrevivência e é um dado adquirido racionalmente.

Porque escolhemos um clube e não outro? Porque somos católicos e não budistas? Porque não somos religiosos, mas acabamos por ser fervorosos adeptos de uma filosofia de vida própria? Porque procuramos a felicidade? Porque falamos nós um com o outro? Poderiamos nós dois ter esta discussão um sem o outro? Seria possível crescer em pensamento sem pares? Seria possível crescer mentalmente sem competição? E será possível competir sem partilhar a realidade?

Porque nos deu Ele o livre-arbitrio, em vez de nos criar naturalmente e obrigatoriamente "bons"? Porque nos deu Ele esta vida na terra, uma vez que outra melhor está prometida?

Será Ele a Razão? Se o Homem é a Razão e Ele o criou à Sua imagem, valerá a pena fazer esta pergunta?

Eis uma frase que na resposta encerra todo o segredo do individualismo: "Diz-me porque O escolheste, e saberei um pouco de ti e da tua Razão."

tmms Escreveu:Sabendo que as decisões da esmagadora maioria da população têm por base uma forte componente emocional ou, no máximo, uma racionalidade de curto prazo (onde reina o interesse pessoal face ao bem maior), é evidente que o poder democraticamente instituído é uma mera representação dessa irracionalidade. E que a democracia, sendo o melhor sistema que o Homem conseguiu implantar até à data, nos confere apenas uma liberdade fortemente condicionada cujas barreiras são diariamente sentidas através da actividade castradora dos Estados. Falou em apresentar soluções. Gostaria de as ler.


O interesse pessoal é a Razão. Não há outro. O bem maior é o quê? É maior porquê? Com que critérios? Definido por quem? O unico bem maior que visualizo é a soma dos maiores interesses pessoais de cada individuo completamente realizados.

A democracia está longe de ser o melhor sistema implantado até a data. Já nos habituamos a considerar o capitalismo como um sistema económico, mas é falso. O Capitalismo é um sistema político e não económico. Esse sim, o melhor sistema já implantado pelo Homem.

Não sou democrata porque sou capitalista. Não resisto a uma pergunta: porque é que para ser considerado comunista não tem de se possuir nenhuma comuna, mas invariavelmente se pensa que um capitalista tem de ter capital? Porque é o que convém que pensemos, para não falar sobre o que é o capitalismo.

Eu sou capitalista, não por ter capital, mas porque acredito, advogo e defendo o capitalismo como sistema político.

Ao contrário dos pseudo-capitalistas, cujo capital advem dos benefícios que tiram da democracia, eu sei que o capitalismo morreu no inicio do séc.XX.

O (laissez-faire) capitalismo deu ao mundo grandes invenções, produto de homens livres e mentes livres, acontecimentos como a revolução industrial, prosperidade e paz.

O capitalismo pressupõe:

1. liberdades individuais.
2. propriedade privada.
3. O dinheiro como veículo de transmissão de riqueza (e não como riqueza em si mesmo) e sustentado em bens reais (como ouro e prata).
4. Que esse dinheiro sirva para guardar em valor, o produto do trabalho de cada individuo, para facilitar a troca deste pelo produto do trabalho de outros.
5. Que a troca desse valor seja feita em liberdade, por homens livres, de comum acordo, e para mutua satisfação.

O que temos:

1. autonomias regulamentadas.
2. usufruto condicionado.
3. O dinheiro como fonte de riqueza em si mesmo, sustentado na confiança nos governos que imprimem papel moeda e na força da lei que o força a ser aceite.
4. Dinheiro cujo valor está dependente da vontade e dos actos dos governos que o "encomendam" através da dívida pública, e da quantidade de notas "impressas" pelos bancos centrais que pagamos através duma inflacção sistémica.
5. Toda e qualquer troca, e até mesmo a liberdade de produzir estão fortemente regulamentadas e artificialmente condicionadas.

A democracia (um sistema organizacional de nomeação para cargos públicos e nada mais) só nos trouxe a liberdade (ainda assim condicionada por leis eleitorais restritivas) de escolher - de 4 em 4 anos - quem comanda a nossa vida e quem gere a comuna.

Qual é a diferença entre nacionalizar os meios de produção ou nacionalizar e deter o monopólio do único instrumento para troca de qualquer produção? Na verdade, todos nós vivemos num regime neo-comunista durante TODA a nossa vida e nem nos damos conta. É por isso que fazem o que querem: porque nem damos conta.

A "liberdade fortemente condicionada cujas barreiras são diariamente sentidas através da actividade castradora dos Estados" não é liberdade mas apenas autonomia (que varia de estado para estado, de sector para sector). Tal e qual como a propriedade fortemente condicionada não é propriedade mas sim usofruto (que varia consoante o enquadramento legal).


tmms Escreveu:Antes de terminar, aproveito para deixar a minha opinião em termos gerais. No seguimento do que eu disse anteriormente “não acredito em grandes revoluções e em mudanças radicais. Penso que a mudança se faz todos os dias”. Penso que, pelo menos até a razão me apresentar argumento irrefutável em contrário:
Cada Homem pode e deve fundar, neste gigantesco Oceano de irracionalidade, a sua pequena ilha de racionalidade. Depois de fundar devida e solidamente a sua ilha estabelecer pontes de comunicação com outras ilhas (“... que eu julgo estar a chegar o momento em que a caminhada ao encontro da racionalidade do Homem entrará noutros domínios e jamais poderá ser continuada de uma forma exclusivamente individual”). Das muitas ligações entre muitas pequenas ilhas vão nascendo ilhas maiores. Um dia a racionalidade terá o seu próprio continente. Claro que isto é apenas a visão de um individuo muito paciente e com uma visão da vida de muito longo prazo.

Um abraço e muito obrigado por estar a proporcionar esta importante reflexão,
Tiago

edit: erro gramatical


"a caminhada ao encontro da racionalidade do Homem entrará noutros domínios e jamais poderá ser continuada de uma forma exclusivamente solitária" Com esta alteração, subscrevo inteiramente este paragrafo.

Sou fervoroso adepto da crença de Adam Smith de que o colectivo será sempre a soma dos vários individuos. Se assim não for, o sucesso de uns será sempre à custa de outros. Só assegurando que cada individuo busca permanentemente o seu interesse individual garantimos o interesse geral.

Alterando apenas aquela palavra, o paragrafo é um hino ao capitalismo.

E não me agradeça. É que mantive (e manterei) esta reflexão e debate apenas no meu próprio interesse (e o Tiago deverá fazer o mesmo). Não devemos nada um ao outro, e ambos ganhamos com a acção. É a essência do laissez-faire. Quando algum de nós deixar de tirar algum proveito desta discussão, a mesma deverá terminar imediatamente.

Um abraço, e perdão pela demora, pois a discussão merecia ter sido alimentada mais cedo. Não é um pedido de desculpas, mas um tributo de justiça ao tópico.
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por tmms » 31/1/2009 11:47

bossas Escreveu:Estou de saida para viagem de fim de semana (e para os anos do meu mais velho), mas assim que possa, prometo analisar o texto que ainda só li na "diagonal".
Mas uma vitória já tenho: "os posts mais regulares".

Bom fim de semana e boas comemorações.

No seguimento do "eu participar exclusivamente em tópicos de bolsa" deixei-te uma pergunta aqui a qual poderás, naturalmente, responder aqui.
:wink:

Um abraço,
Tiago
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por bossas » 30/1/2009 15:21

Estou de saida para viagem de fim de semana (e para os anos do meu mais velho), mas assim que possa, prometo analisar o texto que ainda só li na "diagonal".

Mas uma vitória já tenho: "os posts mais regulares".

Até já
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por tmms » 30/1/2009 8:46

Ficou tudo claro agora. Efectivamente houve da sua parte uma interpretação completamente errada das minhas palavras fruto, admito-o, da pouca clareza das mesmas. O erro foi meu que assumi ser demasiado cedo para me alongar na nossa reflexão limitando-me a deixar uma porta entre-aberta que, originou, a má interpretação. Contudo, já ficou claro que é oportuno e até desejável aprofundar o tema. Espero eu, cujos argumentos que aqui defendo se alicerçam exclusivamente na minha visão pessoal e empírica do mundo, estar à altura de tal desafio. Pois, ou muito me engano, ou estamos perante “um profissional” (apologista) da Razão (e agora escrevi razão com letra maiúscula propositadamente).

Passo a explicar: Ao contrário da sua interpretação, eu considero essa dúvida legitima e até necessária como parte integrante do caminho (“O que classifiquei de perigoso foi o facto de o Tiago sancionar a existência dessa dúvida”). E, já agora, não considero que ter a humildade de a reconhecer enfraqueça de alguma forma a força dos meus argumentos, muito pelo contrário, pois a existência desta dúvida confere aos meus argumentos, precisamente, a força da razão (ao reconhecer os seus limites, como poderá ler a seguir). É óbvio que o sucesso é desejável e até uma virtude desde que, obviamente, seja fruto do mérito individual e vá sendo construído sobre sólidos e inquestionáveis valores éticos. Eu diria mesmo mais: o sucesso é, muito provavelmente, um dos elementos da via para a felicidade.

Feita esta indispensável clarificação inicial, e uma vez que que estamos globalmente de acordo, vou então abrir um pouco mais a tal porta que deixei entreaberta e que esconde atrás de si os limites da razão, ou da Razão (não sei, e conto descobrir parte na sua resposta).

Quando eu escrevi que “no momento em que a nossa panóplia de instrumentos racionais de análise da realidade nos faz chegar à dúvida anterior a caminhada ao «encontro da racionalidade do Homem» entrará noutros domínios” estava a referir-me, naturalmente, aos limites da razão.

Penso que em virtude da clarificação inicial já poderá ler a frase anterior à luz dos limites da razão e da dúvida, legitima e necessária e até desejável, que dai decorre. Negar esta dúvida é negar, também, a racionalidade. Em última análise, a racionalidade, tem de reconhecer e aceitar os seus limites.

Chagados a este ponto podemos, se estiver de acordo, lançar uma pequena bomba intelectual sobre a reflexão o que a fragmentará em vários eixos de análise um poucos mais objectivos e operacionalizáveis.

Partindo do pressuposto que admite debater esta questão publicamente, como é que a razão lida com Ele? No seu entender, Ele é a Razão? Como, racionalmente, lida com este assunto? Esta é a questão onde os limites se evidenciam em todo o seu esplendor.

Sabendo que as decisões da esmagadora maioria da população têm por base uma forte componente emocional ou, no máximo, uma racionalidade de curto prazo (onde reina o interesse pessoal face ao bem maior), é evidente que o poder democraticamente instituído é uma mera representação dessa irracionalidade. E que a democracia, sendo o melhor sistema que o Homem conseguiu implantar até à data, nos confere apenas uma liberdade fortemente condicionada cujas barreiras são diariamente sentidas através da actividade castradora dos Estados. Falou em apresentar soluções. Gostaria de as ler.

Antes de terminar, aproveito para deixar a minha opinião em termos gerais. No seguimento do que eu disse anteriormente “não acredito em grandes revoluções e em mudanças radicais. Penso que a mudança se faz todos os dias”. Penso que, pelo menos até a razão me apresentar argumento irrefutável em contrário:
Cada Homem pode e deve fundar, neste gigantesco Oceano de irracionalidade, a sua pequena ilha de racionalidade. Depois de fundar devida e solidamente a sua ilha estabelecer pontes de comunicação com outras ilhas (“... que eu julgo estar a chegar o momento em que a caminhada ao encontro da racionalidade do Homem entrará noutros domínios e jamais poderá ser continuada de uma forma exclusivamente individual”). Das muitas ligações entre muitas pequenas ilhas vão nascendo ilhas maiores. Um dia a racionalidade terá o seu próprio continente. Claro que isto é apenas a visão de um individuo muito paciente e com uma visão da vida de muito longo prazo.

Um abraço e muito obrigado por estar a proporcionar esta importante reflexão,
Tiago

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por tmms » 30/1/2009 8:45

bossas Escreveu:
tmms Escreveu:
bossas Escreveu:Aliás, quem o faz arroga-se de uma superioridade moral e ética sem paralelo, como que para evitar que os verdadeiros conhecedores da Razão tomem consciência de que pensam, agem e produzem para "atingir a plenitude da felicidade" (usando uma expressão sua e certíssima).

Penso que não entendeu os fundamentos da dúvida que levantei. Eu não faço qualquer apologia à subjectividade, antes pelo contrário. Tenho plena consciência de que existem dois planos éticos, claramente distintos e antagónicos, onde cada ser humano se pode movimentar. Sei muito bem em qual deles me movimento, sempre me movimentei e sempre me movimentarei. Sobre esta matéria não há lugar à mínima subjectividade.


Vou tentar ser mais claro. Eu não assumi que tivesse levantado uma dúvida, nem que fizesse a apologia da subjectividade per se. O que classifiquei de perigoso foi o facto de o Tiago sancionar a existência dessa dúvida, precisamente por admitir a subjectividade alheia (não creio que o Tiago se paute por nenhuma delas na sua mente).

Mas isto, na tese que defendo é o nosso erro. A Razão é objectiva, tal como o código que deverá estar subjacente a quem faz a sua apologia. Admitir subjectividades (ou pautarmo-nos por conduta humilde), ainda que alheias, é admitir que a Razão possa ser tratada como se não fosse o que nos separa dos animais.

Se admitirmos o código moral do "agressor", admitimos a possibilidade da agressão poder ser moralmente justificada. São as vítimas que possibilitam as injustiças.

tmms Escreveu:A natureza da dúvida que levantei reside em atitudes como a que expressou agora mesmo nesta frase: "os verdadeiros conhecedores da Razão".

Esta afirmação não colocará "os verdadeiros conhecedores da Razão" no mesmo patamar dos tais que o senhor diz, pejorativamente, se "arrogarem de uma superioridade moral e ética sem paralelo"?

E, ao fazer esse julgamento, não lhe parece evidente que acabou de perder a objectividade indispensável à análise da questão?

E que ao tropeçar tão facilmente na armadilha da objectividade acabou por revestir de valioso conteúdo a dúvida que eu inicialmente coloquei?

Um abraço,
Tiago


Considere uma correcção para "apologistas da Razão", pois tinha acabado de considerar que só os conhecedores a poderiam desvirtuar, pelo que traduzi o pensamento em palavras pouco precisas.


Agora, no que se traduz a atitude da minha frase? No contrário do que o código moral imposto nos mostra todos os dias: não aceitar que a caridade seja louvada porque destroi a justiça ou não reconhecer culpa no sucesso porque impele à redenção. E a redenção traduz-se num tipo de troca que não é racional: o "algo em troca de nada". Tem sido esta a factura dos Homens na História contemporânea.

Essencialmente, se somos apologistas da Razão (corrigido)não nos devemos envergonhar. O Sucesso não é pecado. A virtude promove as capacidades do Homem enquanto a humildade reflete a vergonha. Vergonha por pensar, agir, produzir, vencer.

Repare que (e estou simplesmente a "provocar" para conhecer) talvez seja por admitir subjectividade e dúvida alheia em relação à Razão que o Tiago não "postava" tanto em topicos que não fossem de bolsa.

A virtude faz falta, e o reconhecimento destas é essencial para o Homem.
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