A loucura que criou a crise
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Como se faz isso? Um pequeno contributo será dado se, em todas as empresas, os que ganham mais, aceitarem reduzir os seus salários em 5% ou 10%
Estou de acordo. Eu nao esperei que me pedissem. Ja o fiz. Passo a explicar:
O unico rendimento mensal fixo que tenho provem de um contracto de consultoria com uma empresa international do ramo imobiliario. A minha (unica) funcao e aconselhar os proprietarios de um edificio misto em Saigao - 10m USD profit before taxes, last year.
No principio de Novembro 2008 reduzi o meu salario em mais de 15%, ate final de 2009. Ninguem me pediu para o fazer. Foi auto-iniciativa. Julgo que quem ocupa cargos de responsabilidade, bem remunerados, deveria fazer algo semelhante. O mundo e de todos.
CN
MarcoAntonio Escreveu:aliás, podiamos inverter o teu raciocínio e por essa ordem de ideias bem que se podiam aumentar para o dobro os vencimentos dos altos cargos que ninguém notava nada
Precisamente. Na prática é isso mesmo que acontece.
Não estou de modo algum a dizer que concorde com isso, mas a realidade é assim mesmo.
Em teoria a razão para os altos dirigentes de uma grande empresa ganharem somas astronómicas (do ponto de vista do comum dos trabalhadores) é que se uma empresa faz negócios de muitos milhões e movimenta biliões, as pessoas em cargos de decisão que os criam, montam, aprovam ou rejeitam, escolhem parceiros de negócio, fornecedores, clientes, etc. têm de ganhar somas muito elevadas para não enveredarem por esquemas mais ou menos obscuros para pessoalmente ganharem com isso, prejudicando a empresa.
Ou seja, os dirigentes têm de ser pagos de tal modo que o que perderiam seja muito significativo face ao que poderiam ganhar "por baixo da mesa".
Provavelmente os investidores que investem muitos milhões preferem pagar muito bem ao seus executivos que ser vítima de vigarices por parte deles. E isso é economicamente racional.
De novo não estou a dizer que concorde, mas as coisas são como são e a natureza humana é como é.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
http://www.facebook.com/atomez
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Todos nós sabemos o papel das agências de rating na avaliação de produtos compostos (mistura de AAA com lixo), que supostamente diluía o risco dos mesmos, mas na sua base estes os elementos AAA eram já falsamente avaliados.
o problema reside no facto de o mundo inteiro os ter comprado, neste momento todos os que os compraram quererem minorar as suas perdas e reaver parte das suas aplicações.Aqui entramos numa lógica de salve-se quem puder.
A banca mundial criou um "funil" em que quem entra fica preso ( tanto crédito como aplicações), o que deixa todos indefesos.
Sabemos que muitas multinacionais se financiaram nos estados unidos, beneficiando duplamente (euro forte e juros baixos).
Andamos num jogo do gato e do rato em que uns estão de facto a beneficiar com esta crise financeira e outros( maioritariamente os contribuintes pagantes)que vêm o futuro dos seus filhos hipotecado.
Na minha modesta opinião, a História demonstra-o, parte da culpa desta crise deve-se (excluindo obviamente uma certa ganância irresponsável e prepotente em certos casos)ao facto das pessoas com elevadíssimos rendimentos não quererem ser tributados.
Todos os artifícios contabilísticos inventados tinham este único objectivo.
Toda esta relação de forças e interesses,num mundo já Globalizado, leva a que se criem desíquilibrios brutais.
O grande teste será (para os dirigentes mundiais)estudar estas forças e domá-las com rédea curta , eu penso que a curto-médio prazo vão surgir novos líderes com capacidade para entender e conduzir
a cada vez mais exigente finança Mundial.
Abraço
o problema reside no facto de o mundo inteiro os ter comprado, neste momento todos os que os compraram quererem minorar as suas perdas e reaver parte das suas aplicações.Aqui entramos numa lógica de salve-se quem puder.
A banca mundial criou um "funil" em que quem entra fica preso ( tanto crédito como aplicações), o que deixa todos indefesos.
Sabemos que muitas multinacionais se financiaram nos estados unidos, beneficiando duplamente (euro forte e juros baixos).
Andamos num jogo do gato e do rato em que uns estão de facto a beneficiar com esta crise financeira e outros( maioritariamente os contribuintes pagantes)que vêm o futuro dos seus filhos hipotecado.
Na minha modesta opinião, a História demonstra-o, parte da culpa desta crise deve-se (excluindo obviamente uma certa ganância irresponsável e prepotente em certos casos)ao facto das pessoas com elevadíssimos rendimentos não quererem ser tributados.
Todos os artifícios contabilísticos inventados tinham este único objectivo.
Toda esta relação de forças e interesses,num mundo já Globalizado, leva a que se criem desíquilibrios brutais.
O grande teste será (para os dirigentes mundiais)estudar estas forças e domá-las com rédea curta , eu penso que a curto-médio prazo vão surgir novos líderes com capacidade para entender e conduzir
a cada vez mais exigente finança Mundial.
Abraço
Claro, é isso que se está a dizer.
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
MarcoAntonio Escreveu:Aliás, há tempos (já tinha começado a estourar a crise nos Bancos, inclusivamente nos nacionais) fui ver o rating dos nossos Bancos (os grandes).
Estavam todos iguais, todos com o mesmo Rating!
Marco, desde que foi activada a garantia estatal para os bancos que o risco dos bancos se aproximou do risco do país. Deste modo é "normal" que todos tenham um risco muito semelhante.
Mas sim, as agências de rating falharam redondamente, mas ainda hoje são aceites por falta de alternativa.
Um abr
Nuno
Pluricanal... não obrigado. Serviço péssimo e enganador!!!
Já agora, creio também que para a Economia (nomedamente para o consumo) em termos económicos não é indiferente para onde vai o dinheiro.
Os altos gestores tenderão a acumular os seus ganhos e a dirigi-los para produtos/investimentos financeiros e a adquirir/consumir produtos mais selectivos (alimentando menos empresas/trabalhadores).
Os trabalhadores tenderão a gastar o dinheiro em produtos do dia-a-dia fazendo o dinheiro circular bastante mais depressa e outros produtos menos frequentes numa relação (gasto/recebido) mais alta.
Tentando exemplificar: um gestor que recebe o mesmo que 20 trabalhadores não vai adquirir 20 automóveis (e provavelmente também não vai adquirir uma automóvel 20 vezes mais caro que um trabalhador... até porque praticamente não existem automóveis para esses montantes). Antes vão adquirir um automóvel 4 ou 5 vezes mais caro...
Exemplifiquei para um automóvel mas estou certo que isto se estende a muitos mais produtos, desde os mais banais aos mais esporádicos (como um automóvel ou uma casa).
Ao estrangular os vencimentos dos trabalhadores da base da piramide, o impacto na economia vai ser muito mais significativo porque se afectam dezenas (ou centenas de vezes) mais individuos que iriam repor esse dinheiro em circulação rapidamente em gastos pequenos correntes.
Os altos gestores tenderão a acumular os seus ganhos e a dirigi-los para produtos/investimentos financeiros e a adquirir/consumir produtos mais selectivos (alimentando menos empresas/trabalhadores).
Os trabalhadores tenderão a gastar o dinheiro em produtos do dia-a-dia fazendo o dinheiro circular bastante mais depressa e outros produtos menos frequentes numa relação (gasto/recebido) mais alta.
Tentando exemplificar: um gestor que recebe o mesmo que 20 trabalhadores não vai adquirir 20 automóveis (e provavelmente também não vai adquirir uma automóvel 20 vezes mais caro que um trabalhador... até porque praticamente não existem automóveis para esses montantes). Antes vão adquirir um automóvel 4 ou 5 vezes mais caro...
Exemplifiquei para um automóvel mas estou certo que isto se estende a muitos mais produtos, desde os mais banais aos mais esporádicos (como um automóvel ou uma casa).
Ao estrangular os vencimentos dos trabalhadores da base da piramide, o impacto na economia vai ser muito mais significativo porque se afectam dezenas (ou centenas de vezes) mais individuos que iriam repor esse dinheiro em circulação rapidamente em gastos pequenos correntes.
Editado pela última vez por MarcoAntonio em 3/2/2009 12:51, num total de 1 vez.
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Atomez Escreveu:Se fizesse umas pequenas contas via que isso é mera demagogia. Os tais, os que "ganham mais", em qualquer organização ou empresa são uma pequena percentagem do total. Digamos 10%. Se esses reduzirem o salário em 10% isso não tem benefício quase nenhum para os restantes 90%.
Discordo totalmente e não tenho qualquer dúvida que a política de disparidade de vencimentos teve um efeito muito significativo nesta crise e a vários níveis (aliás, os países que estão piores nesta crise são dos que apresentam maiores disparidades de vencimentos no mundo civilizado).
Em primeiro lugar, a relação não é linear como a apresentas pois o valor do dinheiro não é igual para todos (aliás, podiamos inverter o teu raciocínio e por essa ordem de ideias bem que se podiam aumentar para o dobro os vencimentos dos altos cargos que ninguém notava nada). Montantes relativamente pequenos fazem muita diferença a muitos trabalhadores...
Em segundo lugar, existe um efeito de desresponsabilização a quem é excessivamente e descontroladamente bem pago. A verdade é que a política de vencimentos já está a mudar radicalmente com cortes nos bonus escandalosos e até (imagine-se) salários de CEO's de $1.
É que para além da questão financeira em si, existe uma questão moral e de responsabilização.
Pagar 10 milhões aos competentes (ou aparentemente/temporariamente competentes) e 5 milhões aos incompetentes não é premiar a competência, é premiar a incompetência, criar uma ilusão de competência e fomentar seres alienados da realidade que os rodeia.
Está longe de ser uma questão meramente matemática.
Além de que, mesmo no plano matemático, $1 não vale o mesmo para todos...
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Uma coisa é certa: conter o aumento do desemprego é verdadeiramente crucial, sob pena de à crise financeira, económica e social, se seguir uma crise política global, de consequências verdadeiramente imprevisíveis (que, no passado, acabaram sempre em grandes guerras). Como se faz isso? Um pequeno contributo será dado se, em todas as empresas, os que ganham mais, aceitarem reduzir os seus salários em 5% ou 10% para evitar despedimentos - porque é fundamental impedir que esse flagelo atinja tais níveis que descambe em incontroláveis tumultos sociais.
Se fizesse umas pequenas contas via que isso é mera demagogia. Os tais, os que "ganham mais", em qualquer organização ou empresa são uma pequena percentagem do total. Digamos 10%. Se esses reduzirem o salário em 10% isso não tem benefício quase nenhum para os restantes 90%.
Enfim, um artigo sensacionalista e demagógico de quem não entende do que escreve para quem não entende o que lê.[/quote]
Até sou capaz de concordar com tudo o que diz, aliás há sempre 2 faces para a mesma moeda. Mas nesta última, já não tanto... do que conheço do nosso tecido empresarial, grande e pequeno, a pirâmide salarial tem normalmente uma base enorme e quando sobe, estreita rapidamente. Os poucos que ganham mais ganham muito mais portanto acredito que talvez fizesse alguma diferença.
Reforço ainda com outro ponto de vista, porventura demagógico: acredito que o mundo tem de abrandar. Cresceu demais para o seu potencial. Na verdade, se calhar nunca gerou assim tanta riqueza, suficiente para "alimentar" tanta gente. Como se resolve? Ou há guerras - que eu não quero - ou então abranda-se o ritmo, aqueles que mais ganham e mais têm abdicam dos que menos têm e menos ganham, para poder haver trabalho para (quase) todos e rendimento para (quase) todos consumirem. Os preços deverão descer gradualmente - será que a deflação será assim tão má?! - a produção ajustar-se-á, os rendimentos estabilizaram. É um processo lento e penosos mas talvez chegue para voltarmos a um patamar que seja mais realista.
Valerá a pena sonhar?...

A utilidade dos ratings parece ser semelhante à dos Price Targets e a inteligência de quem ainda liga aos Ratings parece ser semelhante à dos investidores que ainda ligam aos Price Targets...
Aliás, há tempos (já tinha começado a estourar a crise nos Bancos, inclusivamente nos nacionais) fui ver o rating dos nossos Bancos (os grandes).
Estavam todos iguais, todos com o mesmo Rating!
Obviamente os Ratings estão correctamente atribuidos, excepto se estiverem errados.
.
Aliás, há tempos (já tinha começado a estourar a crise nos Bancos, inclusivamente nos nacionais) fui ver o rating dos nossos Bancos (os grandes).
Estavam todos iguais, todos com o mesmo Rating!

Obviamente os Ratings estão correctamente atribuidos, excepto se estiverem errados.
.
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Re: A loucura que criou a crise
Capitão Nemo Escreveu:"O Lobo de Wall Street"
Mech?


Essa das venda maciça possivelmente foi uma gralha , na linha de raciocinio que estava a ter e do poder anterior que falava.
Quanto ás agências de rating , então não sei o que chamar ao mercado ?
Foram falhas atrás de falhas... será que o mercado aceita tão bem isso ?
É que pela quantidade e acima de tudo gravidade das falhas , diria que agora ninguém quer saber dessas agências para nada .
Ou melhor , qual é mesmo o verdadeiro sentido de existência dessas agências ? Se é o de prevenir ou retratar uma realidade económica , chegaram tarde.
O facto de não serem nomeadas ainda aumenta a suspeição sobre as mesmas , basicamente são tiros disparados e a maioria sem saber bem vindos de onde..mas se o mercado aceita essa vulnerabilidade ...
Concordo com o que disse da capacidade e disciplina orçamental.
Quanto ás agências de rating , então não sei o que chamar ao mercado ?
Foram falhas atrás de falhas... será que o mercado aceita tão bem isso ?
É que pela quantidade e acima de tudo gravidade das falhas , diria que agora ninguém quer saber dessas agências para nada .
Ou melhor , qual é mesmo o verdadeiro sentido de existência dessas agências ? Se é o de prevenir ou retratar uma realidade económica , chegaram tarde.
O facto de não serem nomeadas ainda aumenta a suspeição sobre as mesmas , basicamente são tiros disparados e a maioria sem saber bem vindos de onde..mas se o mercado aceita essa vulnerabilidade ...
Concordo com o que disse da capacidade e disciplina orçamental.
Muito mau artigo.
Francamente, quem escreveu isso, sobre como funcionam os mercados só sabe o que vê em filmes de Hollywood!
É claro que sempre houve e haverá esquemas fraudulentos como o que o autor descreve, mas essas coisas são uma gota de água nos mercados em geral. Nunca na vida conseguiriam movimentar triliões.
As causas da crise não são essas que envolvem prostitutas pelos corredores e coca nos sanitários.
Esta frase diz tudo do grau de entendimento de como as coisas funcionam... Vendas maciças para fazer subir o preço das acções?
Tambám não percebe que o rating não tem que ver com a situação em si mas sim com a capacidade de esses países virem a satisfazer ou não os seus compromissos financeiros.
Não tenho dúvida nenhuma que UK e Irlanda têm muito mais capacidade de recuperação e disciplina orçamental que Grécia, Espanha e Portugal.
Também não percebe que as agências de rating não são nomeadas por ninguém nem por elas próprias. O mercado é que as aceita como tal, ou não.
Se fizesse umas pequenas contas via que isso é mera demagogia. Os tais, os que "ganham mais", em qualquer organização ou empresa são uma pequena percentagem do total. Digamos 10%. Se esses reduzirem o salário em 10% isso não tem benefício quase nenhum para os restantes 90%.
Enfim, um artigo sensacionalista e demagógico de quem não entende do que escreve para quem não entende o que lê.
Francamente, quem escreveu isso, sobre como funcionam os mercados só sabe o que vê em filmes de Hollywood!
É claro que sempre houve e haverá esquemas fraudulentos como o que o autor descreve, mas essas coisas são uma gota de água nos mercados em geral. Nunca na vida conseguiriam movimentar triliões.
As causas da crise não são essas que envolvem prostitutas pelos corredores e coca nos sanitários.
Colaborando, fazia subir o preço das acções através de vendas maciças.
Esta frase diz tudo do grau de entendimento de como as coisas funcionam... Vendas maciças para fazer subir o preço das acções?
Com efeito, a S&P avisou quatro países da zona euro de que o seu rating estava sob vigilância e, menos de uma semana depois, a três deles (Grécia, Espanha e Portugal) baixou-lhes o rating para AA+ sem apelo nem agravo. O quarto, a Irlanda, cujas previsões de recessão (-5%), défice orçamental (-11%) e situação do sistema financeiro são bem piores do que em Espanha e em Portugal, continua a manter a classificação de AAA. Também o Reino Unido mantém o triplo A, confirmado a 13 de Janeiro, apesar de em termos relativos a economia inglesa se ter afundado muito mais e da banca estar falida e à beira de ter de ser nacionalizada.
Isto é injusto, incoerente, não tem qualquer justificação e afecta profundamente a vida dos cidadãos dos países a quem a S&P, como os imperadores romanos, decide que têm de pagar mais do que outros em situação pior.
Tambám não percebe que o rating não tem que ver com a situação em si mas sim com a capacidade de esses países virem a satisfazer ou não os seus compromissos financeiros.
Não tenho dúvida nenhuma que UK e Irlanda têm muito mais capacidade de recuperação e disciplina orçamental que Grécia, Espanha e Portugal.
Aliás, também é inadmissível que as três únicas agências mundiais de rating sejam norte-americanas (S&P, Moody's e Fitch), pelo enviesamento de análise que isso implica: os americanos dividem o mundo entre os bons (eles e os países que falam inglês) e os outros, de que há que desconfiar.
Também não percebe que as agências de rating não são nomeadas por ninguém nem por elas próprias. O mercado é que as aceita como tal, ou não.
Uma coisa é certa: conter o aumento do desemprego é verdadeiramente crucial, sob pena de à crise financeira, económica e social, se seguir uma crise política global, de consequências verdadeiramente imprevisíveis (que, no passado, acabaram sempre em grandes guerras). Como se faz isso? Um pequeno contributo será dado se, em todas as empresas, os que ganham mais, aceitarem reduzir os seus salários em 5% ou 10% para evitar despedimentos - porque é fundamental impedir que esse flagelo atinja tais níveis que descambe em incontroláveis tumultos sociais.
Se fizesse umas pequenas contas via que isso é mera demagogia. Os tais, os que "ganham mais", em qualquer organização ou empresa são uma pequena percentagem do total. Digamos 10%. Se esses reduzirem o salário em 10% isso não tem benefício quase nenhum para os restantes 90%.
Enfim, um artigo sensacionalista e demagógico de quem não entende do que escreve para quem não entende o que lê.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
http://www.facebook.com/atomez
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A loucura que criou a crise
Artigo de opinião de Nicolau Santos do Expresso onde fala de um livro "O Lobo de Wall Street" que parece ser uma história interessante.
Fonte Expresso http://clix.expresso.pt/a_loucura_que_c ... se=f495037
Se alguém quer mesmo saber porque o sistema financeiro norte-americano deu o estouro que se sentiu em todo o mundo, então recomendo que leia "O Lobo de Wall Street", de Jordan Belfort. É uma história verídica, que dá conta da ganância e loucura de muitos que faziam girar triliões de dólares em Wall Street.
Belfort começou a trabalhar como corretor na LF Rothschild em 4 de Maio de 1987, aos 24 anos. Aprendeu rapidamente e em 1989 estava à frente da sua própria sociedade corretora, a Stratton Oakmont, e a caminho de ser multimilionário em menos de dez anos, tornando-se um ícone do empresariado norte-americano.
Na Stratton, "onde a sala de corretagem mais agressiva da América fazia a insanidade parecer perfeitamente normal", a maioria dos que lá trabalhavam tinha pouco mais de vinte anos, mas ganhava dinheiro como nunca, ao vender ferozmente, como pitbulls, acções entre quatro e dez dólares aos investidores mais prósperos da América, convencendo-os a especular com milhões. Um corretor de acções caloiro esperava ganhar 250 mil dólares no primeiro ano ("qualquer coisa a menos e ele era suspeito"), 500 mil no segundo ("ou era-se considerado fraco e sem valor") e no terceiro "era melhor estar-se a ganhar um milhão ou mais ou então era-se motivo de chacota". Por isso, à porta da Stratton havia intermediários tentando vender-lhes mansões, bancos assegurando financiamento, uma fila de vendedores oferecendo Porsches, Mercedes, Ferraris e Lamborghinis, chefs reservando lugares nos restaurantes mais caros, cambistas propondo bilhetes na primeira fila para eventos desportivos, espectáculos na Broadway ou shows de rock, e joalheiros, relojoeiros, alfaiates, amestradores de animais, etc.
A par disso, a droga circulava com fartura entre os corretores, a prostituição era praticada na própria sala de corretagem, nos elevadores, etc, e paga com cartões de crédito, mas também havia diversões absurdas, desde levar todo o tipo de animais de estimação para o escritório até jogos como atirar um anão de um corretor para outro, perdendo aquele que o deixava cair ao chão...
Jordan Belfort era, claro, a estrela daquilo que chamava "estilo de vida dos ricos e malucos", dirigindo um helicóptero Bell Jett de hélices duplas, calçando botas de pele de crocodilo de 2400 dólares, embalando o berço da filha de 60 mil dólares, vivendo numa mansão em Long Island, dormindo sob um lençol de seda de 12 mil dólares e, como ele diz, com uma quantidade de drogas correndo no seu sistema circulatório capaz de sedar a Guatemala inteira.
É óbvio que, por mais brilhante que Jordan fosse, mesmo na América não se chega a multimilionário em cinco anos sem que haja mais alguma coisa além de talento e sorte. Na verdade, Belfort colocava acções de empresas no mercado, cujo valor depois controlava usando a sala de corretagem. Se depois o dono da empresa não colaborasse, Belfort utilizava o seu poder para derrubar o preço das acções até chegarem aos centavos.
Colaborando, fazia subir o preço das acções através de vendas maciças. E em novas emissões garantia para si uma parte que comprava abaixo do preço do mercado, vendendo depois as acções com um lucro enorme. Além disso, utilizava testas-de-ferro para comprar mais acções do que a legislação lhe permitia.
Contudo, o dinheiro ganho ilegalmente tinha de ser colocado em local seguro, onde as autoridades americanas não começassem a fazer perguntas acerca da sua proveniência. E assim Belfort lá abriu uma conta num banco suíço, em nome de uma tia da sua mulher, bem como duas empresas fictícias nas Ilhas Virgens britânicas, onde não se paga impostos nem há regulamentos a seguir. Pelo meio, havia documentos falsificados e pessoas que serviam de correio para transportar o dinheiro para fora dos Estados Unidos.
Tudo foi correndo bem, até que morre a referida tia e um dos correios é detido e dá com a língua nos dentes. Belfort é obrigado a negociar com as autoridades o seu afastamento da presidência da Stratton e a empresa acaba por encerrar ao fim de oito anos. O seu passado profissional, contudo, continua a persegui-lo. E assim em 1999, Jordan Belfort, "O Lobo de Wall Street", é finalmente preso por fraude mobiliária, lavagem de dinheiro e outros crimes e acaba por cumprir uma pena de 22 meses numa prisão federal.
Foram pessoas como esta, brilhantes financeiramente mas ganaciosas, amorais e que sempre desprezaram as empresas produtivas, que durante duas décadas fizeram girar triliões em Wall Street, inventaram todo o tipo de veículos financeiros sem que ninguém soubesse exactamente que risco continham e alavancaram a economia mundial a um ponto que já nada tinha a ver com a economia real. O resultado é a devastadora crise em que caímos.
A fraude do rating da S&P
Já aqui escrevi sobre a descida do rating da República decidido pela Standard & Poor's, mas a situação é demasiado escandalosa para não voltar ao assunto.
Com efeito, a S&P avisou quatro países da zona euro de que o seu rating estava sob vigilância e, menos de uma semana depois, a três deles (Grécia, Espanha e Portugal) baixou-lhes o rating para AA+ sem apelo nem agravo. O quarto, a Irlanda, cujas previsões de recessão (-5%), défice orçamental (-11%) e situação do sistema financeiro são bem piores do que em Espanha e em Portugal, continua a manter a classificação de AAA. Também o Reino Unido mantém o triplo A, confirmado a 13 de Janeiro, apesar de em termos relativos a economia inglesa se ter afundado muito mais e da banca estar falida e à beira de ter de ser nacionalizada.
Isto é injusto, incoerente, não tem qualquer justificação e afecta profundamente a vida dos cidadãos dos países a quem a S&P, como os imperadores romanos, decide que têm de pagar mais do que outros em situação pior.
Além do mais, a S&P falhou redondamente na crise do crédito imobiliário nos Estados Unidos, tendo de rever, no mesmo dia, a notação de mais de 90 (!) activos financeiros ligados aquela área de actividade. E falhou no rating da AIG, da Lehman Brothers, da Islândia. Falhou, falhou, falhou. E até agora não pediu desculpa, não se retratou, e está a dar ratings onde beneficia claramente os países anglo-saxónicos em detrimento dos países mediterrânicos.
Aliás, também é inadmissível que as três únicas agências mundiais de rating sejam norte-americanas (S&P, Moody's e Fitch), pelo enviesamento de análise que isso implica: os americanos dividem o mundo entre os bons (eles e os países que falam inglês) e os outros, de que há que desconfiar.
A Comissão Europeia têm de avançar com um modelo de supervisão das agências de rating, com a possibilidade de as sancionar ou mesmo suspender. E tem de incentivar o aparecimento de uma agência europeia de rating. É um contrapeso essencial ao estado indecoroso em que se encontra hoje o rating a nível mundial.
O mundo à beira do colapso
A catadupa de más notícias que não param de chegar, com os despedimentos a aumentarem em todo o mundo a um ritmo vertiginoso - a Organização Internacional de Trabalho estima que o desemprego pode crescer até 50 milhões, atingindo 230 milhões de pessoas no planeta - torna evidente aquilo que ainda nos recusamos a admitir: a economia mundial está à beira do colapso.
Esse colapso decorre do facto dos três motores que fazem crescer as economias (exportações, investimento e consumo) estarem a entrar em falência ao mesmo tempo, devido à crise de confiança que alastra como uma mancha de óleo entre os agentes económicos (bancos, empresas, cidadãos). E de, pela primeira vez na história da humanidade, os três blocos económicos que representam 63% do PIB mundial (Estados Unidos, Europa e Japão) se encontrarem ao mesmo tempo em recessão.
Além disso, convém não criar ilusões: estamos ainda longe do fim da crise, como a cada momento nos lembram as notícias de novos despedimentos na indústria, banca e serviços em todo o globo. E vamos assistir a mais e maiores convulsões sociais e políticas, como o demonstram o cerco ao carro do primeiro-ministro islandês por manifestantes, que acabou por se demitir, bem como as greves em França.
A questão é que esta é uma crise do novo tipo, de proporções inimagináveis. Mas os governos estão a combatê-la com instrumentos e meios talhados para responder a crises clássicas e circunscritas, pela que a sua eficiência é bastante menor.
Uma coisa é certa: conter o aumento do desemprego é verdadeiramente crucial, sob pena de à crise financeira, económica e social, se seguir uma crise política global, de consequências verdadeiramente imprevisíveis (que, no passado, acabaram sempre em grandes guerras). Como se faz isso? Um pequeno contributo será dado se, em todas as empresas, os que ganham mais, aceitarem reduzir os seus salários em 5% ou 10% para evitar despedimentos - porque é fundamental impedir que esse flagelo atinja tais níveis que descambe em incontroláveis tumultos sociais.
Fonte Expresso http://clix.expresso.pt/a_loucura_que_c ... se=f495037
Cumprimentos,
Cap. Nemo
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