APB: Venda do Novo Banco "valoriza o sistema financeiro"

[tiagopt2]

Em épocas de turbulência e volatilidade, é normal surgirem dúvidas sobre o destino do mercado. E é normal colocarmos em causa a nossa visão sobre o mesmo. Afinal, se todos estão a olhar para um lado, porque é que nós ainda estamos a olhar para o lado contrário? De quem é o problema? Definitivamente nosso, falta de confiança. Nas evidências ou nas convicções? Ora aí está o cerne da questão.
Cheguei à conclusão (suportada pelas opiniões que me foram dadas por forenses pelos quais tenho muita consideração) que para termos uma convicção sustentada, ela tem de ser baseada em evidências. Sejam elas de que natureza forem (entenda-se fundamentais ou técnicas). Se não forem baseadas em evidências, deixamos de poder falar em convicções e passamos ao campo da esperança. E se cairmos no erro de confundir esperança com convicções, podemos estar a condicionar os nossos próprios mecanismos de actuação nos mercados.

Como é sabido, eu baseio-me sobretudo na análise técnica. Quando iniciei o tópico, estavam em curso diversos padrões de inversão ainda por activar. Se eles tivessem sido activados, a minha visão do mercado neste momento seria provavelmente diferente. Porque se tivessem sido activadas massivamente, seria um sinal de inversão dos mercados. Pois só com condições claramente favoráveis duas dezenas de H&S de reversão se activariam com volume significativo. Isso implicaria entrada de capital novamente nos mercados, o que por sua vez significava um aumento de confiança, o que poderia marcar o início de um novo bull.
Há um aspecto relativo aos H&S de continuação muito importante de salientar (mais uma vez!!). Só se pode falar no padrão depois de ele ser activado, antes disso é apenas uma teoria que não devemos descurar e para a qual tem de haver sempre um plano B. Nos casos a que eu tinha assistido não houve de facto activação do padrão. A Neckline foi mais forte e fez com que a batalha pendesse para o lado dos ursos. Em alguns deles, a cotação nem chegou a re-testar essa importante marca.

Se uma H&S não é activada, existe uma forma simples de ver quando é que a situação tende para desencaminhar. Quando a LTa traçada entre a cabeça e o ombro direito é quebrada em baixa. Muitas vezes até é possível traçar uma espécie de canal com os elementos da cabeça, e quando é quebrado temos o nosso sinal de fuga. Mas, com uma importante diferença! Enquanto um canal não tem um limite teórico para ser concluído, aqui, se a neckline for ultrapassada em alta com volumes significativos dá-se a activação do padrão. E o cenário altera-se radicalmente.
Nos casos apresentados, um padrão de continuação bearish acabou por ser quebrado em baixa com volume crescente. Pelo caminho, ainda conseguiu quebrar um suporte significativo com bastante facilidade.

Escolhi este exemplo como poderia ter escolhido qualquer outro. É este o reflexo de um esgar de esperança mais uma vez adiada. Os padrões de reversão podem ser convertidos em padrões de continuação, caso a sua activação fracasse. Daí a importância de termos um plano de recurso e a flexibilidade mental de nos colocarmos rapidamente do lado que mais nos convém, seja ele o lado comprado ou vendido.
Essa é uma das grandes vantagens da AT em relação à AF, a possibilidade de acompanharmos o mercado/títulos individuais pelo lado que mais nos convém, sem "casamentos". Se é perigoso e subjectivo? Sim, na maioria dos casos sim.
Tivesse eu um sistema mecânico e objectivo que me permitisse avaliar os sinais e sintomas do mercado, e não me sentiria perdido nos momentos de lateralização e rallys contrários à tendência principal. Assim, dependo de mim próprio, estando fortemente exposto ao canto da sereia com que tantas vezes o mercado nos assombra.

Para terminar, ficam as imagens ilustrativas da situação que retratei. Primeiro o potencial H&S e depois o padrão bearish. E ambos desenhados tendo por base a mesma imagem:)

[artista_]

Artista, eu sou Balança Deve ser por isso que estou a ponderar com cuidado os dois lados da barricada

Pois, os "balança" são uns tipos muito ponderados, são muito bem capazes de ser dos que têm, à partida, "a melhor massa para ir ao forno dos mercados"... até parece que percebo disto!?

O meu sistema também não é mecânico mas é muito objectivo e não me permite muitas "escapadelas"!

Um abraço

artista

[tiagopt2]

Obrigado a todos pelo contributo, vindo de quem veio tem ainda mais significado
Vou tentar responder a todos, se me esquecer de alguma coisa depois acrescento.

Tanto as evidências como a minha convicção me apontam para esperar, até agora. Não tenho sistemas mecânicos, o meu único sistema é fazer buscas e procurar padrões. Olho para o SP500 (entre outros) e vejo exactamente o que o Tiago (tmms) vê. Não estamos num ponto de entrada, nem curta nem longa. E por isso não vou entrar, nem curto nem longo.
E sim, uma entrada agora baseado num índice seria quase do género Totoloto, pois a cotação tanto poderia ir para cima como ir para baixo.
Já em algumas acções individuais, o cenário é diferente. O sinal de compra pode estar para surgir, com a activação desses padrões. E se surgir, surge também o problema de entrar longo quando os índices estiverem dar a sinal curto. Ou então, os índices não dão sinal curto e o novo bull inicia-se mesmo.
Se eu tivesse o tal sistema mecânico de que o CEM fala, seria bem mais fácil de tomar este tipo de decisões.
Mas a avaliação técnica de padrões gráficos é muito subjectiva e pouco mecânica.
Artista, eu sou Balança Deve ser por isso que estou a ponderar com cuidado os dois lados da barricada

Abraço

[artista_]

No entanto existem diversos sinais técnicos que me levam a, cada vez mais, acreditar na recuperação temporária. Pelo menos, a acreditar no que o meu shatzinho me vai dizendo todos os dias.

Pois lá está, os sinais técnicos são evidentes, a tendência dominante mantêm-se de baixa mas a de curto prazo é de alta (http://sobe-e-desce.blogspot.com/2009/0 ... prazo.html) isso permite-me entrar caso encontre um título numa situação em que corra poucos riscos, mas não me deixa entrar "à maluca" como em Bull Market... investindo com base em convicções seria uma desgraça, ainda para mais sendo "gémeos" mudo muito facilmente de opinião, isto pode parecer uma desvantagem mas também é uma vantagem, sendo assim obrigou-me rapidamente a definir regras que talvez não sentisse tanta necessidade de o fazer se fosse, por exemplo, "carneiro", "Touro" ou "Leão" (pró que me havia de dar agora, não levem a mal mas o frio está a congelar-me o cérebro )

Abraços

artista

[tmms]

Olá Cem,

Concordo 100% contigo.

O que escrevi foi como base no tópico/texto do Tiago (evidências/convicção). É muito mau momento para entrar agora com base em convicções porque, se a convicção estiver errada, pode perder-se muito dinheiro. Isto em tese.

Eu, sim, acredito no meu sistema e o momento é espantoso. As próximas semanas vão ser um dos momentos com maior edge dos últimos tempos. Ao ponto de ter de ir viajar daqui a duas semanas e estar chateado por isso!!!

Eu estou a assumir posições sem qualquer dúvida porque sei a priori que o que posso perder não me vai arruinar. Se os sinais que o meu sistema está a emitir consistentemente desde 8 de Outubro estiverem errados espero pela próxima oportunidade ou revejo o sistema...

Aproveito para deixar mais um pequeno contributo. A minha estratégia para 2009 e um dos vários sistemas que vou testar. Existem mais 4 e outros que criarei ao longo do ano. O objectivo é, no final do ano, comparar as performances dos vários sistemas.

Um abraço,
Tiago

Aqui ficam as linhas gerais da minha estratégia para o ano que agora se inicia:

Resumo
Operações (curtas e longas) diárias ou de maior duração, de acordo com os sinais fornecidos pelos diversos trading systems. Nas operações de maior duração fazer scaling into e, eventualmente, out.

Rentabilidade anual (objectivo)
15% (quinze por cento líquidos).
Despesas e comissões não incluídas neste valor.

Activos a operar
Operar maioritariamente futuros euro-schatz embora, pontualmente, se for identificada uma oportunidade (apenas no Trading System N) em outro activo a mesma possa ser analisada e eventualmente assumida posição.

Perdas máximas admissíveis
Por operação: 2%
Por mês: 6%
Por trimestre: 12%

Controlo de risco
Utilização obrigatória de stops para limitação das perdas e para protecção dos lucros em todas as operações.
Respeito integral pelas perdas máximas admissíveis.
Nas operações iniciadas pelo Trading System N o risco overnight deve ser tido em consideração, não sendo de excluir o hedging (pelo menos parcial).

Protecção mensal de lucros
Os meses que cuja rentabilidade igualar ou ultrapassar os 5% entram automaticamente para um regime especial de protecção de lucros. A regra de protecção é que o valor em risco até final do mês nunca poderá ser superior a 20% do ganho atingido. Desta forma será possível garantir que um mês cuja rentabilidade ultrapassou os 5% nunca poderá ficar abaixo dos 4%.

Protecção anual de lucros
Sempre que a rentabilidade anual ultrapassar um múltiplo do objectivo anual previamente definido (para um objectivo anual de 10% alguns exemplos de múltiplos seriam 20, 30 ou 40%) o múltiplo imediatamente anterior passa a ser o stoploss do ano.
Esta regra só poderá ser quebrada, mediante uma análise muito bem fundamentada (eventualmente justificando a ineficácia da mesma). Nomeadamente, se tal acontecer numa fase muito inicial e impedir a continuação do processo de aprendizagem. Ou seja, é necessário verificar-se que o prejuízo de parar de operar é maior do que colocar a rentabilidade já consiga em risco.

in http://os-mercados-financeiros.blogspot ... -2009.html

0. Designação
Trading System N

1. Descrição
Sistema de médio e longo prazo.

2. Horizonte temporal e duração máxima da operação
Este sistema não tem duração máxima pois o objectivo é deixar os lucros correrem até ao fim da tendência vigente. Analisar oportunidades nos gráficos diários e semanais.

3. Reforços de posição
A posição pode ir aumentando à medida que o mercado for sendo favorável. Estes reforços são admitidos quando todos os contratos já detidos estiverem com o lucro protegido excepto o último que poderá estar apenas em break even.

4. Entrada
A entrada deverá ser feita no sentido da oportunidade de longo prazo detectada mas recorrendo sempre a um sistema de entrada de curto prazo (daytrading).
Esta oportunidade consistirá na identificação de divergência entre preços e indicadores.
Se, e só se, a operação de curto prazo tiver sido favorável no dia (ganhos, pelo menos, 2 vezes superiores ao valor em risco - stoploss) é que a posição pode ser deixada aberta para o dia seguinte e, desta forma, iniciar a mudança para este sistema.
Para fazer a extensão do sistema de curto prazo para este existe ainda a obrigação (caso se aplique) de fechar todas as posições menos uma no final da sessão.

Notas importantes relativamente ao registo das operações:
- Só podem ser contabilizadas como pertencendo a este sistema as operações que cumprem todos os requisitos anteriores.

- As operações de curto prazo que se iniciaram com este propósito e que forem fechadas durante a própria sessão devem ser classificadas com um x antes da designação (exemplo: xTS3) de forma a aferir se existem diferenças de performance entre as operações de curto prazo abertas com esse fim e as abertas com o objectivo de dar origem a operações de médio e longo prazo.

5. Saída no objectivo
Da mesma forma que a entrada neste sistema pode ser progressiva (scaling into) também a saída o pode (scaling out). Os sinais de alerta para saída são as divergência entre preço e indicadores do horizonte temporal em análise.

6. Saída no stoploss
Neste sistema o stoploss deverá passar para um traling stop à medida que o mercado se vá movimento a nosso favor.
No entanto deve convergir, em termos médios, para uma perda máxima de 2% na fase inicial da operação.
Depois, à medida que a protecção for apenas aos lucros deve dar-se mais folga em função das condições de mercado e dos objectivos a atingir.

7. Exemplo
Brevemente.

in http://os-mercados-financeiros.blogspot ... tem-n.html

[Cem pt]

Tiago:

Se segues um sistema ou um conjunto de regras e acreditas nessa ferramenta porque no passado os lucros acumulados das diversas trades são claramente superiores aos prejuízos acumulados não há que ter dúvidas: é seguir o sistema cegamente e ponto final!

Disciplina no trading é dos princípios mais difíceis de seguir, reconheço que só depois de uns anos de traquejo e depois de umas cabeçadas contra a parede se consegue reconhecer que não podemos nunca colocar as nossas convicções à frente das evidências mecânicas das regras de trading, nunca!

É claro que nem sempre os sistemas estão certos, terão certamente muitas falhas e perdas, mas no longo prazo e se o sistema é comprovadamente eficaz em qualquer situação de mercado podes acreditar que compensa francamente aderir ao princípio da "Disciplina", é sem dúvida uma das chaves do sucesso no trading: mecanizar ou automatizar as ordens disparadas, sem questionar os motivos racionais ou irracionais em que possamos acreditar.

Boa sorte,
Cem

[tmms]

Olá artista,

Concordo. E, neste momento, a médio e longo prazo o que os gráficos mostram é estar curto nos mercados accionistas. Por isso estou bastante urso nesse horizonte temporal.

Relativamente ao curto prazo nada está claramente definido por isso deve ser-se prudente (e sempre com stop, claro). Até dois, tipo plano de contingência, caso o primeiro falhe.

No entanto existem diversos sinais técnicos que me levam a, cada vez mais, acreditar na recuperação temporária. Pelo menos, a acreditar no que o meu shatzinho me vai dizendo todos os dias.

Abraço,
Tiago

[artista_]

Eu parto sempre do princípio que não faço a mínima idéia do caminho que isto vai levar, nunca sigo os meus feelings, até porque estes nunca são muito convictos porque sei o quanto são falíveis...

Eu estou convicto de algo quando o gráfico me mostra essa evidência e, ainda assim, coloco sempre a hipótese de estar enganado, por isso o stop é obrigatório!

abraços

artista

[tmms]

Por outro lado, se ainda não o fizeste, acho sempre dramática a escolha do ponto em que se decide entrar.

Concordo com a pata neste aspecto. Vá para cima ou para baixo o momento é de observar. Assumir uma posição, neste momento, e estar errado pode sair caro.

Quanto à análise sabes que estou bearish no médio e longo prazo, tal como tu.

A única diferença, talvez, é que "acredito" numa recuperação temporária andes de ir a novos mínimos.

Contudo, essa recuperação que já venho a identificar desde 8 de Outubro de 2008 "teria feito mais sentido" se ocorresse no último trimestre do ano para minimizar as perdas anuais.

Não tendo ocorrido podem ser retiras disto várias leituras. Mas não me quero adiantar mais por agora.

Grande abraço,
Tiago

PS - Fica o gráfico. Mais comentários e informações podes ler no tópico "The bear is dead. Long live the BULL" em http://caldeiraodebolsa.jornaldenegocio ... hp?t=66742

[Pata-Hari]

Sem qualquer dúvida, tiago: devemos seguir as tendências!

A forma como eu justifico a racionalidade de ter que se seguir a tendência (por qualquer crença fundamentada) é relembrar-me que certamente estou a ignorar factos que estão lá, que o mercado não ignora mas que eu não estou a identificar.

Por outro lado, se ainda não o fizeste, acho sempre dramática a escolha do ponto em que se decide entrar. Corre-se mesmo o risco de se apanhar o momento da inversão e sofrer horrores... (só para te assustar, vai espreitar o post do CEM e o sinal gerado há 3 dias no dax).

[tiagopt2]

Ao fazer o habitual screener a um conjunto de acções que tenho guardadas, tive um dejà vu. Há 7 meses atrás criei este post no caldeirão(http://caldeiraodebolsa.jornaldenegocios.pt/viewtopic.php?t=63761&highlight=).
Nessa altura o petróleo estava em alta e poucos ousavam pensar sequer no descalabro que haveria de vir. Curiosamente, eu até acreditava nisso!(http://surfaratendencia.blogspot.com/2008/05/petrleo-o-assunto-que-ainda-est-na-moda.html) Mas se tivesse plena confiança no meu instinto, tinha shortado as referidas empresas, coisa que não fiz.
Vamos agarrar nesse erro do passado e tentar moldar o futuro.
Actualmente a minha convicção é clara e simples: Vamos para baixo, temos de fazer novos mínimos, atravessamos apenas um rally que vai chegar ao fim mais dia menos dia. Não há condições macro-económicas para o desejado crescimento sustentado. Essa é uma das muitas razões que apresento a mim próprio para impedir que me meta em aventuras do lado longo. Rigor, disciplina, seguir os princípios.
Mas não estarei a ser demasiado rigoroso? Não estarei a ser, eu e tantos outros bears, demasiado exigentes para com as condições actuais da economia e com o que já foi descontado? Mais uma vez, não tenho duvidas: Não! O caminho é para baixo.
Confesso que estou preocupado comigo próprio, as certezas são demasiado perigosas neste meio e eu sei disso. Uma das pedras basilares do sucesso nos mercados é nunca nos casarmos com uma opinião. Tem de haver espaço de manobra, as alternativas podem ser mais viáveis do que parecem, estando apenas ofuscadas pelo nosso ego.

Voltemos ao dejà vu. Quando eu hoje estava a analisar uma série de empresas, encontrei cerca de 20 a desenvolverem um dos mais fidedignos padrões de inversão: O reversal H&S. A maior parte está ainda a testar a neckline, muito poucos são os que já a quebraram (como é o caso da nossa EDPR). Se não começarem a acontecer quebras massivas, tanto melhor. Posso continuar com a minha convicção e acabam-se aí os conflitos interiores. Agora a grande questão: o que fazer quando/se esses padrões forem activados? Devemos seguir as evidências ou a convicção?
É essa a pergunta que eu deixo no ar...