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Caldeirão da Bolsa

Regular ou não Regular. Intervir ou não Intervir

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por atomez » 22/12/2008 14:13

Isso de liberalismo e neo-liberalismo não sei o que sejam. Até porque não existem em lado nenhum, mesmo nos EUA (país onde o peso do estado na economia é de "apenas" 30%) os mercados são altamente regulados e vigiados.

O problema central de um sistema económico é -- como e com que prioridades se devem atribuir recursos limitados e finitos à satisfação das necessidades das pessoas e das sociedades.

Para isso eu cá por mim confio mais nos mercados que nos políticos. Os mercados não são perfeitos nem justos, muito longe disso, mas verifica-se historicamente que são apesar de tudo muito mais eficazes e eficientes a realizar esse objectivo que os políticos.

Os mercados são formados por muitos milhões de pessoas que todos os dias tomam decisões que os afectam directamente. Os políticos só reagem mal e tarde de mais, segundo uma lógica de interesses de grupos de pressão, partidários ou de grupo. Só são avaliados de 4 em 4 anos (na melhor das hipóteses) e o pior que lhes pode acontecer é perderem as próximas eleições.

Tal como há uns séculos nas nossas sociedades ocidentais se deu a separação entre a religião e a política -- e isso trouxe um enorme incremento no desenvolvimento social e económico graças à libertação de normas e preconceitos que as limitavam -- acho que agora está na altura de se fazer a separação entre a economia e a política.

Acho que o papel do estado, governo e políticos nas questões económicas devia ser o menor possível. O estado tem um papel muito importante a desempenhar -- o anti-monopolismo, a preservação da liberdade económica e livre concorrência. Para lá disso não se deveria imiscuir em assuntos económicos.

O estado e os governos também servem de "último recurso" em caso de crise grave que ameace paralisar o sistema económico, como nesta altura se verifica. Isto porque os estados podem fazer pelo menos 4 coisas que mais ninguém pode fazer (legalmente, claro):

- fabricar dinheiro
- cobrar impostos
- criar e fazer cumprir leis
- exercer a violência

Mas uma vez passada a situação de crise deveriam remeter-se à sua posição de "árbitros" na economia.

Esta é a minha irrelevante opinião.
Editado pela última vez por atomez em 22/12/2008 14:34, num total de 1 vez.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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por fsma » 22/12/2008 11:54

Small is beautifull!

Deixem o capitalismo liberal funcionar condicionando apenas o excessivo tamanho das empresas e impedindo os monopólios!

Se existem "empresas" demasiado grandes para que se as deixe falir impessa-se que se tornem excessivamente grandes!
 
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por Camisa Roxa » 22/12/2008 11:12

meus amigos, nos últimos anos as economias ocidentais têm sido dominadas por Estados que consomem cerca de 50% dos respectivos PIBs.

É isto que chamam neoliberalismo?

Querem mais intervenção do Estado? Para consumir 80% da economia? 100%???? Passamos a entregar toda a riqueza produzida ao Estado para este administrar?

Dediquem-se um pouco à história económica e constatarão que os falhanços não foram do mercado mas sim de medidas desastrosas dos Estados.

A intervenção dos Estados nos mercado leva a efeitos indesejados que induzem a uma espiral infinita de intervenções para tentar remediar as consequências não desejadas das intervenções anteriores...

Querem causas para esta crise?:

- fim do padrão ouro em 71
- política monetária desastrosa do FED com taxas de juro artificialmente baixas
- incentivo aos empréstimos subprime por parte do governo dos EUA com variada legislação em que impede os bancos de recusarem crédito para compra de casa a pessoas com baixos recursos
- Fannie Mae e Freddy Mac, os gigantes criados pelo Estado e que se tornaram nas palavras de alguns políticos, too big to fail...
-falhas graves na regulação existente (ou seja a regulação existia mas não actuou)
...[/u]
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por Panizzi » 22/12/2008 1:02

Eu não sou pensador , mais observador , mas ainda assim vou deixar aqui uma mera opinião pessoal.

No capitalismo a influência dos detentores de capital sobre o poder político , levará sempre a um sistema limitado aos interesses deles mesmos.

Repare-se que no capitalismo existe liberdade para gerir os seus bens no sentido de obtenção de lucro.

Cada um com a influência que exerce , não está mais do que a gerir o seu próprio lucro , em detrimento de uma gestão com impacto global ou mais abrangente.

Isso para mim é explicado por uma certa necessidade de "concentração de capital" para que um regime capitalista consiga vingar.

Diria que enquanto não houver um equilibrio entre essas influências, entre essa concentração de capital , o Mundo tenderá sempre para uma "irracionalidade de regime" , seja ele qual for.

Não sei se me fiz entender muito bem , mas pronto. É só mais uma opinião.
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Regular ou não Regular. Intervir ou não Intervir

por marath » 22/12/2008 0:15

Quem já leu posts meus sabe que sou contra o capitalismo selvagem em que tudo é permitido incluindo vender aquilo que não se tem. Tenho no entanto defendido que o liberalismo em que vivemos pode ser o caminho desde que fortemente regulado pelo Estado (embora isto seja em si mesmo contraditório, liberalismo regulado :wall: ).

A todos os pensadores do caldeirão gostaria de solicitar opiniões sobre este tema.

Afinal, numa sociedade que tendia para o NeoLiberalismo, e quando finalmente poderiamos ver se este funcionava ou não, os Estados interviram em força. Não para ajudar aqueles que realmente vivem na miséria ou á beira dela, mas sim para ajudar aqueles que, à custa da teoria capitalista, acumularam biliões na esfera pessoal e familiar e agora ameçam mandar milhões para o desemprego caso as sua empresas não seja apoiadas.

Eu não tenho certezas de nada, daí lançar esta questão aos ilustres forenses.

Afinal podemos acreditar no Liberalismo extremo? Devemos apostar no Liberalismo regulado? Ou uma nova experiencia socialista (nada de socialismo encapotado de capitalismo estatal) será o caminho certo?
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