Caldeirão da Bolsa

Off -Topic: Portugueses são os menos produtivos da Europa

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Pata-Hari » 30/8/2008 15:10

dito, dito. É exactamente isso, bulssista
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por Martins_Braz » 30/8/2008 14:30

bullsista Escreveu:
Pata-Hari Escreveu:A minha teoria é muito mais simples e já sei que me vão cair em cima porque sou um niquinho de nada repetitiva. O problema está na educação. Não é necessário inventar a roda em tudo o que fazemos. E, como tal, aprender a gerir, a trabalhar, a ser rigoroso, a usar melhor práticas é algo que é também possível de se conseguir se houver estruturas educativas. Eu continuo a dizer que enquanto não fizermos essa opção para a nossa população e enquanto não dermos o tempo de ver o resultado desse esforço (porque demora uma geração a gerar resultados), não vamos ter resultados estatisticamente signiticativos.



Eu interpreto o teu "educação" como formação académica e passagem de valores. Penso que sejam o grande problema deste País. Valores como responsabilidade, civismo, brio profissional, respeito andam muito em falta. A maior formação académica trará um nivelamento por cima na discussão e resolução de problemas. Mas num País "do deixa andar" e da desresponsabilização total, não vejo como será feita a mudança. Não vejo eu e não vê ninguém. Os Portugueses já interiorizaram isto de tal maneira que é cada um por si, a olhar para o seu umbigo, com desinteresse por quase tudo o que se passa à sua volta. Senão há interesse por parte das pessoas, qual o grau de exigência que se pode pedir aos gestores sejam políticos ou empresariais?


Sem mais.
 
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por bullsista » 30/8/2008 13:38

Pata-Hari Escreveu:A minha teoria é muito mais simples e já sei que me vão cair em cima porque sou um niquinho de nada repetitiva. O problema está na educação. Não é necessário inventar a roda em tudo o que fazemos. E, como tal, aprender a gerir, a trabalhar, a ser rigoroso, a usar melhor práticas é algo que é também possível de se conseguir se houver estruturas educativas. Eu continuo a dizer que enquanto não fizermos essa opção para a nossa população e enquanto não dermos o tempo de ver o resultado desse esforço (porque demora uma geração a gerar resultados), não vamos ter resultados estatisticamente signiticativos.



Eu interpreto o teu "educação" como formação académica e passagem de valores. Penso que sejam o grande problema deste País. Valores como responsabilidade, civismo, brio profissional, respeito andam muito em falta. A maior formação académica trará um nivelamento por cima na discussão e resolução de problemas. Mas num País "do deixa andar" e da desresponsabilização total, não vejo como será feita a mudança. Não vejo eu e não vê ninguém. Os Portugueses já interiorizaram isto de tal maneira que é cada um por si, a olhar para o seu umbigo, com desinteresse por quase tudo o que se passa à sua volta. Senão há interesse por parte das pessoas, qual o grau de exigência que se pode pedir aos gestores sejam políticos ou empresariais?
Abraços e bons negócios
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por rpmt » 30/8/2008 12:53

Pata vou-te dar um exemplo real daquilo que é mentalidade das empresas (a maioria) e por isso temos os comentários do Ferraz da Costa que são o reflexo da maneira de pensar dos dirigentes e pessoalmente não acredito que algum dia mude alguma coisa em Portugal,isto aconteceu com o meu irmão.
Ele foi responder a um anuncio para chefe de oficina, e antes de continuar vou dizer que o meu irmão quando esteve no exercito tinha 20 pessoas sobre as suas ordens e quando veio embora recebeu um louvor pelas capacidades técnicas e pela liderança demonstrada foi o único naquela unidade a recebe-lo.
Vamos saltar agora para o anunciou pois quando chegou a entrevistadora disse-lhe logo que não servia porque o seu perfil não era o pretendido, e na conversa que se seguiu veio a perceber que o perfil pretendido era um chefe de oficina que usa-se a cadeira e o chicote no relacionamento com os subalternos e por aí fora tipo carrasco.
Por aqui vemos que aquilo a que o exercito deu valor na economia real despreza-se e procura-se outra coisa, por isso o País não anda.
 
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por Pata-Hari » 30/8/2008 12:28

Não se aplicar porque não basta uma palestra.... falta-nos a mentalidade de exigencia, de qualidade, faltam-nos muitas bases. Ainda não aprendemos que é preciso fazer-se bem, é preciso vender-se bem, é preciso ser-se bom no follow up (pós venda). E isto acontece parte porque os consumidores não exigem. A globalização e a concorrência podem ajudar-nos a perceber que só assim sobreviveremos mas até isso leva imenso tempo. Poderiamos aprender de quem já faz melhor.
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por rpmt » 30/8/2008 12:26

Pata também tens razão mas não chega e vou-te dizer porque.
Sempre que vem alguém a Portugal dar conferências ou palestras etc sobre gestão,como gerir pessoas,etc está sempre cheio, mas depois nada disso que é apresentado,afirmado,etc ... nada disso depois é aplicado nas empresas, aquelas palestras são boas para a maioria de quem lá vai apenas para a fotografia nada mais.
 
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por Pata-Hari » 30/8/2008 12:18

A minha teoria é muito mais simples e já sei que me vão cair em cima porque sou um niquinho de nada repetitiva. O problema está na educação. Não é necessário inventar a roda em tudo o que fazemos. E, como tal, aprender a gerir, a trabalhar, a ser rigoroso, a usar melhor práticas é algo que é também possível de se conseguir se houver estruturas educativas. Eu continuo a dizer que enquanto não fizermos essa opção para a nossa população e enquanto não dermos o tempo de ver o resultado desse esforço (porque demora uma geração a gerar resultados), não vamos ter resultados estatisticamente signiticativos.
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por rpmt » 30/8/2008 11:46

O verdadeiro problema nesta nação é a "LIDERANÇA"
não temos lideres a todos os níveis (existem excepções)com capacidade e então para disfarçar a sua incapacidade chutam sempre as culpas para quem trabalha.
E se aparece alguém com capacidade são os próprios muitas vezes a queima-los para que não lhes tirem o lugar.
Existe um status quo na sociedade que se mantém e que não é alterado porque interessa a muita gente bem colocada que se mantenha porque assim têm sempre os lugares bem remunerados e pode-se sempre dizer que as culpas são sempre dos outros.
 
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por rpmt » 30/8/2008 11:38

"Ferraz da Costa defende cortes nos salários para a economia ganhar competitividade"

Percebe-se por estas afirmações que é uma pessoa inteligente, está-se a perder uma inteligência destas nesta nação é um crime, acho que devia imigrar para a India aí é que estava bem.
 
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por Pata-Hari » 30/8/2008 10:28

É natural que as multinacionais tragam gestores. Precisam de trazer gente que garanta que o modo de trabalhar caracteristico da empresa seja mantido. A alternativa seria contratar cá, mandar para lá para treinar e devolver à origem. Ora como a barreira linguistica cada vez é menor, acho que faz sentido trazer gente.
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por sargotrons » 30/8/2008 3:43

EALM Escreveu:Bem, o que vejo mais (na minha área - Engenharia) são bons trabalhadores a emigrarem, sendo que muitas vezes são aliciados pelos empregadores estrangeiros - nem sequer parte deles a iniciativa.

Chegamos a um estado de coisas em que Portugal gasta imenso dinheiro a formar bons profissionais em áreas tecnológicas e depois eles vão produzir riqueza para outro país. E não costumo ouvir queixas lá fora dos trabalhadores portugueses, sejam eles da antiga ou da nova vaga de emigração.

Quanto aos nossos gestores, eu não conheço a situação - mas parece-me (apenas opinião) que não há tanta emigração como nas engenharias.

É engraçado como quando as Multinacionais se instalam cá, normalmente trazem alguns gestores de fora... só para reflexão...

Mas como alguém disse atrás, o problema está mais "naquilo" que produzimos do que no "como" o produzimos. Enquanto um trabalhador português faz 1000 pares de sapatos numa semana, um alemão faz um BMW... qual dos dois teve maior produtividade ?


Lol, mete-me aí na estatística de mais um engenheiro que vai emigrar; de aqui a duas semanas estou no frio da Escócia!

Não sei se vou produzir mais lá ou não, mas sei que me deram condições para produzir aquilo que propus, ou seja no meu caso é uma questão de poder produzir o que quero!
Não faz mal!...
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por matabears » 30/8/2008 1:52

Bom, eu tenho uma empresa que tem dois trabalhadores, mas basicamente tento dár a ideia, que se correr mal para mim corre mal para eles, por isso e com a minha maneira de lidar com eles, somos uma equipa que trabalha para o mesmo "bolo".
Quando posso pago-lhes mais ordenado, por vezes não desconto certas horas que estes necessitam, e assim não tenho dois empregados mas dois amigos.

Relativamente à quantidade ou qualidade, vejamos uma certa marca de telémoveis que são caros, mas têm bastante qualidade, e assim lideram o mercado, ao contrário da quantidade/preço, eu penso que não compraria um telemovel chinês por ex. :mrgreen:
ááááá´toiro lindoooooo!!!!!!
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por Dwer » 29/8/2008 23:08

Sun Tzu não considerava que a qualidade dos soldados fosse uma variável a ter em conta na arte da guerra.

O método e a disciplina sim.

According to this legend, Sun-Tzu was already an accomplished military scholar when he was interviewed by King Ho-lú. Asked to give a demonstration of his theories, Sun-Tzu created two company formations out of 300 of the king's concubines, appointing two of the king's favourites as company commanders. He equipped them with weapons and armour, explained and demonstrated a set of drill movements, and ordered them to perform the drill. The concubines laughed at the order. Patiently, Sun-Tzu repeated his explanation and demonstration, and again gave the order. Again, the concubines laughed.

Sun-Tzu remarked:

If the instructions are not clear, if the orders are not obeyed, it is the fault of the general. But if the instructions are clear and the soldiers still do not obey, it is the fault of their officers.

He then summoned the king's executioner and, despite the king's protests, had the two concubine commanders beheaded. New commanders were appointed from the ranks, and this time when Sun-Tzu gave the order, the concubines performed the required drill movements perfectly. (When asked why he did not heed the king's request to spare his favourites, Sun-Tzu replied, 'Once a general is directing his troops, he should reject further interference from his sovereign.') While shocked by the loss of his favourites, the king was nonetheless impressed by Sun-Tzu's character and understanding of warfare, and appointed him as a general.
Abraço,
Dwer

There is a difference between knowing the path and walking the path
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por Adrox » 29/8/2008 23:06

Só para sublinhar uma coisa que aqui foi dita mas passou despercebida:

- Só depois de identificado e reconhecido um problema, é que se pode resolve-lo.

Enquanto Portugal, gestores e trabalhadores, não reconhecerem que têm um problema, a solução nunca vai ser encontrada...

Isto parece conversa da treta, mas eu muitas vezes ouço pessoas a dizer, fiz o melhor que pude, é assim que faço e não sei fazer melhor, faço isto muito bem, não há problema nenhum na maneira que eu trabalho...

Ora estas pessoas nunca vão evoluir, como é que uma pessoa que faz tudo bem evolui? Não sei...

É claro que é função dos gestores gerir, mas como vivemos numa democracia, também é função do povo votar, e não percebo como é que numa democracia se pode queixar dos politicos que se tem...
E também não acho correcto os trabalhadores apontarem os dedos para os gestores a dizer que têm problemas, quando os proprios trabalhadores também têm problemas e não os resolvem.

É uma atitude que não costumo ter com a vida, e que até nos mercados se vê muito, quando um negocio não corre bem a culpa é dos tubarões, pois claro. A pessoa fez tudo bem, mas a culpa é dos outros... A pessoa vai continuar a fazer tudo igual, porque ele não tem problemas, os outros é que têm...

Não costumo apontar problemas aos outros, quando eu também tenho uma parte no problema...

Cumprimentos.
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por MarcoAntonio » 29/8/2008 21:56

Eu também não disse que era a 100%. Isso está logo no primeiro post...



Post do corvo47 que foi retirado (por lapso) ao retirar outros posts do tópico.

corvo47 Escreveu:Gestores e trabalhadores.

Como em qualquer relação hierárquica ambos são fruto um do outro.
Não é possível uma boa gestão, com maus trabalhadores e um bom gestor e vice-versa.
Não sei como é noutros países , porque nunca lá trabalhei, mas por cá existe muito o hábito de falar mal do chefe, quando ele vira as costas, quando ele aparece,toca de lhe lamber as botas.De quem é a culpa, do trabalhador ou do chefe?Pois depende.Será que o chefe premeia o grande trabalhador- que faz o seu trabalho e que nada diz nas costa do chefe, nem lhe lambe as botas na sua presença-ou será que premeia o "graxista"dedicado. Numa relação deste tipo é muito difícil haver motivação,bom ambiente e produtividade.
Felizmente que ainda existem muitos trabalhadores e gestores que saem deste prototipo.
Nós ironicamente ainda esperamos um milagre ou talvez um D.Sebastião. Mas eles não vão chegar.
Não é possível uma empresa evoluir com um trabalhador que se encosta quando o chefe volta as costas,nem com um chefe que premeia de igual forma o que se encostou e o que esteve a trabalhar.
Tudo isto é uma questão de mentalidade e educação.
Tudo isto leva tempo a dar a volta. Mas o melhor é começar-mos já.
Editado pela última vez por MarcoAntonio em 30/8/2008 23:49, num total de 1 vez.
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por EALM » 29/8/2008 21:54

Bem, também não diria isso... não a 100%. Claro que quem obedece tem que contribuir, senão não é possível fazer nada. Aqui convergimos.

O que eu estou a tentar dizer, como observador nestes anos desde jovem investigador até empregado numa empresa privada, é que para solucionar o problema da produtividade, há que dar passos. E muitas vezes o que custa dar é o primeiro passo. E alguém tem que o dar, e existem pessoas mais bem posicionadas para o fazer do que outras.... acho que isto não tem nada de negativo, nem de problemático. É apenas exigência. Eu como subordinado espero que as ordens que recebo sejam coerentes, estudadas, bem pensadas. O meu superior espera de mim empenho e dedicação para as executar.

O que é que vem primeiro ?
Em que é que esta visão é uma manifestação do problema ? Ou se então devo ser eu a dar o primeiro passo para resolver, por exemplo um problema no processo produtivo, devo eu dar ordens ao patrão ? Ou sugestões ? E se ele não tiver abertura, ou pior, não compreender ou aceitar uma opinião de um subordinado com melhor preparação técnica do que ele ?
Editado pela última vez por EALM em 29/8/2008 21:59, num total de 1 vez.
 
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por MarcoAntonio » 29/8/2008 20:28

O problema não é eu por o onus da mudança em quem obedece. O problema é que quem obedece também tem esse onus, o que é diferente.

Tu colocas o onus todo nos gestores, eu não.

É essa a diferença e eu não vejo que a minha visão represente um problema. Bem pelo contrário, entendo que a tua visão é uma manifestação do problema.
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por EALM » 29/8/2008 20:18

O problema é que tu pões o ónus da mudança em quem obedece. Eu ponho em quem decide. Discordamos no "por onde começamos.

O teu primeiro post não respondeu a essa questão, por onde começar.

E olha que o teu exemplo académico de trocar gestores por trabalhadores já aconteceu na prática, numa fábrica do Norte do país. A gestão foi entregue aos trabalhadores e a coisa mudou. Mas podia nao ter mudado, só estou a dizer que há sempre hipótese de fazer melhor, mas que esse efeito é muito mais sentido quando a mudança se dá em lugares de maior decisão.

Marco, se vires as qualificações e preparação de quem dirige as empresas neste país... talvez entendas por que acho urgente qualificar essa gente, de modo a que algo realmente possa mudar.
 
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por MarcoAntonio » 29/8/2008 19:58

EALM Escreveu:Marco, que defendes então ?


EALM, o que eu defendo está muito claro, não vejo que haja necessidade de (re)explicar nada.

Relê o meu primeiro post neste tópico.



EALM Escreveu:Dás a sensação que os gestores nao podem fazer nada, que estão de mãos atadas, que com estes ovos nunca haverá omeletes de qualidade.


Com estes ovos e com estes cozinheiros.

Parece-me mesmo pertinente que releias o que eu escrevi.


EALM Escreveu:Apeteceu-me desabafar, pois sinto todos os dias que há claramente em Portugal um problema grave de gestão do país como um todo.


Eu também sinto que há um problema grave no país.

Mas basta-me sair à rua (e às vezes nem isso) para o descobrir que ele está patente de uma forma bem dissiminada em todo o lado...


EALM Escreveu:Enquanto se disser que o problema é dos Portugueses... isso é um certificado derrotista, é uma coisa que se diz de modo a não se mudar nada.


Não, não é.

É precisamente o oposto.


Culpar os gestores é que é aquilo que descreves. Culpar os gestores esse sim é um modo de não se mudar nada. É uma nova forma de sebastianismo, de passividade absoluta. Não me compete fazer nada, os gestores é que têm de fazer, portanto agora é esperar que venha o Dão Sebastião dos gestores resolver o problema.

Que a minha quota no problema é zero.

Esta, sim, é a forma perfeita de não se mudar nada!



EALM Escreveu:Se isso for verdade... desistamos então, nao há nada a fazer.


Errado. Erradíssimo.

Admitir que somos uma quota parte do problema é o primeiro passo para se fazer alguma coisa!
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por Jesse James » 29/8/2008 19:51

17 Janeiro 2008 | por Nuno Ramos de Almeida

Consideremos como uma menção de Cavaco Silva aos salários dos
executivos de empresas foi recebida em Portugal. Os adjectivos mais
usados: “populista” e “demagógico”. Encontramos também “infeliz” e
“insólito”. Na Quadratura do Círculo da SIC o panorama foi tão
variado como o electrocardiograma de um cadáver: Pacheco Pereira
optou pelo “populista e demagógico”, Lobo Xavier pelo “infeliz e
insólito” e Jorge Coelho achou que “não fazia sentido” falar do
assunto. O presidente foi até acusado de, crime dos crimes, “ter
piscado o olho à esquerda”.

A reacção generalizada foi resumida pelo Jornal de Negócios assim:
“Falar em desproporção salarial é «ceder à demagogia»”. Reparem bem,
não é fazer algo. Não é pensar em fazer. É simplesmente falar do
assunto. Ou, como fez o presidente, “interrogar-se” sobre se seria
“justificada” a diferença entre os salários dos administradores e os
dos colaboradores.

Temos às vezes a impressão errada de que a maioria da opinião
publicada em Portugal é conservadora. Infelizmente, é pior do que
isso: limita-se a ser uma reacção instintiva de protecção do status quo.

***

Curiosamente, é preciso ir à imprensa económica para encontrar uma
cantiga diferente: um editorial do Jornal de Negócios considerou que
a referência de Cavaco Silva “faz todo o sentido”. E onde lemos, já
há bastante tempo, que os administradores do BCP estavam a “ir ao
bolso” dos seus accionistas com os altos salários de que usufruíam?
No Wall Street Journal, nem mais nem menos. Em Portugal seria
impossível escrever com uma clareza destas.

Porém, como revelou um estudo especializado da Mercer, Portugal é o
país da UE em que a diferença salarial é maior: os administradores
ganham trinta e duas vezes mais do que os funcionários, contra quinze
vezes em Espanha, quatorze vezes no Reino Unido e dez na Alemanha. E
isso não é só porque os funcionários ganham pouco: os altos gestores
portugueses ganham os segundos melhores salários da UE, em termos
absolutos, só atrás dos ingleses.

E o que nos dizem a isto os defensores do status quo? Que os
gestores, para serem de qualidade, têm de ser bem pagos. E que os
gestores portugueses têm de ser bem pagos porque a qualidade não
abunda. Sim, é contraditório. Sim, é circular. A conclusão é que os
gestores portugueses têm de ser bem pagos porque sim.

Em 2006 os administradores do BCP receberam 3 milhões de euros de
vencimento, cada um. Entretanto, esses génios da finança destruíram a
credibilidade do banco, perdoaram empréstimos a familiares e amigos
e, só nos últimos seis meses, o banco perdeu um terço do seu valor.
Pior ainda, corre uma investigação por suspeitas de terem enganado a
bolsa criando empresas off-shore para comprar as suas próprias acções.

Pergunto-me se não deveríamos antes contratar gestores alemães, que
ganham menos e não consta que sejam piores nem mais vigaristas. Mas
não quero ser populista nem demagógico. Eu sei que nos EUA toda a
gente faz este debate. Na Alemanha, o governo conservador de Angela
Merkel fala em intervir para tabelar os salários dos gestores. Mas em
Portugal é melhor nem nos interrogarmos: é insólito.
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por EALM » 29/8/2008 19:51

Marco, que defendes então ?
Dás a sensação que os gestores nao podem fazer nada, que estão de mãos atadas, que com estes ovos nunca haverá omeletes de qualidade.

Deverão então os trabalhadores tomar para si a responsabilidade de tomarem eles próprios as decisões em cada empresa? De re-organizar e re-estruturar o seu funcionamento?

Quanto aos problemas que apontas aos Portugueses, lamento que penses isso, pois posso garantir-te que na minha área vários estrangeiros me têm dito, quando vêm a Portugal, que nós somos bastante bons, dos melhores do Mundo e que nas nossas condições de trabalho, etc, que não fariam melhor ou igual com toda a certeza. Temos caracteríscas únicas de adaptação. O Português é imaginativo e "desenrasca-se" com gato se não tiver cão. Em engenharia isso é muito valorizado e mesmo procurado para alguns lugares chave. Tenho amigos na ESA, no CERN, na Eutelsat, etc, e em quase todos os casos vierem cá buscá-los a Portugal, não foram eles que decidiram ir à procura de nada.

Apeteceu-me desabafar, pois sinto todos os dias que há claramente em Portugal um problema grave de gestão do país como um todo. Enquanto se disser que o problema é dos Portugueses... isso é um certificado derrotista, é uma coisa que se diz de modo a não se mudar nada. Se isso for verdade... desistamos então, nao há nada a fazer.
Editado pela última vez por EALM em 29/8/2008 19:53, num total de 1 vez.
 
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por MarcoAntonio » 29/8/2008 19:39

Há pouco atirei a piada dos telemóveis, aqui ficam dados europeus:

http://ec.europa.eu/consumers/cons_info ... /cp_pt.pdf


Em cerca de 30 países europeus, Portugal está em 9º e à frente de países como (note-se bem) Alemanha, França, Espanha e Reino Unido.

Aqui o "empreendorismo" esgota-se a juntar "coroas" para adquirir o último modelo de telemóvel.

Os portugueses adaptam-se muito bem às mudanças quando se trata de novas tecnologias e novas modas (telemóveis, plasmas/lcd's, todos-terreno, etc, etc, etc são por cá um sucesso). Adaptam-se muito mal a medidas administrativas, reorganização do trabalho, etc, etc.



É uma questão de mentalidade e de atitude. Eu continuo na minha (e não estou a ilibar os gestores de nada, note-se bem). Para mim é "tudo" feito da mesma massa.

A única diferença é mesmo o sítio onde estão.
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
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por Jesse James » 29/8/2008 19:35

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por MarcoAntonio » 29/8/2008 19:24

Jesse James Escreveu:Só um pormaior:

Os gestores portugueses estão no topo dos gestores da ue, no que a vencimentos diz respeito.


Não sei se existem estatísticas disso, mas creio que os portugueses estão no topo dos que menos pequenos almoços tomam em casa. Devem ser dos que mais tarde tomam o pequeno almoço e, em percentagem, dos que mais tomam o pequeno almoço durante o horário de trabalho.

Eu não estou a defender os gestores, note-se.

O problema é que Portugal está cheio de portugueses e a maior parte deles não é gestor, passa é o tempo a falar mal dos gestores e não presta a mínima atenção ao que faz (mal).
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por Jesse James » 29/8/2008 19:22

Só um pormaior:

Os gestores portugueses estão no topo dos gestores da ue, no que a vencimentos diz respeito.
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