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Caldeirão da Bolsa

Hedginggggg. Será que isto é chinês?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por V. » 29/5/2008 14:34

Ulisses Pereira Escreveu:Viana, começa a ser hilariante, por isso não resisto a colocar-te uma questão com números concretos.

Compras um contrato a 10 euros. No mês seguinte está a 11. Fechas a tua posição desse mês a 11 e abres uma posição para o mês seguinte a 11,02. Estás exposto a 11, 02 para o mês seguinte? É óbvio que não. Estás exposto a 10 euros, tendo pelo caminho pagado 0,2 euros para continuares a posição.

É este raciocínio básico (pelo menos para quem negoceia activamente no mercado de futuros há 15 anos como eu) que tu não queres entender.


Sim entendo... Ai ainda me das mais razao...

Pois das duas uma:

1- Consideras isso um roll over e entao é como se tivesses sempre o mesmo contrato a ser liquidado daqui a X tempo, e nesse caso nao esta a cobrir toda a tua produçao, mas apenas uma parte (o valor desse contrato)... É como se fosse sempre o mesmo contrato. Quer isto dizer que a cada mes, parte dessa produçao fica sem hedge.

2- Consideras que cada contrato fechado é para cobrir um determinado consumo, fazes um hedge e incorporas logo o ganho, e quando abres outro contrato é para cobrir outro hedge, e nesse caso, todos os meses. Nesse caso estas exposto ao novo preço todos os meses, já que a subida do valor do teu contrato que aconteceu foi utilizada como ganho financeiro para cobrir o hedge.

O teu erro, é que esta a supor que encaixas o ganho do contrato quando o fechas no final desse mes e ao mesmo tempo consideras que para ti nao houve aumento de preços porque mantes o contrato... O que é errado, pois ou mantes o contrato (como sendo o mesmo) e entao nao incorporas o ganho nesse perido, ou fechas o contrato, incoroporas o ganho nesse periodo, e abres outro ao preço de mercado (que é mais alto)....

Mas espera que eu ja te deixo uma imagem
Cordiais cumprimentos,

V.

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por V. » 29/5/2008 14:25

Dwer Escreveu:
V. Escreveu:Errado... O hedge (seja qual for o activo subjacente) apenas protege temporariamente (de acordo com a maturidade do contrato) a empresa de risco com a flutuaçao do preço do activo subjacente... A empresa nao correria risco, se fosse apenas uma situaçao pontual em que iria necessitar daquele activo subjacente... (ex: dado pelo NunoFaustino)... pois nesse caso estava coberta... No entanto, uma empresa em continuidade e com exigencia de consumir esse tal activo subjacente "infinitamente" (ao longo da sua actividade "infinita"), vai chegar a um determinado momento (maturidade do contrato - ou seja, quando termina o hedge) e vai ficar exposta aos preços do mercado. Se abrir novo hedge nesse momento para outro periodo, vai estar a faze-lo ao preço do mercado actual do activo subjacente; se este subiu, vai pagar mais caro.

Resumindo: O Hedge nao mitiga, de forma alguma, a subida do preço continuado do activo subjacente, porque a subida do preço do mercado é independente do hedge, e, mais tarde ou mais cedo, quando o primeiro hedge atingir a maturidade, a empresa vai ter de abrir um novo ao preço de mercado (mais alto nessa altura)... Assim, o hedge, para as empresas em questao e no exercicio proposta, é apenas um delay.


Irra Viana. Quando chega a maturidade do contrato este também incorporou o aumento do subjacente!
A diferença entre a venda do contrato e a compra do contrato seguinte é o prémio temporal do contrato.
É tão difícil de compreender isto?

Se detivesses um contrato de gasolina neste momento e fizesses o rollover poupavas dinheiro.


Dwer.... Nao vou discutir, porque para veres isso basta ires ver o passado, há dados sobre isso concretos, pelo que nao necessitamos de discussoes impiricas.

So te explico o seguinte:

Para facilitar vou considerar o contrato do mes de Julho termina em Julho e o de Agosto em Agosto.

1. O contrato de Julho, por exemplo, acaba em Julho, e por isso incopora, como muito bem dizes, o valor do activo subjacentte... Mas apenas até Julho...
2. Já o contrato de Agosto, por exemplo, acaba em Agosto e por isso incorpora o valor do activo subjacente... mas nesse caso em Agosto.

Logo, o contrato de Agosto pode incorpora mais um mês de expectativas...

Por exemplo, em ciclos de produçao, com o milho a exmplo, o contrato de Julho pode ser substancialente mais baixo do que o de Agosto, porque em Julho espera-se pouca procura até final do mes (fim do contrato) e em Agosto espera-se grande procurta para alimentar porcos... Essa diferença vai-se refletir na diferença de preço entre os dois contratos.

O Fogueiro certamente poderá explicar-te isso melhor.

Nota: A diferença muitas vezes so nao é maior, devido ás tradings que de alguma forma equilibram os preços... Mas como digo, o Fogueiro sabera explicar isso excpecionalmente.
Cordiais cumprimentos,

V.

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por nunofaustino » 29/5/2008 14:23

Dwer Escreveu:A questão é que estar exposto à variação do petróleo, neste momento, para uma companhia de aviação implica risco de falência.
Se fosse a TAP preferia estar seguro com o preço da querosene e não correr o risco de falir a apostar na descida do petróleo correndo o risco de falência.


Mas percebes que fazer o hedge, como está a ser sugerido, é estar a apostar na continuação da subida do petróleo e não estar protegido contra as alterações de preço futuras...

Que faz sentido qdo olhamos para os últimos anos, mas que não fazia sentido se olharmos para o fim da década passada...

E que o mesmo se passa para quem faz negócios com os USA e trabalha com USD...

Um abr
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por Ulisses Pereira » 29/5/2008 14:20

Viana, começa a ser hilariante, por isso não resisto a colocar-te uma questão com números concretos.

Compras um contrato a 10 euros. No mês seguinte está a 11. Fechas a tua posição desse mês a 11 e abres uma posição para o mês seguinte a 11,02. Estás exposto a 11, 02 para o mês seguinte? É óbvio que não. Estás exposto a 10 euros, tendo pelo caminho pagado 0,02 euros para continuares a posição.

É este raciocínio básico (pelo menos para quem negoceia activamente no mercado de futuros há 15 anos como eu) que tu não queres entender.
Editado pela última vez por Ulisses Pereira em 29/5/2008 14:30, num total de 1 vez.
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por Dwer » 29/5/2008 14:18

nunofaustino Escreveu:Ulisses...
consegue estimar... mas estaria numa situação muito complicada se o preço do petróleo invertesse.
Imagina a TAP a fazer o hedge hoje (com o petróleo a 130). Estabelece que o preço de custo de uma viagem para NY (avião 90%) é de 300€, sendo que 100€ são o valor do petróleo.
Imagina que a Iberia não fez o hedge, e que a estrutura de custos é exactamente igual ao da TAP.
Daqui a 5 meses o petróleo está a 65USD.
O preço de custo para a TAP é igual (o preço do petróleo está fixo nos 130USD) mas para a Ibéria baixou 50€, pois os gastos com petróleo baixaram para metade.
Deste modo, a Ibéria conseguirá encher o avião (pois terá preços mais baixos) enquanto a Tap terá apenas 80% da ocupação dos aviões (10% foram para a Ibéria).
Com o hedge feito sem a receita ter sido garantida, o hedge não está bem feito e estás melhor se não fizeres hedge, pois garantes as mesmas condições para ti e para os teus concorrentes. caso o hedge seja feito como sugeres, estás a arriscar que o preço do petróleo irá continuar a subir.
Um abr
Nuno


A questão é que estar exposto à variação do petróleo, neste momento, para uma companhia de aviação implica risco de falência.
Se fosse a TAP preferia estar seguro com o preço da querosene e não correr o risco de falir a apostar na descida do petróleo correndo o risco de falência.
Abraço,
Dwer

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por Dwer » 29/5/2008 14:13

V. Escreveu:Errado... O hedge (seja qual for o activo subjacente) apenas protege temporariamente (de acordo com a maturidade do contrato) a empresa de risco com a flutuaçao do preço do activo subjacente... A empresa nao correria risco, se fosse apenas uma situaçao pontual em que iria necessitar daquele activo subjacente... (ex: dado pelo NunoFaustino)... pois nesse caso estava coberta... No entanto, uma empresa em continuidade e com exigencia de consumir esse tal activo subjacente "infinitamente" (ao longo da sua actividade "infinita"), vai chegar a um determinado momento (maturidade do contrato - ou seja, quando termina o hedge) e vai ficar exposta aos preços do mercado. Se abrir novo hedge nesse momento para outro periodo, vai estar a faze-lo ao preço do mercado actual do activo subjacente; se este subiu, vai pagar mais caro.

Resumindo: O Hedge nao mitiga, de forma alguma, a subida do preço continuado do activo subjacente, porque a subida do preço do mercado é independente do hedge, e, mais tarde ou mais cedo, quando o primeiro hedge atingir a maturidade, a empresa vai ter de abrir um novo ao preço de mercado (mais alto nessa altura)... Assim, o hedge, para as empresas em questao e no exercicio proposta, é apenas um delay.


Irra Viana. Quando chega a maturidade do contrato este também incorporou o aumento do subjacente!
A diferença entre a venda do contrato e a compra do contrato seguinte é o prémio temporal do contrato.
É tão difícil de compreender isto?

Se detivesses um contrato de gasolina neste momento e fizesses o rollover poupavas dinheiro.
Abraço,
Dwer

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por nunofaustino » 29/5/2008 14:13

Ulisses...

consegue estimar... mas estaria numa situação muito complicada se o preço do petróleo invertesse.

Imagina a TAP a fazer o hedge hoje (com o petróleo a 130). Estabelece que o preço de custo de uma viagem para NY (avião 90%) é de 300€, sendo que 100€ são o valor do petróleo.

Imagina que a Iberia não fez o hedge, e que a estrutura de custos é exactamente igual ao da TAP.

Daqui a 5 meses o petróleo está a 65USD.

O preço de custo para a TAP é igual (o preço do petróleo está fixo nos 130USD) mas para a Ibéria baixou 50€, pois os gastos com petróleo baixaram para metade.

Deste modo, a Ibéria conseguirá encher o avião (pois terá preços mais baixos) enquanto a Tap terá apenas 80% da ocupação dos aviões (10% foram para a Ibéria).

Com o hedge feito sem a receita ter sido garantida, o hedge não está bem feito e estás melhor se não fizeres hedge, pois garantes as mesmas condições para ti e para os teus concorrentes. caso o hedge seja feito como sugeres, estás a arriscar que o preço do petróleo irá continuar a subir.

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por V. » 29/5/2008 14:12

Mais:

Existe um ponto de optimização para um hedge:

:arrow: O hedge só "rende" quando a variação é maior que o custo de ter o hedge (capital, oportunidade).

Acontece que se fizerem um hedge para todo o consumo de um largo período de tempo, o risco de a variação ser menor que o custo do hedge aumenta exponencialmente.

Quanto maior o período de tempo (e consequentemente ao consumo) menos viável é o hedge e maior é o risco de o custo ser maior que a variação.

Para alem disso, repito, passado esse tempo a empresa torna a estar exposta.

Ulisses, quanto a disseres que repito incansavelmente, eu apenas tenho apresentado o meu ponto de vista, que é discordante do teu pelas varias razoes apresentadas... Mas estou convencido se pensar calmamente no assunto e longe da ideia preconcebida que fizeste sobre o assunto, vais perceber isso rapidamente. Podes é não querer fazer isso, mas, pronto... Sao estilos que respeito.. :wink:

Em todo o caso, acho que fizeste bem abrir essa discussão, pois foi interessante e obrigado por me teres permitido participar e responderes.

Como penso que já foi tudo dito.. Agora resta que outros acrescentem opiniões... :-)
Editado pela última vez por V. em 29/5/2008 14:17, num total de 1 vez.
Cordiais cumprimentos,

V.

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por Ulisses Pereira » 29/5/2008 14:11

Isso é falso. Mas não vou continuar contigo a dizer que sim e comigo a dizer que não. Já apresentei os meus argumentos e tu os teus, apenas os estás a repetir incessantemente como é teu hábito.

Um abraço,
Ulisses
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por V. » 29/5/2008 14:09

Ulisses Pereira Escreveu:O hedging (seja cambial seja sobre uma mercadoria, seja o que for) tem apenas um objectivo: Evitar que uma empresa que funcione bem, sofra na pele a variação de um preço que ela não controla. O objectivo é mesmo não ter que se jogar no totoloto. O objectivo é que a empresa possa continuar a trabalhar bem sem ter que se preocupar sobre a evolução desse preço. Tem custos? Tem. Marginais face ao potencial de destruição que andar neste mercado sem "hedging" tem.

Um abraço,
Ulisses


Errado... O hedge (seja qual for o activo subjacente) apenas protege temporariamente (de acordo com a maturidade do contrato) a empresa de risco com a flutuaçao do preço do activo subjacente... A empresa nao correria risco, se fosse apenas uma situaçao pontual em que iria necessitar daquele activo subjacente... (ex: dado pelo NunoFaustino)... pois nesse caso estava coberta... No entanto, uma empresa em continuidade e com exigencia de consumir esse tal activo subjacente "infinitamente" (ao longo da sua actividade "infinita"), vai chegar a um determinado momento (maturidade do contrato - ou seja, quando termina o hedge) e vai ficar exposta aos preços do mercado. Se abrir novo hedge nesse momento para outro periodo, vai estar a faze-lo ao preço do mercado actual do activo subjacente; se este subiu, vai pagar mais caro.

Resumindo: O Hedge nao mitiga, de forma alguma, a subida do preço continuado do activo subjacente, porque a subida do preço do mercado é independente do hedge, e, mais tarde ou mais cedo, quando o primeiro hedge atingir a maturidade, a empresa vai ter de abrir um novo ao preço de mercado (mais alto nessa altura)... Assim, o hedge, para as empresas em questao e no exercicio proposta, é apenas um delay.
Cordiais cumprimentos,

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por Dwer » 29/5/2008 14:05

Fogueiro Escreveu:O hedge só é óbvio para as tradings, que não produzem nem consomem commodities.
Quando fecham uma venda a um preço fixo para determinada data, têm de se cobrir para a mesma data de entrega: se o físico sobe recuperam a perda quando comprarem este, com o ganho nos futuros e vice-versa.
Quanto aos produtores e consumidores, já é uma aposta muitas vezes perdedora.

Um exemplo recente é o da mineira de ouro peruana Buenaventura (BVN) que desfez os seus hedges, quando o ouro estava bastante acima de $900 e muitos diziam que ia ultrapassar os $1.000 e não pararia de subir.

Transcrevo uma parte do que me foi respondido pelo meu amigo Manuel Romero, que é um dos mais importantes traders da bolsa de Lima, Peru:
Si se ingresa al portal del Mercado de Valores Peruano (facilmente ubicable en Google) y se busca en los hechos de importancia de Buenaventura se encontrará la información que dicha compañía ha eliminado el componente de precio fijo para 782,000 onzas de oro del libro de coberturas a entregarse en los años 2010 a 2012. Esta transacción ha significado un pago de US$ 434 millones financiados mediante endeudamiento. De esta manera se elimina por completo el componente de precio fijo de todas las operaciones de venta de oro. Roque me explicó que antes de esta operación ellos se habían comprometido a entregar la onza de oro a algo más de US $ 400 la onza de oro, pero que lograron eliminar esa obligación al rescatar dicho contrato pagando el equivalente de casi US $ 900 la onza de oro. Por lo que si pagaron casi $900 por onza es porque creen que el oro va a subir más de ese nivel!!!. . Esta operación contó con la aprobación de los principales accionistas de la minera (importantes fondos de pensiones y de inversión internacionales) , y luego de concretar esa operación las acciones de buenaventura experimentaron una importante alza, evidenciando el acuerdo del mercado con la operación efectuada.


Depois disso o ouro caiu bastante (veio aos $850 e está agora pelos $890) e esta operação revelou-se errada.

Quanto ao crude, olhando para traz, alguns hedges dos consumidores (p ex TAP) teriam sido positivos, mas isso é um pouco como jogar no Totobola à 2ª feira.

Sim Fogueiro, mas estamos a falar de empresas para as quais o consumo de combustíveis não é o seu negócio.

O que se procura é fazer um plano de negócios em que o consumo de combustíveis seja neutro para o negócio em termos de preço.

No caso que apresentei: se a gasolina descer de preço o dinheiro perdido no contrato de futuros é recuperado na bomba. E só parte dele tem que ser depositado na corretora para cumprir a margem. Isto é, se o preço da gasolina evoluír favoravelmente para o negócio, se descer, os ganhos na bomba equlibram as perdas no contrato de futuros.

O custo do 'seguro' é que sobe. E mesmo este custo é só o custo de oportunidade. O que custa ter o dinheiro empatado em margem vs o que se ganharia no banco.
Abraço,
Dwer

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por Ulisses Pereira » 29/5/2008 14:03

Nuno, mal era se uma companhia aérea no início do ano não conseguisse estimar o valor de combustível que vai utilizar durante o ano....

Quantas companhias aéreas estão em risco de falência?

Um abraço,
Ulisses
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por nunofaustino » 29/5/2008 14:01

E não só.

Imagina que fixavas o preço do petróleo para o ano inteiro a 120USD/barril.

Se o preço subisse, estarias em vantagem relativamente aos teus competidores (que comprariam o petróleo mais caro e por isso seriam menos competitivos).

Mas se o petróleo descesse, estarias em desvantagem relativamente aos teus competidores que não fizeram o hedge, pois eles estariam numa posição em que poderiam baixar os preços mais do que tu.

Por isso é que só faz sentido fazer hedge qdo fechaste o negócio e estabeleceste o preço de venda (e podes então estabelecer o preço de custo). Se fizeres o hedge sem teres fechado o preço de venda, estás a fixar o teu preço de custo, mas não o de venda.

Imagina, por exemplo, as companhias aéreas. Imagina uma empresa que feche o preço do petróleo a 130USD para os próximos 10 anos.

Se daqui a 1 ano o petróleo estiver a 100USD, as outras empresas estão a pagar menos 30USD por cada barril de petróleo. Ou seja, podem passar essa poupança para os consumidores finais e vender os bilhetes mais baratos.

Se daqui a 1 ano o petróleo estiver a 200USD, tu estarias em gd vantagem relativamente às outras, pois poderias passar os 70USD/barril para os passageiros.

Este é um exemplo porque é tão difícil fazer o hedge numa indústria como a aviação, em que grande parte das vendas ocorre muito perto da viagem, e por isso não se pode fazer o hedge com antecipação (caso contrário podem ficar com um custo elevado).

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por Ulisses Pereira » 29/5/2008 14:01

O hedge é apenas um delay desse efeito.


Não é "delay nenhum". Podes ficar com o teu risco completamente coberto. Completamente. Desde que pagues um preço.

Claro que para uma empresa normal não fará muito sentido. Mas para uma transportadora, por exemplo, é puro suicídio laborar sem este tipo de "hedging".
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por Ulisses Pereira » 29/5/2008 14:00

O hedging (seja cambial seja sobre uma mercadoria, seja o que for) tem apenas um objectivo: Evitar que uma empresa que funcione bem, sofra na pele a variação de um preço que ela não controla. O objectivo é mesmo não ter que se jogar no totoloto. O objectivo é que a empresa possa continuar a trabalhar bem sem ter que se preocupar sobre a evolução desse preço. Tem custos? Tem. Marginais face ao potencial de destruição que andar neste mercado sem "hedging" tem.

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por V. » 29/5/2008 14:00

Ulisses Pereira Escreveu:Um roll over não é mais do que estares a pagar a diferença (nessa altura, sublinhe-se) para o contrato do mês seguinte. Estamos a falar de um valor equivalente à taxa de juro mensal. Marginal.

Mas se não percebes bem o mecanismo dos roll overs, faz o mesmo raciocínio sem roll-overs, ou seja, vendendo sempre no último dia um contrato e comprando um contrato do mês seguinte. Fica apenas um bocadinho mais caro mas facilita-te as contas...


Ullises, sem perfeitamente bem o que é um roll over e qual o mecanismo ou principio dos mesmos...

O valor do contracto seguinte, funciona, essencialmente, com base nas espectativas face ao valor temporal do mesmo... Dito de outra forma, a expectativa dos intervenientes no mercado do preço que estara o valor do contrato na sua data de exercicio. Actualmente a diferença entre um contrato corrente eo seguinte, no crude, nao chega a 0.20 centimos... Mas já cheguei a ver diferenças de 1USD... O que é bem maior do que taxas de juro...

Mas a questao nem é saber o que é um roll over ou nao, pois penso que aqui todos sabem o que é um roll over e que isso é possivel, automaticamente, ou vendendo o actual e comprando o futuro (apesar de todas as implicaçoes que isso tem no equlibrio entre a oferta e procura)...

A questao é que o roll over para o exercio pretendido nao faz nenhum sentido sequer ser mencionado... E, da forma que o Dwer apresentou, é completamente errado, pois nao esta a fazer o hedge parta a produçao pretendida mas acim para 1/12 considernado um ano e periodos de 1 mes.

Depois, é que um hedge nao protegen infinitamente... quer isto dizer que, mais tarde ou mais cedo, a subida do petroleo vai acabar po afetar as empresas... O hedge é apenas um delay desse efeito.
Cordiais cumprimentos,

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por Fogueiro » 29/5/2008 13:56

O hedge só é óbvio para as tradings, que não produzem nem consomem commodities.
Quando fecham uma venda a um preço fixo para determinada data, têm de se cobrir para a mesma data de entrega: se o físico sobe recuperam a perda quando comprarem este, com o ganho nos futuros e vice-versa.
Quanto aos produtores e consumidores, já é uma aposta muitas vezes perdedora.

Um exemplo recente é o da mineira de ouro peruana Buenaventura (BVN) que desfez os seus hedges, quando o ouro estava bastante acima de $900 e muitos diziam que ia ultrapassar os $1.000 e não pararia de subir.

Transcrevo uma parte do que me foi respondido pelo meu amigo Manuel Romero, que é um dos mais importantes traders da bolsa de Lima, Peru:
Si se ingresa al portal del Mercado de Valores Peruano (facilmente ubicable en Google) y se busca en los hechos de importancia de Buenaventura se encontrará la información que dicha compañía ha eliminado el componente de precio fijo para 782,000 onzas de oro del libro de coberturas a entregarse en los años 2010 a 2012. Esta transacción ha significado un pago de US$ 434 millones financiados mediante endeudamiento. De esta manera se elimina por completo el componente de precio fijo de todas las operaciones de venta de oro. Roque me explicó que antes de esta operación ellos se habían comprometido a entregar la onza de oro a algo más de US $ 400 la onza de oro, pero que lograron eliminar esa obligación al rescatar dicho contrato pagando el equivalente de casi US $ 900 la onza de oro. Por lo que si pagaron casi $900 por onza es porque creen que el oro va a subir más de ese nivel!!!. . Esta operación contó con la aprobación de los principales accionistas de la minera (importantes fondos de pensiones y de inversión internacionales) , y luego de concretar esa operación las acciones de buenaventura experimentaron una importante alza, evidenciando el acuerdo del mercado con la operación efectuada.


Depois disso o ouro caiu bastante (veio aos $850 e está agora pelos $890) e esta operação revelou-se errada.

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por Dwer » 29/5/2008 13:54

eheh, este é um problema recorrente dos portugueses.
Quem ler este post vai ficar com dúvidas.
É irrelevante que uns saibam do que estão a falar e os outros não.

Quem está a expor pode ser a autoridade mais eminente da área. Pode ser Deus até. Mas para a história do post a sua opinião vale tanto como a do ignorante que passeia por perto e decide desatar a gritar 'esse gajo não percebe nada disto! isso não é nada assim...!'

acho que foi um filósofo grego que disse: quando um sábio fala para uma assembleia de loucos, o louco é ele.
Abraço,
Dwer

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por Dwer » 29/5/2008 13:45

O problema de que ninguém falou ainda é se a gasolina desce. Se descer muito e só tiveres na conta de futuros os cinco mil e tal dólares, recebes uma margin call.

Por isso devemos considerar sempre ter uma margem mais substancial que a requerida.
Abraço,
Dwer

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por Ulisses Pereira » 29/5/2008 13:43

Um roll over não é mais do que estares a pagar a diferença (nessa altura, sublinhe-se) para o contrato do mês seguinte. Estamos a falar de um valor equivalente à taxa de juro mensal. Marginal.

Mas se não percebes bem o mecanismo dos roll overs, faz o mesmo raciocínio sem roll-overs, ou seja, vendendo sempre no último dia um contrato e comprando um contrato do mês seguinte. Fica apenas um bocadinho mais caro mas facilita-te as contas...
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por Dwer » 29/5/2008 13:40

V. Escreveu:1- Nem todos os contractos permitem o roll over automatico. (o crude é um exemplo)


Isso é irrelevante. Fechas o contrato existente e abres um novo contrato para o mês seguinte.

V. Escreveu:2- O roll over para o mes seguinte incorpora sempre a subida de preço - sabes bem isso - dai a curva


O contrato que deténs também incorporou a subida de preços. O que pagas é o prémio temporal do futuro do mês seguinte, que é insignificante. Já dei o exemplo da gasolina que neste momento está mais barata para julho do que para junho.

V. Escreveu:3- Se esta sempre com o mesmo contrato a rollar, nao estas a cobrir a totalidade da produçao, mas apenas o respeitante a esse contrato, o que é ate um contrasenso rolar e nao escolher uma maturidade mais longa.


No exemplo que dei para a gasolina estou a cobrir o consumo de gasolina para um ano.
Abraço,
Dwer

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por V. » 29/5/2008 13:34

Ulisses Pereira Escreveu:Não vai nada. Basta ir fazendo roll overs. Se já negociaste futuros, deves saber o que é isso...


1- Nem todos os contractos permitem o roll over automatico. (o crude é um exemplo)
2- O roll over para o mes seguinte incorpora sempre a subida de preço - sabes bem isso - dai a curva
3- Se esta sempre com o mesmo contrato a rollar, nao estas a cobrir a totalidade da produçao, mas apenas o respeitante a esse contrato, o que é ate um contrasenso rolar e nao escolher uma maturidade mais longa.

Ou seja, o roll over aqui é completmente non sense porque nao se aplica ao racioncio pretendido.
Cordiais cumprimentos,

V.

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por Dwer » 29/5/2008 13:29

tatanka Escreveu:
Dwer Escreveu:
tatanka Escreveu:O erro no raciocinio do Dwer, parece-me claro:

"A partir daqui só tem que fazer o rollover do contrato antes da sua maturidade, o que é um custo marginal. "


Como assim?


Dwer, tu quando fazes rollover de um futuro, nao pagas apenas a comissao. Isso é que era bom.

No custo do rollover, vais ter q "levar" com o aumento do crude.

O ideal, seria a empresa ter um plano de longo prazo, com uma estimativa de consumos de combustivel, digamos a 10 anos, e comprar um futuro a 10 anos.
Mas provavelmente, estas estimativas são dificeis de fazer, e os custos envolvidos no hedging dificeis de suportar.


Desculpa Tatanka, mas nem tu nem o V. estão a ver bem a coisa e isso parece-me significar uma coisa. Nunca negociaram futuros ou nunca fizeram rollovers.

Imagina que abres agora um contrato longo de Junho de gasolina a 3.489. Podes fazer já o rollover se quiseres. O contrato de Julho está a 3.380 e o de Agosto a 3.405. Se o fizesse até ficavas numa posição mais favorável do que com o contrato de Junho, vê lá.

Mas vamos admitir que os preços sobem. O facto é que sobem para o contrato do mês seguinte mas também para o contrato que deténs. Quando chega a maturidade só pagas o prémio temporal do contrato de futuros que é insignificante.
Abraço,
Dwer

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por V. » 29/5/2008 13:25

nunofaustino Escreveu:eu acho que faz sentido fazer este hedging qdo assinamos um contracto de prestação de serviços por algum tempo...

se assinas um contrato de transporte de mercadoria daqui para a Polónia em que vais fazer 50 viagens de ida e volta por semana durante 1 ano, faz sentido fechar o preço para o ano todo e comprar futuros de petróleo (a principal variável) para eliminar o risco de alta do petróleo.

isto poderia não fazer sentido até 2 anos atrás, mas hoje em dia faz todo o sentido.

De igual modo, se te comprometes a vender um produto a XUSD/unidade, faz sentido fazeres um hedge contra a desvalorização do USD (pois vais comprar as matérias primas em € e vender em USD).

Na mho, não faz sentido fazer hedge para toda a produção, pois estás a estabelecer o teu preço de custo sem estabelecer o teu preço de venda (e no futuro podes estar em vantagem ou desvantagem perante os teus concorrentes).

Um abr
Nuno


POrra... É isso mesmo... Até que enfim...

Nuno, obrigado, acho que foste clarissimo.¨

Mas tem mais... que é o custo para periodos muito longos e para TODA uma produçao... Para alem de que, no fim, a empresa vai ser ter de comprar o produto, para o proximo perido (nem que sejam 100 anos) ao preço nessa altura... Ou seja, o preço da subida do petroleo (se falarmos nisso) vai, mais tarde ou mais cedo, afectar a empresa.

O hedge é apenas um delay... :-)
Cordiais cumprimentos,

V.

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por V. » 29/5/2008 13:24

tatanka Escreveu:
Dwer Escreveu:
tatanka Escreveu:O erro no raciocinio do Dwer, parece-me claro:

"A partir daqui só tem que fazer o rollover do contrato antes da sua maturidade, o que é um custo marginal. "


Como assim?


Dwer, tu quando fazes rollover de um futuro, nao pagas apenas a comissao. Isso é que era bom.

No custo do rollover, vais ter q "levar" com o aumento do crude.

O ideal, seria a empresa ter um plano de longo prazo, com uma estimativa de consumos de combustivel, digamos a 10 anos, e comprar um futuro a 10 anos.
Mas provavelmente, estas estimativas são dificeis de fazer, e os custos envolvidos no hedging dificeis de suportar.



E para que o Rollover... Nao interessa, para isso comprava com uma maturidade mais longa...

Porra... O que é dificil entender.

Vamos la ver.

1- Uma empresa que consuma 1.000 barris por mes, ao fim de um ano sao 12.000 barris. Certo?
2- Logo ou faz um hedge para os 12.000 barris a contrato de um ano, e cobre inteiramente o risco para esse ano.
3- Ou faz um hedge mensal para 1.000 e so esta a cobrir o risco a cada mes.
4- Ou faz um hedge mensal para 12.000 barris e rola todos os meses.

Qual rollover?

Vejam o rollover que o Dwer e o Ulisses fala (considerando o consumo de 1.000 barris por mes durante 12 meses):

1- Faz um hedge de 1.000 barris num mes.
2- No mes seguinte rola esse contrato (de 1.000 barris) para o mes sguinte (e mais... no crude nao é possivel rolar e o contracto seguinte é mais caro, mas nem consideramos isso).
3- No mes seguitne rola novamente o contraro para o mes seguinte...
4- ... e por ai fora até os 12 meses.

O que acontece, é que a gestao so cobriu 1.000 barris neste periodo todo e nao 12.000 barris.

Mas eu dou por encerrado isto aqui... POis acho que voces sao inteligentes suficientes para pensar e verem o obvio.
Cordiais cumprimentos,

V.

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