Galp...
offshore Escreveu:Olá!
Como é a minha primeira intervenção desde já apresento os meus cumprimentos a todos os participantes, com os quais tenho aprendido muitas coisas interessantes nos últimos tempos.
Não sei muito sobre bolsa, no entanto sei algumas coisas sobre o negócio do petróleo que gostava de partilhar pois tenho a sensação que, aquando da divulgação das notícias relativas às descobertas de novos poços, nem todos aqui parecem entender o alcance das mesmas.
Vamos então por partes. Fui durante cerca de dez anos colaborador de uma empresa do então grupo Petrogal e, na primeira metade da década de 90 participei em diversas operações de importação de crude do Golfo Pérsico (Arábia Saudita, Irão) e de Nafta Química e Gás Natural de países do Norte de África (Argélia, Líbia, Egipto). Neste momento a minha ocupação é diferente, no entanto julgo que o know how adquirido ainda é válido.
Neste fórum (melhor dizendo, neste tópico Galp) tenho lido todos os dias uma descrença ou desconfiança relativamente aos valores alcançados em bolsa. Expressões como "tenho medo de entrar", "ainda está cara" ou "entro quando corrigir" são uma constante.
Comecemos então pelo preço. Está cara em relação a quê? Ao preço a que foi disponibilizada aos investidores? Certamente que sim. No entanto nessa altura a Galp não explorava poços de petróleo... Está cara em relação às outras empresas cotadas? Pois está, mas há mais alguma que tenha descoberto reservas de crude? Não me parece. Verifiquem o Ibex35 e digam-me quantas cotam abaixo dos 20 Euros... A Galp não tem dimensão ibérica?
Mudando de assunto, imaginem uma empresa que importa a sua "matéria prima" a 90USD o barril (sem contar com o transporte) e apresenta centenas de milhões de euros de lucro. Agora imaginem que a mesma empresa passa a produzir a sua própria matéria prima a um custo de cerca de 15USD por barril...
Imaginem uma empresa que, para ter a sua matéria prima, tem que a "encomendar" do Golfo Pérsico, afretando anualmente alguns VLCC's (very large crude carriers) ao custo diário de 20 000/25 000 USD diários (spot market) para uma viagem de cerca de 30 dias (de Sines para o Golfo a viagem é feita pelo Canal do Suez, na viagem de regresso o navio carregado já não passa e tem que vir à volta de África). Agora imaginem a mesma empresa a carregar no offshore Brasileiro com viagem de meia dúzia de dias para Sines ou Leixões (refinarias Galp)...
Um dos comentários aqui deixados há poucos dias referia-se à profundidade dos furos realizados (águas profundas) e à distância da costa (cerca de 200km). Em primeiro lugar há que dizer que a maior parte das explorações offshore actualmente em produção situam-se em águas profundas. Isto por duas razões que estão interligadas. A tecnologia permite fazê-lo de forma rentável e o preço a que está o crude aumenta as margens de lucro. Por outro lado, as explorações em shallow water começam a escassear. Há cinco anos atrás, com o crude abaixo dos 30 USD não haveria Tupi's para ninguém...
Também as tecnologias existentes actualmente permitem a exploração simultânea de diversos furos separados geograficamente a partir da mesma plataforma, diminuindo consideravelmente os custos.
E esta questão leva-nos a outra. Porque é que há um "boato" a referir a existência de diversas vastas reservas por explorar? Porque na verdade, parte delas já há muito foram descobertas mas só agora (devido ao preço do crude) se tornam rentáveis explorar. As actuais tecnologias de análise e interpretação de perfis sísmicos tornam possível dizer com alto grau de probabilidade se há ou não petróleo em determinada zona... o furo é mesmo só para confirmar.
Já agora, lembrem-se que, do ponto de vista geológico, não basta haver condições para a formação do petróleo (processo que leva milhões de anos a ocorrer). É necessário que haja retenção do mesmo dentro do manto, senão acaba por migrar ou dispersar. Façam agora este exercício; peguem num mapazinho e "colem" a América do Sul com África (como era o mundo há uns milhõezinhos de anos atrás, antes da cordilheira oceânica ter separado as placas tectónicas) e vejam quem está lá ao lado... Angola. E o que há em Angola? Petróleo. Muito. E as mesmas condições geológicas dum lado e doutro do Atlântico.
Quanto aos 200km da costa devo lembrar que o crude não tem que ser transportado para terra no Brasil. O habitual nestas circunstâncias é que, após o primeiro furo, seja posicionado um FPSO (Floating Production, Storage and Offloading) que normalmente é um VLCC adaptado a fazer a produção e armazenagem temporária e onde outros navios vêm carregar.
Um ex-colega e ainda amigo que está actualmente a trabalhar no offshore brasileiro num cargo de responsabilidade numa empresa subcontratada pela Petrobrás teve comigo há dias uma conversa bastante esclarecedora relativamente à exploração e produção de petróleo no Brasil, confirmando-me diversas idéias que já tinha. Aos que se perguntam porque é que as outras empresas do consórcio não têm o mesmo comportamento "desenfreado" em bolsa, lembro que as mesmas já fazem exploração e produção há muito tempo e, por isso, a descoberta de novas jazidas é quase business as usual, ao contrário da Galp que, até agora, tinha zero de produção própria.
Já agora lembro que, apesar da euforia, estamos ainda só no princípio das mais que prováveis "descobertas" da Galp nos vários blocos a que tem direito. E não se esqueçam que o parceiro é a Petrobrás, empresa Brasileira... não estão a ver a Petrobrás a comprar blocos "secos" ao governo Brasileiro pois não?...
Cumprimentos a todos e, para os mais descrentes ou menos corajosos deixo uma dica: o melhor ainda está por vir
Não há dúvidas que explicações destas são de enorme utilidade e ajudam a compreender as expectativas na Galp e a sua subida. Parabéns e obrigado Offshore. No entanto é preciso ser racional e pensar que todas as subidas têm limites e no caso da Galp ainda não se sabe bem qual será




offshore Escreveu:Olá!
Como é a minha primeira intervenção desde já apresento os meus cumprimentos a todos os participantes, com os quais tenho aprendido muitas coisas interessantes nos últimos tempos.
Não sei muito sobre bolsa, no entanto sei algumas coisas sobre o negócio do petróleo que gostava de partilhar pois tenho a sensação que, aquando da divulgação das notícias relativas às descobertas de novos poços, nem todos aqui parecem entender o alcance das mesmas.
Vamos então por partes. Fui durante cerca de dez anos colaborador de uma empresa do então grupo Petrogal e, na primeira metade da década de 90 participei em diversas operações de importação de crude do Golfo Pérsico (Arábia Saudita, Irão) e de Nafta Química e Gás Natural de países do Norte de África (Argélia, Líbia, Egipto). Neste momento a minha ocupação é diferente, no entanto julgo que o know how adquirido ainda é válido.
Neste fórum (melhor dizendo, neste tópico Galp) tenho lido todos os dias uma descrença ou desconfiança relativamente aos valores alcançados em bolsa. Expressões como "tenho medo de entrar", "ainda está cara" ou "entro quando corrigir" são uma constante.
Comecemos então pelo preço. Está cara em relação a quê? Ao preço a que foi disponibilizada aos investidores? Certamente que sim. No entanto nessa altura a Galp não explorava poços de petróleo... Está cara em relação às outras empresas cotadas? Pois está, mas há mais alguma que tenha descoberto reservas de crude? Não me parece. Verifiquem o Ibex35 e digam-me quantas cotam abaixo dos 20 Euros... A Galp não tem dimensão ibérica?
Mudando de assunto, imaginem uma empresa que importa a sua "matéria prima" a 90USD o barril (sem contar com o transporte) e apresenta centenas de milhões de euros de lucro. Agora imaginem que a mesma empresa passa a produzir a sua própria matéria prima a um custo de cerca de 15USD por barril...
Imaginem uma empresa que, para ter a sua matéria prima, tem que a "encomendar" do Golfo Pérsico, afretando anualmente alguns VLCC's (very large crude carriers) ao custo diário de 20 000/25 000 USD diários (spot market) para uma viagem de cerca de 30 dias (de Sines para o Golfo a viagem é feita pelo Canal do Suez, na viagem de regresso o navio carregado já não passa e tem que vir à volta de África). Agora imaginem a mesma empresa a carregar no offshore Brasileiro com viagem de meia dúzia de dias para Sines ou Leixões (refinarias Galp)...
Um dos comentários aqui deixados há poucos dias referia-se à profundidade dos furos realizados (águas profundas) e à distância da costa (cerca de 200km). Em primeiro lugar há que dizer que a maior parte das explorações offshore actualmente em produção situam-se em águas profundas. Isto por duas razões que estão interligadas. A tecnologia permite fazê-lo de forma rentável e o preço a que está o crude aumenta as margens de lucro. Por outro lado, as explorações em shallow water começam a escassear. Há cinco anos atrás, com o crude abaixo dos 30 USD não haveria Tupi's para ninguém...
Também as tecnologias existentes actualmente permitem a exploração simultânea de diversos furos separados geograficamente a partir da mesma plataforma, diminuindo consideravelmente os custos.
E esta questão leva-nos a outra. Porque é que há um "boato" a referir a existência de diversas vastas reservas por explorar? Porque na verdade, parte delas já há muito foram descobertas mas só agora (devido ao preço do crude) se tornam rentáveis explorar. As actuais tecnologias de análise e interpretação de perfis sísmicos tornam possível dizer com alto grau de probabilidade se há ou não petróleo em determinada zona... o furo é mesmo só para confirmar.
Já agora, lembrem-se que, do ponto de vista geológico, não basta haver condições para a formação do petróleo (processo que leva milhões de anos a ocorrer). É necessário que haja retenção do mesmo dentro do manto, senão acaba por migrar ou dispersar. Façam agora este exercício; peguem num mapazinho e "colem" a América do Sul com África (como era o mundo há uns milhõezinhos de anos atrás, antes da cordilheira oceânica ter separado as placas tectónicas) e vejam quem está lá ao lado... Angola. E o que há em Angola? Petróleo. Muito. E as mesmas condições geológicas dum lado e doutro do Atlântico.
Quanto aos 200km da costa devo lembrar que o crude não tem que ser transportado para terra no Brasil. O habitual nestas circunstâncias é que, após o primeiro furo, seja posicionado um FPSO (Floating Production, Storage and Offloading) que normalmente é um VLCC adaptado a fazer a produção e armazenagem temporária e onde outros navios vêm carregar.
Um ex-colega e ainda amigo que está actualmente a trabalhar no offshore brasileiro num cargo de responsabilidade numa empresa subcontratada pela Petrobrás teve comigo há dias uma conversa bastante esclarecedora relativamente à exploração e produção de petróleo no Brasil, confirmando-me diversas idéias que já tinha. Aos que se perguntam porque é que as outras empresas do consórcio não têm o mesmo comportamento "desenfreado" em bolsa, lembro que as mesmas já fazem exploração e produção há muito tempo e, por isso, a descoberta de novas jazidas é quase business as usual, ao contrário da Galp que, até agora, tinha zero de produção própria.
Já agora lembro que, apesar da euforia, estamos ainda só no princípio das mais que prováveis "descobertas" da Galp nos vários blocos a que tem direito. E não se esqueçam que o parceiro é a Petrobrás, empresa Brasileira... não estão a ver a Petrobrás a comprar blocos "secos" ao governo Brasileiro pois não?...
Cumprimentos a todos e, para os mais descrentes ou menos corajosos deixo uma dica: o melhor ainda está por vir
excelente análise ... parabéns
uma questão : a recente descoberta de petróleo leve no manto do sal em Santos, acaba por ser uma melhor noticia para o consórico em geral e para a Galp em particular, uma vez que estaremos a falar de petroleo com reduzidos custos de refinição, ao contrário do que foi "descobero" no Tupi, verdade ?
segundo sei, corrige-me se estou errado, 1 dos problemas de que o Brasil "sofre", apesar destas descobertas, é a falta de capacidade de refinação, obrigando-o a importar uma grande % do petróleo que consome
Outra questão que se coloca na Galp é a das mais valias. Ajudem a pensar, por favor.
Se eu estiver com Galp em carteira vamos imaginar desde os 17 euros, será de vender a estes preços agora? Antes do fim de ano? Pois é terei que declarar essas mais valias. Ora isso não tem interesse e como tal não vou vender para as mais valias seguirem para o ano de 2008 sendo almofada para eventuais percas para o ano de 2008.
Ora então teria interesse em vender para declarar menos valias. É o caso de ter uma acção em carteira na qual estou com percas e aí vendo no dia 31 de dezembro e volto a comprar as mesmas em 2 de Janeiro de 2008.
Parece que apresentei mais uma razão para que a Galp possa subir nestes dias... pelo menos não descer, certo? Ou errado?
Um abraço
Se eu estiver com Galp em carteira vamos imaginar desde os 17 euros, será de vender a estes preços agora? Antes do fim de ano? Pois é terei que declarar essas mais valias. Ora isso não tem interesse e como tal não vou vender para as mais valias seguirem para o ano de 2008 sendo almofada para eventuais percas para o ano de 2008.
Ora então teria interesse em vender para declarar menos valias. É o caso de ter uma acção em carteira na qual estou com percas e aí vendo no dia 31 de dezembro e volto a comprar as mesmas em 2 de Janeiro de 2008.
Parece que apresentei mais uma razão para que a Galp possa subir nestes dias... pelo menos não descer, certo? Ou errado?
Um abraço
paulodias796 Escreveu:nao digo que nao.. mas nao se esquecam que o PER da maior petrolifera do Mundo (denominada EXXON) é de 13,25 e que tem um market cap de "apenas" 582.85 Biliões de Dolares sao outras contas eu sei. mas tenham em atençao a euforia desmedida em relação à Galp é só a isso que quero chamar a atenção e nada mais. os investimentos que cada um faz e as razoes porque o faz é do forro interno de cada um.
Penso que o mais indicado para comparar o momento actual da GALP com as outras empresas do sector, é utilizar o PEG (Price/Earnings to Growth) em vez do PER (Price/Earnings).
O PEG ratio tem em conta a (expectavel) taxa de crescimento futura da empresa, que no caso da GALP se tornou muito alta dadas as já confirmadas assim como as prováveis novas descobertas de petroleo.
Ou seja, a GALP é uma empresa que está em vias de crescer a um ritmo muito maior daquilo que se poderia pensar há um ano atrás aquando da OPV.
Não sei dizer qual é o PEG actual da GALP, mas estou convencido que a diferença, por exemplo, para a Exxon, não será assim tão grande como é no caso do PER.
bn
http://en.wikipedia.org/wiki/PEG_ratio
http://finapps.forbes.com/finapps/jsp/f ... sp?tkr=XOM
paulodias796 Escreveu:nao digo que nao.. mas nao se esquecam que o PER da maior petrolifera do Mundo (denominada EXXON) é de 13,25 e que tem um market cap de "apenas" 582.85 Biliões de Dolares sao outras contas eu sei. mas tenham em atençao a euforia desmedida em relação à Galp é só a isso que quero chamar a atenção e nada mais. os investimentos que cada um faz e as razoes porque o faz é do forro interno de cada um.
Acho muito bem que chames à atenção porque nunca é demais fazer com que o pessoal seja mais racional


nao digo que nao.. mas nao se esquecam que o PER da maior petrolifera do Mundo (denominada EXXON) é de 13,25 e que tem um market cap de "apenas" 582.85 Biliões de Dolares sao outras contas eu sei. mas tenham em atençao a euforia desmedida em relação à Galp é só a isso que quero chamar a atenção e nada mais. os investimentos que cada um faz e as razoes porque o faz é do forro interno de cada um.
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Re: Tenho dito!
paulodias796 Escreveu:Hoje no Jornal de Negócios
Galp é a segunda petrolífera mais cara da Zona Euro
A forte subida da Galp Energia, que ontem fixou um novo máximo histórico, faz da empresa nacional a segunda petrolífera mais cara da Zona Euro, com a cotação a superar em 20,91 vezes os lucros por acção da Galp nos últimos 12 meses.
--------------------------------------------------------------------------------
Raquel Godinho
rgodinho@mediafin.pt
A forte subida da Galp Energia, que ontem fixou um novo máximo histórico, faz da empresa nacional a segunda petrolífera mais cara da Zona Euro, com a cotação a superar em 20,91 vezes os lucros por acção da Galp nos últimos 12 meses.
Levando em conta os resultados esperados pelos analistas para 2008, a empresa liderada por Ferreira de Oliveira é mesmo a mais cara do sector, negociando com um preço 28,703 vezes os lucros por acção.
O "price-earnings ratio" (PER) permite comparar se a cotação de uma empresa está elevada face às congéneres, tendo em conta os lucros que obtém. Com um PER de 20,91 vezes, a Galp transacciona quase ao dobro do sector (11,22 vezes), tendo como referência o índice DJ Euro Stoxx Oil & Gas. Na prática, isto significa que um investidor teria de esperar 20,91 anos para receber os lucros da Galp nos últimos 12 meses.
A subida da galp tem haver com expectativas futuras e não com os lucros deste ano. Logo e se as expectativas forem correctas daqui a uns anos os lucros da galp irão subir exponencialmente e consequentemente o PER irá diminuir drasticamente


Tenho dito!
Hoje no Jornal de Negócios
Galp é a segunda petrolífera mais cara da Zona Euro
A forte subida da Galp Energia, que ontem fixou um novo máximo histórico, faz da empresa nacional a segunda petrolífera mais cara da Zona Euro, com a cotação a superar em 20,91 vezes os lucros por acção da Galp nos últimos 12 meses.
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Raquel Godinho
rgodinho@mediafin.pt
A forte subida da Galp Energia, que ontem fixou um novo máximo histórico, faz da empresa nacional a segunda petrolífera mais cara da Zona Euro, com a cotação a superar em 20,91 vezes os lucros por acção da Galp nos últimos 12 meses.
Levando em conta os resultados esperados pelos analistas para 2008, a empresa liderada por Ferreira de Oliveira é mesmo a mais cara do sector, negociando com um preço 28,703 vezes os lucros por acção.
O "price-earnings ratio" (PER) permite comparar se a cotação de uma empresa está elevada face às congéneres, tendo em conta os lucros que obtém. Com um PER de 20,91 vezes, a Galp transacciona quase ao dobro do sector (11,22 vezes), tendo como referência o índice DJ Euro Stoxx Oil & Gas. Na prática, isto significa que um investidor teria de esperar 20,91 anos para receber os lucros da Galp nos últimos 12 meses.
Galp é a segunda petrolífera mais cara da Zona Euro
A forte subida da Galp Energia, que ontem fixou um novo máximo histórico, faz da empresa nacional a segunda petrolífera mais cara da Zona Euro, com a cotação a superar em 20,91 vezes os lucros por acção da Galp nos últimos 12 meses.
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Raquel Godinho
rgodinho@mediafin.pt
A forte subida da Galp Energia, que ontem fixou um novo máximo histórico, faz da empresa nacional a segunda petrolífera mais cara da Zona Euro, com a cotação a superar em 20,91 vezes os lucros por acção da Galp nos últimos 12 meses.
Levando em conta os resultados esperados pelos analistas para 2008, a empresa liderada por Ferreira de Oliveira é mesmo a mais cara do sector, negociando com um preço 28,703 vezes os lucros por acção.
O "price-earnings ratio" (PER) permite comparar se a cotação de uma empresa está elevada face às congéneres, tendo em conta os lucros que obtém. Com um PER de 20,91 vezes, a Galp transacciona quase ao dobro do sector (11,22 vezes), tendo como referência o índice DJ Euro Stoxx Oil & Gas. Na prática, isto significa que um investidor teria de esperar 20,91 anos para receber os lucros da Galp nos últimos 12 meses.
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offshore Escreveu:Olá!
Como é a minha primeira intervenção desde já apresento os meus cumprimentos a todos os participantes, com os quais tenho aprendido muitas coisas interessantes nos últimos tempos.
Não sei muito sobre bolsa, no entanto sei algumas coisas sobre o negócio do petróleo que gostava de partilhar pois tenho a sensação que, aquando da divulgação das notícias relativas às descobertas de novos poços, nem todos aqui parecem entender o alcance das mesmas.
Vamos então por partes. Fui durante cerca de dez anos colaborador de uma empresa do então grupo Petrogal e, na primeira metade da década de 90 participei em diversas operações de importação de crude do Golfo Pérsico (Arábia Saudita, Irão) e de Nafta Química e Gás Natural de países do Norte de África (Argélia, Líbia, Egipto). Neste momento a minha ocupação é diferente, no entanto julgo que o know how adquirido ainda é válido.
Neste fórum (melhor dizendo, neste tópico Galp) tenho lido todos os dias uma descrença ou desconfiança relativamente aos valores alcançados em bolsa. Expressões como "tenho medo de entrar", "ainda está cara" ou "entro quando corrigir" são uma constante.
Comecemos então pelo preço. Está cara em relação a quê? Ao preço a que foi disponibilizada aos investidores? Certamente que sim. No entanto nessa altura a Galp não explorava poços de petróleo... Está cara em relação às outras empresas cotadas? Pois está, mas há mais alguma que tenha descoberto reservas de crude? Não me parece. Verifiquem o Ibex35 e digam-me quantas cotam abaixo dos 20 Euros... A Galp não tem dimensão ibérica?
Mudando de assunto, imaginem uma empresa que importa a sua "matéria prima" a 90USD o barril (sem contar com o transporte) e apresenta centenas de milhões de euros de lucro. Agora imaginem que a mesma empresa passa a produzir a sua própria matéria prima a um custo de cerca de 15USD por barril...
Imaginem uma empresa que, para ter a sua matéria prima, tem que a "encomendar" do Golfo Pérsico, afretando anualmente alguns VLCC's (very large crude carriers) ao custo diário de 20 000/25 000 USD diários (spot market) para uma viagem de cerca de 30 dias (de Sines para o Golfo a viagem é feita pelo Canal do Suez, na viagem de regresso o navio carregado já não passa e tem que vir à volta de África). Agora imaginem a mesma empresa a carregar no offshore Brasileiro com viagem de meia dúzia de dias para Sines ou Leixões (refinarias Galp)...
Um dos comentários aqui deixados há poucos dias referia-se à profundidade dos furos realizados (águas profundas) e à distância da costa (cerca de 200km). Em primeiro lugar há que dizer que a maior parte das explorações offshore actualmente em produção situam-se em águas profundas. Isto por duas razões que estão interligadas. A tecnologia permite fazê-lo de forma rentável e o preço a que está o crude aumenta as margens de lucro. Por outro lado, as explorações em shallow water começam a escassear. Há cinco anos atrás, com o crude abaixo dos 30 USD não haveria Tupi's para ninguém...
Também as tecnologias existentes actualmente permitem a exploração simultânea de diversos furos separados geograficamente a partir da mesma plataforma, diminuindo consideravelmente os custos.
E esta questão leva-nos a outra. Porque é que há um "boato" a referir a existência de diversas vastas reservas por explorar? Porque na verdade, parte delas já há muito foram descobertas mas só agora (devido ao preço do crude) se tornam rentáveis explorar. As actuais tecnologias de análise e interpretação de perfis sísmicos tornam possível dizer com alto grau de probabilidade se há ou não petróleo em determinada zona... o furo é mesmo só para confirmar.
Já agora, lembrem-se que, do ponto de vista geológico, não basta haver condições para a formação do petróleo (processo que leva milhões de anos a ocorrer). É necessário que haja retenção do mesmo dentro do manto, senão acaba por migrar ou dispersar. Façam agora este exercício; peguem num mapazinho e "colem" a América do Sul com África (como era o mundo há uns milhõezinhos de anos atrás, antes da cordilheira oceânica ter separado as placas tectónicas) e vejam quem está lá ao lado... Angola. E o que há em Angola? Petróleo. Muito. E as mesmas condições geológicas dum lado e doutro do Atlântico.
Quanto aos 200km da costa devo lembrar que o crude não tem que ser transportado para terra no Brasil. O habitual nestas circunstâncias é que, após o primeiro furo, seja posicionado um FPSO (Floating Production, Storage and Offloading) que normalmente é um VLCC adaptado a fazer a produção e armazenagem temporária e onde outros navios vêm carregar.
Um ex-colega e ainda amigo que está actualmente a trabalhar no offshore brasileiro num cargo de responsabilidade numa empresa subcontratada pela Petrobrás teve comigo há dias uma conversa bastante esclarecedora relativamente à exploração e produção de petróleo no Brasil, confirmando-me diversas idéias que já tinha. Aos que se perguntam porque é que as outras empresas do consórcio não têm o mesmo comportamento "desenfreado" em bolsa, lembro que as mesmas já fazem exploração e produção há muito tempo e, por isso, a descoberta de novas jazidas é quase business as usual, ao contrário da Galp que, até agora, tinha zero de produção própria.
Já agora lembro que, apesar da euforia, estamos ainda só no princípio das mais que prováveis "descobertas" da Galp nos vários blocos a que tem direito. E não se esqueçam que o parceiro é a Petrobrás, empresa Brasileira... não estão a ver a Petrobrás a comprar blocos "secos" ao governo Brasileiro pois não?...
Cumprimentos a todos e, para os mais descrentes ou menos corajosos deixo uma dica: o melhor ainda está por vir
Parabéns pelo teu artigo, deveras divinal





Quando fundamentam com boas noticias todos aplaudem!
É incrível o desejo de estarem correctos.
Eu também entrei e ainda por cima hoje, vamos ver se fico com a batata quente! Espero que não e estou confiante.







É incrível o desejo de estarem correctos.
Eu também entrei e ainda por cima hoje, vamos ver se fico com a batata quente! Espero que não e estou confiante.
"Eis-me de pé, com as minhas duvidas dispersas e pronto para agir, conforme as Tuas ordens."
Grande post! Obrigado pelo contributo...
Eu prórpio entrei hoje a fundo na Galp. Comprei na abertura a 18.21, vendi Portucel (que já começava a enervar-me) e comprei mais Galp a 18.51, e já à tarde vendi BPI (que também não áta nem desáta) e comprei mais Galp a 19,07.
100% Galp... A minha experiência diz-me que estas oportunidades são para aproveitar.
O mail do Offshore vem de encontro ao meu raciciocinio.
Eu prórpio entrei hoje a fundo na Galp. Comprei na abertura a 18.21, vendi Portucel (que já começava a enervar-me) e comprei mais Galp a 18.51, e já à tarde vendi BPI (que também não áta nem desáta) e comprei mais Galp a 19,07.
100% Galp... A minha experiência diz-me que estas oportunidades são para aproveitar.
O mail do Offshore vem de encontro ao meu raciciocinio.
Alex
offshore,
Fantástica lição.
Seguramente este teu post tranquilizou muita gente e esclareceu acerca de um assunto nebuloso para praticamente TODOS os que andam por aqui.
Realmente a falta de conhecimento específico nesta área e as dúvidas não esclarecidas eram muitas.
Com este teu artigo dissipou-se o nevoeiro.
Não li UM artigo em qualquer jornal da especialidade ou não que fosse tão claro e objectivo acerca do que se está a passar, principalmente na parte técnica, mas também com sobriedade estratégica.
Parabéns por este artigo, continua a aparecer e não tenhas dúvidas que amanhã, 0,0001% da subida da Galp foi pela publicação deste teu post.
Fantástica lição.
Seguramente este teu post tranquilizou muita gente e esclareceu acerca de um assunto nebuloso para praticamente TODOS os que andam por aqui.
Realmente a falta de conhecimento específico nesta área e as dúvidas não esclarecidas eram muitas.
Com este teu artigo dissipou-se o nevoeiro.
Não li UM artigo em qualquer jornal da especialidade ou não que fosse tão claro e objectivo acerca do que se está a passar, principalmente na parte técnica, mas também com sobriedade estratégica.
Parabéns por este artigo, continua a aparecer e não tenhas dúvidas que amanhã, 0,0001% da subida da Galp foi pela publicação deste teu post.

There are two kinds of investors: those who don't know where the market is headed, and those who don't know that they don't know.
William Bernstein
William Bernstein
Offshore, parabéns pela intervenção
Esta sua intervenção vem na linha do que tenho afirmado há dias. A Galp passou a dispôr de fundamentais que sustentam a cotação da empresa. Pode haver correcções técnicas pelo meio mas, por certo o caminho será norte.
Obrigado ainda por partilhar com o Caldeirão estes conhecimentos na matéria que nos dão uma perspectiva séria e mais concreta do que se está a passar.
Gostei muito do seu artigo
Muito mesmo
Mais uma vez parabéns
Ps. essa última dica foi sururu do amigo? (desculpe, estou a ser indiscreto mas, não resiti
)
Um abraço


Esta sua intervenção vem na linha do que tenho afirmado há dias. A Galp passou a dispôr de fundamentais que sustentam a cotação da empresa. Pode haver correcções técnicas pelo meio mas, por certo o caminho será norte.
Obrigado ainda por partilhar com o Caldeirão estes conhecimentos na matéria que nos dão uma perspectiva séria e mais concreta do que se está a passar.

Gostei muito do seu artigo


Mais uma vez parabéns

Ps. essa última dica foi sururu do amigo? (desculpe, estou a ser indiscreto mas, não resiti

Um abraço
offshore Escreveu:Olá!
Como é a minha primeira intervenção desde já apresento os meus cumprimentos a todos os participantes, com os quais tenho aprendido muitas coisas interessantes nos últimos tempos.
Não sei muito sobre bolsa, no entanto sei algumas coisas sobre o negócio do petróleo que gostava de partilhar pois tenho a sensação que, aquando da divulgação das notícias relativas às descobertas de novos poços, nem todos aqui parecem entender o alcance das mesmas.
Vamos então por partes. Fui durante cerca de dez anos colaborador de uma empresa do então grupo Petrogal e, na primeira metade da década de 90 participei em diversas operações de importação de crude do Golfo Pérsico (Arábia Saudita, Irão) e de Nafta Química e Gás Natural de países do Norte de África (Argélia, Líbia, Egipto). Neste momento a minha ocupação é diferente, no entanto julgo que o know how adquirido ainda é válido.
Neste fórum (melhor dizendo, neste tópico Galp) tenho lido todos os dias uma descrença ou desconfiança relativamente aos valores alcançados em bolsa. Expressões como "tenho medo de entrar", "ainda está cara" ou "entro quando corrigir" são uma constante.
Comecemos então pelo preço. Está cara em relação a quê? Ao preço a que foi disponibilizada aos investidores? Certamente que sim. No entanto nessa altura a Galp não explorava poços de petróleo... Está cara em relação às outras empresas cotadas? Pois está, mas há mais alguma que tenha descoberto reservas de crude? Não me parece. Verifiquem o Ibex35 e digam-me quantas cotam abaixo dos 20 Euros... A Galp não tem dimensão ibérica?
Mudando de assunto, imaginem uma empresa que importa a sua "matéria prima" a 90USD o barril (sem contar com o transporte) e apresenta centenas de milhões de euros de lucro. Agora imaginem que a mesma empresa passa a produzir a sua própria matéria prima a um custo de cerca de 15USD por barril...
Imaginem uma empresa que, para ter a sua matéria prima, tem que a "encomendar" do Golfo Pérsico, afretando anualmente alguns VLCC's (very large crude carriers) ao custo diário de 20 000/25 000 USD diários (spot market) para uma viagem de cerca de 30 dias (de Sines para o Golfo a viagem é feita pelo Canal do Suez, na viagem de regresso o navio carregado já não passa e tem que vir à volta de África). Agora imaginem a mesma empresa a carregar no offshore Brasileiro com viagem de meia dúzia de dias para Sines ou Leixões (refinarias Galp)...
Um dos comentários aqui deixados há poucos dias referia-se à profundidade dos furos realizados (águas profundas) e à distância da costa (cerca de 200km). Em primeiro lugar há que dizer que a maior parte das explorações offshore actualmente em produção situam-se em águas profundas. Isto por duas razões que estão interligadas. A tecnologia permite fazê-lo de forma rentável e o preço a que está o crude aumenta as margens de lucro. Por outro lado, as explorações em shallow water começam a escassear. Há cinco anos atrás, com o crude abaixo dos 30 USD não haveria Tupi's para ninguém...
Também as tecnologias existentes actualmente permitem a exploração simultânea de diversos furos separados geograficamente a partir da mesma plataforma, diminuindo consideravelmente os custos.
E esta questão leva-nos a outra. Porque é que há um "boato" a referir a existência de diversas vastas reservas por explorar? Porque na verdade, parte delas já há muito foram descobertas mas só agora (devido ao preço do crude) se tornam rentáveis explorar. As actuais tecnologias de análise e interpretação de perfis sísmicos tornam possível dizer com alto grau de probabilidade se há ou não petróleo em determinada zona... o furo é mesmo só para confirmar.
Já agora, lembrem-se que, do ponto de vista geológico, não basta haver condições para a formação do petróleo (processo que leva milhões de anos a ocorrer). É necessário que haja retenção do mesmo dentro do manto, senão acaba por migrar ou dispersar. Façam agora este exercício; peguem num mapazinho e "colem" a América do Sul com África (como era o mundo há uns milhõezinhos de anos atrás, antes da cordilheira oceânica ter separado as placas tectónicas) e vejam quem está lá ao lado... Angola. E o que há em Angola? Petróleo. Muito. E as mesmas condições geológicas dum lado e doutro do Atlântico.
Quanto aos 200km da costa devo lembrar que o crude não tem que ser transportado para terra no Brasil. O habitual nestas circunstâncias é que, após o primeiro furo, seja posicionado um FPSO (Floating Production, Storage and Offloading) que normalmente é um VLCC adaptado a fazer a produção e armazenagem temporária e onde outros navios vêm carregar.
Um ex-colega e ainda amigo que está actualmente a trabalhar no offshore brasileiro num cargo de responsabilidade numa empresa subcontratada pela Petrobrás teve comigo há dias uma conversa bastante esclarecedora relativamente à exploração e produção de petróleo no Brasil, confirmando-me diversas idéias que já tinha. Aos que se perguntam porque é que as outras empresas do consórcio não têm o mesmo comportamento "desenfreado" em bolsa, lembro que as mesmas já fazem exploração e produção há muito tempo e, por isso, a descoberta de novas jazidas é quase business as usual, ao contrário da Galp que, até agora, tinha zero de produção própria.
Já agora lembro que, apesar da euforia, estamos ainda só no princípio das mais que prováveis "descobertas" da Galp nos vários blocos a que tem direito. E não se esqueçam que o parceiro é a Petrobrás, empresa Brasileira... não estão a ver a Petrobrás a comprar blocos "secos" ao governo Brasileiro pois não?...
Cumprimentos a todos e, para os mais descrentes ou menos corajosos deixo uma dica: o melhor ainda está por vir
Finalmente algum apoio nos fundamentais!
Excelente post!
offshore Escreveu:Olá!
Como é a minha primeira intervenção desde já apresento os meus cumprimentos a todos os participantes, com os quais tenho aprendido muitas coisas interessantes nos últimos tempos.
Não sei muito sobre bolsa, no entanto sei algumas coisas sobre o negócio do petróleo que gostava de partilhar pois tenho a sensação que, aquando da divulgação das notícias relativas às descobertas de novos poços, nem todos aqui parecem entender o alcance das mesmas.
Vamos então por partes. Fui durante cerca de dez anos colaborador de uma empresa do então grupo Petrogal e, na primeira metade da década de 90 participei em diversas operações de importação de crude do Golfo Pérsico (Arábia Saudita, Irão) e de Nafta Química e Gás Natural de países do Norte de África (Argélia, Líbia, Egipto). Neste momento a minha ocupação é diferente, no entanto julgo que o know how adquirido ainda é válido.
Neste fórum (melhor dizendo, neste tópico Galp) tenho lido todos os dias uma descrença ou desconfiança relativamente aos valores alcançados em bolsa. Expressões como "tenho medo de entrar", "ainda está cara" ou "entro quando corrigir" são uma constante.
Comecemos então pelo preço. Está cara em relação a quê? Ao preço a que foi disponibilizada aos investidores? Certamente que sim. No entanto nessa altura a Galp não explorava poços de petróleo... Está cara em relação às outras empresas cotadas? Pois está, mas há mais alguma que tenha descoberto reservas de crude? Não me parece. Verifiquem o Ibex35 e digam-me quantas cotam abaixo dos 20 Euros... A Galp não tem dimensão ibérica?
Mudando de assunto, imaginem uma empresa que importa a sua "matéria prima" a 90USD o barril (sem contar com o transporte) e apresenta centenas de milhões de euros de lucro. Agora imaginem que a mesma empresa passa a produzir a sua própria matéria prima a um custo de cerca de 15USD por barril...
Imaginem uma empresa que, para ter a sua matéria prima, tem que a "encomendar" do Golfo Pérsico, afretando anualmente alguns VLCC's (very large crude carriers) ao custo diário de 20 000/25 000 USD diários (spot market) para uma viagem de cerca de 30 dias (de Sines para o Golfo a viagem é feita pelo Canal do Suez, na viagem de regresso o navio carregado já não passa e tem que vir à volta de África). Agora imaginem a mesma empresa a carregar no offshore Brasileiro com viagem de meia dúzia de dias para Sines ou Leixões (refinarias Galp)...
Um dos comentários aqui deixados há poucos dias referia-se à profundidade dos furos realizados (águas profundas) e à distância da costa (cerca de 200km). Em primeiro lugar há que dizer que a maior parte das explorações offshore actualmente em produção situam-se em águas profundas. Isto por duas razões que estão interligadas. A tecnologia permite fazê-lo de forma rentável e o preço a que está o crude aumenta as margens de lucro. Por outro lado, as explorações em shallow water começam a escassear. Há cinco anos atrás, com o crude abaixo dos 30 USD não haveria Tupi's para ninguém...
Também as tecnologias existentes actualmente permitem a exploração simultânea de diversos furos separados geograficamente a partir da mesma plataforma, diminuindo consideravelmente os custos.
E esta questão leva-nos a outra. Porque é que há um "boato" a referir a existência de diversas vastas reservas por explorar? Porque na verdade, parte delas já há muito foram descobertas mas só agora (devido ao preço do crude) se tornam rentáveis explorar. As actuais tecnologias de análise e interpretação de perfis sísmicos tornam possível dizer com alto grau de probabilidade se há ou não petróleo em determinada zona... o furo é mesmo só para confirmar.
Já agora, lembrem-se que, do ponto de vista geológico, não basta haver condições para a formação do petróleo (processo que leva milhões de anos a ocorrer). É necessário que haja retenção do mesmo dentro do manto, senão acaba por migrar ou dispersar. Façam agora este exercício; peguem num mapazinho e "colem" a América do Sul com África (como era o mundo há uns milhõezinhos de anos atrás, antes da cordilheira oceânica ter separado as placas tectónicas) e vejam quem está lá ao lado... Angola. E o que há em Angola? Petróleo. Muito. E as mesmas condições geológicas dum lado e doutro do Atlântico.
Quanto aos 200km da costa devo lembrar que o crude não tem que ser transportado para terra no Brasil. O habitual nestas circunstâncias é que, após o primeiro furo, seja posicionado um FPSO (Floating Production, Storage and Offloading) que normalmente é um VLCC adaptado a fazer a produção e armazenagem temporária e onde outros navios vêm carregar.
Um ex-colega e ainda amigo que está actualmente a trabalhar no offshore brasileiro num cargo de responsabilidade numa empresa subcontratada pela Petrobrás teve comigo há dias uma conversa bastante esclarecedora relativamente à exploração e produção de petróleo no Brasil, confirmando-me diversas idéias que já tinha. Aos que se perguntam porque é que as outras empresas do consórcio não têm o mesmo comportamento "desenfreado" em bolsa, lembro que as mesmas já fazem exploração e produção há muito tempo e, por isso, a descoberta de novas jazidas é quase business as usual, ao contrário da Galp que, até agora, tinha zero de produção própria.
Já agora lembro que, apesar da euforia, estamos ainda só no princípio das mais que prováveis "descobertas" da Galp nos vários blocos a que tem direito. E não se esqueçam que o parceiro é a Petrobrás, empresa Brasileira... não estão a ver a Petrobrás a comprar blocos "secos" ao governo Brasileiro pois não?...
Cumprimentos a todos e, para os mais descrentes ou menos corajosos deixo uma dica: o melhor ainda está por vir
Excelente post. Vê-se que sabe do que fala

Olá!
Como é a minha primeira intervenção desde já apresento os meus cumprimentos a todos os participantes, com os quais tenho aprendido muitas coisas interessantes nos últimos tempos.
Não sei muito sobre bolsa, no entanto sei algumas coisas sobre o negócio do petróleo que gostava de partilhar pois tenho a sensação que, aquando da divulgação das notícias relativas às descobertas de novos poços, nem todos aqui parecem entender o alcance das mesmas.
Vamos então por partes. Fui durante cerca de dez anos colaborador de uma empresa do então grupo Petrogal e, na primeira metade da década de 90 participei em diversas operações de importação de crude do Golfo Pérsico (Arábia Saudita, Irão) e de Nafta Química e Gás Natural de países do Norte de África (Argélia, Líbia, Egipto). Neste momento a minha ocupação é diferente, no entanto julgo que o know how adquirido ainda é válido.
Neste fórum (melhor dizendo, neste tópico Galp) tenho lido todos os dias uma descrença ou desconfiança relativamente aos valores alcançados em bolsa. Expressões como "tenho medo de entrar", "ainda está cara" ou "entro quando corrigir" são uma constante.
Comecemos então pelo preço. Está cara em relação a quê? Ao preço a que foi disponibilizada aos investidores? Certamente que sim. No entanto nessa altura a Galp não explorava poços de petróleo... Está cara em relação às outras empresas cotadas? Pois está, mas há mais alguma que tenha descoberto reservas de crude? Não me parece. Verifiquem o Ibex35 e digam-me quantas cotam abaixo dos 20 Euros... A Galp não tem dimensão ibérica?
Mudando de assunto, imaginem uma empresa que importa a sua "matéria prima" a 90USD o barril (sem contar com o transporte) e apresenta centenas de milhões de euros de lucro. Agora imaginem que a mesma empresa passa a produzir a sua própria matéria prima a um custo de cerca de 15USD por barril...
Imaginem uma empresa que, para ter a sua matéria prima, tem que a "encomendar" do Golfo Pérsico, afretando anualmente alguns VLCC's (very large crude carriers) ao custo diário de 20 000/25 000 USD diários (spot market) para uma viagem de cerca de 30 dias (de Sines para o Golfo a viagem é feita pelo Canal do Suez, na viagem de regresso o navio carregado já não passa e tem que vir à volta de África). Agora imaginem a mesma empresa a carregar no offshore Brasileiro com viagem de meia dúzia de dias para Sines ou Leixões (refinarias Galp)...
Um dos comentários aqui deixados há poucos dias referia-se à profundidade dos furos realizados (águas profundas) e à distância da costa (cerca de 200km). Em primeiro lugar há que dizer que a maior parte das explorações offshore actualmente em produção situam-se em águas profundas. Isto por duas razões que estão interligadas. A tecnologia permite fazê-lo de forma rentável e o preço a que está o crude aumenta as margens de lucro. Por outro lado, as explorações em shallow water começam a escassear. Há cinco anos atrás, com o crude abaixo dos 30 USD não haveria Tupi's para ninguém...
Também as tecnologias existentes actualmente permitem a exploração simultânea de diversos furos separados geograficamente a partir da mesma plataforma, diminuindo consideravelmente os custos.
E esta questão leva-nos a outra. Porque é que há um "boato" a referir a existência de diversas vastas reservas por explorar? Porque na verdade, parte delas já há muito foram descobertas mas só agora (devido ao preço do crude) se tornam rentáveis explorar. As actuais tecnologias de análise e interpretação de perfis sísmicos tornam possível dizer com alto grau de probabilidade se há ou não petróleo em determinada zona... o furo é mesmo só para confirmar.
Já agora, lembrem-se que, do ponto de vista geológico, não basta haver condições para a formação do petróleo (processo que leva milhões de anos a ocorrer). É necessário que haja retenção do mesmo dentro do manto, senão acaba por migrar ou dispersar. Façam agora este exercício; peguem num mapazinho e "colem" a América do Sul com África (como era o mundo há uns milhõezinhos de anos atrás, antes da cordilheira oceânica ter separado as placas tectónicas) e vejam quem está lá ao lado... Angola. E o que há em Angola? Petróleo. Muito. E as mesmas condições geológicas dum lado e doutro do Atlântico.
Quanto aos 200km da costa devo lembrar que o crude não tem que ser transportado para terra no Brasil. O habitual nestas circunstâncias é que, após o primeiro furo, seja posicionado um FPSO (Floating Production, Storage and Offloading) que normalmente é um VLCC adaptado a fazer a produção e armazenagem temporária e onde outros navios vêm carregar.
Um ex-colega e ainda amigo que está actualmente a trabalhar no offshore brasileiro num cargo de responsabilidade numa empresa subcontratada pela Petrobrás teve comigo há dias uma conversa bastante esclarecedora relativamente à exploração e produção de petróleo no Brasil, confirmando-me diversas idéias que já tinha. Aos que se perguntam porque é que as outras empresas do consórcio não têm o mesmo comportamento "desenfreado" em bolsa, lembro que as mesmas já fazem exploração e produção há muito tempo e, por isso, a descoberta de novas jazidas é quase business as usual, ao contrário da Galp que, até agora, tinha zero de produção própria.
Já agora lembro que, apesar da euforia, estamos ainda só no princípio das mais que prováveis "descobertas" da Galp nos vários blocos a que tem direito. E não se esqueçam que o parceiro é a Petrobrás, empresa Brasileira... não estão a ver a Petrobrás a comprar blocos "secos" ao governo Brasileiro pois não?...
Cumprimentos a todos e, para os mais descrentes ou menos corajosos deixo uma dica: o melhor ainda está por vir
Como é a minha primeira intervenção desde já apresento os meus cumprimentos a todos os participantes, com os quais tenho aprendido muitas coisas interessantes nos últimos tempos.
Não sei muito sobre bolsa, no entanto sei algumas coisas sobre o negócio do petróleo que gostava de partilhar pois tenho a sensação que, aquando da divulgação das notícias relativas às descobertas de novos poços, nem todos aqui parecem entender o alcance das mesmas.
Vamos então por partes. Fui durante cerca de dez anos colaborador de uma empresa do então grupo Petrogal e, na primeira metade da década de 90 participei em diversas operações de importação de crude do Golfo Pérsico (Arábia Saudita, Irão) e de Nafta Química e Gás Natural de países do Norte de África (Argélia, Líbia, Egipto). Neste momento a minha ocupação é diferente, no entanto julgo que o know how adquirido ainda é válido.
Neste fórum (melhor dizendo, neste tópico Galp) tenho lido todos os dias uma descrença ou desconfiança relativamente aos valores alcançados em bolsa. Expressões como "tenho medo de entrar", "ainda está cara" ou "entro quando corrigir" são uma constante.
Comecemos então pelo preço. Está cara em relação a quê? Ao preço a que foi disponibilizada aos investidores? Certamente que sim. No entanto nessa altura a Galp não explorava poços de petróleo... Está cara em relação às outras empresas cotadas? Pois está, mas há mais alguma que tenha descoberto reservas de crude? Não me parece. Verifiquem o Ibex35 e digam-me quantas cotam abaixo dos 20 Euros... A Galp não tem dimensão ibérica?
Mudando de assunto, imaginem uma empresa que importa a sua "matéria prima" a 90USD o barril (sem contar com o transporte) e apresenta centenas de milhões de euros de lucro. Agora imaginem que a mesma empresa passa a produzir a sua própria matéria prima a um custo de cerca de 15USD por barril...
Imaginem uma empresa que, para ter a sua matéria prima, tem que a "encomendar" do Golfo Pérsico, afretando anualmente alguns VLCC's (very large crude carriers) ao custo diário de 20 000/25 000 USD diários (spot market) para uma viagem de cerca de 30 dias (de Sines para o Golfo a viagem é feita pelo Canal do Suez, na viagem de regresso o navio carregado já não passa e tem que vir à volta de África). Agora imaginem a mesma empresa a carregar no offshore Brasileiro com viagem de meia dúzia de dias para Sines ou Leixões (refinarias Galp)...
Um dos comentários aqui deixados há poucos dias referia-se à profundidade dos furos realizados (águas profundas) e à distância da costa (cerca de 200km). Em primeiro lugar há que dizer que a maior parte das explorações offshore actualmente em produção situam-se em águas profundas. Isto por duas razões que estão interligadas. A tecnologia permite fazê-lo de forma rentável e o preço a que está o crude aumenta as margens de lucro. Por outro lado, as explorações em shallow water começam a escassear. Há cinco anos atrás, com o crude abaixo dos 30 USD não haveria Tupi's para ninguém...
Também as tecnologias existentes actualmente permitem a exploração simultânea de diversos furos separados geograficamente a partir da mesma plataforma, diminuindo consideravelmente os custos.
E esta questão leva-nos a outra. Porque é que há um "boato" a referir a existência de diversas vastas reservas por explorar? Porque na verdade, parte delas já há muito foram descobertas mas só agora (devido ao preço do crude) se tornam rentáveis explorar. As actuais tecnologias de análise e interpretação de perfis sísmicos tornam possível dizer com alto grau de probabilidade se há ou não petróleo em determinada zona... o furo é mesmo só para confirmar.
Já agora, lembrem-se que, do ponto de vista geológico, não basta haver condições para a formação do petróleo (processo que leva milhões de anos a ocorrer). É necessário que haja retenção do mesmo dentro do manto, senão acaba por migrar ou dispersar. Façam agora este exercício; peguem num mapazinho e "colem" a América do Sul com África (como era o mundo há uns milhõezinhos de anos atrás, antes da cordilheira oceânica ter separado as placas tectónicas) e vejam quem está lá ao lado... Angola. E o que há em Angola? Petróleo. Muito. E as mesmas condições geológicas dum lado e doutro do Atlântico.
Quanto aos 200km da costa devo lembrar que o crude não tem que ser transportado para terra no Brasil. O habitual nestas circunstâncias é que, após o primeiro furo, seja posicionado um FPSO (Floating Production, Storage and Offloading) que normalmente é um VLCC adaptado a fazer a produção e armazenagem temporária e onde outros navios vêm carregar.
Um ex-colega e ainda amigo que está actualmente a trabalhar no offshore brasileiro num cargo de responsabilidade numa empresa subcontratada pela Petrobrás teve comigo há dias uma conversa bastante esclarecedora relativamente à exploração e produção de petróleo no Brasil, confirmando-me diversas idéias que já tinha. Aos que se perguntam porque é que as outras empresas do consórcio não têm o mesmo comportamento "desenfreado" em bolsa, lembro que as mesmas já fazem exploração e produção há muito tempo e, por isso, a descoberta de novas jazidas é quase business as usual, ao contrário da Galp que, até agora, tinha zero de produção própria.
Já agora lembro que, apesar da euforia, estamos ainda só no princípio das mais que prováveis "descobertas" da Galp nos vários blocos a que tem direito. E não se esqueçam que o parceiro é a Petrobrás, empresa Brasileira... não estão a ver a Petrobrás a comprar blocos "secos" ao governo Brasileiro pois não?...
Cumprimentos a todos e, para os mais descrentes ou menos corajosos deixo uma dica: o melhor ainda está por vir

faz-me lembrar a altura que quase todos os dias via no jornal... Altri +3%... altri +5%... altri +x%...
e dizia para mim... fogo ja subiu tanto e nunca mais para... coitados dos que entraram hoje...
o que é certo é que subiu e bastante e eu limitei-me a ver o comboio passar...
hoje parece que estou a ver e digo o mesmo na galp...
uma coisa é certa... deixo as valias correr e enquanto estiver com +valias estou dentro...
e dizia para mim... fogo ja subiu tanto e nunca mais para... coitados dos que entraram hoje...
o que é certo é que subiu e bastante e eu limitei-me a ver o comboio passar...
hoje parece que estou a ver e digo o mesmo na galp...
uma coisa é certa... deixo as valias correr e enquanto estiver com +valias estou dentro...
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