Para aqueles que ainda têm dúvidas......!!!!
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Há uma longa discussão sobre esta carta em:
http://www.caldeiraodebolsa.com/forum/v ... =mia+couto
um abraço,
Ulisses
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um abraço,
Ulisses
Dá que pensar ..... vou dormir , um abraço (eom)
C M
Com o dinheiro podemos comprar muitas coisas,mas não o essencial para nós.Propporciona-nos comida,mas não apetite;remédios,mas não saúde;dias alegres,mas não a felicidade .
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- Localização: Lousã
Para aqueles que ainda têm dúvidas......!!!!
Acabei de receber isto por e-mail!!
vale a pena perder alguns minutos.....mesmo.
CARTA AO PRESIDENTE BUSH
Mia Couto
Senhor Presidente:
Sou um escritor de uma nação pobre, um país que já esteve na vossa lista
negra. Milhões de moçambicanos desconheciam que mal vos tínhamos feito.
Éramos pequenos e pobres: que ameaça poderíamos constituir ? A nossa arma de
destruição massiva estava, afinal, virada contra nós: era a fome e a
miséria.
Alguns de nós estranharam o critério que levava a que o nosso nome fosse
manchado enquanto outras nações beneficiavam da vossa simpatia. Por exemplo,
o nosso vizinho - a África do Sul do "apartheid" - violava de forma
flagrante os direitos humanos. Durante décadas fomos vítimas da agressão
desse regime. Mas o regime do "apartheid" mereceu da vossa parte uma atitude
mais branda: o chamado "envolvimento positivo". O ANC esteve também na lista
negra como uma "organização terrorista!". Estranho critério que levaria a
que, anos mais tarde, os taliban e o próprio Bin Laden fossem chamadas de
"freedom fighters" por estrategas norte-americanos.
Pois eu, pobre escritor de um pobre país, tive um sonho. Como Martin Luther
King certa vez sonhou que a América era uma nação de todos os americanos.
Pois sonhei que eu era não um homem mas um país. Sim, um país que não
conseguia dormir. Porque vivia sobressaltado por terríveis factos. E esse
temor fez com que proclamasse uma exigência. Uma exigência que tinha a ver
consigo, Caro Presidente. E eu exigia que os Estados Unidos da América
procedessem à eliminação do seu armamento de destruição massiva. Por razão
desses terríveis perigos eu exigia mais: que inspectores das Nações Unidas
fossem enviados para o vosso país. Que terríveis perigos me alertavam? Que
receios o vosso país me inspiravam? Não eram produtos de sonho,
infelizmente. Eram factos que alimentavam a minha desconfiança. A lista é
tão grande que escolherei apenas alguns:
- Os Estados Unidos foram a única nação do mundo que lançou bombas atómicas
sobre outras nações;
- O seu país foi a única nação a ser condenada por "uso ilegítimo da força"
pelo Tribunal Internacional de Justiça;
- Forças americanas treinaram e armaram fundamentalistas islâmicos mais
extremistas (incluindo o terrorista Bin Laden) a pretexto de derrubarem os
invasores russos no Afeganistão;
- O regime de Saddam Hussein foi apoiado pelos EUA enquanto praticava as
piores atrocidades contra os iraquianos (incluindo o gaseamento dos curdos
em 1998);
- Como tantos outros dirigentes legítimos, o africano Patrice Lumumba foi
assassinado com ajuda da CIA. Depois de preso e torturado e baleado na
cabeça o seu corpo foi dissolvido em ácido clorídico;
- Como tantos outros fantoches, Mobutu Seseseko foi por vossos agentes
conduzido ao poder e concedeu facilidades especiais à espionagem americana:
o quartel-general da CIA no Zaire tornou-se o maior em África. A ditadura
brutal deste zairense não mereceu nenhum reparo dos EUA até que ele deixou
de ser conveniente, em 1992;
- A invasão de Timor Leste pelos militares indonésios mereceu o apoio dos
EUA. Quando as atrocidades foram conhecidas, a resposta da Administração
Clinton foi "o assunto é da responsabilidade do governo indonésio e não
queremos retirar-lhe essa responsabilidade";
- O vosso país albergou criminosos como Emmanuel Constant um dos líderes
mais sanguinários do Taiti cujas forças para-militares massacraram milhares
de inocentes. Constant foi julgado à revelia e as novas autoridades
solicitaram a sua extradição. O governo americano recusou o pedido.
- Em Agosto de 1998, a força aérea dos EUA bombardeou no Sudão uma fábrica
de medicamentos, designada Al-Shifa. Um engano? Não, tratava-se de uma
retaliação dos atentados bombistas de Nairobi e Dar-es-Saalam.
- Em Dezembro de 1987, os Estados Unidos foi o único país (junto com Israel)
a votar contra uma moção de condenação ao terrorismo internacional. Mesmo
assim, a moção foi aprovada pelo voto de cento e cinquenta e três países.
- Em 1953, a CIA ajudou a preparar o golpe de Estado contra o Irão na
sequência do qual milhares de comunistas do Tudeh foram massacrados. A lista
de golpes preparados pela CIA é bem longa.
- Desde a Segunda Guerra Mundial, os EUA bombardearam: a China (1945-46), a
Coreia e a China (1950-53), a Guatemala (1954), a Indonésia (1958), Cuba
(1959-1961), a Guatemala (1960), o Congo (1964), o Peru (1965), o Laos
(1961-1973), o Vietname (1961-1973), o Camboja (1969-1970), a Guatemala
(1967-1973), Granada (1983), Líbano (1983-1984), a Líbia (1986), Salvador
(1980), a Nicarágua (1980), o Irão (1987), o Panamá (1989), o Iraque
(1990-2001), o Kuwait (1991), a Somália (1993), a Bósnia (1994-95), o Sudão
(1998), o Afeganistão (1998), a Jugoslávia (1999)
- Acções de terrorismo biológico e químico foram postas em prática pelos
EUA: o agente laranja e os desfolhantes no Vietname, o vírus da peste contra
Cuba que durante anos devastou a produção suína naquele país.
- O Wall Street Journal publicou um relatório que anunciava que 500 000
crianças vietnamitas nasceram deformadas em consequência da guerra química
das forças norte-americanas.
Acordei do pesadelo do sono para o pesadelo da realidade. A guerra que o
Senhor Presidente teimou em iniciar poderá libertar-nos de um ditador. Mas
ficaremos todos mais pobres. Enfrentaremos maiores dificuldades nas nossas
já precárias economias e teremos menos esperança num futuro governado pela
razão e pela moral. Teremos menos fé na força reguladora das Nações Unidas e
das convenções do direito internacional. Estaremos, enfim, mais sós e mais
desamparados.
Senhor Presidente:
O Iraque não é Saddam. São 22 milhões de mães e filhos, e de homens que
trabalham e sonham como fazem os comuns norte-americanos. Preocupamo-nos com
os males do regime de Saddam Hussein que são reais. Mas esquece-se os
horrores da primeira guerra do Golfo em que perderam a vida mais de 150 000
homens.
O que está destruindo massivamente os iraquianos não são as armas de Saddam.
São as sanções que conduziram a uma situação humanitária tão grave que dois
coordenadores para ajuda das Nações Unidas (Dennis Halliday e Hans Von
Sponeck) pediram a demissão em protesto contra essas mesmas sanções.
Explicando a razão da sua renúncia, Halliday escreveu: "Estamos destruindo
toda uma sociedade. É tão simples e terrível como isso. E isso é ilegal e
imoral". Esse sistema de sanções já levou à morte meio milhão de crianças
iraquianas.
Mas a guerra contra o Iraque não está para começar. Já começou há muito
tempo. Nas zonas de restrição aérea a Norte e Sul do Iraque acontecem
continuamente bombardeamentos desde há 12 anos. Acredita-se que 500
iraquianos foram mortos desde 1999. O bombardeamento incluiu o uso massivo
de urânio empobrecido (300 toneladas, ou seja 30 vezes mais do que o usado
no Kosovo)
Livrar-nos-emos de Saddam. Mas continuaremos prisioneiros da lógica da
guerra e da arrogância. Não quero que os meus filhos (nem os seus) vivam
dominados pelo fantasma do medo. E que pensem que, para viverem tranquilos,
precisam de construir uma fortaleza. E que só estarão seguros quando se
tiver que gastar fortunas em armas. Como o seu país que despende 270 000 000
000 000 dólares (duzentos e setenta biliões de dólares) por ano para manter
o arsenal de guerra. O senhor bem sabe o que essa soma poderia ajudar a
mudar o destino miserável de milhões de seres.
O bispo americano Monsenhor Robert Bowan escreveu- lhe no final do ano
passado uma carta intitulada "Porque é que o mundo odeia os EUA ?" O bispo
da Igreja Católica da Florida é um ex--combatente na guerra do Vietname. Ele
sabe o que é a guerra e escreveu: "O senhor reclama que os EUA são alvo do
terrorismo porque defendemos a democracia, a liberdade e os direitos
humanos. Que absurdo, Sr. Presidente ! Somos alvos dos terroristas porque,
na maior parte do mundo, o nosso governo defendeu a ditadura, a escravidão e
a exploração humana. Somos alvos dos terroristas porque somos odiados. E
somos odiados porque o nosso governo fez coisas odiosas. Em quantos países
agentes do nosso governo depuseram líderes popularmente eleitos
substituindo-os por ditadores militares, fantoches desejosos de vender o seu
próprio povo às corporações norte-americanas multinacionais ? E o bispo
conclui: O povo do Canadá desfruta de democracia, de liberdade e de direitos
humanos, assim como o povo da Noruega e da Suécia. Alguma vez o senhor ouviu
falar de ataques a embaixadas canadianas, norueguesas ou suecas? Nós somos
odiados não porque praticamos a democracia, a liberdade ou os direitos
humanos. Somos odiados porque o nosso governo nega essas coisas aos povos
dos países do Terceiro Mundo, cujos recursos são cobiçados pelas nossas
multinacionais."
Senhor Presidente:
Sua Excelência parece não necessitar que uma instituição internacional
legitime o seu direito de intervenção militar. Ao menos que possamos nós
encontrar moral e verdade na sua argumentação. Eu e mais milhões de cidadãos
não ficamos convencidos quando o vimos justificar a guerra. Nós preferíamos
vê- lo assinar a Convenção de Kyoto para conter o efeito de estufa.
Preferíamos tê-lo visto em Durban na Conferência Internacional contra o
Racismo.
Não se preocupe, senhor Presidente. A nós, nações pequenas deste mundo, não
nos passa pela cabeça exigir a vossa demissão por causa desse apoio que as
vossas sucessivas administrações concederam apoio a não menos sucessivos
ditadores. A maior ameaça que pesa sobre a América não são armamentos de
outros. É o universo de mentira que se criou em redor dos vossos cidadãos. O
perigo não é o regime de Saddam, nem nenhum outro regime. Mas o sentimento
de superioridade que parece animar o seu governo. O seu inimigo principal
não está fora. Está dentro dos EUA. Essa guerra só pode ser vencida pelos
próprios americanos.
Eu gostaria de poder festejar o derrube de Saddam Hussein. E festejar com
todos os americanos. Mas sem hipocrisia, sem argumentação e consumo de
diminuídos mentais. Porque nós, caro Presidente Bush, nós, os povos dos
países pequenos, temos uma arma de construção massiva: a capacidade de
pensar.
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vale a pena perder alguns minutos.....mesmo.
CARTA AO PRESIDENTE BUSH
Mia Couto
Senhor Presidente:
Sou um escritor de uma nação pobre, um país que já esteve na vossa lista
negra. Milhões de moçambicanos desconheciam que mal vos tínhamos feito.
Éramos pequenos e pobres: que ameaça poderíamos constituir ? A nossa arma de
destruição massiva estava, afinal, virada contra nós: era a fome e a
miséria.
Alguns de nós estranharam o critério que levava a que o nosso nome fosse
manchado enquanto outras nações beneficiavam da vossa simpatia. Por exemplo,
o nosso vizinho - a África do Sul do "apartheid" - violava de forma
flagrante os direitos humanos. Durante décadas fomos vítimas da agressão
desse regime. Mas o regime do "apartheid" mereceu da vossa parte uma atitude
mais branda: o chamado "envolvimento positivo". O ANC esteve também na lista
negra como uma "organização terrorista!". Estranho critério que levaria a
que, anos mais tarde, os taliban e o próprio Bin Laden fossem chamadas de
"freedom fighters" por estrategas norte-americanos.
Pois eu, pobre escritor de um pobre país, tive um sonho. Como Martin Luther
King certa vez sonhou que a América era uma nação de todos os americanos.
Pois sonhei que eu era não um homem mas um país. Sim, um país que não
conseguia dormir. Porque vivia sobressaltado por terríveis factos. E esse
temor fez com que proclamasse uma exigência. Uma exigência que tinha a ver
consigo, Caro Presidente. E eu exigia que os Estados Unidos da América
procedessem à eliminação do seu armamento de destruição massiva. Por razão
desses terríveis perigos eu exigia mais: que inspectores das Nações Unidas
fossem enviados para o vosso país. Que terríveis perigos me alertavam? Que
receios o vosso país me inspiravam? Não eram produtos de sonho,
infelizmente. Eram factos que alimentavam a minha desconfiança. A lista é
tão grande que escolherei apenas alguns:
- Os Estados Unidos foram a única nação do mundo que lançou bombas atómicas
sobre outras nações;
- O seu país foi a única nação a ser condenada por "uso ilegítimo da força"
pelo Tribunal Internacional de Justiça;
- Forças americanas treinaram e armaram fundamentalistas islâmicos mais
extremistas (incluindo o terrorista Bin Laden) a pretexto de derrubarem os
invasores russos no Afeganistão;
- O regime de Saddam Hussein foi apoiado pelos EUA enquanto praticava as
piores atrocidades contra os iraquianos (incluindo o gaseamento dos curdos
em 1998);
- Como tantos outros dirigentes legítimos, o africano Patrice Lumumba foi
assassinado com ajuda da CIA. Depois de preso e torturado e baleado na
cabeça o seu corpo foi dissolvido em ácido clorídico;
- Como tantos outros fantoches, Mobutu Seseseko foi por vossos agentes
conduzido ao poder e concedeu facilidades especiais à espionagem americana:
o quartel-general da CIA no Zaire tornou-se o maior em África. A ditadura
brutal deste zairense não mereceu nenhum reparo dos EUA até que ele deixou
de ser conveniente, em 1992;
- A invasão de Timor Leste pelos militares indonésios mereceu o apoio dos
EUA. Quando as atrocidades foram conhecidas, a resposta da Administração
Clinton foi "o assunto é da responsabilidade do governo indonésio e não
queremos retirar-lhe essa responsabilidade";
- O vosso país albergou criminosos como Emmanuel Constant um dos líderes
mais sanguinários do Taiti cujas forças para-militares massacraram milhares
de inocentes. Constant foi julgado à revelia e as novas autoridades
solicitaram a sua extradição. O governo americano recusou o pedido.
- Em Agosto de 1998, a força aérea dos EUA bombardeou no Sudão uma fábrica
de medicamentos, designada Al-Shifa. Um engano? Não, tratava-se de uma
retaliação dos atentados bombistas de Nairobi e Dar-es-Saalam.
- Em Dezembro de 1987, os Estados Unidos foi o único país (junto com Israel)
a votar contra uma moção de condenação ao terrorismo internacional. Mesmo
assim, a moção foi aprovada pelo voto de cento e cinquenta e três países.
- Em 1953, a CIA ajudou a preparar o golpe de Estado contra o Irão na
sequência do qual milhares de comunistas do Tudeh foram massacrados. A lista
de golpes preparados pela CIA é bem longa.
- Desde a Segunda Guerra Mundial, os EUA bombardearam: a China (1945-46), a
Coreia e a China (1950-53), a Guatemala (1954), a Indonésia (1958), Cuba
(1959-1961), a Guatemala (1960), o Congo (1964), o Peru (1965), o Laos
(1961-1973), o Vietname (1961-1973), o Camboja (1969-1970), a Guatemala
(1967-1973), Granada (1983), Líbano (1983-1984), a Líbia (1986), Salvador
(1980), a Nicarágua (1980), o Irão (1987), o Panamá (1989), o Iraque
(1990-2001), o Kuwait (1991), a Somália (1993), a Bósnia (1994-95), o Sudão
(1998), o Afeganistão (1998), a Jugoslávia (1999)
- Acções de terrorismo biológico e químico foram postas em prática pelos
EUA: o agente laranja e os desfolhantes no Vietname, o vírus da peste contra
Cuba que durante anos devastou a produção suína naquele país.
- O Wall Street Journal publicou um relatório que anunciava que 500 000
crianças vietnamitas nasceram deformadas em consequência da guerra química
das forças norte-americanas.
Acordei do pesadelo do sono para o pesadelo da realidade. A guerra que o
Senhor Presidente teimou em iniciar poderá libertar-nos de um ditador. Mas
ficaremos todos mais pobres. Enfrentaremos maiores dificuldades nas nossas
já precárias economias e teremos menos esperança num futuro governado pela
razão e pela moral. Teremos menos fé na força reguladora das Nações Unidas e
das convenções do direito internacional. Estaremos, enfim, mais sós e mais
desamparados.
Senhor Presidente:
O Iraque não é Saddam. São 22 milhões de mães e filhos, e de homens que
trabalham e sonham como fazem os comuns norte-americanos. Preocupamo-nos com
os males do regime de Saddam Hussein que são reais. Mas esquece-se os
horrores da primeira guerra do Golfo em que perderam a vida mais de 150 000
homens.
O que está destruindo massivamente os iraquianos não são as armas de Saddam.
São as sanções que conduziram a uma situação humanitária tão grave que dois
coordenadores para ajuda das Nações Unidas (Dennis Halliday e Hans Von
Sponeck) pediram a demissão em protesto contra essas mesmas sanções.
Explicando a razão da sua renúncia, Halliday escreveu: "Estamos destruindo
toda uma sociedade. É tão simples e terrível como isso. E isso é ilegal e
imoral". Esse sistema de sanções já levou à morte meio milhão de crianças
iraquianas.
Mas a guerra contra o Iraque não está para começar. Já começou há muito
tempo. Nas zonas de restrição aérea a Norte e Sul do Iraque acontecem
continuamente bombardeamentos desde há 12 anos. Acredita-se que 500
iraquianos foram mortos desde 1999. O bombardeamento incluiu o uso massivo
de urânio empobrecido (300 toneladas, ou seja 30 vezes mais do que o usado
no Kosovo)
Livrar-nos-emos de Saddam. Mas continuaremos prisioneiros da lógica da
guerra e da arrogância. Não quero que os meus filhos (nem os seus) vivam
dominados pelo fantasma do medo. E que pensem que, para viverem tranquilos,
precisam de construir uma fortaleza. E que só estarão seguros quando se
tiver que gastar fortunas em armas. Como o seu país que despende 270 000 000
000 000 dólares (duzentos e setenta biliões de dólares) por ano para manter
o arsenal de guerra. O senhor bem sabe o que essa soma poderia ajudar a
mudar o destino miserável de milhões de seres.
O bispo americano Monsenhor Robert Bowan escreveu- lhe no final do ano
passado uma carta intitulada "Porque é que o mundo odeia os EUA ?" O bispo
da Igreja Católica da Florida é um ex--combatente na guerra do Vietname. Ele
sabe o que é a guerra e escreveu: "O senhor reclama que os EUA são alvo do
terrorismo porque defendemos a democracia, a liberdade e os direitos
humanos. Que absurdo, Sr. Presidente ! Somos alvos dos terroristas porque,
na maior parte do mundo, o nosso governo defendeu a ditadura, a escravidão e
a exploração humana. Somos alvos dos terroristas porque somos odiados. E
somos odiados porque o nosso governo fez coisas odiosas. Em quantos países
agentes do nosso governo depuseram líderes popularmente eleitos
substituindo-os por ditadores militares, fantoches desejosos de vender o seu
próprio povo às corporações norte-americanas multinacionais ? E o bispo
conclui: O povo do Canadá desfruta de democracia, de liberdade e de direitos
humanos, assim como o povo da Noruega e da Suécia. Alguma vez o senhor ouviu
falar de ataques a embaixadas canadianas, norueguesas ou suecas? Nós somos
odiados não porque praticamos a democracia, a liberdade ou os direitos
humanos. Somos odiados porque o nosso governo nega essas coisas aos povos
dos países do Terceiro Mundo, cujos recursos são cobiçados pelas nossas
multinacionais."
Senhor Presidente:
Sua Excelência parece não necessitar que uma instituição internacional
legitime o seu direito de intervenção militar. Ao menos que possamos nós
encontrar moral e verdade na sua argumentação. Eu e mais milhões de cidadãos
não ficamos convencidos quando o vimos justificar a guerra. Nós preferíamos
vê- lo assinar a Convenção de Kyoto para conter o efeito de estufa.
Preferíamos tê-lo visto em Durban na Conferência Internacional contra o
Racismo.
Não se preocupe, senhor Presidente. A nós, nações pequenas deste mundo, não
nos passa pela cabeça exigir a vossa demissão por causa desse apoio que as
vossas sucessivas administrações concederam apoio a não menos sucessivos
ditadores. A maior ameaça que pesa sobre a América não são armamentos de
outros. É o universo de mentira que se criou em redor dos vossos cidadãos. O
perigo não é o regime de Saddam, nem nenhum outro regime. Mas o sentimento
de superioridade que parece animar o seu governo. O seu inimigo principal
não está fora. Está dentro dos EUA. Essa guerra só pode ser vencida pelos
próprios americanos.
Eu gostaria de poder festejar o derrube de Saddam Hussein. E festejar com
todos os americanos. Mas sem hipocrisia, sem argumentação e consumo de
diminuídos mentais. Porque nós, caro Presidente Bush, nós, os povos dos
países pequenos, temos uma arma de construção massiva: a capacidade de
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