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Caldeirão da Bolsa

Acidente na Linha do Tua

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

"Fim da linha"

por Luis19 » 31/7/2009 13:33

Fui ao baú recuperar este tópico apenas para destacar a excelente reportagem que deu no Jornal da Noite da SIC na quarta-feira passada intitulada "Fim da Linha".

Enquanto que em Espanha as linhas ferroviárias de via estreita são recuperadas, mantidas e rentabilizadas quer para o turismo (com muito sucesso) quer para servir as populações "perdidas" na montanha, em Portugal esse tipo de vias férreas (Tua, Sabor, Corgo, etc) são totalmente abandonadas e abandalhadas pelas autoridades competentes, vá-se lá saber com que objectivos...

Enfim é o país que temos, onde é preferível mais um ou dois "mamarrachos" de betão enfiados em dois dos mais belos rios de montanha do pais (Tua e Sabor), enquanto as populações perdidas na montanha definham até não restar mais ninguém...

E depois ainda vêm para a TV com publicidade para convencer o zé povinho que até são "amigos do ambiente"...

Somos mesmos pequeninos, de facto...
 
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por Elias » 26/1/2009 0:00

dois vídeos relacionados com o encerramento da linha:

http://www.youtube.com/watch?v=zKqVyVKh3KM
http://www.youtube.com/watch?v=H9c7ayl_xxQ
 
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por mcarvalho » 8/3/2007 16:17

Pelo meu prisma
Meu comboio do Tua


O comboio do Tua, como outros comboios que serviam o Portugal mais profundo, só já existe no nosso imaginário.

O último corpo das vítimas da Linha do Tua foi resgatado e, em seguida, uma pedra com o peso de um grande silêncio e indiferença abateu-se sobre ela. Para trás e pendente de conclusão, ficou mais um famigerado inquérito só para entreter e português ver que, neste País, nada fica sem apuramento da verdade, sem avaliação de responsabilidades e sem punição. Exemplos bem convincentes aparecem com frequência à luz do dia, pelo que o povo está cada vez mais confiante nas autoridades que temos.
A morte lenta da Linha do Tua vai, no entanto, avançando, mas sem que o desfecho, há muito previsto, tenha para já data marcada. Sendo a sua saúde muito precária, vai, todavia, sobrevivendo ligada à máquina alimentada pelos autarcas dos concelhos por ela servidos e que lhe proporciona os cuidados intensivos capazes de lhe atrasar a morte. Todos os que amamos a Linha do Tua esperamos que essa luta, dos mirandelenses principalmente, não seja inglória, quanto mais não seja reconvertendo-a e aproveitando-a para fins turísticos. Seria a maneira de preservar um património que faz parte da história e da vida de uma região muito deprimida, esquecida e cada vez mais abandonada pelo poder central, apesar das promessas que sobem de tom em tempo de eleições. Este povo honrado, honesto, trabalhador, do melhor que Portugal tem, anda há muito a ser enganado. É preciso tomar consciência disto, bater o pé e criar novas e mais originais formas de luta, enquanto não nos roubem também a vontade e a esperança.
A comunicação social durante dias, enquanto o produto teve boa venda, falou da Linha do Tua, mas só teve esta grande oportunidade ao fim de 120 anos. Foi preciso ocorrer uma tragédia para que as entidades responsáveis se vissem confrontadas também com os problemas da segurança e com a necessidade da manutenção daquela linha-férrea. Quando tanto se tem investido nas vias rodoviárias, verdadeiros campos onde se trava uma sanguinária guerra civil, com mais baixas do que as que ocorriam nas três frentes da antiga guerra do ultramar, bem podiam aproveitar o exemplo da Linha do Tua para concluírem que as vias ferroviárias são bem mais seguras. Além de mais seguras são também muito menos poluentes.
Os nossos governantes, os actuais de forma escandalosa, fecham e concentram desenfreadamente serviços essenciais para as populações, mandando os utentes para as estradas, tornando o trânsito cada vez mais caótico. Trocam estradas de primeira por urgências de segunda. Só que ao povo não lhe está a agradar nada o negócio. As ambulâncias, por exemplo, também não têm asas ou escudos que as protejam dos acidentes. Os habitantes do interior, onde as distâncias a percorrer são maiores, são os grandes sacrificados desta política cega que só pensa em beneficiar os grandes centros urbanos.
Os comboios deixaram de circular em Trás-os-Montes. Nem a Linha do Douro escapou a essa sanha devoradora dum transporte que, na opinião de políticos vesgos e sem vergonha, deixou de ser essencial. Do outro lado da fronteira, nuestros hermanos vão recuperando “o troço da linha entre Salamanca e Veja de Terrón,” como dizia o distinto jornalista Manuel Carvalho, amigo da sua terra e que sente os problemas da sua região, num editorial do Público. Isso acontece mesmo às portas de Barca de Alva, o que devia envergonhar ainda mais os nossos governantes. Assim como não se envergonham que as gentes de Miranda do Douro, para irem a Bragança, tenham que fazer a viagem por Espanha ou os doentes das terras fronteiriças tenham que recorrer a médicos espanhóis e as grávidas tenham que dar à luz os filhos do outro lado da fronteira. A minha mãe pariu-me em casa, porque na minha terra, naquele tempo, não havia ainda luz, parafraseando mais uma vez o meu amigo Morais.
A Linha do Tua está ameaçada de morte, apesar de reunir óptimas condições para o turismo. A paisagem que atravessa é deslumbrante. Uma vegetação frondosa e variada, os vinhedos, as escarpas dos montes, verdadeiras gargantas que se abrem de admiração ao contemplarem aquele serpentear, por vezes apressado, do rio Tua.
É urgente, por isso, que alguém a defenda, senão terá o mesmo fim das outras que atravessavam Trás-os-Montes. Porque não se defendeu, por exemplo, com unhas e dentes o troço da Linha do Corgo entre Chaves e Vila Pouca de Aguiar que servia uma zona de turismo por excelência? Tudo se passou, no entanto, na paz dos deuses e com a maior indiferença dos líderes locais.
A grande ameaça que pende sobre a Linha do Tua é a construção de uma barragem. Para servir quem? Os mesmos senhores de sempre, os do grande capital ou que moram nas grandes cidades. Assim como acontecerá com as eólicas que vão nascendo no cimo dos nossos montes. Para investir nas linhas-férreas de Trás-os-Montes, modernizando-as e viabilizando-as economicamente, não há dinheiro, mas se for para nos sacarem recursos, então aparece sempre. Também não falta dinheiro para enterrar nas vias que servem as grandes cidades de todo o litoral e para se projectarem TGV’s.
O comboio do Tua, como outros comboios que serviam o Portugal mais profundo, só já existe no nosso imaginário. É uma saudade imensa recordar a minha primeira partida da estação de Mirandela para Bragança, à procura de conhecimentos para o futuro. Recordar a primeira viagem que fiz ao Porto, já com dezoito anos, para a realização de uns exames médicos. Recordar a viagem que não coube num dia, de Mirandela até Mafra, para frequentar o C.O.M., acompanhado do meu saudoso amigo Ricardo Sequeira, de Miradeses. Recordar ainda a viagem mais longa de comboio, de Lisboa a Chaves, no meu regresso da guerra, depois de dois anos em Moçambique. Recordar, por último, o meu comboio do Tua que serviu de relógio a meus saudosos pais e a outra gente do campo, indicando-lhe com o seu apito a hora do intervalo para descanso e de comerem o naco de pão que o diabo lhes amassava.
Hoje é uma dor de alma ver os antigos edifícios das estações em completa ruína. Por essas linhas encerradas, abandonadas e desmanteladas dói-me, como a outros bons transmontanos, não aos que sobem das capitais para se pavonearem nos congressos, ver circular carruagens invisíveis a abarrotar de desilusão, de tristeza e de saudade.


Data de Publicação: 08/03/2007
Artigo de: Armando Ruivo Comentários



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por nunofaustino » 13/2/2007 11:56

Ontem estava a ver os telejornais quando o porta voz da CP disse que "sem poder confirmar, mas tinha tido a informação que os 5 ocupantes tinham sido resgatados e estavam vivos".

Eu olhei para a minha mulher e disse "este gajo amanhã tem de ser despedido". A última vez que eu tinha visto uma coisa deste estilo, em que alguém, sem confirmação, afirmava que todas as pessoas estavam bem, acabou com 14 mortos e um ferido num acidente numa mina nos EUA.

Infelizmente aqui foi o mesmo... 2 desaparecidos, 1 morto e 2 feridos.

Espero que o porta voz da CP seja de facto despedido, ou pelo menos fortemente repreendido, pois afirmar na TV que todos tinham sido resgatados, é um erro enorme e inacreditável para quem faz da gestão da informação a sua carreira. Imaginem o que terá sido para os familiares ouvirem que está tudo bem, fiquem descansados que foram vistos e estão vivos, para depois dizerem que não... que foi um erro e que n sabem onde estão...

Um abraço
Nuno
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O que é o interior e o que é coordenação

por mcarvalho » 13/2/2007 0:52

Vale a pena ler o comentário
http://pensar-ansiaes.blogspot.com/2007 ... l#comments

é uma vergonha
 
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o interior é isto

por mcarvalho » 12/2/2007 23:27

 
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site com informação

por mcarvalho » 12/2/2007 23:23

 
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por mcarvalho » 12/2/2007 23:15

o único acidente de que há memória , na linha do tua foi em 1906 em que morreu o maquinista de um conbóio com mais de 100 pessoas


obrigado Pata

vou tentar saber mais pormenores.. mas, parece-me oportuno
mcarvalho
 
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por mval2002 » 12/2/2007 22:24

Não consigo deixar de me lembrar de Entre-os-Rios, da falta de ambulancias no alentejo, das centenas de mortos no IP4...
 
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por Pata-Hari » 12/2/2007 22:04

Ok, tudo resgatado (publico)

Resgatados quatro ocupantes da automotora que caiu ao rio Tua
12.02.2007 - 20h35



Quatro dos cinco ocupantes da automotora que esta tarde caiu ao rio Tua, entre as estações de Tua e Santa Luzia, foram já resgatadas, adiantou o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Vila Real.

Em declarações à Lusa, Guilherme Mamede, comandante do CDOS, revelou que a quinta pessoa foi entretanto localizada e estará em contacto com as equipas de socorro.

A equipa de mergulhadores enviada para o local terá sido dispensada, uma vez que não há indicações de que qualquer vítima no rio, adiantou a mesma fonte.

Carlos Madeira, porta-voz da CP, adiantou que, segundo as informações disponíveis, eram apenas três os passageiros que seguiam a bordo da automotora, a que se juntavam dois tripulantes. Dois dos passageiros terão sido rapidamente localizados, mas os outros três só foram encontrados graças à ajuda de um helicóptero, uma vez que o acidente ocorreu numa zona de difícil acesso.

Em declarações à TSF, o presidente da Câmara Municipal de Mirandela, José Silvano, confirmou estas informações, mas disse "não haver certezas" de que a bordo do veículo seguissem apenas cinco pessoas.

Ao que o PÚBLICO apurou, o acidente ocorreu entre as 18h00 e as 18h35, nas imediações da estação de Santa Luzia. As causas do acidente são ainda desconhecidas e nenhum dos responsáveis contactados quis precisar a situação em que se encontra a automotora, sustentando que a zona onde ocorreu o acidente é de difícil acesso, pelo que as informações disponíveis ainda são escassas.

O acidente envolveu uma automotora do metro de superfície de Mirandela que se encontrava ao serviço da CP, fazendo a ligação entre a estação de Tua (Linha do Douro) e aquela cidade transmontana. José Silvano explicou que o veículo, de configuração "semelhante a um autocarro", funciona há sete anos sem qualquer tipo de problema.
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por Pata-Hari » 12/2/2007 21:17

Acidente no Tua


Composição ferroviária caiu ao rio






Uma composição ferroviária caiu esta tarde ao rio Tua na zona de Carrazeda de Ansiães. O acidente aconteceu por volta das 18h00 entre as estações de Tua e Santa Luzia.



SIC






O comboio fazia a ligação entre Tua e Mirandela e estava ao serviço da CP. De acordo com o porta-voz da empresa, Carlos Madeira, não há qualquer informação sobre as causas deste acidente. Por isso, garante que vai ser feito um "rigoroso inquérito" para apurar o que aconteceu.

A mesma fonte adiantou que na composição do Metro de Mirandela seguiam três passageiros e dois tripulantes, havendo indicação de três desaparecidos e dois feridos.

Segundo o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, estão no local do acidente 35 bombeiros, 11 viaturas e um helicóptero.
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Acidente na Linha do Tua

por pasil » 12/2/2007 20:51

Comboio cai ao Rio Tua ao Final da tarde 2 feridos e 3 desaparecidos, SIC Noticias.
Bons Negócios
Quem não arrisca nao petisca
 
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