Caldeirão da Bolsa

Entrevista de Paulo Azevedo à Reuters

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por srosa » 24/2/2006 9:23

boas, bom estou convencido que eles irão conseguir ir com a APO para a frente, apesar da dividas que se tem visto e de como se tem falado os 9,5 n serem o preço mais justo... :? para a tal aquisição, mass..
 
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Entrevista de Paulo Azevedo à Reuters

por Garfield » 24/2/2006 1:02

LISBOA, 23 Fev (Reuters) -

Versão integral da entrevista a Paulo Azevedo, Chief Executive Officer (CEO) da Sonaecom <SNC.LS>:

*POSSIBILIDADE DE OFERTA CONCORRENTE:

"Acho que ofertas concorrentes de equity investors ou de operadores estrangeiros muito pouco prováveis. O Governo já deixou bastante claro, em muitas ocasiões, que não verá com bons olhos, que a 'golden share' existe e é para manter".

"Julgo que Portugal está numa situação muito diferente da de Espanha, não tem os seus maiores grupos muito consolidados, não fez grandes aquisições fora e a abertura do mercado de telecoms foi muito tarde".

"Julgo uma operação de um operador externo muito pouco provável. Nós nunca pedimos proteccionismos a ninguém. Nós propusemo-nos a conviver com a 'golden share', a perceber e a estudar o entendimento que o Governo tinha do interesse nacional e a convertê-la (golden share) noutras formas".

"É claro que, da nossa perspectiva, a solução para esta questão só poderá vir de uma solução nacional. Se eu acho uma solução nacional provável? Acho que não, não é fácil".

"Se nós dessemos grande probabilidade a esse cenário não teríamos feito uma oferta. É precisamente por acharmos que é muito difícil ter uma proposta mais equilibrada do que a nossa que a fizemos".

"Julgo que o equilíbrio e o prémio que pagamos é muito difícil de igualar. Acho muito pouco provável".


*GOLDEN SHARE:

"No novo grupo Sonaecom-PT, é nossa interpretação, de tudo o que o Governo tem dito, é que quer assegurar o controlo nacional e manter alguma vigilância sobre algumas condicionantes fundamentais da empresa, que é importante para o país. E, portanto, tentámos adequar a nossa proposta a isso".


*DESBLINDAGEM ESTATUTOS DA PORTUGAL TELECOM:

"Os fundos ligados a bancos julgo que votarão da forma que considerarem melhor para os seus pensionistas, não tenho razão nenhuma para acreditar que os gestores de fundos votem em função do interesse estratégico do accionista e não em função do interesse dos pensionistas".

"A principal barreira à desblindagem é a própria 'golden share', os accionistas das empresas em geral querem-nas desblindadas porque têm mais valor. Em princípio, quase toda a gente quererá a desblindagem".

"O Governo, porque a golden share funciona sobretudo através da sua capacidade de veto da desblindagem, só quererá fazer isso (desblindar) numa situação em que se sinta confortável".

"Acho que o nosso projecto tem muito mérito, foi extraordinariamente bem recebido pelos accionistas da PT e pelos da Sonaecom, pela opinião pública em Portugal e não só ligada aos meios financeiros e empresariais pois foi vista com um sinal de confiança e catalizador da retoma da economia".

"Acho que somos um grupo português credível, somos o maior grupo empresarial português, conhecemos este sector há muitos anos, pagamos um prémio muito elevado, estamos dispostos a conviver com o Estado, estamos crentes que temos uma estratégia que criará muito mais valor para o conjunto Sonaecom-PT".

"E, portanto, a nossa expectativa é que o Governo não vete uma decisão dessas (desblindagem), mas não somos nós que decidimos, é o Governo".


*AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA (AdC):

"A AdC tem um papel fundamental nisto que é confirmar, ou não, que o nosso projecto globalmente é muito positivo para a concorrência e para os consumidores".

"Nós passámos os últimos oito anos a tentar transmitir a importância fundamental da concorrência para Portugal. A não concorrência tem um custo económico brutal. É muito importante que a AdC diga se esta operação tem importância para o país, também neste aspecto, e, portanto, deve levar o tempo que precisar para fazer a sua análise, se puder ser rápido é bom".


*SEPARAÇÃO REDE COBRE E CABO:

"O cobre e o cabo têm características técnicas diferentes, coberturas diferentes, posições diferentes em mercados diversos".

"São duas realidades muito diferentes. É muito difícil nós fazermos uma opção sem sabermos quais os condicionantes da AdC pois esta, julgo eu, acabará por dizer quais serão as nossas quotas máximas em alguns segmentos".

"Só perante essas conclusões é que nós poderemos estudar qual a forma economicamente mais interessante para cumprir essas imposições. Não temos à partida uma grande preferência, por causa de uma convicção tecnológica, por qualquer das duas redes, seja cobre ou cabo".

"Nós sabemos que qualquer uma das redes servirá para fazer triple play".


* FUSÃO TMN-OPTIMUS:

"Nós não estamos a ver como é que, sem a fusão da Optimus e TMN, se manteria o equilíbrio da nossa proposta, em termos financeiros, políticos, da própria empresa".

"Nós conseguimos fazer o que ninguém ousou fazer até agora: na generalidade dos mercados, passar de quotas de 100 pct para cerca de 50 pct".

"Estamos a fortalecer a empresa onde (TMN-Optimus) tem menos quota e onde tem um concorrente fortíssimo -- Vodafone. Se nós dissermos, que não estamos a fortalecer nada em sítio nenhum, penso que preocuparemos o Governo, a empresa, os trabalhadores e, para nós, o interesse financeiro e a capacidade de pagar o prémio que estamos a pagar, para nós, provavelmente desaparecerá".

"Não é o único factor de sinergia da nossa proposta, mas é um factor muito importante. É o principal factor de sinergia".


*REMÉDIOS:

"A AdC, para além de considerar olhar para o conjunto e só aprovará se considerar que é muito bom para os consumidores. Mas, depois também vai ter de se assegurar que, em nenhum dos segmentos, é criada uma posição de domínio".

"A AdC vai ter de analisar, se uma empresa com 63 pct de quota (TMN-Optimus) tem uma posição de domínio, num mercado em que o outro player (Vodafone) tem 37 pct e, se calhar vai querer pôr remédios".

"Nós não estamos a contabilizar sinergias de poder de mercado. Não queremos aumentar preços, não queremos aumentar as externalidades de rede, não queremos abusar da posição dominante e, portanto, todas as coisas que nos impeçam de absuar de poder de mercado, para nós não tem custo, não estamos a contar com elas, não é isso que queremos fazer".


*VIVO:

"A nossa estratégia é crescer na área internacional, no móvel e sobretudo em empresas controladas. Isso dá dimensão competitiva à empresa e a estratégia de ter posições não controláveis não dá".

"É evidente, que a situação de partida é quase o oposto da nossa estratégia (...) e, portanto, vai ser um percurso que termos de fazer ao longo do tempo, vamos ter de negociar, sendo que tentaremos adquirir o controlo desses activos".

"O que reconhecemos, no caso da Vivo, é que está numa situação de grande encaixe estratégico com a Telefónica, será difícil conquistar (a Vivo) e também tem um encaixe menos bom com a nossa estratégia por não ser uma operação 3G. É um obstáculo à nossa estratégia".

"Qualquer coisa que venhamos a vender, porque não conseguimos comprar ou não se encaixe na nossa estratégia, será sempre uma libertação de fundos que será utilizada para implementar a nossa estratégia: para comprar o controlo de empresas".

"Mesmo que tenha menos clientes proporcionais, terá sempre muito mais clientes controlados".

"Nós não acreditamos numa estratégia de internacionalização que consista em ser um grande operador em Portugal, com uma grande quota de mercado em Portugal e depois ter acções noutros sítios. Achamos que a dimensão operacional é uma dimensão importante para a vantagem competitiva".

"A Vivo tem um grande interesse estratégico para a Telefónica <TEF.MC>, é a única peça móvel que lhe falta (deter totalmente) na América do Sul, já tem o fixo no Brasil".

"A PT não retira sinergias, mas também não deixa a Telefónica retirar. A Vivo tem um grande interesse e seria muito fácil a Telefónica pagar um bom valor por aquela empresa, julgo eu".

"Mas, não temos de implementar a nossa estratégia de um momento para o outro, podemos muito bem conviver com aquela situação muito tempo, não há nenhuma pressa especial. Não temos pressão de venda".


*MARROCOS E ANGOLA MUITO INTERESSANTES:

"Marrocos e Angola são dois mercados muito interessantes, somando TMN, Optimus, Angola e Marrocos, imediatamente teríamos um operador de outra dimensão. Não estou a dizer que esta é a nossa estratégia, não posso estar a indicar qual será o caminho que vamos tomar (...)


*APENAS FALARAM COM GOVERNO

"Nós nunca falámos com ninguém sobre esta hipótese concreta, à excepção do Governo".
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