Caldeirão da Bolsa

Pata Hari

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Pata-Hari » 18/1/2006 23:17

jarc, tens uma mp :wink: .
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por jarc » 18/1/2006 22:43

Por vezes e porque este espaço funciona (para mim) mais como um lugar para catarse, venho aqui escrever qualquer coisita (às vezes asneiras resultantes desse processo de catarse), sem o minímo de esforço pedagógico.
Acontece que este tema me interessa e me preocupa.
Pata tens razão quando colocas o problema a montante, mas a lógica da culpabilização rectroactiva, em última análise, leva-te ao esparmatozóide. Vamos ver, é óbvio que muito, mesmo muito se decide no primeiro ciclo, mas já pensaste o trabalhão que é estudar matemática para ensinar devidamente aos alunos do 1.º Ciclo. Como gosto bastante desse exercício, digo-te que pelo menos 3 anos, para um aluno aplicado. O problema é que não faz sentido investir nessa formação acrescida se depois o salário é o mesmo. Só gostanto mesmo e para se gostar é preciso ter uma formação de base sólida(em psicologia do desenvolvimento por exemplo), porque dificilmente uma pessoa gosta do que não domina.
Voltemos atrás à ironia do espermatozóide. Quando falamos em matemática falamos em conteúdos não significativos, ou pelo menos pouco significativos. Quando é que uma criança, que está "bem" do ponto de vista cognitivo, está disponível para assimilar e acomodar conteúdos não significativos? Será isso possível sem uma boa base emocional? Excepcionalmente é possível (algumas crianças investem por aí, mas poucas), mas geralmente isso não acontece. Não esqueças que ordenar, seriar, agrupar é matemática e essas capacidades devem desenvolver-se antes do ensino primário.
Julgo que te preocupas excepcionalmente por teres uma filha em idade escolar, essa preocupação é legítima. O que posso acrescentar é que estou disponível para ajudar.
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por Pata-Hari » 18/1/2006 21:56

Devastador, não acho que os pais não se preocupem com a educação. A sério que não acho. O facto de eu escrever imenso sobre o tema é porque efectivamente me preocupo imensamente. Aliás, pergunto-me se a preocupação não se deve ao facto de ter miúdos em idade escolar. O mesmo é verdade para o incognitus.

Concordo contigo que é impossivel trabalhar-se nas condições que descreves. Mas eu, que estou de fora, ainda mais pergunto : "onde raio está a instrução primária!?!??!" Caramba, não é por falta de professores.

Não acredito que os pais dos meios sócio-económicos tenha muito tempo para passar com os filhos (neste país). Os horários de quem tem carreiras competitivas e bem pagas são inacreditaveis. Os filhos são rápidamente vistos ao fim-de-semana e são sistemáticamente guardados infinitas horas pelas empregadas. O que é possivel que seja muito diferente são as expectativas que são criadas às crianças.

Explica-me porque não te revoltas com uma porcaria de um sistema que permite que os putos que tu tens na tua turma tenham a dificuldade que descreves. Porque carga de água estão eles no ano escolar que estão? que trabalho foi feito pelos professores dos anos anteriores? eu acho que é fundamental que vocês professores sejam os primeiros e os piores criticos do que vai (muito) mal na educação. Não te faz confusão que se tu trabalhes as horas que descreves e que no entanto a média seja o que é? alguém está a receber o que deveria estar no teu bolso!

Diz-me se não te faz confusão que a professora de ontem, ao ser entrevistada por ser professora da escola com piores resultados nacionais, só tenha a dizer "temos que ter esperança"? eu, de modo muito básico, diria que a esperança é que certamente não é chamada à resolução do problema.

Porque não se revoltam vocês com os obvios problemas do sistema onde trabalham?

(olha, vamos tentar manter a discussão num só tópico antes que alguém nos mate. Não só somos chatos à brava mas ainda por cima espalhamos-nos no fórum :mrgreen: , tá?)
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por Incognitus » 18/1/2006 21:48

Isso também é verdade, os alunos já chegam a esses escalões com deficiente formação, o problema começa cedo.

Aliás, o problema nota-se logo no pré-escolar, onde os privados ensinam coisas que os públicos deixam para o escolar.

Mas, devastador, o ponto que nós já tentamos fazer aqui foi de que:
1) existem professores a mais (comparações internacionais e carga horária média),
2) trabalham relativamente pouco (pois são a mais),
3) são demasiadamente remunerados em final de carreira e na reforma (o que se mostra pelas comparações internacionais)
4) Os resultados são maus (comparações internacionais).

Isso não obsta a que possam existir muitos problemas FORA da esfera de competência dos professores. Alías, o existirem professores a mais é algo que deve mais ao sistema do que aos próprios professores.

Mas NEGAR o problema tal como ele aqui está apresentado e fundamentado é em si parte do problema. E quem o nega são os próprios professores.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Pata Hari

por devastador » 18/1/2006 21:44

Pata Hari será normal eu ter mais de metade de uma turma do 7º ano com alunos que não sabem calcular mentalmente metade de 46? Mas é o que acontece!!!
Perguntei 5:1
Resposta:Um
Perguntei outra vez e disse novamente Um!!!
Pergunto metade de 9 e são poucos os que sabem. Um disse que dava 7,5!!!!
Dizem que 1Kg são 100 gramas!!! Já me disseram que a área vem em litros ao quadrado!!!
E isto acontece todos os anos!!! Onde está a primária?
Para aprender matemática, começa-se 1º pelo cálculo, para depois podermos resolver problemas...Sem as bases é difícil...
É que pessoas que têm um a matemática no 9º ano, vão para o secundária para a área de letras e depois viram professores primários!!!
Sem bases e sem treino na resolução de problemas é difícil ...

Em Portugal as crianças vêem em média 4,5 horas de televisão quando deveria ser 1,5 horas (notícia recente). Isto já diz tudo. Os pais não se preocupam com a educação dos filhos.
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