Caldeirão da Bolsa

Prodessores, "jes" e os Pedrinhos do meu país

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por ptmasters » 1/12/2005 22:12

Boas

Bem, acho que era por isto que eu não queria entrar nesta discussão, pois é demasiado complexa, e bastante difícil de abraçar todos os problemas que envolvem a educação, sob pena de não focar aspectos que seguramente não deveriam ser esquecidos.

Convém dizer que, antes de emitir a minha opinião, à imagem de algumas pessoas que por aqui deixaram a sua opinião, a minha mãe é professora, para além de mais uns quantos membros na família, passando por tios e primos...

Por outro lado e, para não ser muito extenso (!!!), não pretendo que argumentos que venha a usar sejam vistos como redutores do actual problema.

Por outro, espero que ao expor os problemas que "eu" considero existirem, seja fácil deduzir a minha proposta.

Para este tema, identifico:

:arrow: Ministério da educação;
:arrow: Professores;
:arrow: Pais;
:arrow: Alunos;
:arrow: Sindicatos;
:arrow: Conselho Directivo;

Ministério da Educação

- disconectado da realidade que se passa em muitas escolas;
- má alocação de recursos (Capital vs Trabalho);
- políticas erradas que visam trabalhar para as estatísticas;


Pessoalmente, tenho a sensação de que as políticas e procedimentos que o ME produz, é para que "tudo" aconteça quase em modo automático, desde os concursos à progressão de carreira.

Penso que seria benéfico para todos que o ME desse mais autonomia às escolas, para que estas se adaptassem dentro de um quadro regulatório, às necessidades das zonas onde estão inseridas.

Isto resultaria obrigatoriamente numa gestão mais eficiente de recursos, numa maior responsabilidade para as escolas, aumento da independência do ME, colocando-se desse modo numa posição mais confortável para exigir das escolas, premiando e penalizando os Conselhos Executivos consoante os seus desempenhos. Ou seja, há que dar os meios para depois se poder exigir.


Professores

:arrow: não sei se ganham pouco, se ganham muito. Penso é que è erradíssimo as progressões de carreira serem feitas de forma praticamente automática. Se o merecerem, como em qualquer outro sítio e for obtido como resultado do seu trabalho, ninguém tem o direito de questionar a sua justiça, seja no início de carreira, seja no fim de carreira;
:arrow: Considero errada a forma como se vê se se "gasta" muito ou pouco na educação. Deveria era ter-se em conta o custo médio por aluno do sistema educativo, e ter em linha de conta os investimentos que foram feitos no passado, baseado na mesma medida;
:arrow: a mobilidade que é exigida a muitos professores em início de carreira associado aos baixos salários do mesmo início de carreira, é um factor dissuador para o desempenho da profissão com dedicação. No início tem-se o pior de dois mundos, no fim, tem-se o melhor de dois mundos...;
:arrow: não tendo números aqui presentes, admito que a maior parte dos professores são do sexo feminino, e isso, contribuirá seguramente para o aumento do absentismo, tendo em conta que, na maior parte dos casos, são elas que se dividem entre atenção à família e profissão.
:arrow: muitos vêm a profissão como a única saída que tiveram, logo muitos desses casos não terão a vocação (...e motivação) para o desempenho dessa função;
:arrow: por vezes mantêm uma actividade paralela;
:arrow: as aulas preparadas, muitas das vezes vêm já de anos anteriores, o que deixa uma péssima imagem;
:arrow: tarefa complicada com o respeito que os alunos lhe têm. Sou defensor que deveria de existir algo que conferisse aos professores maior autoridade.
:arrow: para aqueles que anualmente têm o lugar "garantido" (efectivos e aqueles que ciclicamente são sempre colocados), parece que não sabem o quão difícil pode ser manter um emprego;
:arrow: os que nunca são colocados, a forma como exigem ser colocados, dá a sensação que se obtém emprego por decreto;


Devia sim, era de existir avaliações sérias aos desempenhos anuais de cada professor, e não com base apenas nos resultados obtidos pelos alunos, mas também às suas qualidades e requisitos para o desempenho dessa função, como forma de estabelecimento de planos individuais de melhoria. Não obstante, os resultados alcançados por estes últimos, fariam parte também da avaliação, mas numa vertente quantitativa que teria o seu peso.

Daqui se depreende que, tal cenário só era possível com autonomia nas escolas.

A possibilidade dum indivíduo dar aulas, não devia ser limitado apenas à sua formação académica, mas também ter formação específica para leccionar, e só nessas circunstâncias é que se tornava candidatável a professor (da mesma maneira que um médico que quer seguir uma especialidade, tem de o fazer no fim do curso normal de medicina). Resultava daqui que, muito provavelmente só aqueles com vocação para a profissão a seguiriam, diminuia a oferta, aumentava-se a credibilidade da classe, separando o "trigo do joio", como também o grau de certeza de que tínhamos as pessoas certas a dar aulas aumentava.


Pais

:arrow: pareçem em muitos dos casos, desresponsabilizados da educação dos seus próprios filhos;
:arrow: perdoem-me, mas considero o nosso povo culturalmente atrasado pelo menos uns 20 anos, da mesma forma que o estamos do ponto vista económico.
:arrow: o problema que tanto se fala da produtividade do país, também está relacionado com o problema cultural

Nas suas vidas, os pais deveriam procurar a formação contínua. Resolvia-se vários problemas, para além de se tornarem igualmente exemplos para os filhos.

Para além disso, só vejo como solução deixar andar o tempo, e esperar que a coisa se resolva por si própria...

Alunos

Reflexos muitas das vezes do que se passa com os pais. Aquilo que estes apostam na formação, será o mesmo que os filhos apostarão. Desacompanhados muitas das vezes. Hoje, parece-me que com a facilidade com que se obtém não só os bens materiais (inegavelmente mais fácil do que à 15 anos atrás) como também a passagem de ano, leva a uma perda de valores e do nível de exigência, principalmente para mentes que não estão ainda preparadas para serem autónomas. Por outro lado, esse facilitismo, leva ao desinteresse pela escola, daí talvez o grande abandono que se verifica depois.

Sindicatos

Que me desculpem, mas dispensáveis. Considero-os irresponsáveis pelo tipo de exigências que fazem. Parece que não estão atentos à realidade que os rodeia, e tantas outras vezes, são do contra porque parece que tem de ser do contra. Isto estende-se a tantas outras actividades (como aconteceu na VW/Ford de Palmela e na GM em Alhandra). Ou então, há que renovar as suas direcções.

Conselho Directivo

:arrow: Deviam ter mais poderes;
:arrow: Deviam ser seleccionados com o maior rigor possível;
:arrow: Deviam ser avaliados, e ser premiados / penalizados consoante os resultados globais obtidos pelas escolas, desde gestão de RH, orçamental, acções desenvolvidas pela escola, resultados dos alunos, etc.;
:arrow: Deviam avaliar os professores


Em termos de horários dos professores, se existe pouco entendimento se fazem muito se fazem pouco, no limite passavam das tais 22 ou 25 horas, e havia 30 ou mais, e nesses horários, que deviam ser passados nas escolas com gabinetes próprios, contemplavam logo os períodos para preparação de aulas à gestão das turmas e tudo o que fosse necessário.

Na avaliação dos diversos componentes do sistema educativo, penso que deveria igualmente haver uma entidade externa para fazer essas avaliações.

Isto já vai longo, não vou reler e isto é apenas a forma como vejo o sistema educativo português. Espero não ferir susceptibilidades a ninguém, pois não foi essa a intenção. Em todas as classes existe do melhor e do pior. Muito mais haveria por dizer

Um abraço
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por Incognitus » 1/12/2005 20:51

Para se colocar o problema em perspectiva, vamos assumir que 30% dos professores efectivamente dão 22 horas de aulas por semana.

Se isso acontecer, sabem quantas horas por semana dão, em média, os outros 70%?

Quantas horas por semana trabalham 108500 professores, se 46500 fizerem as suas 22 horas de aulas/semana?

Bem ... os restantes 70% dos professores farão pouco mais de 6 horas em média por semana, de aulas.

Penso que o Anacart deve saber empiricamente porque é que isto acontece ...
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por Pata-Hari » 1/12/2005 19:17

MCA (bem-vindo, antes de tudo),

Não percebi onde queres chegar. Penso que todos estamos de acordo em como a educação deve ser para todos (quer os que defendem a privatização, quer os que defendem o contrário). A discussão (ou pelo menos a minha participação) tem sido no sentido de se fazer algum brain-storming acerca do como melhorar a que temos.
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por mca » 1/12/2005 19:13

Declaração Universal dos Direitos Humanos

.


Artigo 26°
Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
Aos pais pertence a prioridade do direito de escholher o género de educação a dar aos filhos.
 
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por Incognitus » 1/12/2005 18:16

Pois, não faz muito sentido quem governa o país ter os filhos no ensino privado, como faz o Sócrates (e em princípio, fariam todos) ...
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por Pata-Hari » 1/12/2005 18:11

Uma ideia muito engraçada seria se os filhos dos nossos governantes passassem todos a ser obrigados a usar o ensino público. Talvez funcionasse como verdadeiro incentivo às melhorias na gestão da educação. Aliás, isso foi a base da revolução educativa na finlandia nos anos 70: decidiu-se tornar toda a educação pública. Temia-se que o todo fosse nivelado por baixo, mas tal não aconteceu. Se calhar por via das vontades certas serem obrigadas a usar o sistema público : quem tinha capacidade de mudar as coisas de repente teve forte motivação para o fazer.
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por Pata-Hari » 1/12/2005 18:02

PT masters, há uma grande diferença entre achar que o problema está nos professores e dizer que a culpa é deles. Nota que, pelo menos no meu caso, não ataco nenhum professor. Ataco é um sistema de gestão dos professores que permite que sejam admitidos demais (estou só a pensar no número horas médio de aulas), demasiadamente maus e que faça uma gestão incrivelmente má dos bons e dos maus professores que contrata. Não acho que a culpa seja de nenhum professor. A culpa é de quem não gere o sistema.

No entanto, sempre me fez confusão que os professores existentes não se organizem para proteger a profissão (e por essa via para proteger o respeito que lhes é devido) mas sempre os direitos adquiridos e que muitas vezes são disparatados. Eu seria a primeira a apoiar se um grupo de professores se reunisse para exigir qualificações e qualidades mínimas para a profissão, para exigir que se poupassem recursos desperdiçados para usar de outra forma, para exigir melhores manuais educativos, para exigir que os pais fossem mais envolvidos no ensino e na vida escolar..... entendes?
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por Incognitus » 1/12/2005 17:49

luis, existe alguma dificuldade intrínseca em não abrir um ou dois tópicos que não lhe interessam, em vez de se enjoar?
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por luis lobs » 1/12/2005 17:44

acho q existitrão outras formasde discutir estes assuntos sem ser no forum, parecem putos.....ja enjoa. :evil:

De certo q é um assunto sério, mas náo é o local ideal.
e' preciso viver nao apenas existir
 
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por ptmasters » 1/12/2005 17:44

Dwer Escreveu:Um acoisa que me tem deixado perplexo nesta discussão sobre o ensino é precisamente o ensino privado. A ausência deste na discussão, mais precisamente.
Aparentemente os professores do ensino privado não se queixam, nem fazem greve. Nem escrevem aqui no forum.
Ou estou enganado? Todos os professores que escrevem aqui, são do ensino público?
E o ensino privado não é assim tão pequeno face ao público.


Tenho lido os diversos post's sobre o tema, e confesso que já por várias vezes tive para responder. Não o fiz porque sinceramente, existiria tanto para dizer...

Bom, mas quanto ao seu post, cá vai a minha resposta: não se queixam porque senão eram despedidos, pretendem conservar o lugar que têm, pois existe uma série deles desempregados que não se importavam de estar no lugar deles.

1 ab

P.S.: pessoalmente, não considero que o problema esteje apenas do lado dos professores.
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por Dwer » 1/12/2005 17:28

Um acoisa que me tem deixado perplexo nesta discussão sobre o ensino é precisamente o ensino privado. A ausência deste na discussão, mais precisamente.
Aparentemente os professores do ensino privado não se queixam, nem fazem greve. Nem escrevem aqui no forum.
Ou estou enganado? Todos os professores que escrevem aqui, são do ensino público?
E o ensino privado não é assim tão pequeno face ao público.
Abraço,
Dwer

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por Incognitus » 1/12/2005 17:22

Rapidamente se compreende porque é que um sistema privado seria brutalmente mais eficiente SEM DIFICULDADE.

Bastava colocar os professores desse sistema a fazerem 22 horas/semana em média (nenhum atentado aos direitos do homem), e imediatamente um sistema privado necessitaria de metade da mão de obra ...
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por Incognitus » 1/12/2005 17:09

Um exercício interessante seria saber quantas horas de aulas por semana dá um professor médio.

Existem cerca de 1 359 000 alunos dos diversos níveis até ao secundário. Para os servir, existem cerca de 155000 professores.

Portanto, se esses alunos estiverem organizados em turmas de 20 alunos em média, existem cerca de 67950 turmas.

Se cada turma tiver 25 horas de aulas por semana, são dadas cerca de 1 700 000 horas de aulas por semana.

Como existem 155000 professores, isso significa que em média, cada um dá 11 horas de aulas por semana.

Vão-me dizer "mas existem muitos que dão o seu horário todo", "que dão as 25", blah blah.

Se assim é, então existe um número equivalente que faz ainda menos que as 11 horas ...
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re Incognitus

por Infoo » 1/12/2005 15:11

rectifiquemos para melhor clarificação

que os prof em fim de carreira ganham demasiado para o que fazem.. correcto
 
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por Incognitus » 1/12/2005 15:05

Concordo em quase tudo, mas só uma pequena adaptação ...

que os prof em fim de carreira ganham muito bem para o que fazem.. correcto, que os profs no meio de carreira e início de carreira ganham pouco para o que fazem (para os que levam a sua profissão deformadigna)... correcto


Os professores em fim de carreira não ganham muito bem "para o que fazem".

Ganham muito bem, PERIOD.

AINDA que trabalhassem as 25 horas, continuariam a GANHAR DEMASIADO, e a REFORMAREM-SE COM DEMASIADO. Isto pelas ditas comparações internacionais às quais é impossível fugir.

Isso seria verdade ATÉ se o sistema de ensino em Portugal fosse MUITO BOM.
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re Anacart e a todos

por Infoo » 1/12/2005 15:00

que os prof em fim de carreira ganham muito bem para o que fazem.. correcto, que os profs no meio de carreira e início de carreira ganham pouco para o que fazem (para os que levam a sua profissão deformadigna)... correcto

agora, o 1º ciclo não é a minha realidade, mas 2º, 3º e secundário é e

- é vergonhoso como o ME encara o Sistema de Ensino em Portugal, incentivando a "passagem administrativa" e desprezando em muitas escolas as condições de trabalho de alunos/professores/funcionários não docentes, e desprezando de forma obtusa a graduação dos professores na sua colocação

- é vergonhoso como muitos pais seguem a vida académica dos seus filhos.. e por aqui me fico neste assunto porque cada pai/mãe que se toque


agora.. muitas das faltas desapareceriam se o sistema de colocações fosse mais justo e obedecesse à graduação em todas as suas partes... que o ME criasse mais quadros d eescola e fizesse desaparecer os QZP... q acabasse com destacamentos obtusos, que fiscalizasse decentemente os destacamentos por doença...

mais uma vez, o Sistema de Ensino está como está? Não coloquem como principal mal a face professores... as outras duas faces do triângulo têm muita culpa
 
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por Incognitus » 1/12/2005 13:22

Vic, a questão dos professores é relevante porque se prende com os gastos do Estado ... e o Estado neste momento é o maior problema da nossa economia.

E muito mais giro ganhar bem do que ter a fama!


Segundo as estatísticas da OCDE, em 2001 os professores portugueses em final de carreira estavam entre os 2-3 mais bem pagos da OCDE em termos ABSOLUTOS - o que tb os colocará em final de carreira entre os que melhor ganham do mundo (à frente dos EUA e de praticamente todos os outros países).

Em termos relativos (corrigidos pelo PIB Per capita) eram os que ganhavam mais DE LONGE!! Provavelmente, do mundo (da OCDE com certeza).

E acha que têm só a fama?

Isto só se aplica ao topo de carreira (e reforma), e começa a notar-se a partir do meio da dita. Os professores nesses casos estão claramente excessivamente bem pagos para a realidade nacional.

Quanto ao resto, concordo com o Anacart que sendo professor, tem pelo menos a capacidade de ver objectivamente a realidade da classe. Que é a mesma que me transmitem as pessoas que a conhecem. E a mesma que experimentei enquanto aluno, mas já há um bom tempo atrás.
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por Vic » 1/12/2005 12:52

Desculpem o desabafo

Mas essa historia dos professores, aqui no Caldeirão (pressumivel forum sobre as bolsas), já mete NOJO.

A Administração se assim o entender pode retirar este post.

Obrigado
 
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por Anacart » 1/12/2005 12:47

FVentura

Só para esclarecer uma coisa-é evidente que os números das faltas dos professores não estão correctos! Pecam por defeito e muito! Era bom que as faltas dos professores fossem só aquelas mas como bem sabe(se está dentro da realidade do sistema) não são!

Se um professor falta por mais de um mês vem outro professor substitui-lo! Há situações como a seguinte para o mesmo horário numa escola do 1º ciclo estarem colocados 6 professores em que 5 têm atestados psiquiátricos porque essa escola é longe! Nessa estatística faltas ZERO.

Só mais uma coisa: sou professor e já corri muitas escolas. Por vezes tenho vergonha da forma como a minha "classe" encara o Sistema de Ensino! Existe muito boa gente que pensa que as Escolas existem não para que os alunos sejam educados mas antes para que os professores tenham emprego!
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Link para Pedrinho...

por FVentura » 1/12/2005 12:26

 
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Resposta ao Pedrinho...

por FVentura » 1/12/2005 12:24

Resposta ao Pedrinho do fórum "Greve dos Professores" que está bloqueado!
 
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Prodessores, "jes" e os Pedrinhos do meu país

por FVentura » 1/12/2005 12:21

Óh Pedrinho (feliz “nick”) li estes comentários e pude retirar algumas conclusões interessantes.

A primeira é que estamos perante um Pedrinho muito inteligente! Pois já foi professor e agora não é! Porquê? Porque a profissão era muito gratificante? Ganhava muito dinheiro? Tinha muitas regalias? E mordomias? Hummm… Se mudou de profissão é porque inteligentemente viu que fora dela estaria melhor… não é assim? Ou foi puro masoquismo? Eu acredito que o Pedrinho é inteligente! Neste momento realmente só fica na profissão quem não tem mais nada, ou é “burro” o suficiente para aguentar com todo o tipo de parvoíces e continuar num estúpido espírito de missão… seja lá o que isso for! Este ano dois colegas meus desistiram da profissão! Eu ainda vou gostando do que faço e sendo um perfeito parvo!

Por outro lado, é muito mais giro mandar que ser mandado. E muito mais giro ganhar bem do que ter a fama! E neste momento os professores são uns fantoches nas mãos dos “jes”, dos pais, dos ministros e secretários de estado… Todos a contribuir alegremente para esta fantochada! O problema é que os professores parecem que podem faltar nas escolas públicas para dar umas aulas nas escolas dos “jes” destes país! Será que os “jes” que sabem que os seus professores faltam nas escolas para lhes dar mais tempo fazem alguma coisa para corrigir tais ilegalidades? Nãaa… desde que ganhem mais uns trocos, até forçam essas situações… pois educação e trocos casam muito bem… pelos menos para os altamente produtivos “jes”… é esta a educação do futuro? Viva a fantochada!

Já agora… ganhar bem… Eu tenho uma licenciatura de Economia da FEP, uma licenciatura em Informática Educacional da UP, um Mestrado em Educação Multimédia da FCUP, tenho 14 anos de docência e trago para casa, desde Agosto, 1250€. Neste momento porque até há 2 anos trazia 900€, quando conseguia uma horário completo!!! Andei constantemente a mudar de escola, várias vezes com horários incompletos, sem qualquer garantia de trabalho nos anos seguintes… Foi por isso que investi noutro curso (Informática)… porque sou burro e gosto do que faço! Andei doze anos a ganhar o mesmo… como no início de carreira! Também vejo lá fora muitos a trabalhar ao frio e a ganhar muito menos que eu… Demagogia é isso mesmo! Mas o investimento que cada fez foi seguramente diferente! E se não tenho os problemas da chuva, tenho seguramente outros que eles não têm… se o Pedrinho foi professor (a sério, e não em part-time para sacar mais uns trocos…), sabe que problemas é o que não faltam… Mas também me pode comparar com os médicos que não têm mais estudos que eu e… enfim! Não vá por aí Pedrinho! E se ser Dr. não “garante nada”, pelo menos garante o investimento e esforço, e o custo de oportunidade de oportunidades perdidas… pelo menos isso!

Segundo parece, somos o país na Europa com menos “Drs.”, ao mesmo tempo o que consegue ter a maior taxa de licenciados desempregados… porque será? Terá alguma coisa a ver com o nosso empresário, desgraçado contribuinte, que “consegue” ver longe? Que sabe gerir a sua empresa para lá da visão mesquinha do feudo familiar e de “confiança” (leia-se, para os amigos!)? Que passa mais tempo em almoços e jantares “de negócios” do que a produzir alguma coisa? Que colecciona “livros” de facturas de restaurantes e gasolineiras para ser um contribuinte menos desgraçado? Será que as dificuldades do orçamento de estado são responsabilidades dos funcionários públicos ou dos empresários que não “contribuem” porque não produzem, e têm "livros" de tudo e mais alguma coisa, menos de gestão financeira, de recursos-humanos, etc.? Pedrinho, Pedrinho, os “jes” deste país… não ganharão eles demais?

Vidas difíceis, bem como maus e bons profissionais, há em todas as profissões e actividades. Mas não misture tudo!

Por fim, vindo de um professor… até parece mentira (reforço, parece)! O Pedrinho não consegue ler os números das faltas divulgados pelo senhor imaculado Secretário de Estado? É que aqueles números são para o regabofe na comunicação social e para aqueles que, coitados, estando fora do sistema comem tudo o que se lhes apresenta! Para alguém que já foi professor e agora é um “je”, o Pedrinho revela muito pouco conhecimento do como as coisas se passam, e de todas as razões que levam a que os nossos alunos (e filhos, que eu tenho 3) fiquem sem aulas! Não é que os professores não faltem! Porque faltam, e alguns abusam!! MAS está por provar que o façam mais que os outros!!! E não preciso de lhe dizer que horas, das tais milhões anunciadas, são da responsabilidade do ministério, pois não?? Pedrinho, veja lá a demagogia!!!! Não é político… ou é?

Finalmente, faz a mais pequena ideia de quantas horas da minha semana eu passo em actividades ligadas à minha profissão? Não misture tudo, Pedrinho!
Não seja o exemplo vivo da @#* que nos diz em que se está a tornar este país!!
 
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