Caldeirão da Bolsa

Greve dos Professores

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por maisum_CALD » 24/11/2005 11:27

barcavelha Escreveu:afinal eu é que ando a pagar impostos para o incognitus usufruir dos hospitais , dos tribunais das estadas...etc



O amigo sinceramente acredita no que escreve... ainda não percebeu que dessa forma não paga impostos nenhuns... ainda não percebeu que quem lhe está a pagar o vencimento é o dinheiro dos impostos que sai do sector privado... Será isto tão díficil de perceber... Tanto faz ir ao saco buscar 1.200€ e darem-lhe para a mão limpinhos como ir ao saco tirar 2.400€ e depois dizer-lhe que tem de voltar a por no saco 1.200€... Expliquei bem ou é preciso fazer um desenho...

Desculpe lá qualquer coisa mas já foi aqui tantas vezes explicado...

Um abraço
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por Incognitus » 24/11/2005 11:19

Ah, e outra coisa, como eu transacciono poucas casas, quando vendi uma declarei as ditas mais valias e paguei o dito imposto. E os valores das escrituras foram os reais.

É como lhe digo, o imposto em si não me faz mal nenhum e até o acho baixo, o que acho inaceitável é alguém querer que eu passe uma ou duas semanas à volta de papéis para PAGAR.
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por Incognitus » 24/11/2005 11:13

barcavelha, disse e repito que eu pago e paguei mais impostos que a média dos portugueses.

Adicionalmente, uso menos os serviços do Estado que a média dos portugueses. Não ponho os pés num médico do Estado ou num hospital do Estado há décadas, a minha filha está no ensino privado. Não uso tribunais (abomino a nossa justiça). E as estradas, os impostos que recaem sobre os autos e combustíveis pagam-nas e sobra.

Por isso a sua conclusão é no mínimo abusiva.

O amigo se faz tudo o que o Estado lhe diz, no dia em que o Estado lhe disser para matar judeus, imagino que continue alegremente a cumprir com as suas obrigações.

Eu tenho a noção de que há coisas que o Estado não pode pedir, uma delas é pedir dinheiro e junto com o pedido acrescentar a obrigação de passar uma ou duas semanas a preencher papeis. Como lhe disse, em 2003 fiz cerca de 6000 negócios, e não vou certamente contratar um contabilista, porque para mim nºão necessito dele (eu não olho para o resultado individual de cada trade, olho apenas para o valor líquido do portfolio).
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por barcavelha » 24/11/2005 11:07

[quote="Incognitus"]Eu não partilho da sua noção de Estado

é a minha e demais uns cerca de 10 milhões, o meu amigo afinal está a mais, o estado para si só serve quando lhe é favorável. afinal eu é que ando a pagar impostos para o incognitus usufruir dos hospitais , dos tribunais das estadas...etc

olhe um conselho!!!! não se desgaste mais e vá viver para um off shore!!!!! aí poderá fazer todos os malabarismos que quiser ma neste Estado de direito tenha paciência!!!!!!(coisa que já me começa a faltar ).
 
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por Incognitus » 24/11/2005 11:05

Por fim, e para ser consistente, eu DEIXEI DE TRANSACCIONAR EM PORTUGAL e com corretores portugueses para não ter que me chatear com papeladas.
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por Incognitus » 24/11/2005 11:04

O Estado existe para SERVIR os cidadãos, e para criar regras na relação entre estes.

Definitivamente NÃO existe para criar processos burocráticos e papeladas.

Tal como disse atrás, eu não tenho problema nenhum com pagar o imposto de mais valias, mas só o farei quando não tiver que preencher papeladas nem computar o seu resultado.

Aliás, acho o dito barato, e acho ainda que facilmente o podiam substituir por um imposto de transacção pequeno (tipo, 0.05% do valor de qualquer transacção, ou 0.1% no máximo).
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por Incognitus » 24/11/2005 10:59

Eu não partilho da sua noção de Estado, nem da sua noção do que o Estado tem ou não direito de impor.

Certas imposições do Estado, só me serão feitas a mim pela força das armas.

Entre elas, inclui-se a obrigação de passar uma ou duas semanas a preencher papéis.
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incognitus

por barcavelha » 24/11/2005 10:57

Fisco envia 20 mil cartas a ameaçar contribuintes de penhora.

A Direcção-geral dos Impostos (DGCI) enviou na passada terça-feira cerca de 20 mil cartas a contribuintes com dívidas em processos de execução fiscal a avisá-los que já identificaram os ordenados que auferem, as acções e os depósitos bancários de que são titulares e os créditos que detêm sobre terceiros.

já reparou na sua caixa de correio!!!!!
 
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por Incognitus » 24/11/2005 10:57

barcavelha, eu não concordo com isto ...

independentemente se são fastidiosas ou não!!!!


Quem RECEBE é que deve ter o trabalho, como em todas as actividades.

E sabe que mais? Tenho sorte de ter quem faça a declaração do IRS no final do ano, porque também não a faria se fosse eu. (o que seria algo estúpido da minha parte, porque eu tenho devolução de IRS).

Quem RECEBE tem obrigação de ter todo o trabalho processual.

Quem PAGA, já faz a sua parte pagando.
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por barcavelha » 24/11/2005 10:54

Só há uma forma de asfixiar o monstro mais rapidamente.
[/quote
]

é todos cumprir os direitos cívicos e legais, que passam por cumprir escrupulosamente as suas obrigações fiscais, independentemente se são fastidiosas ou não!!!!

Eu cumpro ! e você??? parece q não!!!
 
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por Incognitus » 24/11/2005 10:48

Andrade, esse ataque ao mensageiro não vai salvar a corporação, porque a corporação se enfiou numa situação insustentável economicamente.

Só há uma forma de asfixiar o monstro mais rapidamente.
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Re: ...

por andraderui » 24/11/2005 10:29

andrade Escreveu:Quem anda a roubar quem?????

Incognitus escreveu: "Eu pela minha parte não malharia nada nos profs se o ensino fosse privado e não me sentisse francamente roubado por esta corporação gigante e patentemente inviável."

Incognitus escreveu: (sobre as mais-valias)
Simplesmente, para quem está muito activo no mercado (português), isto implica uma papelada infinita. Ora, o nosso mercado já é bastante mais difícil de "espremer" para se obter alguma mais valia, e ainda querem impor esta chatice adicional?

JAS: Amigo Incognitus, ficámos a saber que para ti esta chetice é nova... Isso significa que até hoje nunca declaraste as mais valias da bolsa.

Incognitus escreveu: Em relação ao Imposto sobre mais valias, francamente nunca estive, nem nunca estarei, para preencher a papelada. Eu sei que existe e já existia. A papelada é que era horrível, eu tenho aqui um armário inteiro cheio de contratas, só pagaria imposto sobre o que nelas está se alguém fizesse as contas por mim e me apresentasse a conta final (e eu confiasse nessa conta). Já agora, os intermediários não estão na posse dos dados necessários para fazer essas contas, nem me parece que tenham capacidade para estar no prazo que os xuxas querem, ou sequer que seja possível estarem.

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por Incognitus » 24/11/2005 10:17

Mais ainda, se eu não pagasse NENHUM imposto, ainda assim teria razão, porque se me sinto ROUBADO, tenho o direito de REAGIR.
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por Incognitus » 24/11/2005 10:09

Tem piada, quando não se consegue atacar a mensagem, ataca-se o mensageiro.

É uma táctica pobre e falha nos argumentos, óbvia para quem tem dois dedos de testa, e própria de tipos desesperados na defesa da sua posição.
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Re: ...

por andraderui » 24/11/2005 10:03

andrade Escreveu:Quem anda a roubar quem?????

Incognitus escreveu: "Eu pela minha parte não malharia nada nos profs se o ensino fosse privado e não me sentisse francamente roubado por esta corporação gigante e patentemente inviável."

Incognitus escreveu: (sobre as mais-valias)
Simplesmente, para quem está muito activo no mercado (português), isto implica uma papelada infinita. Ora, o nosso mercado já é bastante mais difícil de "espremer" para se obter alguma mais valia, e ainda querem impor esta chatice adicional?

JAS: Amigo Incognitus, ficámos a saber que para ti esta chetice é nova... Isso significa que até hoje nunca declaraste as mais valias da bolsa.

Incognitus escreveu: Em relação ao Imposto sobre mais valias, francamente nunca estive, nem nunca estarei, para preencher a papelada. Eu sei que existe e já existia. A papelada é que era horrível, eu tenho aqui um armário inteiro cheio de contratas, só pagaria imposto sobre o que nelas está se alguém fizesse as contas por mim e me apresentasse a conta final (e eu confiasse nessa conta). Já agora, os intermediários não estão na posse dos dados necessários para fazer essas contas, nem me parece que tenham capacidade para estar no prazo que os xuxas querem, ou sequer que seja possível estarem.

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por Incognitus » 24/11/2005 9:38

eheh, sim, a frase incluia o pressuposto irrealista de que a despesa se manteria estável.

Bem, em todo o caso espero que estejam a ver que quando 160 000 professores chegarem ao topo da carreira, 1/4 da população activa portuguesa trabalhará só para sustentar essa parte do Estado.
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por maisum_CALD » 24/11/2005 9:36

Incognitus Escreveu: Se todos pagassem o que eu paguei, não existia déficit.


Claro que não acreditas nisso... Este Estado é como aquela família que quanto mais tem mais gasta...
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por Incognitus » 24/11/2005 9:20

Outa coisa, eu paguei até este momento muito mais impostos que a média em Portugal. Quererem que ainda afogue várias semanas da minha vida a fazer papelada de mais um imposto não tem hipótese nenhuma de funcionar. Se todos pagassem o que eu paguei, não existia déficit.
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por Incognitus » 24/11/2005 9:16

Meu caro, tambem não faz sentido "a população em geral com rendimentos médios" superiores, estar a pagar impostos para sustentar as familias com rendimentos médios inferiores.


Faz sentido sim, isso é a redistribuição a funcionar. O contrário é que não faz sentido.

Sobre os impostos de mais valias, eu repito o que disse na altura, ou seja os impostos em si até são baixos e eu pagaria os ditos se o seu pagamento não implicasse tanta papelada.

Em todo o caso, já não transacciono no nosso país, e mesmo que o nosso país ache que tem direito a mais valias feitas no estrangeiro, eu com isso não concordo.

E obviamente, pago os outros impostos como toda a gente, IRS, IVA; ISP e por aí em diante.

Eu fiz 6000 negócios em 2003 (último ano para o qual verifiquei o número de negócios), se alguém quisesse que eu pagasse impostos sobre os ditos, teria que ser esse alguém a ter o trabalho de os contabilizar.
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Re: Que belos exemplos

por barcavelha » 24/11/2005 3:07

TraderAT Escreveu:Definitivamente esta discussão já não nos leva a lado nenhum :cry: .

São estes os tristes exemplos que, barcavelha, Devastador, e outros professores...deixam neste Fórum! Para além da calinadas ortográficas

aprender a conjugar era útil!!!
.


Não terão sido os
unicos,
únicos queria dizer :oops: :oops: é verdade, mas como professores terão a responsabilidade acrescida de dar o exemplo aos seus alunos(falo em termos comportamentais de uma discusão saudável)? Eu se fosse aluno deles, teria aqui perdido parte do respeito
que pudesse
denota má fé ter por eles, mas como eu uso dizer, as atitudes ficam com quem as tem.


no coments
 
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por devastador » 24/11/2005 3:06

Os professores caem na tentação fácil da provocação pessoal!!! :shock: :shock: Não deves ter lido as intervenções de alguns teus amigos do peito!!! :shock: :shock: :shock:
Com intervenções de três linhas, seria difícil dar calinadas. Falar mal é muito fácil... Mas nós temos as costas largas...
Terão a responsabilidade acrescida de dar o exemplo!!! :shock: Que exemplo? O vosso?! Não, obrigado.
Olha, vê lá é se pagas os impostos!!! É este exemplo que eu te dou. É que estou farto de ser roubado...
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por devastador » 24/11/2005 2:46

O que sabes tu sobre a educação no Chile?

Autocarros?! Já não são novidade!!! Os putos já acordam bem cedo para irem para a escola. Será que eles preferiam acordar ainda mais cedo para andarem mais 30Km?

Esses rankings analisam alunos que se encontram no 3º ciclo, onde o ensino é obrigatório (mesmo para os que não querem estar na escola e nada fazem). Quem são os primeiros? Os países ricos e desenvolvidos ou onde as pessoas têm um elevado nível cultural (países de Leste).
Já disse uma vez que um aluno ganhou recentemente o primeiro Lugar numa prova internacional de Física (12º ano). Porque temos um ensino secundário onde só estão os melhores e aqueles que querem trabalhar...


Uma grande maioria da população tem o 6º ano. Muito já foi feito depois do 25 de Abril. Quantos licenciados temos agora? Não me vou repetir outra vez que é chato!!!
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Re: ...

por andraderui » 24/11/2005 2:42

barcavelha Escreveu:
andrade Escreveu:Quem anda a roubar quem?????

Incognitus escreveu: "Eu pela minha parte não malharia nada nos profs se o ensino fosse privado e não me sentisse francamente roubado por esta corporação gigante e patentemente inviável."

Incognitus escreveu: (sobre as mais-valias)
Simplesmente, para quem está muito activo no mercado (português), isto implica uma papelada infinita. Ora, o nosso mercado já é bastante mais difícil de "espremer" para se obter alguma mais valia, e ainda querem impor esta chatice adicional?

JAS: Amigo Incognitus, ficámos a saber que para ti esta chetice é nova... Isso significa que até hoje nunca declaraste as mais valias da bolsa.

Incognitus escreveu: Em relação ao Imposto sobre mais valias, francamente nunca estive, nem nunca estarei, para preencher a papelada. Eu sei que existe e já existia. A papelada é que era horrível, eu tenho aqui um armário inteiro cheio de contratas, só pagaria imposto sobre o que nelas está se alguém fizesse as contas por mim e me apresentasse a conta final (e eu confiasse nessa conta). Já agora, os intermediários não estão na posse dos dados necessários para fazer essas contas, nem me parece que tenham capacidade para estar no prazo que os xuxas querem, ou sequer que seja possível estarem
.

perdeu o pio :oops: :oops: :oops:
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Que belos exemplos

por TraderAT » 24/11/2005 2:31

Definitivamente esta discussão já não nos leva a lado nenhum :cry: .

São estes os tristes exemplos que, barcavelha, Devastador, e outros professores...deixam neste Fórum! Para além da calinadas ortográficas que aqui vimos, caem na tentação fácil da provocação pessoal.


Não terão sido os unicos, é verdade, mas como professores terão a responsabilidade acrescida de dar o exemplo aos seus alunos(falo em termos comportamentais de uma discusão saudável)? Eu se fosse aluno deles, teria aqui perdido parte do respeito que pudesse ter por eles, mas como eu uso dizer, as atitudes ficam com quem as tem.
Pensa como pensam os sábios, mas fala como falam as pessoas simples.(Aristóteles)
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por Jameson » 24/11/2005 2:31

http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/ ... scola.html

setembro 18, 2005
Desastre Escolar

Sempre que as estatísticas internacionais, ou quaisquer outros dados, apontam para a situação calamitosa de um qualquer sector público, os representantes dos profissionais desse sector afiançam que tal se deve à escassez de verbas e prometem que logo que o seu sector receba mais dinheiro a sua eficiência subirá para aos píncaros. Isto sucede há mais de 3 décadas. Agora, os números da OCDE cometeram a desfeita de mostrarem que, no sector da educação, a situação é calamitosa na qualidade do ensino, no seu custo, no tempo que os docentes passam na escola, nos anos de escolaridade dos alunos e no seu aproveitamento. Não há por onde encontrar saída … gasta-se em demasia, trabalha-se pouco e os resultados são catastróficos.

Um aluno do secundário custa aos contribuintes cerca de 6.000 euros por ano. Admitindo 12 prestações anuais (inscrição e 11 mensalidades), cada aluno custa 500 euros por mês. Mais que o ensino privado (que, num colégio de bom nível, orça pelos 350€/mês). O estudo diz que o salário médio de um professor do 3º ciclo, com 15 anos de experiência, é de 28.000€/ano.Um professor, no topo da carreira (10º escalão), ganha mais de 40.000€/ano (2.856,54€/mês, mais subsídio de refeição de 3,83€/dia útil). Estes valores colocam os professores portugueses perto da média da OCDE, mas perto do topo, em termos de percentagem do PIB. Se os trabalhadores do sector privado ganhassem nesta proporção, há muito tempo que já não haveria empresas em Portugal, excepto algumas “ilhotas” de alta competitividade e com sede social fora do país, para não estarem a sustentar este aparelho do Estado monstruoso e ineficiente.

Em educação, e em termos de percentagem do PIB, Portugal está no topo dos países da OCDE. Em termos de resultados estamos na cauda, a par do México e da Turquia. Citando um exemplo vindo a lume no Público, «Em termos de despesa acumulada por aluno durante a sua formação dos seis aos 15 anos, Portugal gasta 14 mil dólares por ano a mais do que a Coreia do Sul. No entanto, os alunos deste país asiático apresentaram em 2005 os melhores resultados a Matemática nestes testes internacionais e os portugueses tiveram o pior desempenho entre 26 participantes.».

Os professores portugueses passam na escola 70% do tempo da média da OCDE. O rácio alunos/professores é 20% maior no ensino privado que no público. Segundo a FENPROF, a partir daquele patamar mágico de 70%, a permanência dos professores portugueses na escola traduzir-se-ia na degradação do ensino. Os docentes portugueses são como as especialidades farmacêuticas que só se podem tomar em dose moderada. Infelizmente neste caso, se em excesso prejudica, em dose moderada tem efeito despiciendo.

A questão da permanência dos professores nas escolas e o cumprimento das 35 horas semanais é o que mais irrita, presentemente, o corpo docente. Há um ponto em que têm razão: as escolas não estão actualmente preparadas, do ponto de vista logístico, para a permanência dos professores durante o horário completo. Não têm espaços nem estão organizadas para o efeito. Não existe em Portugal o hábito do trabalho docente na escola, ao contrário dos países mais desenvolvidos da Europa. Tem que ser um processo a implementar de forma faseada, para não o tornar numa medida descontrolada e contraproducente. No resto não têm razão. Os professores utilizam o tempo adicional disponível quer em apoio familiar, quer em dar explicações. Em algumas disciplinas, as explicações são mesmo uma importante fonte de rendimento


Estes resultados são o desfecho de décadas de total incompetência dos poderes públicos e das exigências desproporcionadas das corporações do sector. Há décadas que se discute que a educação está mal. E sempre que nos debruçávamos sobre esse problema, os profissionais da educação pública asseguravam que era necessário mais dinheiro. E todos repetiam «É preciso investirmos na educação». A imbecilidade daqueles que repetiram este refrão até à exaustão foi partilhada por ministros, supremos magistrados da nação, políticos da oposição, etc. Apenas nestes últimos meses, após as veementes denúncias públicas, por parte dos “politicamente incorrectos”, do descalabro educativo que pôs a nu que Portugal é, depois da Finlândia, o país da UE que despende mais na educação em termos do PIB, mais 50% em Educação que a média europeia, e tem o mais baixo nível de educação da UE, é que os responsáveis políticos mostraram mais comedimento e Sampaio, por exemplo, desistiu de repetir o refrão que é necessário investir na educação.

A situação é de tal forma grave que não vejo que tenha solução no quadro actual. As reformas teriam que ser tão radicais, que não seriam aplicáveis face à resistência dos visados. O ensino público tem mais de 215 mil efectivos (154.883 docentes e 60.650 não docentes). Reformar este monstro criado pela incompetência, eleitoralismo e compadrio dos nossos políticos exigiria uma completa ruptura do sistema.

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Se o rácio aluno/professor no privado é maior, o que é uma situação normal, este está mais bem equipado. Na relação entre alunos e nº de PC’s e ligação à net, verifica-se que o ensino privado está melhor equipado em todos os graus (não há números do público para os jardins de infância), com especial relevo no ensino secundário e profissional.

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