Caldeirão da Bolsa

Greve dos Professores

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Jameson » 24/11/2005 2:27


http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/ ... s_esc.html

outubro 26, 2005
Ranking das Escolas 2005

Foi divulgada a lista ordenada das escolas secundárias com base nas notas dos exames nacionais do 12º ano, referentes a 2005. Quando se lêem opiniões nos jornais, verifica-se que a maioria das pessoas, principalmente os pais, é a favor da sua divulgação e os professores estão contra. Não me parece que seja de tomar como amostra muito significativa as opiniões que os professores enviam para os jornais: normalmente os que se pronunciam, são os que estão contra. Eu acho importante que estes valores sejam divulgados publicamente. Mas é igualmente importante que as análises dos resultados sejam feitas com objectividade evitando considerar os números como um valor absoluto em si. É importante, por exemplo, cotejarem-se os números com o meio social onde a escola se insere, ver se o número de alunos que prestaram provas é significativo, analisar os valores referentes a vários anos, e não apenas ao ano em curso, etc.

O número de alunos que prestaram provas é relevante. Deixa-me indiferente saber que o Colégio Mira Rio teve a média mais alta, sabendo que apenas 5 alunas (20 provas) foram avaliadas. A comparação só tem significado se uma escola apresentar no mínimo 150 a 200 provas. É importante, como referi acima ter uma série anual dos resultados da escola, mas pode não ser possível extrair daí a conclusão sobre se essa escola está a melhorar ou a piorar. As descidas e subidas de determinadas escolas têm um significado muito relativo. Há turmas excepcionais que enviesam os resultados de um ano e que só se repetem alguns anos depois. Portanto, o facto de uma dada escola estar, num ano, em 10º lugar e, no outro ano, em 20º lugar, pode ter um significado muito relativo. Todavia tem significado o facto de uma escola estar sempre entre as melhores (por ex., as 20 ou 30 primeiras). O resto, depende da “colheita” do ano.

A questão da extracção social tem obviamente influência no aproveitamento médio dos alunos, mas não é determinante. Sucede mesmo, com alguma frequência, que são os mais desfavorecidos que mais se empenham e melhores resultados conseguem. Depende muito da forma como são educados em casa e pouco do nível do rendimento dos pais. O que sucede, algumas vezes, é que o baixo nível de rendimento dos pais está associado a comportamentos familiares pouco adequados a uma educação correcta.

Os maus resultados de muitas escolas do interior ou de zonas economicamente mais carenciadas devem-se sobretudo à má qualidade do corpo docente, normalmente flutuante, que aspira a transferir-se na primeira oportunidade, pouco empenhado, pouco assíduo, etc.. É claro que essa “má qualidade” docente tem a ver com a localização da escola, mas está nas mãos do ME corrigir esta situação. O ME deve assegurar a estabilidade do corpo docente. Não a estabilidade do “asilo”, mas a estabilidade da competência. Para tal a escola deve ter autonomia e responsabilidade. Mas para isso deve pôr-se um travão à “chamada” “gestão democrática” que tem sido uma das responsáveis pela degradação do ensino público nos últimos 30 anos. A escola, a nível administrativo e de gestão de recursos humanos, principalmente dos professores, tem que ter um "patrão" não eleito pelos seus pares, pois senão aquele pode tornar-se apenas o intérprete dos interesses corporativos dos professores dessa escola.

A mania que as condições sociais determinam o comportamento das pessoas é uma herança da liofilização do marxismo. Obviamente que têm alguma influência, mas as pessoas têm capacidade de as superar. Por exemplo, os meus avós paternos eram gente modesta e o meu pai formou-se porque teve sempre bolsas de estudo (e isenção de propinas, que naquela época eram elevadas) e obtinha rendimentos das explicações que dava. Sem isso não teria sido possível custear-lhe os estudos. Todavia era (e é) gente com elevado sentido do que é a vida familiar e das obrigações, direitos e deveres de cada um. Essa educação acabou por ter reflexo, indirecto, na educação dos netos. Apesar dos nossos pais serem pessoas abastadas, sempre tivemos apenas o mínimo indispensável para fazermos face àquilo que os nossos pais entendiam como o consumo diário. Nem mais um tostão. Isso causava-nos alguma perplexidade, quando víamos os nossos colegas meterem a mão ao bolso e tilintarem as moedas. Consumirem coisas que a nós estavam vedadas, porque só levávamos o dinheiro para o indispensável. Nem todos nós reagimos da mesma maneira. Nem todos nós adquirimos o mesmo sentido do valor do dinheiro e da falta de sentido do consumo supérfluo. Mas certamente estamos todos acima da média nesse capítulo.

A minha ex-escola tem, ainda que residualmente, alunos oriundos do Bairro da Boavista. Portanto não será das escolas mais “favorecidas” no que concerne à origem social dos alunos. O que a distingue é que tem um Director que, comparado com directores de outras escolas, deve estar muitos furos acima, e um núcleo duro do corpo docente competente, que sabe o que quer, que sabe que a escola se destina a servir os alunos e não os professores, e que acaba por servir de orientação e de enquadramento ao restante corpo docente. Talvez por isso tive a satisfação de verificar que continua no topo, apesar de pública, apesar de ter tido mais de 500 provas ... Este ano foi mesmo a primeira escola pública de Lisboa, no ranking das escolas.

Finalmente continua a verificar-se uma progressão do ensino privado, relativamente ao público. Isso não tem a ver com classes sociais. Em primeiro lugar não sei se o rendimento médio dos pais dos alunos das escolas públicas nas zonas centrais dos grandes centros urbanos é significativamente inferior (ou mesmo inferior) ao dos pais dos alunos das escolas privadas. Em segundo lugar, o ambiente familiar não depende do nível do rendimento, mas da formação cívica e cultural dos pais.

O que me parece, é que a divulgação do ranking das escolas, a partir das notas dos exames nacionais do 12º ano, tem incentivado as escolas privadas a melhorarem o seu desempenho com o intuito óbvio de aumentarem a sua procura (e eventualmente as propinas mensais), o que é menos visível com as escolas públicas. A diferença é que o ensino privado trabalha para o mercado e tem que apresentar resultados, enquanto o ensino público está dependente do brio profissional do corpo docente. As escolas públicas em que esse brio é prevalecente, apresentam bons resultados, talvez não tão bons como algumas privadas, mas temos que dar algum desconto porquanto a sua margem de manobra para escolher os alunos é menor. Se este processo de diferenciação dos resultados entre ensino público e privado se acentuar podemos correr o risco de ver o ensino público a degradar-se de forma cada vez mais rápida face ao privado.

Como ideia geral continuo convencida que, por enquanto, nas escolas mais centrais dos grandes centros urbanos, com corpo docente mais consolidado, a qualificação do corpo docente público (nomeadamente o que designei por núcleo duro) é superior, em média, ao privado. Em contrapartida, no ensino privado há mais apoio aos alunos que se atrasam nos estudos e necessitam recuperar. Também há mais apoio e diversidade a nível de actividades lúdicas e desportivas e na integração dos alunos no todo do corpo discente. Os alunos do ensino público estão mais entregues a si próprios, mas isso não constitui apenas desvantagens, pois torna-os mais responsáveis e capazes de autonomia de decisão.

Todavia esta situação pode mudar radicalmente. O “corpo docente mais consolidado” e os núcleos duros que sustentam os bons resultados de muitas escolas públicas, reformar-se-ão certamente durante os próximos 10 anos. Os mais jovens são de uma geração que já foi educada no laxismo e na ausência do sentido do dever e do brio profissional no exercício da função docente. Ora o brio profissional é a “mão invisível”, que substitui o mercado, no funcionamento das escolas públicas. Se não houver uma mudança profunda na política educativa, na parte relativa ao corpo docente e à organização das escolas, o futuro do ensino público pode ser catastrófico.


Publicado por Joana às outubro 26, 2005 08:59 PM
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Re: ...

por barcavelha » 24/11/2005 2:18

andrade Escreveu:Quem anda a roubar quem?????

Incognitus escreveu: "Eu pela minha parte não malharia nada nos profs se o ensino fosse privado e não me sentisse francamente roubado por esta corporação gigante e patentemente inviável."

Incognitus escreveu: (sobre as mais-valias)
Simplesmente, para quem está muito activo no mercado (português), isto implica uma papelada infinita. Ora, o nosso mercado já é bastante mais difícil de "espremer" para se obter alguma mais valia, e ainda querem impor esta chatice adicional?

JAS: Amigo Incognitus, ficámos a saber que para ti esta chetice é nova... Isso significa que até hoje nunca declaraste as mais valias da bolsa.

Incognitus escreveu: Em relação ao Imposto sobre mais valias, francamente nunca estive, nem nunca estarei, para preencher a papelada. Eu sei que existe e já existia. A papelada é que era horrível, eu tenho aqui um armário inteiro cheio de contratas, só pagaria imposto sobre o que nelas está se alguém fizesse as contas por mim e me apresentasse a conta final (e eu confiasse nessa conta). Já agora, os intermediários não estão na posse dos dados necessários para fazer essas contas, nem me parece que tenham capacidade para estar no prazo que os xuxas querem, ou sequer que seja possível estarem
.

perdeu o pio :oops: :oops: :oops:
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por Jameson » 24/11/2005 2:02

devastador Escreveu:É interessante essa lista!!! Não encontro lá um país pobre como Portugal!!!

??? O 3º pais é o Chile !!

Continuo a dizer:
Vocês vão à lista dos resultados e observam escolas PÚBLICAS nos primeiros lugares!!!E são muitas!!!Não é no 1º lugar, pois as públicas não têm 5 alunos!!!!

Querem que os pais possam agarrar no cheque e escolher a sua escola. Em Santa Comba Dão (como na maioria das terras portuguesas) há um a escola EB 2,3 e outra Secundária. Vão escolher entre o quê? Não vão colocar os seus filhos a Km de casa!!!

Faz-se como na américa: School Bus ( até o Bloco de Esquerda acha esta uma boa ideia dos Americanos) e para os alunos é melhor para interagirem com outras crianças)

AS escolas precisam sim é de autonomia na sua gestão.


Vocês andaram todos em colégios? Penso que não!!! Ao nível dos conhecimentos científicos são maus profissionais?

falemos do nivel actual a q chegamos, e nos rankings imparciais internacionais, como da OCDE, nós aparecemo em ultimo ou lá perto


Na televisão, relativamente ao lançamento da nova caixa de jogos da microsoft:
Quantas horas tu dedicas aos jogos?
5 horas. outro disse 4. Os pais não lhes dizem nada.

Quantos alunos têm televisão no quarto?
Quantos passam horas nos chats e com o consentimento dos pais? Quantas horas eles perdem por dia nos computadores?
Os pais não serão os responsáveis máximos pela educação dos seus filhos?

a culpa não é só vossa, eu acho que vocês deveriam ter mais poder para disciplinar os mal comportados e poder para reprovar ...esta politica do ME de deixar passar até ao 9º não tem cabimento para mim
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por devastador » 24/11/2005 1:54

É interessante essa lista!!! Não encontro lá um país pobre como Portugal!!!

Continuo a dizer:
Vocês vão à lista dos resultados e observam escolas PÚBLICAS nos primeiros lugares!!!E são muitas!!!Não é no 1º lugar, pois as públicas não têm 5 alunos!!!!

Querem que os pais possam agarrar no cheque e escolher a sua escola. Em Santa Comba Dão (como na maioria das terras portuguesas) há um a escola EB 2,3 e outra Secundária. Vão escolher entre o quê? Não vão colocar os seus filhos a Km de casa!!!
AS escolas precisam sim é de autonomia na sua gestão.


Vocês andaram todos em colégios? Penso que não!!! Ao nível dos conhecimentos científicos são maus profissionais?


Na televisão, relativamente ao lançamento da nova caixa de jogos da microsoft:
Quantas horas tu dedicas aos jogos?
5 horas. outro disse 4. Os pais não lhes dizem nada.

Quantos alunos têm televisão no quarto?
Quantos passam horas nos chats e com o consentimento dos pais? Quantas horas eles perdem por dia nos computadores?
Os pais não serão os responsáveis máximos pela educação dos seus filhos?
Incognitus, temos ideias políticas bem diferentes!!
Estou cansado de fazer sucessivas intervenções que já me fizeram gastar muito do meu tempo. Tenho que ter em conta as minhas tarefas escolares e não me posso deitar sempre tarde. Por tudo isto esta será a minha última intervenção. Espero ter contribuido para a dignificaçaõ da minha carreira. Se queremos que os nossos filhos tenham sucesso, isso não poderá depender somente dos professores.
Adeus. Um abraço para todos.
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por alexandre7ias » 24/11/2005 1:44

Os níveis de ensino que temos estado a falar, até ao momento, têm sido até ao Secundário - não incluo as universidades neste esquema - as universidades deveriam ser pagas pelos próprios utilizadores, nem que seja mediante Empréstimos Estudantis, porque quem cursa tem perspectivas de rendimento superiores. Não faz sentido a população em geral com rendimentos médios inferiores, estar a pagar impostos para sustentar a obtenção de vantagens económicas para quem cursa


Meu caro, tambem não faz sentido "a população em geral com rendimentos médios" superiores, estar a pagar impostos para sustentar as familias com rendimentos médios inferiores.
Existem pessoas que ganham muito, porque tambem trabalham muito, e algumas que ganham pouco mas não trabalham nada.
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...

por andraderui » 24/11/2005 1:41

Quem anda a roubar quem?????

Incognitus escreveu: "Eu pela minha parte não malharia nada nos profs se o ensino fosse privado e não me sentisse francamente roubado por esta corporação gigante e patentemente inviável."

Incognitus escreveu: (sobre as mais-valias)
Simplesmente, para quem está muito activo no mercado (português), isto implica uma papelada infinita. Ora, o nosso mercado já é bastante mais difícil de "espremer" para se obter alguma mais valia, e ainda querem impor esta chatice adicional?

JAS: Amigo Incognitus, ficámos a saber que para ti esta chetice é nova... Isso significa que até hoje nunca declaraste as mais valias da bolsa.

Incognitus escreveu: Em relação ao Imposto sobre mais valias, francamente nunca estive, nem nunca estarei, para preencher a papelada. Eu sei que existe e já existia. A papelada é que era horrível, eu tenho aqui um armário inteiro cheio de contratas, só pagaria imposto sobre o que nelas está se alguém fizesse as contas por mim e me apresentasse a conta final (e eu confiasse nessa conta). Já agora, os intermediários não estão na posse dos dados necessários para fazer essas contas, nem me parece que tenham capacidade para estar no prazo que os xuxas querem, ou sequer que seja possível estarem.

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por alexandre7ias » 24/11/2005 1:36

Jameson Escreveu:
Alexandre7ias Escreveu:Quantas famílias sofrem e passam mal para poder ter os filhos no privado, imagine agora se fossem todas.


não é assim! actualmente o Estado gasta, em média, com cada aluno 100 cts ( contas simplistas )
a ideia é dar um cheque-educação de 100 cts ás familias com filhos, e estas iriam procurar uma escola para o filho

o que se privatiza é o "serviço de prestação" de educação

acredita-se na viabilidade e na eficiência desta modalidade porque as propinas mensais de um colégio de elite é inferior a esse valor, ou seja, os privado fazem melhor e por menos dinheiro

os mais pobres serão sempre protegidos



Claro estou a ver, o estado poupava e o privado ganhava ( Ou seriam geridos sem fins lucrativos).
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por Jameson » 24/11/2005 1:29

Alexandre7ias Escreveu:Quantas famílias sofrem e passam mal para poder ter os filhos no privado, imagine agora se fossem todas.


não é assim! actualmente o Estado gasta, em média, com cada aluno 100 cts ( contas simplistas )
a ideia é dar um cheque-educação de 100 cts ás familias com filhos, e estas iriam procurar uma escola para o filho

o que se privatiza é o "serviço de prestação" de educação

acredita-se na viabilidade e na eficiência desta modalidade porque as propinas mensais de um colégio de elite é inferior a esse valor, ou seja, os privado fazem melhor e por menos dinheiro

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por Incognitus » 24/11/2005 1:25

Quantas famílias sofrem e passam mal para poder ter os filhos no privado, imagine agora se fossem todas. Nem oito, nem oitenta e penso que se o privado fosse de tanta qualidade não havia tanta procura para poder entrar nas universidades publicas ( algo de errado se passa ) . Quais são as universidades mais importantes deste Portugal ????


2 coisas:

1) Não percebeste o conceito do "Cheque ensino";

2) Os níveis de ensino que temos estado a falar, até ao momento, têm sido até ao Secundário - não incluo as universidades neste esquema - as universidades deveriam ser pagas pelos próprios utilizadores, nem que seja mediante Empréstimos Estudantis, porque quem cursa tem perspectivas de rendimento superiores. Não faz sentido a população em geral com rendimentos médios inferiores, estar a pagar impostos para sustentar a obtenção de vantagens económicas para quem cursa.
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por Incognitus » 24/11/2005 1:21

Devastador, o existirem ou não paises sem escola pública é irrelevante. Conceptualmente, é fácil de ver que se fossem totalmente privadas funcionavam melhor, se não existir nenhum país nessa situação, TANTO MELHOR, pois ficaríamos em vantagem.

Não se trata de 1200 ser ou não elevado, mas sim de ser o Estado a determinar se é ou não elevado (e obviamente, o topo de carreira é elevado e todos chegam lá, o que mostra que o Estado é bacoco a estabelecer os valores).

Todas as profissões são igualmente honradas, sejam pedreiros ou professores. As profissões valem na medida em que terceiros tenham necessidade delas. Se nenhum terceiro necessitar do nosso serviço (seja porque razão for), então o nosso serviço não vale nada. Se todos precisarem dele, vale muito.

É por isso que eu defendo que o ensino (e tantas outras coisas) sejam privatizadas: para que o real valor seja atribuído a essas funções, pelo mercado, mercado esse que nada mais é que o conjunto de utilizadores da função em questão (ou, neste caso, os seus pais a tentar escolher o melhor para os filhos).
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Re: Qual é o país?

por Jameson » 24/11/2005 1:18

devastador Escreveu:Mas diz lá qual é o país que não tem escola pública?!!


http://www.nationmaster.com/graph-T/edu ... ins&int=-1

Education: Public spending on private institutions

Definition: Percentage share of total public education expenditure which goes to private educational institutions. Includes both direct expenditure and indirect public transfers and payments. Data for 1999.

1. Netherlands 72.6%
2. Belgium 56.7%
3. Chile 36.2% ( ver tb as reformas q estes tipos fizeram na Segurança Social )
4. United Kingdom 35.3%
5. Australia 22.9%
6. Sweden 21.1%
7. Germany 17.9%
8. Norway 16.7%
9. France 14.8%
10. Finland 13.9%
11. Spain 13.1%
12. Argentina 11.9%
13. Malaysia 11.8%
14. Switzerland 10.4%
15. New Zealand 9.1%
16. Hungary 8.7%
17. Italy 8.4%
18. Portugal 8.2%
19. Czech Republic 7.7%
20. Austria 7.5%
21. Ireland 6.3%
22. Jamaica 4.4%
23. Turkey 3.5%
24. Slovakia 3.3%
25. Mexico 3.1%
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por alexandre7ias » 24/11/2005 1:18

Tive algumas/alguns amigas/os que por não ter notas para entrar no ensino publico, foram estudar para o privado, e posso garantir que conseguiram acabar o curso ( Alguns deles não sei se já trabalham, possivelmente muitos nas caixas do Jumbo, Continente) no entanto pelo menos 3 vezes por semana o jantar deles eram PIPOCAS, imagino o dos familiares.

Quantas famílias sofrem e passam mal para poder ter os filhos no privado, imagine agora se fossem todas. Nem oito, nem oitenta e penso que se o privado fosse de tanta qualidade não havia tanta procura para poder entrar nas universidades publicas ( algo de errado se passa ) . Quais são as universidades mais importantes deste Portugal ????
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re

por Infoo » 24/11/2005 1:17

Incognitus Escreveu:Se os 160000 professores chegarem ao topo da carreira, e se admitirmos um salário médio de 900 Euros para o empregado do sector privado médio, e admitirmos que esse empregado entrega 30% do seu rendimento das mais variadas formas ao Estado (entrega mais, na realidade), então só para sustentar os 160000 professores "de topo" vamos necessitar dos impostos de 1.5 milhões desses empregados médios, ou seja, de 1/4 da população activa de Portugal.

Eu parece-me que não estão a ver bem a dimensão do problema.


Pois é Incognitus, estas sociedades ocidentais e desenvolvidas ainda não estão a ver como vão resolver o problema que criaram ao "incentivarem" de muitas maneiras o não ter filhos.... a velhice da sociedade... mais gente a viver mais anos e entretanto menos jovens a sustentar o sistema. MAS o problema não é da função pública somente.... toma o caso dos Lucrativos e Privatizados bancos... agora que isto está a começar a aquecer.... coff cofff andam a atirar os seus empregados para "o público"

... coisas
 
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Qual é o país?

por devastador » 24/11/2005 1:13

Mas diz lá qual é o país que não tem escola pública?!!
1200 é um salário elevado? Será que na Europa os professores são mal remunerados e a sua profissão não é dignificada? Será que os alunos têm razão quando dizem que não vale a pena estudar, pois como pedreiros ganham mais do que eu?

INJUSTO é uma coisa e ROUBO é outra!!!
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por Incognitus » 24/11/2005 1:11

Bom resumo, maisum.
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por maisum_CALD » 24/11/2005 1:06

Está mais que evidente para mim que esta confrontação está a ficar viciada. Fala-se muito (certas pessoas) mas não o que está essencialmente em causa que é a viabilidade do sistema a prazo... Isso não está a ser visto, ou não há interesse em ver... Se há realmente professores e pessoas com categoria, e alguns escreveram aqui, a verdade é que são muitos os que não conseguem ver um palmo para a frente dos olhos... Talvez com um exemplo consigam ver alguma coisa...

Imaginem que são 1 chefe de família (ou 1 casal) que tem de gerir uma receita mensal de 2.000€.
No passado e noutras circunstâncias a família conseguiu fazer um pé de meia e tem no banco uma quantia de 50.000€ de que se pode socorrer em caso de necessidade...
Entretanto nos dias que correm as despesas lá em casa com electricidade, água, telefone, alimentação, carro, empregada, educação dos filhos, etc, etc estão a somar mensalmente os 3.000€...

O que está á vista para quem faz as contas lá em casa é que se não é possível aumentar as receitas é necessário, é obrigatório, reduzir a curto prazo as despesas para não desbaratar o dinheiro no banco que em simplesmente 50 meses vai desaparecer totalmente... e sem mais onde ir buscar o futuro será um pesadelo...

Ora o que acontece é que se substituírem o casal pelo nosso governo, os filhos pelo povo português e a casa pelo país, temos na verdade um problema idêntico... Só que os governos no passado andaram de olhos tapados entretidos com a caça aos votos e estão só agora (tarde) a reparar que o pé-de-meia está perto das lonas... Antigamente desvalorizavam a moeda para manter a competitividade, etc., etc., colocavam o país mais pobre e iam assim enganando o povo mas agora têm de prestar contas devido ao euro e não tem outra solução que não diminuir as despesas, tirando um bocado ali (aos professores) e outro bocado acolá (a outros) mas pouco a eles (políticos e ás suas ideias megalomanas)...

E é isso que o Incognitus está a querer dizer... Está farto de explicar e as pessoas não entendem... O Estado é um mau gestor dos nossos impostos... O estado não é uma coisa divinal... são simplesmente pessoas e erram e puxam a sardinha para eles como qualquer ser humano puxa... e com o poder nas mãos tem tendência naturalmente para o exagero como o demonstram os factos... O que o Incognitus defende é que cada família receberia do Estado (retirado dos nossos impostos) um cheque para pagar o ensino dos filhos na escola que os pais escolheriam da mesma forma que escolhemos com o nosso ordenado a padaria onde compramos o pão, ou o stand onde compramos o carro... e não falta escolha (melhor qualidade) pois a necessidade de fazer bem para conquistar clientes é uma constante no sistema defendido... O contrário é o sistema comunista que já provou que não funciona pelo comodismo que implica nas pessoas. O governo eleito democraticamente pelo povo deveria existir essencialmente para defender os cidadãos corrigindo os exageros, criando leis que impeçam os próprios cidadãos de abusar do sistema...

Claro que iriam haver escolas a fazer batota, etc., etc., mas a prazo o mercado corrige todos esse defeitos e desvios... alguém hoje em dia trocaria a hipótese de colocar os seus filhos numa boa escola particular pela hipótese de os ver numa escola pública... Pelos vistos o nosso 1º ministro não pensou 2x...

Mas se para algumas pessoas tudo isto ainda soa a exagero, ou a filosofia, a verdade é que a actualidade cada vez mais está a provar o que vai ser o futuro... Como não se vão tomar as medidas correctas (deste ponto de vista) só nos resta a prazo bater bem lá no fundo... Acredito mesmo que só depois então sem outras fugas possíveis para a frente e sem demagogias se deverá/poderá tomar o rumo certo...

Abraço
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por Incognitus » 24/11/2005 1:05

A segurança social, sim, instituindo seguros de desemprego obrigatórios para os empregadores, e planos de reforma capitalizados. O Estado ficaria apenas responsável por um mínimo para todos os cidadãos, e como um orgão regulador do sistema. A ideia seria retirar a gestão de toda esta burocracia ao Estado.

A justiça, dentro do possível. Por exemplo, é concebível que tudo na justiça excepto o juiz fosse privatizável. O que era interessante, pois facilmente uns tribunais seriam mais eficientes que os outros, e por isso atrairiam mais "negócio". A função do juiz parece impossível de privatizar excepto por acordo das partes por exemplo para justiça comercial.

O Governo e PR obviamente não são privatizáveis.

Mas a medicina é, totalmente.

E a cultura idem (ou se suprimia totalmente o ministério, ou alternativamente "se queremos mesmo gastar dinheiro nisso", implementava-se o "cheque cultura", sendo que onde as pessoas o gastavam já seria determinado pela sua própria vontade - não existiriam subsídios directos).

Tb seria de eliminar praticamente todos os subsídios que existem, com uma excepção engraçada ... a subsidiar-se alguma coisa, teria que ser algo fortemente lucrativo e produtivo.

Uma ideia sobre a qual ainda ando a pensar, seria a de os accionistas de uma empresa receberem directamente do Estado uma pequena % de todos os impostos gerados por essa empresa (isto cumulativamente com os lucros normais após impostos, entenda-se). Isto é interessante porque empresas que gerem muito emprego, geram muitos impostos, e portanto mesmo antes de darem lucro já compensariam os investidores, o que provavelmente levaria à criação de mais dessas empresas.
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por Anacart » 24/11/2005 0:57

Incognitus,

Na generalidade estou de acordo com o que dizes sobre o sistema de ensino e te garanto que não fazes ideia como ele funciona..ou melhor não funciona!
Imagina dois professores com a mesma idade o mesmo tempo de serviço....
Se um deles for competente, se esforçar.... e o outro não fizer a ponta de um ***** qual achas que progride na carreira? Os dois! Mas o melhor não é isso o competente como prémio é nomeado para um monte de "cargos" burocráticos que realmente dão trabalho e dores de cabeça!

P.S.-tb privatizavas a segurança social, a justiça, o governo e a PR?
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por Incognitus » 24/11/2005 0:55

E sim, os profs estão a usar o Estado. É o Estado que lhes paga, os escolhe, coloca e promove de forma mecânica.

Se fosse o sector privado, já não estariam a usar o Estado.
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por Incognitus » 24/11/2005 0:54

jarc, o que acabaste de escrever é próximo de surreal. Parece uma espécie de piada, ao defenderes directamente a manutenção dos incompetentes (o que agregado ao facto de que todos progridem até ao topo de carreira, ainda se torna mais surreal).

Já agora, os investidores e empresários incompetentes vão à falência e são de facto despedidos...
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ensino

por jarc » 24/11/2005 0:49

Incognitus, os profs estão a usar o Estado? Ao estado a que isto chegou!
Em todas as profissões há os mais e os menos competentes. Esse paleio que agora os menos competentes vão para a rua... Quanto mais paleio desse, menos a coisa muda. Avaliação séria e discriminação positiva dos competentes é uma coisa, outra é atirar ao boneco. Imagina que o País despedia os empresários incompetentes e os investidores de bolsa incompetentes. Ficavam só os competentes a comerem-se uns aos outros. Imagina a vida só com os competentes, deixavam de o ser, porque os competentes são competentes por oposição aos incompetentes. :wink:
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por alexandre7ias » 24/11/2005 0:43

:oops: :oops:
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por Incognitus » 24/11/2005 0:40

O salário justo para um professor é já por si algo de muito relativo!!! É 800 euros, é 801 euros, é 900 euros? EU não posso chamar LADRÃO a uma pessoa por ela receber um salário que EU ache elevado!!!
Eu recebo 1200 euros!!! Não recebo 2500 euros!!! Será este último um salário elevado ? É mais do que o dobro que eu recebo. Claro que é elevado tendo em conta a situação económica nacinal. O mesmo se passa com os salário de médicos , enfermeiros, juízes, administradores,...(em fim de carreira). Penso que sou uma pessoa razoável... O nosso país não é a Alemanha...


Não seria algo de muito relativo se estivessemos perante um sector privado.

O que quer que fosse, pouco ou muito, mais ou menos, seria justo.

Assim, pago pelo Estado e trantando-se de valores relativamente elevados em topo de carreira (aos quais todos chegam!), é injusto, compreendes?

O problema está não nos níveis de remuneração em si, mas na forma como são estabelecidos (pelo Estado, e não pelo sector privado).

O mesmo se passa com as outras profissões que citaste, embora no caso dos Juizes seja complicado saber qual a alternativa (já funcionarios judiciais, enfermeiros, médicos, etc, devia ser TUDO privatizado).
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por Incognitus » 24/11/2005 0:36

Eu pela minha parte não malharia nada nos profs se o ensino fosse privado e não me sentisse francamente roubado por esta corporação gigante e patentemente inviável.

Tal como não malho nos jogadores de futebol ou outras profissões extremamente bem pagas e cuja produtividade é questionável. Não malho, porque se há pessoas que lhes dão valor e pagam, então essas profissões têm todo o direito de ser bem pagas.

Agora, os professores estão essencialmente a usar o Estado para manter uma corporação gigante a progredir para níveis de remuneração em topo de carreira que não são compatíveis com o que receberiam num mercado livre. E são 155000 que progridem nessa direcção ...
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por devastador » 24/11/2005 0:35

Incognitus, estás a ser mais razoável, mas mesma assim estás a empregar mal a palavra "ladrão", que é bastante ofensiva à dignidade de qualquer pessoa!! :shock:

O salário justo para um professor é já por si algo de muito relativo!!! É 800 euros, é 801 euros, é 900 euros? EU não posso chamar LADRÃO a uma pessoa por ela receber um salário que EU ache elevado!!!
Eu recebo 1200 euros!!! Não recebo 2500 euros!!! Será este último um salário elevado ? É mais do que o dobro que eu recebo. Claro que é elevado tendo em conta a situação económica nacinal. O mesmo se passa com os salário de médicos , enfermeiros, juízes, administradores,...(em fim de carreira). Penso que sou uma pessoa razoável... O nosso país não é a Alemanha...


Ladrão será sim aquele que ocupando um lugar de chefia, DECIDE qual será o seu salário e regalias, estando este desenquadrado da realidade portuguesa!!! E infelizmente temos muitos casos destes...

Eu quero é muitos Champalimous. Eu quero é investidores sérios!!! Quero que o ESTADO ajude os investidores. Não pode ser é DANDO o dinheiro, mas sim emprestando a uma taxa aceitável. E quero que paguem os seus impostos, tal com eu faço!!!
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